quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Os Croods

clip_image002_thumbASSUNTO
Adolescência, relações familiares, medo, terapia familiar, metáfora de uma família disfuncional.
SINOPSE
A comédia pré-histórica “Os Croods” acompanha a família Crood, que tem sua caverna destruída. O clã se vê obrigado a partir em busca de uma nova casa. Liderados por Grug, só não imaginavam que sair das cavernas ia render a maior aventura de suas vidas. Cage emprestará sua voz a Crug, que cautelosamente guia sua família em busca de um lugar seguro, depois que um terremoto destrói sua casa. Ao tentar encontrar um caminho em ambiente perigoso e hostil, ele encontra o personagem de Reynolds, um nômade que encanta o clã de Crug com seus modos modernos – especialmente sua filha mais velha.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Um domingo, com filho e afilhada, me levou a assistir OS CROODS, uma comédia deliciosa que me fez rir muito e também refletir sobre muitas coisas. Pouco tenho postado sobre animações infantis. Mas, nesse caso, o filme é indicado para a família toda, e, também para aqueles que estudam ou trabalham com terapia familiar. Sim, o filme é um prato cheio para quem estuda o tema! Trata-se de uma família que vive isolada, enclausurada, devidamente acomodada em sua zona de conforto. O sistema familiar prioriza a sobrevivência, especialmente após terem assistido as outras famílias serem destruídas. A chama do MEDO é mantida acesa, não é possível enfrentar o NOVO, que deve ser evitado a qualquer custo. Muitas famílias se portam de modo semelhante, especialmente após alguma tragédia ou sofrimento demasiadamente ameaçador. O sistema familiar fechado é sinônimo de família disfuncional. O medo de enfrentar mudanças fica evidenciado. Na realidade, não só as famílias vivem assim, há também indivíduos que se fecham em si mesmos, evitando contato com o novo e alimentando o medo de tudo e de todos, tudo em nome da proteção.

domingo, 17 de novembro de 2013

O último amor de Mr. Morgan

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Terceira idade, solidão, luto, segredos, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
No dia em que a jovem Pauline lhe estendeu a mão para ajudá-lo a entrar em um ônibus, o viúvo inglês Matthew Morgan reencontrou a felicidade. Professor teimoso e de natureza ranzinza, ele repentinamente resgata sua curiosidade pela vida durante seus passeios em parques e viagens ao campo, sempre ao lado da bela Pauline. A nova relação renova em Matthew sua noção de família. Com isto, ele se reaproxima do filho Miles, que logo se sensibiliza com as mudanças visíveis no pai. Mas as consequências deste reencontro são imprevisíveis.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme reúne alguns temas familiares, ao retratar a história solitária de um viúvo ranzinza que segue em processo de luto. Conflitos familiares, processo de envelhecimento, solidão e segredo famíliar estão presentes no longa. Desde a morte da esposa, Mathew, como tantos outros viúvos, sobrevive à perda de forma solitária e depressiva. Ele se isola do mundo, seguindo sua rotina. Seus olhos carregam tristeza, resta pouco ou quase nada do brilho de vida de outrora. Pauline, por sua vez, traz luz em sua forma de ser. No encontro de ambos, logo fica claro o quanto é possível trocar na diferença. Já de cara, a moça diz que aquele senhor faz lembrar o pai dela. Ele enxerga nela a figura da esposa que se foi, mas não necessariamente uma substituta. Eles compartilham a dor de terem e não terem uma família. Muitos viúvos e viúvas sentem-se perdidos no mundo depois da perda de seu ente querido. Após anos de compartilhamento de vida, é difícil sobreviver sem aquele que fazia parte do próprio universo. É comum ouvirmos relatos de companheiros que partem pouco tempo depois. Mathew já não conseguia ver sentido na vida, principalmente pela imensidão do único amor que conheceu e a quem dedicou todo afeto que pensava ter: sua esposa. Ele mesmo afirma não entender o que a amada esposa teria visto nele.

