domingo, 17 de novembro de 2013

O último amor de Mr. Morgan

clip_image001ASSUNTO
Terceira idade, solidão, luto, segredos, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
No dia em que a jovem Pauline lhe estendeu a mão para ajudá-lo a entrar em um ônibus, o viúvo inglês Matthew Morgan reencontrou a felicidade. Professor teimoso e de natureza ranzinza, ele repentinamente resgata sua curiosidade pela vida durante seus passeios em parques e viagens ao campo, sempre ao lado da bela Pauline. A nova relação renova em Matthew sua noção de família. Com isto, ele se reaproxima do filho Miles, que logo se sensibiliza com as mudanças visíveis no pai. Mas as consequências deste reencontro são imprevisíveis.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme reúne alguns temas familiares, ao retratar a história solitária de um viúvo ranzinza que segue em processo de luto. Conflitos familiares, processo de envelhecimento, solidão e segredo famíliar estão presentes no longa. Desde a morte da esposa, Mathew, como tantos outros viúvos, sobrevive à perda de forma solitária e depressiva. Ele se isola do mundo, seguindo sua rotina. Seus olhos carregam tristeza, resta pouco ou quase nada do brilho de vida de outrora. Pauline, por sua vez, traz luz em sua forma de ser. No encontro de ambos, logo fica claro o quanto é possível trocar na diferença. Já de cara, a moça diz que aquele senhor faz lembrar o pai dela. Ele enxerga nela a figura da esposa que se foi, mas não necessariamente uma substituta. Eles compartilham a dor de terem e não terem uma família. Muitos viúvos e viúvas sentem-se perdidos no mundo depois da perda de seu ente querido. Após anos de compartilhamento de vida, é difícil sobreviver sem aquele que fazia parte do próprio universo. É comum ouvirmos relatos de companheiros que partem pouco tempo depois. Mathew já não conseguia ver sentido na vida, principalmente pela imensidão do único amor que conheceu e a quem dedicou todo afeto que pensava ter: sua esposa. Ele mesmo afirma não entender o que a amada esposa teria visto nele.
Enquanto ele tinha sérias dificuldades com as emoções, só encontrando na relação conjugal um lugar amar, ela transbordava amor onde quer que fosse. O mesmo transbordamento que ele consegue perceber em Pauline, que passa a iluminar seus dias cinzentos. A moça oferece acolhimento no simples ato de acompanhá-lo, ouvi-lo, percebê-lo. É importante ressaltar o fato, pois sentir-se percebido em sua forma simples de ser é o que traz Mathew de volta a vida. Ela encontra nele a figura familiar que lhe faltava. Destaco também o papel dança  durante o processo, que funcional como ferramenta terapêutica, pois dispensa explicações. Assim, ambos inauguram um lugar para desenvolver afetos e elaborar seus lutos. É na autenticidade dessa relação que ambos abrem caminho para descobrirem a si mesmos, com todo ônus e bônus da própria existência. Para aquele que entendia a si mesmo como alguém incapaz de amar até mesmo os próprios filhos, novas emoções podem ser avassaladoras. Ele não consegue suportar e tenta acabar com o processo, ingerindo uma dose excessiva de medicações. Tal fato promove o reencontro com os filhos, que logo revelam suas fragilidades. A filha, que pouco aparece, chega a afirmar que precisa retornar para sua família “disfuncional”. O filho, por sua vez, também está vivendo seu luto, não só em relação à perda materna, mas também pelo fim de seu casamento. Sua participação na trama não é longa, mas é suficiente para trazer à tona preconceitos, segredos familiares e novas formas de expressar afetos, até mesmo aqueles que não pareciam existir. A relação de Mathew e Pauline é como a relação terapêutica, que favorece o desenvolvimento das potencialidades de cada um, confira!




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante!