segunda-feira, 19 de março de 2012

A árvore da vida

clip_image002ASSUNTO
Casal e família, auto-suporte, relações afetivas, familiares e sociais, divino/natural, luto, conflitos existenciais.
Confesso que já tinha visto o filme e não tive inspiração para postar. Hoje, uma seguidora sugeriu que comentasse sobre, eu me senti como uma criança quando lhe puxam a orelha. Fui, então, rever o filme para avaliar a possibilidade e descobrir o motivo de não ter dado a atenção devida. Desde o início do blog, venho amadurecendo a forma comentar os filmes, que vem sofrendo transformações ao longo do processo. Certamente, em determinada ocasião foi priorizado um ou outro aspecto, dependendo do meu contexto de vida em cada momento.
Cinema e psicologia podem se encontrar em diferentes perspectivas, seja pelo tema que propõe a trama ou pela indicação deste ou aquele tipo de público que irá assistir. De fato, foi difícil para mim, por exemplo, classificar as postagens. O tema de um filme pode abordar uma questão psicológica explícita, informar ou desenvolver soluções. Pode também ser indicado para um estilo de público ou apenas ser um filme utilizado por terapeutas como ferramenta de trabalho que auxilia um processo psicoterapêutico. De acordo com a fase que estou vivendo eu priorizo um ou outro aspecto, tudo vai depender da forma que o filme me toca. Confesso que quando assisti “A Árvore da vida” eu o achei muito, muito chato, cansativo, pesado e não tive nenhuma vontade de comentar sobre. Agora, a indicação da Telma provocou reflexões sobre tudo isso e, claro, me fez reconsiderar o filme. Não me permiti descobrir o porquê de não tê-lo feito antes, pois acredito que tudo nos é revelado no devido tempo, ou seja, cada um tem seu tempo para contatar de um jeito ou de outro as novas experiências que o mundo oferece.
De fato é um filme de difícil compreensão, um estilo pouco apreciado pelo público em geral. Capaz de provocar diferentes reflexões, a trama pode também ser considerada muito, muito chata. Concordo com o comentário de Marco, quando diz que é um filme para poucos. E acrescento, não apenas pelo estilo, mas também pelo momento em que a pessoa assiste. Como ele afirma: um filme disposto a mexer com crenças e dogmas, e é um bom convite ao ato de pensar. (...) Não é fácil assistir ao filme, isso é notório. Fato é que é possível admirá-lo, senti-lo e mesmo assim não saber ao certo o que tudo quer dizer. Por vezes, pode ser recorrente a dúvida em saber se toda essa experiência foi proveitosa, enriquecedora, ou uma bagunça incapaz de encontrar coerência em sua linguagem. (leia mais clicando aqui.).
Por coincidência, assisti na última sexta, o sensacional monólogo “A alma imoral”. E, de fato fez toda a diferença em minha experiência de rever o filme. A peça é baseada no livro de Nilton Bonder, que entre outras reflexões, afirma: A natureza animal (cobra) escolhe a mulher para plantar a semente da transgressão e repassá-la ao homem para que, juntos, transgridam. O Criador implanta a primeira consciência através de uma proibição. Quando proíbe a criatura, abre a porta da co-criação. A alma é transgressora, é livre e não pode ser aprisionada no corpo, que segue o que é correto. Ele continua adiante: A verdadeira alma é transgressora. (...)A tensão entre BOM (alma) e CORRETO (corpo) nos oferece a experiência de bem-estar.
No filme, somos convidados a refletir também sobre polaridades. No início, o filme aponta ser possível viver o caminho da natureza, mundano, que satisfaz a si mesmo ou o caminho da graça, absoluta e universal - e diz inicialmente que é preciso escolher um deles. A trama se desenrola sugerindo que esses dois rumos são complementares. Dualidade que também está presente em A alma é imortal, quando sugere a JUSTA TENSÃO (excitamento) que nos oferece a experiência de bem estar. Não está em jogo a luta, falamos da tensão que se revela na experiência e reconhecimento da profunda dependência entre o BOM e o CORRETO, ALMA e CORPO. Podemos considerar a dualidade pai e mãe que lutam dentro do personagem, o amor severo e o amor quase divino, e a dualidade do próprio filme que pode ser considerado super chato ou um filme genial. Parece que essa tensão é o fato mais marcante da obra, que deixa a encargo de quem assiste escolher um dos lados de uma guerra, ou apenas refletir com a tensão. Fica a dica, se não viu ainda, escolha um bom momento para fazê-lo.
O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950, tendo temas surrealistas e imagens através do espaço e o nascimento da vida na Terra. A trama passa pela história dessa família americana, com o pai opressor, que carrega o peso da responsabilidade e da educação dos três filhos, que veem na mãe o porto-seguro de afeto que necessitam. Esse pai quer apenas cumprir seu papel, ser o melhor “pai” dentro daquilo que percebeu como modelo de pai. A mãe, por outro lado, segue a linha do afeto, daquele modelo que compreende como o correto da função de ser mãe, não contestando qualquer das ações da função paterna. A polarização está presente nessa trama familiar, que revela a cotidiana tensão entre o bem e o mal, o bom e o correto. Ao mesmo tempo, o diretor dialoga com o futuro de um desses garotos, perdido nesse emaranhado de edifícios, espremido ainda por essa criação e o trauma da morte do irmão. A partir desses dois pontos, A Árvore da Vida então convida seu espectador a passear pelo significado de existir, e se não encontra a resposta é por que tem a clara certeza que é função de cada um chegar as suas próprias conclusões. O filme vai do Big Bang ao final de todas as coisas e cria essa experiência sensorial, profunda, tremendamente visual... (leia mais Clicando aqui ).
(...) a luta interna de seu personagem central, Jack (Sean Penn), amargurado filho de um casal com ideologias completamente diferentes. A trágica morte do irmão mais jovem do protagonista, aos 19 anos, marcou aquela família para sempre, com este trauma ainda se fazendo presente muitos anos depois. Clique aqui para ler mais.
Outros olhares
Este filho, um pouco mais velho, está na fase do Complexo de Édipo e tem vontade de matar o pai, literalmente. Vive o conflito de não poder fazer tal ato. Ama a mãe, mas também briga quando ela não o defende dos atos imperiosos do pai. Todas as derivações da formação do indivíduo são colocadas em cena. Repare bem isso no filme. Inclusive nas relativizações no tempo e no tempo psicológico da formação do indivíduo, no caso, este menino. Leia mais...
Enredo/resenha Clique aqui.
SINOPSE
O cotidiano de uma família comum da década de 50, os ensinamentos comuns à figura paterna e as consequências da pressão sofrida na infância são os principais temas pelos quais se debruçam os personagens de Brad Pitt, Sean Penn e Jessica Chastain. O enredo, que faz referências aos mistérios da existência como o Big Bang e o fim do mundo, culmina na busca pelo perdão e pelo amor oferecido de forma gratuita.
TRAILER

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