segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cenas de um casamento

cenas de um casamento ASSUNTO
Casal e família, Relações afetivas, familiares,sociais. Mito, segredos, adultério, culpa, papéis, separação.
Que tanta gente tenha se identificado com o drama de Johan e Marianne não é de se estranhar. Existem pessoas que, assim como a mãe da protagonista revela no sexto capítulo, passam toda uma vida em comum com outro ser humano e nem ao menos chegam a resvalar em sua verdadeira essência. Seja pelas convenções sociais, por repressão paterna ou religiosa, pela lenta e imperceptível acomodação que acomete aqueles que se entregam à inevitável rotina de um relacionamento. A verdade é que não é nada difícil para alguém se identificar com um dos protagonistas de Cenas de um Casamento, e nisso reside a força do filme. Tão próximo quanto eles podem estar da realidade de muita gente é a medida do quanto o olhar analítico de Bergman se mostra acertado, pois com certeza há muito de sua própria vida pessoal nos personagens de Johan e Marianne.
Durante a entrevista do casal, primeiro episódio, o foco vai para além do diálogo verbal, nos permitindo perceber o que não é dito. Para a fenomenologia, um prato cheio! No início de cada novo episódio, somos contemplados com um resumo do anterior, sob a visão do próprio autor/diretor. Trata-se de um filme difícil de ser assistido, pois não nos fala de forma doce ou leve sobre as relações. Bergman disseca o doloroso processo de separação de seu casal “ideal” de maneira seca e sutil. O resultado incomoda, mas é absurdamente belo. Em diálogos agressivos, os personagens deixam aflorar os mais ocultos ressentimentos e amarguras; tudo em plena sintonia com o cinema de natureza psicológica do diretor, sempre preocupado em investigar as facetas da condição humana. Não há música e o efeito de “Cenas de Um Casamento” é quase documental, com constantes close-ups dos personagens. O espectador percebe cada gesto, cada sorriso forçado ou silêncio triste tanto de Ullmann quanto Josephson, como se estivesse praticamente ao lado deles. É um cinema demasiadamente humano, que carrega questionamentos acerca de temas como a existência, o amor, as relações familiares, Deus, a morte, entre tantos mais.
SINOPSE
1973 – 6 episódios
· Inocência e Pânico (Oskuld och Panik) - Após darem uma entrevista para uma revista feminina sobre seus dez felizes anos de casamento, o professor Johan (Erland Josephsson) e a advogada Marianne (Liv Ullmann), que possuem duas filhas, recebem um casal de amigos para um jantar (Bibi Andersson e Jan Malmsjö), e acabam servindo de mediadores para uma discussão conjugal cheia de farpas emocionais. Grávida, Marianne (35) e Johan (42) discutem se vão ou não ter o bebê.
· A Arte de Empurrar as Coisas para Debaixo do Tapete (Konsten att Sopa under Mattan) - A submissão do casal diante dos caprichos de seus pais é mostrada com propriedade, enquanto Marianne demonstra sua inquietude quanto ao marasmo velado de seu casamento. No trabalho, Johan recebe a atenção talvez não tão imparcial de uma colega (Gunnel Lindblom) em relação aos poemas que escreve escondido da esposa. Após ficar abalada com o depoimento de uma de suas clientes que está se divorciando, Marianne vai ao encontro de Johan num jantar e eles iniciam um argumento sobre o esmorecimento de seu desejo sexual.
· Paula (Paula) - Chegando de viagem, Johan estilhaça a rotina e a vida da ingênua Marianne, ao revelar que se apaixonou por outra mulher e pretende deixá-la para viajar com a amante por meses.
· O Vale das Lágrimas (Tåredalen) - Um ano depois da separação, Marianne recebe Johan para um jantar em sua casa. Ele revela estar prestes a aceitar um emprego nos Estados Unidos, enquanto ela demonstra como tem vivido sem a sua companhia. Eles também discutem a oficialização do divórcio.
· Os Analfabetos (Analfabeterna) - Marianne vai até o escritório de Johan levar os papéis do divórcio, e encontra-o numa crise de auto-confiança que encobre uma drástica mudança em suas intenções. Ambos revelam sua inaptidão para tratar dos assuntos da alma, no que eles chamam de "analfabetismo emocional", e a longa conversa regada a muito conhaque descamba para um terrível enfrentamento que sinaliza uma ruptura talvez irreconciliável.
· No Meio de uma Noite numa Casa Escura em algum Lugar do Mundo (Mitt i Natten i ett Mörkt Hus Någonstans i Världen) - Depois de vários anos vivendo separados, Johan e Marianne descobrem uma nova forma de afinidade enquanto estão brevemente afastados de seus respectivos cônjuges.

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