sábado, 17 de setembro de 2016

O nosso ultimo verão na Escócia / O que nós fizemos no nosso feriado (Netflix)

ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, doença terminal. depressão, separação e morte.

SINOPSE

Doug e Abi decidem viajar até à Escócia com os três filhos pequenos, para comemorar o aniversário de Gordie, o pai de Doug, que celebra 75 anos. No entanto, os dois têm um segredo que gostariam de esconder do resto da família, mas não será nada fácil ocultar o divórcio com as crianças por perto… E o que prometia ser uma harmoniosa reunião familiar acaba por trazer à superfície ressentimentos passados, quando um dia na praia se transforma em tragédia e as crianças põem mãos-à-obra para resolver o assunto.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA


Os pais (Doug e Abbi) estão em processo de divórcio, não se ouvem mais, discutem o tempo todo e fazem uma viagem juntos para comemorar o aniversário do pai de Doug, na Escócia. As crianças, visivelmente afetadas pela separação e brigas constantes dos pais, prometem não contar ao restante da família, que os pais já moram em casas separadas. Elas sabem que o aniversariante está doente, entretanto não sabem que a doença é terminal. A família, como qualquer outra, tem lá seus segredos e problemas. Aos poucos, as questões emergem, revelando o avesso do mundo adulto. Mas é o olhar das crianças que nos permite vislumbrar a obviedade da vida. Temas como separação, depressão e morte são apresentados com suavidade, sem que o peso e a complicação do mundo adulto, que usa o raciocínio lógico para se afastar dos “sentidos”. É assim mesmo, as crianças mantém os sentidos aguçados, vivem em plenitude as percepções de mundo, sem que qualquer obstáculo racional impeça a experiência. E, são esses personagens graciosos os responsáveis pelo encantamento e delicadeza da trama. Temos, de fato, muito que aprender com as crianças! O avô, prestes a fazer 75 anos e enfrentando a doença terminal, tem uma relação emocionante com os netos. Os diálogos são impregnados de doçura e clareza, não há regra social capaz de obstruir a comunicação entre eles.
Morte é um assunto difícil, ainda que seja o único destino de todos nós tornou-se tabu na cultura ocidental. Por coincidência, com a morte de Domingos Montagner, ator no auge da carreira e ser humano ímpar, o assunto têm sido amplamente debatidos. Uma frase chama a atenção quando afirma que a vida é um “sopro”. Precisamos falar sobre morte, pois a consciência de nossa finitude nos permite valorizar a vida. Foi uma grata surpresa encontrar essa comédia dramática, que apresenta a morte através dos olhos das crianças, personagens não contaminados pelos “pré-conceitos” dos adultos. E é na emergência da situação, que os netos irão optar pelo óbvio, pelo simples, pelo que realmente importa. Segundo o avô, as pessoas são todas ridículas, cada qual a seu modo, mas no fim, nada disso importa diante da vida, apenas o amor. Todos nós teremos o mesmo destino, para que perder tanto tempo com tantas questões desnecessárias? Afinal, se a vida é mesmo um sopro, o que escolhemos a cada momento, pensar ou viver? Embora, algumas críticas não tenham sido favoráveis, o filme é, de fato, um presente. Falando em “presente”, que tal agradecer e viver a plenitude desta dádiva que é seu “aqui e agora”?  

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