ASSUNTO
Adoção,
superação, resiliência, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Quando tinha apenas
cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem
de Calcutá e enfrentou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser
adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25
anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adaptação
do livro de mesmo título, o filme conta a história real de Saroo, um dos tantos
outros meninos que se perdem todos os dias na Índia. Apesar de ter sido adotado
por uma família que o educou com amor, o passado dele o atormenta, impedindo-o
de viver plenamente as oportunidades do momento presente. A trajetória de Saroo
é a materialização de uma busca comum a todo ser humano. Afinal de contas,
nossas neuroses estão diretamente ligadas ao passado mal elaborado. Ao
acompanhar sua busca, fica impossível não entrar em contato com algo da própria
infância, portanto, é improvável não se emocionar. Podemos chamar de ‘busca de
nossas origens’ ou de ‘passar nosso passado a limpo’, mas em algum momento, nos
defrontamos com circunstâncias que nos remetem a uma situação inacabada da
infância. Revisitar nossa história não significa mudar o presente, ao
contrário, nos permite viver o presente em sua plenitude, sem amarras. Assim,
nosso protagonista segue buscando suas origens.
Quase metade do filme acompanha
a infância dele, que passa maus bocados após se perder. De pronto, sabemos que
o menino é esperto, se livrando de riscos a todo o momento. Outro tema
pincelado na trama é a adoção, ato que muitos consideram como possível apenas
para quem não pode ter filhos. Constatamos que para a mãe adotiva de Saroo foi
escolha, ela afirma que o “mundo já tem pessoas demais”, muitas precisando de
amor. Além de Saroo, o casal adotou outro menino, que se mostra reativo,
agressivo, inconformado com sua realidade. Infelizmente, não somos convidados a
compreender tal personagem, pois a trama não esclarece, nem pretende seguir
outra perspectiva, senão a do Saroo. O
drama salta da infância para a vida adulta do protagonista, deixando
transparecer que ele cresceu num ambiente saudável, se tornando um adulto
amoroso e conciliador, aparentemente adaptado ao seu novo mundo. Aos poucos,
percebemos que apesar do acolhimento do novo lar, falta algo em sua vida, sua
história está incompleta. Ainda é possível perceber outros temas sutis, como
preconceito e tráfico de crianças. Mas o foco principal está na necessidade de
pertencimento que nos é comum, seja pertencer a um lugar, a um grupo, a uma
comunidade ou família. A busca da própria identidade, sempre passará por pontos
semelhantes, como ligações afetivas ou de sangue. O biológico e as construções
afetivas nos tornam quem somos, portanto, são cruciais para o desenvolvimento
do ser. A trama apresenta a verdade nua e crua da pobreza em contraste com um
universo econômico e social diferente, no qual os valores são outros. O filme é
uma aventura dramática, tal qual um processo terapêutico, sem deixar de tocar
nos contrastes entre os mundos. Trata-se da busca de integração de si mesmo,
através dos mundos que precisam se aceitos como parte de sua totalidade. O
caminho não é fácil, a busca se torna obsessão, beira a loucura, nada mais tem
sentido na ausência emergente. A perspectiva do protagonista se torna nossa,
não há como não ser tocado, o filme é emocionante!
Concordo plenamente, impossível não se emocionar!!! Excelente elenco, e escolha do protagonista... Que filme SHOW!!!
ResponderExcluir