sábado, 16 de novembro de 2013

The first time

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Adolescência, virgindade,sexualidade, relações afetivas e sociais.
SINOPSE
2012 - Dave Hodgman, estudante do último ano do ensino médio e romântico incurável, conhece e se apaixona por Aubrey após uma noite de festa. Infelizmente, há alguns obstáculos para essa história ter um final feliz: Dave esteve até então loucamente apaixonado por outra garota, Jane Harmon, enquanto Aubrey mantém um relacionamento com Ronny, um jovem de 20 e poucos anos. Por serem estranhos um para o outro, eles compartilham seus verdadeiros sentimentos a respeito de suas vidas e acabam tendo uma incrível conexão. Ambos inexperientes, eles veem o seu mundo girar de lugares totalmente opostos para si mesmos. Com um forte sentimento, eles terão que arriscar um caminho que nunca percorreram: Sexo.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Virgindade ainda é um assunto polêmico para muitos. Para alguns adolescentes, a primeira vez pode ser um sonho e/ou um pesadelo. Sonhar com o momento único que pode ser com partilhado com uma pessoa especial é comum. Para alguns, o sonho se torna pesadelo muito antes de acontecer, pois pode ocorrer muito cedo ou tarde demais. De fato, este é um dilema comum para adolescentes. Meninas e meninos, independente da perspectiva, passam pela experiência de criar expectativas sobre o momento sonhado. O filme trata do assunto de forma delicada, simples e muito real. Trata-se de uma comédia romântica sensível, que encontra o tom certo para discutir o assunto. Tanto Dave quanto Aubrey já faziam planos sobre a primeira vez antes de se conhecerem. Entretanto, se esbarram ao acaso, e, talvez por isso, constroem uma relação autêntica. Aos poucos vão percebendo o quanto estão atraídos um pelo outro, o que acaba resultando na mudança de planos para ambos. Os conflitos experienciados pelos adolescentes são retratados com honestidade. O mais interessante  é a forma como apresentam a primeira vez. Para não saber detalhes do desfecho da trama, recomendo que não continue .

Marie Kroyer

 
clip_image001ASSUNTO
Saúde mental, disfunção familiar, traição, esquizofrenia.
SINOPSE
2012 - Marie Kroyer vive um casamento infeliz com o famoso pintor dinamarquês P.S. Kroyer, no final do século XIX. Ele divide-se entre as funções de artista, mãe e esposa, e ainda é obrigada a conviver com uma doença mental do marido. Com o tempo, ela se sente cada vez mais sozinha e angustiada. Decide, então, fugir da rotina e sair de férias. No período, conhece o compositor sueco Hugo Alfvén, por quem se apaixona loucamente.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Baseado em fatos reais o filme conta a história de Marie, artista, esposa de um renomado artista, que é portador de transtorno mental. Logo percebemos o amor e cuidado que ela tem com o marido, que apesar de muito amá-la, ele não consegue retribuir seu carinho. A dedicação da esposa não é suficiente para conquistar a reciprocidade, principalmente porque a doença afeta o comportamento do marido, que além de apresentar delírios e alucinações, traz a franqueza cruel como marca. Acompanhamos algumas crises do marido e os esforços da Marie para manter seu casamento. A família é afetada pela doença, que torna cada dia mais difícil sua manutenção. Apesar da dedicação da esposa, os surtos psicóticos do pintor tornam a esposa extremamente infeliz. Após longo período de internação, o artista passa um tempo lúcido até que explode em novo surto, afetando diretamente a filha. É cruel a forma com que ele obriga a criança a se comportar como um cachorro, que segundo ele, seria bem mais bonito que ela. Mesmo  tendo superado ameaça à própria vida, a cena é a gota d’água para a esposa. Sendo assim, Marie aceita o convite de sua amiga e parte para a Suécia, levando a filha. Lá conhece o compositor que será pai de sua segunda filha. A trama se desenrola focando a luta de Marie, sua força diante dos obstáculos de sua época. O amor do artista por Marie é indiscutível, mas sua doença prejudica não só a relação com a esposa, mas também afeta a filha Vibeke, que demonstra evidente carência afetiva. Em seus poucos momentos de lucidez, Kroyer assume total responsabilidade pela consequente traição sofrida, mas em nenhum momento se dá conta da forma que assustava a própria filha. O filme não tem a proposta de aprofundar a doença mental, no entanto faz um recorte interessante sobre o tamanho do sofrimento dos familiares de um portador de doença mental, especialmente quando não haviam recursos terapêuticos eficientes para o tratamento de transtornos psicóticos.



