domingo, 9 de junho de 2019

Capitã Marvel


ASSUNTO

Jornada de autoconhecimento, relações sociais e afetivas, polaridades, relação parte e todo, resiliência.

SINOPSE

Carol Danvers (Brie Larson) é uma ex-agente da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão dos metaformos, e assim vai acabar descobrindo a verdade sobre si, com a ajuda do agente Nick Fury (Samuel L. Jackson) e da gata Goose.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Não se engane, Capitã Marvel não se limita a um filme sobre a heroína perfeita. Ao contrário, vamos conhecer a imperfeição humana por trás dela. Somos convidados a acompanhar sua jornada de autodescoberta. É interessante notar que seu momento perfeito traz em si algumas lacunas, há uma percepção de situações inacabadas em suas lembranças em flashes. Seu momento presente é invadido por imagens do passado que parecem não ter sentido. Diante da pressão de seu entorno e a necessidade pessoal de superar conflitos em busca da tão sonhada paz, ela inicia um processo de questionamento sobre si mesma. Do ponto de vista dos filmes da Marvel, a trama ajuda a ligar pontos relevantes da história dos Vingadores, destacando sua importância no processo. Algo falta no quebra-cabeça daquela vida. Há falhas entre as informações e a falta de clareza em suas lembranças. Na busca de integração de suas partes alienadas, Verls encontra Carol Danvers, sua origem humana, uma mulher normal, que além de oprimida e desafiada constantemente, se revela como exemplo claro de resiliência. Explico: Resiliência é a capacidade de se adaptar em relação a situações adversas que se apresentam na vida, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Temos claras referências ao processo de opressão e empoderamento feminino, como pode ser observado. Entretanto, penso que a proposta da trama vai além da luta constante do gênero feminino, em busca de reconhecimento do seu espaço.
A maior força da Capitã está em sua capacidade de levantar, depois de qualquer tombo. É sua capacidade de enfrentar falhas, perdas, pressões. Não há como não se referir aos conceitos psicológicos exibidos na trama. Em Gestalt-terapia, chamamos de Teoria Paradoxal da Mudança, o processo de aceitação de como estamos, ou, o que estamos sendo ou podendo ser - nossas imperfeições e limites, para nos permitir a verdadeira mudança, para a pessoa se tornar quem é. O filme revela um processo semelhante, quando a heroína busca força em sua imperfeição. Ao aceitar suas falhas, limites, impossibilidades, ela abre espaço para se revelar  outras dimensões de ser. Quantas vezes alienamos parte de nós mesmos, por não aceitar erros e falhas, buscando melhor aparência, assim, criando um conflito interno. Não aceitar experiências, erros, imperfeições, é criar conflitos internos capazes de impedir o desenvolvimento do nosso potencial. È quando Carol descobre e aceita sua fraqueza ou imperfeição, que a trama chega ao ápice, ampliando suas possibilidades. Ela não é mais guiada por seu entorno, pelas pressões, por pré-definições, ela consegue pensar por si mesma, fazer escolhas conscientes, ampliando todo seu potencial. Fantástico! Outros conceitos, como polaridades, totalidade, parte-todo e awareness podem ser identificados. Nesse aspecto, o filme surpreende, superando a categoria de simples entretenimento, o que  favorece a identificação de diferentes tipos de público. Vale conferir!

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