domingo, 2 de dezembro de 2018

Margarita de canudinho


ASSUNTO

Paralisia cerebral, deficiência visual, descoberta da sexualidade, bissexualidade, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Laila (Kalki Koechelin) é uma adolescente indiana que tem paralisia cerebral. Ela estuda na Universidade de Delhi, escreve poesias e cria sons eletrônicos para uma banda indie da universidade. Laila se apaixona pelo vocalista e fica de coração partido quando é rejeitada. Ao lado de sua mãe (Revathy), ela deixa seu país para estudar na Universidade de Nova York, onde aproveita a oportunidade para exercitar sua independência. Lá, ela conhece uma jovem ativista (Sayani Gupta) em Manhattan e embarca em uma jornada de descobertas.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que filme delicado, verdadeiro, esclarecedor, simples e inclusivo. A trama não pretende focar nas dificuldades da protagonista ou de outros personagens. Apesar dos obstáculos impostos por sua paralisia cerebral, ou pela deficiência visual da outra personagem, o foco está nas possibilidades de vida, apesar das adversidades. Como qualquer adolescente, Laila enfrenta questões muito comuns aos seus pares. Ela se apaixona, tem desejos, dúvidas, paixões e decepções. As experiências dela são verdadeiras, simplesmente acontecem e ela faz novas descobertas. A sutileza das cenas é incrível, transformando suas descobertas sexuais, desde a masturbação ao ato, em acontecimentos naturais. Não há classificação, exploração ou crítica, eles simplesmente fazem parte da vida. Simples assim. O espectador acompanha gestos sutis, ouve sons, descortina seu desabrochar, sem que sua privacidade seja desrespeitada. Um olhar delicados sobre as questões dela, sejam afetivas ou sexuais, é uma constante no longa, que encanta em sua simplicidade. Outros mundos se revelam para Laila, a cada novo encontro, novos vínculos, novas experiências. Preconceitos e tabus são desnudados na telona, com uma leveza sedutora, delicada e única. Seu encontro com Khanum, uma deficiente visual, ampliam seu mundo.
Em nenhum momento, as deficiências se tornam alvo ou justificativas, ao contrário, a vivacidade e as possibilidades são tema do filme, apesar das frustrações e  impossibilidades enfrentadas. A família de Laila, funcional, amorosa, alegre é parte fundamental do seu jeito leve de ser. Laços e nós fazem parte da vida, ela se decepciona, ganha, perde, sofre, cai e levanta. Uma decepção amorosa aqui, uma nova conquista ali, quem nunca? Não há crescimento sem dor, todas as experiências colaboram para quem somos agora, evitar sentir não nos poupa da dor, mas pode nos tirar possibilidades de crescimento e conquistas. O conjunto de ganhos e perdas oferecem a aprendizados singulares sobre a nossa própria capacidade de desfrutar e saborear a vida.   Assim, somos convidados a sair da zona de conforto para nos questionar sobre tantas desculpas que usamos para não experimentar a vida em sua amplitude, onde quer que se revele. A jornada de auto-descoberta de Laila é comovente, enriquecedora, inspiradora e nos convida a transgredir limites impostos por nós mesmos, promovendo novas possibilidades em nosso viver. Vale conferir!

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