domingo, 10 de novembro de 2013

O presente

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Relações afetivas, familiares e sociais, valores, perdas, luto, auto-conhecimento, amizade, segredos, amor, compreensão, empatia, mudanças.
SINOPSE
Jason acabou de perder o avô bilionário que sempre odiou e estava certo de que não herdaria nada. Mas se enganou: "Red" Stevens (James Garner) deixou 12 tarefas para Jason, ao fim das quais ele será avaliado e, se merecer, terá direito ao que Red chama de "o maior de todos os presentes". Cada uma dessas tarefas tem o objetivo de promover alguma mudança em Jason, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com a pequena Emily (Abigail Breslin).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por um seguidor, o filme é de fato um presente. A trama, ainda que não pretenda retratar fatos reais, pois dificilmente seria possível realizar tal plano de forma tão bem amarrada, termina por provocar boas reflexões. Trata-se de um drama de 2006 que exemplifica a importância da experiência vivida para nosso desenvolvimento. Conselhos podem ser bem vindos, mas pouco ou nada valem diante da experiência vivenciada. Na abordagem gestáltica, priorizamos a experiência, ou melhor, o experimento, exatamente por alcançar melhor resultado no que se refere à possibilidade de mudanças. Assim também pensa o avô de Jason, que através de sua proposta promove  diversas experiências que irão transformar sua vidade Jason para sempre. Até então, o neto era apenas um “payboy” sem noção de alguns valores que são essenciais para o ser humano. Sua vida era resumida em prazeres financeiramente dispendiosos, atividades fúteis e relações vazias. Apesar de ser bem instrído, o rapaz não tinha em seu universo qualquer aplicação para tudo que aprendeu em sua formação. Todo conhecimento adquirido era desperdiçado, pois desconhecia a palavra necessidade, fosse de produção ou de vontade de brigar por algo. O fato de tudo estar disponível, todo o tempo, fez com que Jason perdesse contato com seus sentidos.

Meu passado me condena

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Relações afetivas.
SINOPSE
Quando Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello) se encontram, é amor à primeira vista. Eles se casam um mês depois de se conhecerem e decidem viajar à Europa em um cruzeiro em lua de mel. Só que, durante a viagem, eles encontram seus antigos namorados, Beto (Alejandro Claveaux) e Laura (Juliana Didone), que hoje estão juntos e também passam sua lua de mel.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
De humor leve e descompromissado a comédia romântica até poderia render algumas discussões acerca dos conflitos pessoais dos personagens, mas o longa não se aprofunda. Fábio é hipocondríaco, fóbico e foi vítima de várias encarnações em sua trajetória escolar. Miá, aparentemente descolada, se rende aos impulsos da paixão e se casa após um mês de relação. O ex de Miá é pretencioso, arrogante e vazio. A esposa, por sua vez, se faz de burra para permanecer em sua posição social, o que não convence por se tratar de uma médica. Os outros personagens são também inverossímeis, servindo ao propósito de apenas oferecer algum tipo de ligação na comédia. As situações promovidas pelo casal de funciomários do navio, por exemplo, estão bem distantes do que de fato poderia ocorrer dentro de um navio comercial. Fábio Porchat encarna um imaturo, muitas vezes infantil, personagem, que apesar de contrastar com o pedante ex-namorado, está longe de convencer o público feminino como o “sonho de consumo” apontado pela pediatra. O amigo sem noção que invade a lua de mel do casal é outra fantasia. Apesar de alcançar um bom número de público, o filme se revela apenas como uma comédia rasa, sem grandes aprofundamentos ou críticas. Ainda que apresente algumas possibilidades que poderiam ser melhor exploradas, nada vai além. Relações de interesse, relações afetivas, relações infantis e surreais são apresentadas de forma bem superficial. Assim, o filme é indicado para os que gostam de comédias leves.




Serra Pelada

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Relações humanas, políticas, sociais, afetivas, familiares, crenças , valores, ganância, poder, violência, humanismo e amizade.
SINOPSE
1980. Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que ficam empolgados ao tomar conhecimento de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no estado do Pará. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles: Juliano se torna um gângster, enquanto que Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de retratar um momento histórico de nosso país, a superprodução assume uma perspectiva peculiar ao descortinar um pouco mais do comportamento humano. Frente à possibilidade de riqueza ou mesmo na mudança radical de situação financeira, como o homem reage? O filme mostra como aconteceu com muitos na ocasião em Serra pelada, quando muitos enriqueceram, outros tantos perderam muitos sonhos e até mesmo a própria vida. Até onde vai a ganância? Até onde conseguimos manter nossos princípios frente a novas realidades? O filme foca em dois amigos de infância que compartilham o sonho por razões diversas, mas ele não perde de vista outras personalidades que surgem no mesmo contexto, com destinos diversos. De uma forma muito particular, o filme toca num ponto crucial de nossa existência, o valor das coisas. O dinheiro nos governa ou nós o governamos? Qual o limite do poder? Confesso que é uma questão bastante preocupante em nossa trajetória. Já assisti diversas pessoas se transformarem muito quando o assunto é dinheiro, seja por excesso ou falta dele. Diversas vezes afirmei que não gostaria de ganhar, por exemplo, na sena ou loto alguns milhões de reais. Isso porque sempre tive medo da violência, inveja, falsidade e desconexão que podem vir na bagagem. Quantas notícias sobre violência, morte, suicídios ouvimos sobre pessoas que enriqueceram da noite para o dia? Isto, de fato, me causa espanto. O filme explora bem o assunto, ainda que em outro cenário. Acho até que tudo que vemos em Serra Pelada acontece em outras realidades, onde a ganância transforma pessoas em “soldados do poder”. Pessoas que pensam que estão em busca da realização dos próprios sonhos, passam a servir a um sistema sórdido, sem que percebam que seus princípios vão deixando de existir aos poucos. Não é preciso voltar a Serra Pelada para vermos muito do que lá aconteceu. Basta abrirmos bem os olhos e acompanhar pela internet a realidade a nossa volta, que encontraremos comportamentos alterados pela ganância de muitos, transformando muitos valores de vida. Neste aspecto, Serra Pelada é um alerta social, nossos valores são ameaçados diariamente por novos contextos. No foco da trama está a amizade, que no final dá sinal de sua sobrevivência, ainda que muito prejudicada.

