terça-feira, 13 de março de 2012

Histórias cruzadas

clip_image002Histórias cruzadas
ASSUNTO
Preconceito, relações familiares, sociais e afetivas. segregação racial.
Concordo com Camilia Setúbal (Clique aqui para ler seus comentários) quando diz que é um filme sobre amor e coragem. Ela afirma: Coragem para escutar o que temos dentro, para mostrar, para lutar pelos nossos ideais, para confiarmos em nós mesmos, para sermos diferentes e não nos preocuparmos com a opinião ou aprovação das pessoas. Coragem para sermos diferente do que nossa família espera de nós, diferente do que nossos amigos/as são, coragem para ser você mesmo. (...)Mas diria também que é um filme sobre AMOR, porque com certeza não existe coragem sem AMOR. Esta é uma linda forma de perceber o enredo. O filme retrata uma época e sua respectiva “verdade”. Pois bem, falamos de preconceito exacerbado, explícito e cruel. O preconceito é exibido de forma tão vergonhosa, que nos sentimos mal em assistir tamanha desumanidade. No entanto, cada um se pergunta o porque de ainda existir, por exemplo, “banheiro de empregada” em nossos lares do século XXI!!! Não, dirão alguns, estamos muito distantes dessa realidade, o preconceito é outro, temos um preconceito social, vivemos outra realidade... Fiquei refletindo sobre isso, ao recordar uma passagem de outro filme. Falo de “A chave de Sarah”, que explora acontecimentos na França durante a guerra, quando o nazismo foi capaz de extinguir um grande número de seres humanos em nome de uma verdade  - raça “pura”.  Não é “apenas mais um filme sobre o Holocausto”, mas uma dolorida tomada de consciência do infame colaboracionismo francês na 2ª Guerra. O filme denuncia um momento histórico no qual os franceses, e não os alemães, isso mesmo, os franceses confinaram milhares de judeus em condições sub-humanas à espera da morte. Em uma cena da atualidade, ao ser questionada sobre o acontecido, uma senhora já bem idosa responde com naturalidade algo sobre lamentar pelos judeus, e, justificando o ocorrido, conta que tudo tinha a cer com as verdades contadas na ocasião. Assim, diante de verdades de uma época, é preciso muita coragem para questionar. É preciso muita coragem para buscar outra forma de ver tudo a sua volta. É verdade, para que alguém desafie uma “verdade confortável” tem que ter muito amor. Nesse aspecto, Camila está coberta de razão, foi pelo amor que a aspirante a jornalista se constituiu como pessoa, foi esse amor que a fez forte, e foi o reconhecimento deste sentimento que a fez questionar todas as verdades de um lugar e de uma época, disso não tenho dúvida. Entretanto, temos outras reflexões despertadas pela trama. Essa “verdade comum” que pode pertencer a uma época, uma cultura, um lugar, uma escola, uma religião, ou até mesmo a uma família é sempre única? Certezas, verdades absolutas são sempre suspeitas, penso eu. Acredito naquela propaganda que diz que o mundo é movido por perguntas, não por respostas. Isso é fundamental para a sobrevivência da humanidade e mudança de paradigmas. Afinal, vida é mudança e transformação, seja ela dolorosa ou não! Lamentavelmente, vivemos ainda com muitos outros tipos de preconceitos e também de verdades absolutas, que ainda podem dar muito trabalho...
Discordo de alguns críticos, que consideraram a abordagem do tema incapaz de promover reflexão, devido ao fato de não ter havido maior aprofundamento. Acredito até no contrário. O fato do enredo se desdobrar de forma leve, nos tocando com suavidade, nos permite espaço sim, para refletirmos sobre possibilidades e mudanças, reais ou imaginárias, sobre dias idos, atuais e futuros. Pode mesmo não despertar reflexão alguma, pode ser apenas um entretenimento. De fato não nos obriga a coisa alguma, a escolha é do expectador. E é aí que está a riqueza do filme. Recomendo.
O racismo se torna algo tão repugnante ao longo da narrativa (como a exigência de Hilly Holbrook de ter banheiros separados dos negros, com receio de pegar suas doenças) que leva o espectador a entrar no ringue, pedindo o extermínio daquelas mulheres fúteis e o surgimento de uma revolução pela igualdade racial/social. (Uma pulga atrás da orelha: banheiros social e de empregada do séc. XXI).  Crítica 1, clique aqui para ler mais.
Intensa, cheia de pungência, humor e esperança, “Histórias Cruzadas” é uma história eterna e universal sobre a capacidade de criar mudanças. crítica 2
Assim, é de forma extremamente íntima - como na necessidade de um banheiro separado para as empregadas ou no carinho que essas ajudantes sentiam pelas crianças brancas que criavam -, que somos apresentados ao atrasado estado do Mississipi em 1962.  Crítica 3
Histórias Cruzadas emociona, faz rir e provoca indignação ao mesmo tempo. É impossível criticar um filme que oferece um conteúdo tão rico e envolvente. Crítica 4
Imaginem minha surpresa ao me deparar com um leve e descontraído retrato de uma parte obscura da história humana, que por sinal, persiste até os dias atuais, porém camuflada. Crítica 5
SINOPSE
Mississipi, década de 1960. Skeeter acabou de terminar a faculdade e sonha em ser escritora. Ela põe a cidade de cabeça para baixo quando decide pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre cuidaram das "famílias do sul". Apesar da confusão causada, Skeeter consegue o apoio de Aibileen, governanta de um amigo, que conquista a confiança de outras mulheres que têm muito o que contar. No entanto, relações são forjadas e irmandades surgem em meio à necessidade que muitos têm a dizer antes da mudança dos tempos atingir.
TRAILER

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