quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mar adentro

ASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas, eutanásia, direito de esdcolha.

SINOPSE
No Filme Online Mar Adentro, Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um homem que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Recentemente, postamos sobre o filme COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ, um drama romanceado que discute um tema semelhante ao de MAR ADENTRO: O direito de escolha, a dignidade do ser. O foco do tema é maior no drama de 2004, razão para este post.  Ramón afirma repetidamente “Viver é um direito, não uma obrigação”. Difícil compreender o desejo dele de acabar com a própria vida. Acompanhamos um homem inteligente, sagaz, sensível e íntegro, lutando para ter o direito de escolher o final da própria vida. Em um primeiro momento, é possível pensar que o filme defende sua posição, só que não. O filme apresenta diferentes argumentos, contra e a favor da eutanásia. Desde sempre, ele difere de outros, não se usa como exemplo. Seu sorriso, que impressiona por sua magnitude, é expressão de tristeza, embora pareça o contrário. Ele afirma que em suas condições, aprendeu a chorar através do sorriso. Desconcertante, pois para o espectador, seu sorriso poderia ser uma bela razão para manter sua vida. É seu sorriso que ilumina os que o cercam, apesar de ser também cruel em sua relação com a realidade dos fatos: a morte é para a maioria uma possibilidade, menos para os que dependem de outrem. Ele luta pelo direito de escolha! Sua escolha é clara, pensada e repensada por 28 anos.
O público nutre esperança de outro desfecho, quando vislumbra possibilidade de romance, de amor. Aprendemos em nossa cultura que o amor salva, né? Só que não é bem assim. O amor é para ele respeito pelas escolhas do outro. Será que algo pode mudar? Não é fácil acompanhar tantos argumentos morais, culturais, legais e religiosos que cercam o debate. Não é fácil julgar! As condições particulares de Ramón podem resultar em uma celebração da vida! Sim, a vida que ele não pode ter é a mesma que outros tantos querem encerrar. A cena em que finge ter dor no pé para a criança é desconcertante. A dor que não tem o direito de sentir é a mesma que se torna razão de tantos suicídios? Talvez. A ausência de controle, a dependência eterna, a infelicidade diante das próprias condições podem não ser consideradas suficientes para o expectador. Mas, como julgar a perspectiva do outro, um lugar impensável para quem está do outro lado. O filme é desconcertante, polêmico e provocador. Seu testemunho diante da justiça reume seu mundo, ele diz: “Negar a propriedade privada de nosso próprio ser é a maior das mentiras culturais. Para uma cultura que sacraliza a propriedade privada das coisas – dentre elas – a terra e a água – é uma aberração negar a propriedade mais privada de todas, a nossa Pátria e reino Pessoal. Nosso corpo, vida e consciência – nosso universo.” Filme imperdível!


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