domingo, 25 de agosto de 2013

Paz, amor e muito mais

clip_image001 ASSUNTO
Relações familiares e afetivas, separação, conflitos familiares, adolescência, auto-suporte.
SINOPSE
Diane (Catherine Keener) é uma advogada conservadora, moradora de Nova York e que perdeu o contato com a mãe, Grace (Jane Fonda), há mais de 20 anos. Mas quando seu marido Mark (Kyle MacLachlan) resolve pedir o divórcio, ela acredita que chegou a hora do reencontro com suas raízes e leva com ela os filhos para este contato com a avó durante um fim de semana. Só que a coroa ainda vive em Woodstock e seguindo os mandamentos daquela época e os conflitos começam logo que eles chegam. Mas suas histórias de vida e um bom humor constante parecem ser suficientes para mudar a rotina de todos. E é o que acontece com Diane e seus filhos, pois Zoe (Elizabeth Olsen) acaba se interessando pelo jovem Cole (Chace Crawford), seu irmão Jake (Natt Wolff) também conhece uma garota legal na pequena cidade e o músico Jude (Jeffrey Dean Morgan) aparece para balançar o coração de Diane. Será que tudo dará mesmo certo?
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
"É difícil para os filhos entenderem que os pais são humanos e tem imperfeições".
“Às vezes na vida as coisas não estão dando certo e é preciso aceitar. Porque é quando a transformação pode ocorrer.”
Os críticos afirmam que o filme é uma comédia romântica que aborda conflitos de gerações com uma narrativa repleta de clichês, o que a o torna superficial, visto que não aprofunda nenhum dos temas propostos. De fato, é uma comédia leve, sem muita pretensão, e, politicamente incorreta. Drogas e amor livre são herança de Wodstock, que a avó dos adolescentes insiste em perpetuar. Apesar do politicamente incorreto modo de vida de Grace, avó de Zoe e jake, mãe de Diane, há algumas pinceladas de sabedoria em seus discursos. A sensibilidade parece ser seu forte, enquanto a filha está presa aos costumes “normais” , ou melhor dizendo, “socialmente desejados”. Enquanto mãe e filha parecem viver opostos, a neta Zoe aparenta uma boas doses de ambas, revelando a possibilidade dessas polaridades não serem incompatíveis. Ao contrário, no lugar de estarem opostas, podem ser complementares, transparecendo uma integração, como também pode ser conferida na arte produzida por Jake em seu filme. Uma das coisas que mais me chamou a atenção, foi mesmo a forma de seguir um “livro de receitas” para a criação dos filhos.
Gaiarsa já dizia que a mulher tem o hábito de tentar seguir o que aprendeu sobre ser “boa mãe”, às vezes esquecendo de olhar e ouvir cada filho, em suas necessidades particulares, pois não existe um único ser que seja igual ao outro em suas mais íntima necessidade. A singularidade de cada ser é o que precisa ser vista e ouvida. Fato é que antes, muito antes de ser mãe, somos demasiadamente humanas, e isto torna tudo isto muito complicado. Por outro lado, para os filhos, a descoberta deste fato é demasiadamente dolorosa, chegando muitas vezes ao afastamento de mães e filhos, como ocorre com a personagem. Diane se afasta da mãe por 20 anos, não concorda com seu modo de vida, segue vivendo de forma exatamente oposta. De fato, como ela mesma afirma, Grace não foi boa mãe, foi ausente, irresponsável, demonstrou desrespeito com leis e regras sociais. Nem por isso deixou de ser mãe ou de amar a filha, e como já foi dito, mãe é mãe. O excesso de regras na vida de Diane aparenta ser neuroticamente a negação da própria mãe. Quando o marido, em meio ao discurso organizado e “competente” (no sentido de dar conta das necessidades objetivas do evento), comunica sua intenção de se divorciar, ela desaba. Todos os anos de dedicação, seguindo as regras aceitáveis socialmente, dando o melhor de si para construir uma família de classe média “perfeita”, acabam por se revelar insuficientes. Curiosamente, seu desequilíbrio emocional promove a busca por suas origens, talvez para melhor compreender a si mesma, suas escolhas, ou mesmo para buscar o colo de sua genitora, ainda que suas lembranças a remetessem ao abandono e desapego. É no reencontro com a mãe e seus opostos, que se torna possível o reencontro consigo e com sua autenticidade. Seus filhos, por outro lado, vivem momentos de transformações pessoais, com reações típicas de adolescentes em situações de separação dos pais. Situações curiosas, pequenos dramas, romances açucarados e choques culturais fazem parte dessa comédia de costume, que traz apenas algumas pinceladas sobre conflitos familiares. Entretanto, é possível pensar sobre a influência de nossos pais em nossas escolhas, mesmo que seja em forma de negação. Penso que o processo de autonomia de qualquer ser humano deve passar por etapa parecida com a de Diane, que de alguma forma nos oferece a possibilidade de pensarmos em novas formas de funcionamento. A dica parece estar embutida na superficialidade da trama, quando a filha, metaforicamente solta o saco de terra e deixa o balão voar. O símbolo de sua própria vida, que de tão reativa, negando tudo que vinha da mãe, a tornava pesada, presa aos comportamentos contrários aos de suas raízes. Discordar é possível, escolher e aceitar é recomendado, separando o joio do trigo, e, deixando partir. Ou seja, descobrir quem escolhe ser, aceitar quem de fato é (produto da história que nega??) e seguir a vida de forma que seja possível agir mais a partir de novas escolhas e reagir menos. Momento difícil esse de passar a vida a limpo, ainda que seja contado através de uma comédia despretensiosa, ela e seus filhos elaboram o luto do casamento durante a viagem. Cada um do seu jeito, descobre algo sobre si e sobre a família, trazendo a filosofia do respeito às diferentes formas de ver o mundo como o recado mais simpático da trama. Sem nenhum julgamento, a vida regrada e responsável da filha em choque com a filosofia desapegada e liberal da mãe possibilita ao espectador pensar num meio termo como uma boa alternativa ao conflito inevitável, Confira!








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