Mato sem cachorro

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Relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE
Deco (Bruno Gagliasso) vive jogado no sofá de sua casa, apesar de ter bastante talento com a música. Um dia, ele encontra dois grandes amores de uma só vez: a radialista Zoé (Leandra Leal) e o cachorro Guto, que desmaia toda vez que fica muito animado. Não demora muito para que o trio viva como se fosse uma família. Só que, dois anos depois, Zoé termina o namoro, fica com a guarda de Guto e ainda por cima arranja um novo namorado (Enrique Diaz). Motivos mais do que suficientes para que Deco fique revoltado e prepare uma vingança: sequestrar Guto. Para tanto ele conta com a ajuda de seu primo Leléo (Danilo Gentili).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já no início da trama temos uma desconstrução da ideia de família perfeita, que é propagada na grande mídia. Gostei de cara por concordar muito com isso. Desde “A família Watson” (os mais novos nem conheceram a série) que me pergunto a respeito. Em tempos de diversidade em estilos familiares, já não convém apontar a tal família perfeita. Não só por sua forma de existência, mas principalmente porque, como dizia Nelson Rodrigues, “de perto ninguém é normal”. Afinal, o que é ser normal? Formar uma família, definitivamente, não segue uma receita de bolo, ela é constituída dia após dia, num processo de prazeres e desprazeres ao longo de sua história. Pensar um ideal de família é perder a chance de vivenciar este processo com intensidade. Então, o filme assume a perspectiva de comédia romântica, entretanto tropeça em cenas de humor grosseiro e desnecessário, esbanjando palavrões, o que torna a trama imprópria para crianças.

domingo, 3 de novembro de 2013

Gravidade

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Luto, angústia, solidão, existencialismo, metáfora de renascimento ou processo terapêutico.
SINOPSE
2013 - Matt Kowalski (George Clooney) é um astronauta experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um ambiente completamente inóspito para a vida humana.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Li alguns comentários sobre a trama, uns destacam os efeitos espetaculares, outros salientam as cenas improváveis na realidade espacial, mas nenhum deles sinalizou sensivelmente como meu cliente. Segundo o Site MEGACURIOSO, ‘“Gravidade” é um filme de suspense e drama capaz de tirar o fôlego até mesmo dos cinéfilos mais exigentes.’ Eles apontam erros e acertos do filme (Para ler o artigo completo, clique aqui.). Já na revista Info, abril, lemos “Graças às atuações de Clooney e Bullock, o filme supera o simples horror científico e provoca reflexões sobre a condição humana, seus limites e o desapego ao plano material.” (Para ler o artigo completo, clique aqui.) Diego, meu parceiro terapêutico, indicou o filme e identificou a metáfora do renascimento. Ele teve o cuidado de não contar o final e elegeu algumas cenas importantes. Como a cena da posição fetal que Ryan assume, imersa em sua solidão e a outra cena que ilustra sua dificuldade de se “desprender”, “deixar ir” - não só do cordão que a prende (umbilical?) -, mas de sua perda. Concordo plenamente com ele, toda a trama aponta para um processo de luto, de fechamento de ciclo, de renascimento, de reencontro com a vida. A sensação de angústia, de desamparo, de dor e desespero está presente na trama. Aquele momento de impasse, quando beiramos a desistir de tudo, tamanho desespero, está lá. Linda mas também angustiante metáfora, que pode nos remeter a questões tanto pessoais como universais. O renascimento de um único ser ou de toda humanidade estão ali para quem quiser perceber. A sobrevivência é, sem dúvida, tema do filme, que entre outras coisas nos faz refletir sobre a sobrevivência não só do planeta terra, da humanidade, mas principalmente sobreviver às intempéries dessa jornada chamada vida.