domingo, 10 de novembro de 2013

Mato sem cachorro

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE
Deco (Bruno Gagliasso) vive jogado no sofá de sua casa, apesar de ter bastante talento com a música. Um dia, ele encontra dois grandes amores de uma só vez: a radialista Zoé (Leandra Leal) e o cachorro Guto, que desmaia toda vez que fica muito animado. Não demora muito para que o trio viva como se fosse uma família. Só que, dois anos depois, Zoé termina o namoro, fica com a guarda de Guto e ainda por cima arranja um novo namorado (Enrique Diaz). Motivos mais do que suficientes para que Deco fique revoltado e prepare uma vingança: sequestrar Guto. Para tanto ele conta com a ajuda de seu primo Leléo (Danilo Gentili).
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já no início da trama temos uma desconstrução da ideia de família perfeita, que é propagada na grande mídia. Gostei de cara por concordar muito com isso. Desde “A família Watson” (os mais novos nem conheceram a série) que me pergunto a respeito. Em tempos de diversidade em estilos familiares, já não convém apontar a tal família perfeita. Não só por sua forma de existência, mas principalmente porque, como dizia Nelson Rodrigues, “de perto ninguém é normal”. Afinal, o que é ser normal? Formar uma família, definitivamente, não segue uma receita de bolo, ela é constituída dia após dia, num processo de prazeres e desprazeres ao longo de sua história. Pensar um ideal de família é perder a chance de vivenciar este processo com intensidade. Então, o filme assume a perspectiva de comédia romântica, entretanto tropeça em cenas de humor grosseiro e desnecessário, esbanjando palavrões, o que torna a trama imprópria para crianças.
Deco, como muitos dos rapazes da nova geração, é mimado, acomodado, não tem a menor noção de como conquistar algo. Ele se apresenta como produto de seu tempo, filho de pais ausentes que priorizam as relações financeiras em detrimentos do contato verdadeiro. Ele me fez pensar sobre a falta de perspectiva de muitos, que não valorizam o próprio potencial, simplesmente por não o saber ou o que fazer com ele. Talvez, apenas talvez, seja possível pensar a educação de outra forma. Valorizar um pouco mais as faltas, o “não” e outros limites necessários para que a vida seja encarada como conquista pessoal. Do outro lado temos a Zoé, um retrato da mulher contemporânea, ela é criativa, independente e guerreira. Dois anos depois de se apaixonarem, a relação fracassa. Aí, sim, o rapaz tem a chance de se deparar com seu vazio existencial, o que provoca o início de um novo processo. No conjunto, a trama não tem a qualquer pretensão, a não ser provocar algumas risadas. Com alguns acertos e erros, o filme segue como previsto, uma comédia romântica divertida.

Um comentário:

  1. Gostei demais de sua falas, também achei que tinha palavrão demasiado...

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