terça-feira, 28 de março de 2017

Moonlight: sob a luz do luar

ASSUNTO

O Auto-suporte, abuso, dependência química, drogas, preconceito, homossexualidade, relações afetivas, sociais e familiares, violência.

SINOPSE

Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullying na infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem. O protagonista trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.

TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA


O filme poderia ter como título CHIRON EM BUSCA DE SI MESMO, pois retrata a trajetória de Chiron na busca da própria identidade, diante de um contexto adverso, agressivo e desestruturado. A jornada é universal e também particular, tendo em vista suas peculiaridades. Ele é negro, pobre e ainda vive em uma família monogâmica e disfuncional. Sim, a mãe não tem possibilidade de lhe oferecer suporte, sendo dependente química, suas alterações abusivas contribuem para a infância solitária do menino. Diante de um contexto tão insensível e adverso, Little (apelido de infância) sobrevive como pode. Vítima de bullying, preconceito racial e homofóbico, seus conflitos existenciais encontrarão algum suporte no afeto de Juan, o traficante, e sua namorada, pessoas que abrem espaço para sua autenticidade. A namorada contribui para que o menino encontre uma brecha de suporte afetivo em meio ao conturbado universo em que vive, enquanto Juan ocupa o vazio da figura paterna. Seu desenvolvimento encontra novos obstáculos, seja na transição para a adolescência, ou para a vida adulta.
Litle vive sua primeira experiência homossexual junto ao único e possível amigo.  Na adolescência, os conflitos aumentam, a sexualidade entra em pauta e as frustrações e injustiças trazem duros aprendizados. Juan já está morto, as pressões do meio aumentam. O preconceito, a violência e o caos fazem parte da trajetória de Chiron, que não encontra suporte afetivo em seu lar para enfrentar seus medos e inseguranças. Através da dor e dos poucos exemplos de amizade e afeto, das decepções e desilusões, Chiron é injustiçado e preso. De vítima a marginal, ele se vê obrigado a construir BLACK, a personificação de uma armadura capaz de proteger sua fragilidade, ao mesmo tempo em que impõe respeito ao contexto hostil.  É sabido que os contatos que fazemos ao longo da vida são capazes de contribuir imensamente em nossa forma de ver e funcionar no mundo. A mãe viciada, o traficante sensível e o amigo traidor foram pessoas que tocaram a alma do protagonista, fosse sufocando ou favorecendo sua autenticidade. Atrás de músculos e aparelhos dentários, Black reencontra seu amigo/amor de infância, contato que favorece a revelação e/ou integração de sua identidade. A homossexualidade, o abandono parental, o refúgio no crime são temas abordados na trama, de forma poética, sensível e humana. Sons, cores, silêncios, ausências, presenças, pausas e movimentos costuram o drama, uma verdadeira obra prima capaz de promover ricas reflexões.  

2 comentários:

  1. Ai o silêncio... esse ponto central do não dito, foi para mim uma experiência maravilhosa... Shiron um doce, um ser humano único!!!!

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    1. Mais uma vez, obrigada por sua participação, Denise, volte sempre!

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