sábado, 9 de junho de 2012

Heróis imaginários

clip_image002ASSUNTO
Adolescência, luto, segredo, suicídio, família disfuncional, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE
Sigourney Weaver é a mãe de uma típica família norte-americana nessa produção que trata dos problemas familiares e de relação entre pessoas que moram em uma mesma casa. Mãe de um adolescente rebelde e esposa de um marido que começa a tratá-la como se ela não estivesse lá, ela começa a fumar maconha e ameaça revelar vários segredos que só os familiares conhecem. Essa crise vai levar todos a reavaliarem seus relacionamentos e sua convivência, tanto para o lado bom disso tudo quanto para o ruim. O marido Ben é interpretado por Jeff Daniels e a produção conta, além de ótimas atuações, com um roteiro forte, mas que não deixa de ser também bem humorado.
Uma típica família norte-americana vive uma rotina perfeita à primeira vista. Porém sob a aparência de normalidade esconde-se uma também típica família em crise. Tim (Emile Hirsch), o filho mais novo, experimenta as angústias da adolescência; seu pai, Ben (Jeff Daniels), vive atormentado pelos erros do passado; e sua mãe, Sandy (Sigourney Weaver), administra seu rancor com o consumo de drogas. E agora Sandy está prestes a revelar um terrível e doloroso segredo capaz de dividir os membros da família.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Ainda que a trama seja narrada pelo adolescente Tim, somos convidados a perceber as diferentes reações dos familiares frente à perda trágica. O irmão mais velho é apresentado como aquele que é o melhor em tudo, sendo o orgulho dos pais, enquanto Tim é a ovelha negra. O filho “perfeito” vence mais uma competição e leva um troféu para casa. Na manhã seguinte, a família inicia um dia comum, quando o adolescente vai chamar o irmão campeão para o café da manhã. As marcas de sangue das pegadas de retorno de Tim anunciam a tragédia: o filho mais querido, mais perfeito, mais admirado, cometeu suicídio. A partir de então a comunicação entre esses membros fica inviável. O peso desse rompimento, num momento que mais precisavam uns dos outros, é sentido durante toda trama. Nada é dito sobre o ocorrido, mas o comportamento de todos começa a revelar o possível caos interno que é vivido no luto de cada um. O isolamento é marca na vivência desse luto, tornando o processo mais doloroso para todos.

“Heróis imaginários” fala um pouco desse processo de confronto com nossos heróis, seja o irmão mais velho, o amigo especial ou os pais, e a constatação de que são pessoas como nós, capazes de cometer erros, imperfeitos. A adolescência já é uma fase marcada por este confronto, no entanto, o suicídio, a distância entre os familiares, os segredos e não ditos, as ausências nesse período agravam muito a situação de Tim. De fato, a desconstrução desse imaginário já é um processo esperado e atravessado por rituais previstos. Mas os acontecimentos na família de Tim fazem com que seu universo dele torne mais conturbado. No processo de autodescoberta, seus conflitos são vivenciados num caminho solitário, às vezes sonho, às vezes pesadelo. Seu pai se isola e sua mãe se comporta como adolescente, que busca nas drogas e nas brigas com a vizinha algum tipo de compensação pelas emoções contidas e segredos represados. A irmã que está na faculdade, se mantém alienada de todos os acontecimentos familiares, só aparecendo em datas como natal ou funeral. E, assim, vamos acompanhando a tentativa de Tim seguir em seu processo de identificação, se mantendo distante de todo aquele confuso momento familiar. Ele chega a verbalizar que não sente aquela família como sua, odeia o pai e ignora as tentativas da mãe de ser cúmplice. Drogas, sexualidade, a suspeita de ser vítima de bullying são ocorrências que vão preenchendo seus dias. Os segredos, quando veem a tona, conseguem tirar os membros familiares da alienação, e pela primeira vez as emoções ganham expressão. A cena do pai, desabando em lágrimas, abraçando o filho e dando suporte para sua existência, é linda. Os que até então pareciam estranhos vivendo sob o mesmo teto, se tornam de fato uma família, vivendo o luto e a ameaça real de novas perdas. O filme é denso, em alguns momentos, deprimente, pois uma família suburbana, como outra qualquer, revela aos poucos as seu lado negro. No final das contas, aquele que é considerado a ovelha negra da família se revela não tão alienado quanto parecia. Drogas, sexualidade, elaboração do luto e o confronto com realidade de não são suficiente para que revele seu segredo mais profundo, a imagem do irmão perfeito não é ameaçada, pois Tim guarda para si a informação que seu irmão era seu algoz e já mostrava sinais de perturbações emocionais antes do suicídio, não poderia sentir culpa por não tê-lo impedido. De fato, o maior problema da família é a falta de comunicação, a ruptura promovida pelo trágico acontecimento. Fica claro também que somente depois de conseguirem romper a barreira do silêncio, podem iniciar um novo ciclo familiar.
A única filha, Penny, conseguiu se distanciar da auto-destruição quando entrou na faculdade. A mãe, Sandy, se torna uma pessoa sarcástica e movida a baseados, que guarda um segredo capaz de dividir de vez os membros da família. Leia mais, clicando aqui.
A família é completamente disfuncional, e todos – pai, mãe, filho mais novo – são problemáticos, e não conseguem se comunicar(...) É tudo muito triste, muito barra pesada, muito sem saída. E, ao mesmo tempo, o filme parece frio, não consegue tocar o espectador. Leia mais clicandoa qui.
É um filme deprimente (talvez até demais) onde as personagens sofrem em silêncio e confrontam os seus problemas, entrando muitas vezes em conflito tal como na vida real. Continue lendo.
Cada um sofre a perda de maneiras diametralmente opostas: ela busca refúgio em substâncias diversas e no sarcasmo, voltando inclusive a fumar maconha, ele simplesmente pára de funcionar, trava, se afundando em remédios e deixando o trabalho. Enquanto isso, o filho mais novo e ovelha negra Tim (o bom Emile Hirsch, de Meninos de Deus) começa a experimentar uma nova fase de autoconhecimento, disparada pela desgraça familiar, com a ajuda do estranho vizinho. Crítica completa, clique aqui.
Bom, seja envolto em carregados traumas, seja fumando escondido do marido ou dormindo no banco da praça em vez de ir ao trabalho, a estória dirigida pelo até então estreiante Dan Harris discute as aparências e as imagens dos seres humanos dentro de uma família -- mesmo que você ache que não se encaixa nela ou sentindo que há definitivamente algo errado. (...)Cada um tenta lidar de sua forma desde então. Um mundo de sensações. Uns silenciosamente. Outros evitando pensamentos. É quase um diálogo mudo entre o elenco consigo mesmo pra tentar digerir o que houve e o que ainda há de vir.  (...)Falando em segredo, Tim também chega ao seu e a cena das pegadas é retomada num lance oportuno. Leia mais...

2 comentários:

  1. Olha, eu adorei este filme e acho que além disso que vc citou acima, está duplamente relacionado a homossexualidade.

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    1. Rafael, não tinha visto por este ângulo, vou rever pensando nessa perspectiva. Falando nisso, vc já assistiu Orações para Bob? O tema é homossexualidade e as dificuldades de um filho perfeito que se dá conta da dificuldade de sua existência. Vale conferir. Obrigada por sua participação, comento depois de rever o filme. Abçs, volte sempre!!

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