sábado, 26 de abril de 2014

Os melhores dias de nossas vidas

clip_image001ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares. Distrofia Muscular de Ducchene, paralisia cerebral, intolerância, diferenças, cuidador e alguns conceitos da abordagem Gestáltica.

SINOPSE
Rory (James McAvoy) é um jovem rebelde, bem-humorado, que fala o que pensa, não liga para as convenções sociais, nem para nada, nem para ninguém. Seu oposto é Michael (Steven Robertson), que sempre levou uma vida completamente sem graça e enfadonha. O que estas duas pessoas tão diferentes poderiam ter em comum? A resposta é cruel: Rory é tetraplégico e Michael tem paralisia cerebral. Descontentes com as 'regras da vida', estes dois amigos inusitados planejam deixar a instituição onde estão internados com a ajuda de Siobhan (Romola Garai) para que eles finalmente atinjam seus objetivos: viver a vida em toda sua intensidade. Mas quais as surpresas que o mundo fora dos portões da instituição irão revelar aos dois rapazes.
TRAILER
 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
clip_image003Um dos aspectos mais interessantes do filme é a oportunidade que ele oferece de refletirmos sobre os rótulos que usamos nas pessoas. É comum pensarmos em pessoas com necessidades especiais como pessoas “deficientes”, com tendência a esquecermos da parte “pessoa”. Uma pessoa com necessidades especiais é antes de tudo uma pessoa! Como tantas outras, a pessoa em questão têm diversas outras necessidades, desejos, funcionalidades e formas que vão compor sua personalidade. Falando em personalidade, isso é o que não falta em Rory, um rapaz rebelde que é portador de “Distrofia Muscular de Duchene”. Ele não é tetraplégico, trata-se de uma doença genética que afeta somente ao sexo masculino. O portador desta doença tem uma degeneração muscular durante a vida, o que levou Rori para a cadeira de rodas. Falaremos mais sobre a doença depois, agora, voltemos ao filme. Rori é desprendido, audacioso, quer curtir a vida, como e enquanto for possível, ele não aceita ser limitado além do que a própria doença impõe. Ao ser internado em uma instituição para pessoas com necessidades especiais, ele conhece Michael, um rapaz introvertido com paralisia cerebral. Ao contrário de Roni, Michael é quieto, conformado com a vida que tem levado. Até então, o que fazia parte de seu mundo era o seu cotidiano enfadonho, repetitivo e limitado. Sua dificuldade em se comunicar fazia com que vivesse ainda mais isolado de que o necessário. Suas dores não tinham espaço além do silêncio e o conformismo diante daquilo que conhecia como vida.
Apesar do jeito impulsivo e “agressivo” de Roni, ele consegue compreender tudo que Michael quer dizer e se torna seu “tradutor”. A amizade que nasce entre ambos, permite que Michael tenha experiências que irão mudar sua forma de ver e viver, seu universo se amplia. Aí, temos a ilustração daquilo que na abordagem Gestáltica é chamada de verdadeiro contato. Segundo teóricos desta abordagem, o verdadeiro contato só é possível na diferença, promovendo trocas nutritivas que irão afetar e ampliar o potencial de cada um dos envolvidos. Portanto, a diferença entre ambos é o que fará com que eles ganhem novas perspectivas. Viver a vida com intensidade é o lema de Rori que irá contaminar o amigo. A busca de maior autonomia fará com que ambos enfrentem alguns obstáculos, encontrem algumas frustrações, desilusão amorosa e perdas inevitáveis. Mas, certamente, os transformará. Para o telespectador, o filme comove, afeta e inspira grandes reflexões, não só sobre preconceitos e encontro das diferenças, mas principalmente sobre como deixamos coisas bem menores limitar nossas possibilidades de viver a vida com intensidade. Vale a pena conferir!
Distrofia de Duchenne é uma doença genética de caráter recessivo, ligada ao cromossomo X, degenerativa e incapacitante. O gene defeituoso é transmitido simultaneamente pelo pai e pela mãe, que é assintomática. No entanto, cerca de 1/3 dos casos ocorre por mutação genética nova. Não há comprometimento cognitivo, salvo alguns casos, onde ainda se pode haver comprometimento intelectual em até 30%, sem progressões, o que não é ainda comprovado pela literatura e não era o caso de Rory (protagonista diagnosticado com a deficiência), onde seu intelecto e funções cognitivas se mostraram intactas. Os comprometimentos motores começam desde a manifestação dessa doença após o segundo ano de vida, onde os primeiros afetados são os membros inferiores, comprometendo a marcha e dificultando a posição ortostática, até que a partir dos 10anos, ocorre o início da perda dos movimentos. Rory, como alguém que apresenta a deficiência em sua fase final, apenas tinha controle dos movimentos da ponta dos dedos e sua fala ainda permanecia intacta. O restante dos seus músculos em sua maioria já tinham sido afetados. Quando o paciente se mostra em estado terminal, percebe-se o comprometimento do Diafragma e dos músculos de função cardiovascular.







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