quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ferrugem e osso

 

clip_image002ASSUNTO

Relações afetivas, familiares e sociais, superação, auto-suporte, resiliência.

SINOPSE

De repente, ALI (Matthias Schoenaerts) se vê tendo que cuidar sozinho de uma criança de cinco anos. Ele mal conhece o seu filho SAM (Armand Verdure). Sem casa, sem dinheiro e sem amigos, Ali vai morar com sua irmã ANNA (Corinne Masiero) em Antibes, no sul da França. Tudo começa a melhorar imediatamente. A irmã hospeda os dois na garagem, ela cuida do sobrinho e a temperatura é magnífica. Ali, um homem alto e forte, vai trabalhar como leão de chácara em uma boate. Durante uma briga, ele ajuda Stéphanie (Marion Cotillard). Distante e linda, Stéphanie parece inatingível, mas Ali, franco e direto, consegue deixar o seu número de telefone com ela. Stéphanie é treinadora de baleias orca, em Marineland. Quando uma apresentação termina em tragédia, um telefonema os junta mais uma vez. Quando Ali volta a se encontrar com Stéphanie, ela está presa a uma cadeira de rodas, por ter perdido ambas as pernas e algumas ilusões. Stéphanie passa a depender da força física de Ali e ele, por sua vez, passa a admirar a força de vontade de Stéphanie. E Stéphanie volta a querer viver. À medida que a história de vida dos dois começa a se encontrar e a se separar, eles entram em um universo onde a beleza, a juventude e o sangue são considerados produtos, mas no qual a confiança, a verdade, a lealdade e o amor não podem ser comprados ou vendidos e a coragem aparece de várias formas.

TRAILER

Existe a possibilidade de assitir online, mas tenha cuidado, contém cenas de sexo explícito, é indicado para maiores.  Se você  é maior de idade, clique aqui para assitir.

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Eu já o tinha em minha fila de filmes para assistir, quando a colega Renata Rodrigues postou no meu face: “Ferrugem e Osso é um filme belíssimo e apresenta com profundidade duas almas perturbadas procurando por salvação e aprendendo a sobreviver. É tocante ver o quanto pode nascer algo sincero entre duas pessoas destruídas pelas circunstâncias impostas pela vida e pelas escolhas que elas abraçaram, encontrando um no outro a compreensão que o mundo não lhes ofereceu. É um filme denso e complexo, doloroso justamente por ser sensível. Não é um filme de fácil digestão, contudo, ele merece ser visto por todos... Ultra recomendado!”. Então, duplamente indicado, não tive outra alternativa, escolhi assistir logo. Logo, o que mais me chamou atenção foi um termo muito difundido na psicologia: resiliência. Este conceito psicológico, emprestado da física, é a capacidade que um indivíduo ou uma população apresenta, após momento de adversidade, conseguindo se adaptar ou evoluir positivamente frente à situação. O conceito surgiu na física e nada mais é do que a capacidade de alguns materiais voltarem ao estado natural depois de terem passado por uma tensão extrema. Ou seja, é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. A capacidade de resiliência envolve uma tomada de decisão, é quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Durante o processo terapêutico, um dos objetivos é despertar a capacidade de resiliência do cliente.

No filme, temos um exemplo claro do que vem a ser esta capacidade. É emocionante assistir a luta dos personagens. De um lado, temos Ali, um homem que é rude nos modos, mas delicado e atencioso. Do outro lado está Stéphanie, mulher bonita e independente, treinadora de orcas, acostumada a seduzir e abandonar seus homens. Em um acidente de trabalho, Stéphanie tem ambas as pernas amputadas. Ambos estão destroçados, bem distantes de si, estão em desequilíbrio quando se encontram. Ele apresenta clara dificuldade para lidar afetos, ela revela um quadro depressivo nítido. As diferenças marcam esse encontro, que ao promover o contato de universos tão distintos, proporciona outras formas de ver o mundo. É um filme sobre aceitação, sobre superação, sobre dar a volta por cima. Ela encontra a chance de reaprender a andar em todos os sentidos, ele encontra novas formas de se expressar, de amar. Antes, ele considerava mais fácil odiar, pois a possibilidade de decepção estaria descartada. Assim, o filme conta aventuras e desventuras de personagens reais, com defeitos e qualidades, que aos poucos aprendem a sobreviver aos preconceitos, às dificuldades físicas e morais, e, principalmente, às diferenças. Trata-se de um filme denso, emocionante, extremamente verdadeiro, confira!

Como disse André Olim, “Ferrugem e Osso é um trabalho peculiar, ditosamente diferente, que exige uma visualização tencionada e atenta para maior interiorização. Não se propõe a emocionar ou a dramatizar. Apenas sugere.” Recomento o artigo completo, clique  aqui para ler.

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