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domingo, 1 de julho de 2012

Vincent quer ver o mar

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Anorexia, Síndrome de Tourette, TOC, luto, relações afetivas e familiares.



SINOPSE
Vincent, um rapaz que sofre de síndrome de Tourette, foge de uma instituição junto com outras duas pessoas, uma moça anoréxica e um rapaz com TOC, para viajar à Itália e realizar o último desejo de sua mãe.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Trata-se de um filme alemão de 2010, que apresenta a aventura de três pessoas com diferentes transtornos psiquiátricos. Ainda que retrate fielmente os comportamentos correspondentes a cada um dos transtornos, a trama nos presenteia com um olhar diferenciado e bem humorado. A viagem, que para Vincent tem a finalidade de atender ao desejo da mãe falecida, se torna um aprendizado para todos. Fora dos muros da instituição, as relações vão sendo desenvolvidas de forma surpreendente. Com humor e fotografias belíssimas, o enredo revela o desenvolvimento de novos sentidos para conceitos como respeito, amizade e solidariedade, sem que seja omitido o sofrimento e os conflitos pessoais de cada um.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A cova da Serpente

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Saúde mental, psicoterapia, relação terapêutica, hospitais psiquiátricos.

SINOPSE
Virginia, uma jovem mulher, e Robert Cunningham encontram-se e terminam se apaixonando.  Pouco tempo depois, eles se casam.  Após o casamento, Robert começa a notar que Virginia não apresenta o comportamento de uma pessoa normal.  Percebendo que ela precisa de mais ajuda do que a que ele pode lhe proporcionar, Robert decide interná-la numa Instituição para doentes mentais. Lá, ela é atendida pelo paciente Dr. Mark Kick, que lhe dá toda a atenção, iniciando um tratamento  com eletro-choques, hipnoterapia e sessões de psicanálise, visando curá-la da amnésia depressiva em que se encontra.  Aos poucos, ela começa a apresentar melhoras animadoras. Entretanto, ela sofre muito nas mãos da enfermeira-chefe, que vive criando casos e a ameaçando de transferência para o Pavilhão 33, 'a cova das serpentes', onde são confinados os pacientes sem esperanças de cura.  A gota d'água ocorre quando Virginia diz à enfermeira que ela a trata mal porque está apaixonada pelo Dr. Kick e que tem ciúmes pelo fato do médico ser paciente e lhe dedicar bastante atenção. Virginia termina sendo transferida para o Pavilhão 33, onde sofre uma completa recaída.  O novo Pavilhão é tudo o que se possa imaginar de pior num Asilo, com os pacientes desenganados a gritarem e dançarem o tempo todo. Dr. Kick continua o tratamento, obtendo uma boa resposta de sua paciente que, aos poucos, vai se libertando de seus medos e descobrindo as causas de sua doença, causas essas ligadas a sentimentos de culpa mal resolvidos em relação principalmente a seu pai.  No final, completamente curada, ela recebe alta e volta para seu marido. Fonte, clique aqui.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para quem tem interesse em saúde mental, o filme é um prato cheio. Ainda que antigo, é fonte inesgotável de informações sobretudo, quando nos referimos a tudo que motivou o processo da luta antimanicomial. O fato de ser preto e branco não tira o brilho da trama, que nos convida a acompanhar a luta de um profissional para tratar de sua cliente através da psicoterapia, evitando utilizar os tratamentos que estavam em voga. De fato, a paciente consegue reverter seu quadro patológico no durante o processo. Entretanto, não somos poupados de assistir diversos tratamentos inapropriados, que acontecem com todos os pacientes do hospital psiquiátrico. Enquanto a paciente é parte do processo, um detalhe me chamou a atenção. O tratamento dispensado pelo psiquiatra supera o objetivo individual, pois Virgínia consegue dar continuidade a arte de “estar com” ao se relacionar com outra paciente. Explico melhor...

terça-feira, 20 de março de 2012

3 idiotas

 
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Vida acadêmica, escolha profissional, sistema educacional, suicídio, amizade, relações afetivas, familiares e sociais
O filme Indiano anda me atraindo muito. Temos pouco acesso ao estilo, infelizmente, mas nenhum dos que me foram indicados decepcionou. Muito pelo contrário, cada vez me surpreendo mais com o estilo. Definitivamente virei fão de carteirinha! 3 Idiotas me foi indicado por um leitor da África, que após descobrir em meu blog outro filme indiano, sugeriu que eu o assistisse. Só tenho a agradecer por essa joia do cinema de Bollywood. Trata-se de um filme longo, porém não nos damos conta disso, tal a dinâmica da trama. Marca registrada do filme indiano, não há como definir um único gênero. Podemos considerá-lo comédia, devido à proposta geral, entretanto drama e musical fazem parte do show. Isso tudo sem torná-lo confuso ou pesado, pois as mudanças ocorrem num piscar de olhos, sem que dê tempo de fixar um único estilo. Dentre os temas discutidos no filme, temos: A escolha profissional e a influência familiar; A formação no estilo de formatação, ou seja, sem oferecer estímulo a construção de novos pensamentos; A concorrência de mercado em detrimento do talento pessoal; A amizade e a busca da auto-realização.
Rancho é um personagem único, que nos encanta todo tempo. Ele tem coragem de questionar o estatus quo, seu único interesse é aprender cada vez mais. Como ele afirma, a busca da excelência será primordial, o dinheiro será consequência. Seguindo a máxima de que o que move o mundo são as perguntas, o personagem incomoda aqueles que não percebem a estreiteza do lugar comum, seguro, tradicional. Há resistência à mudança, o que é algo bem conhecido no mundo neurótico em que vivemos. Como se fosse possível cristalizar alguma forma de vida, paralisando-a com algum encantamento. A vida sem transformação deixa de ser vida, e até mesmo aquele lugar de inquestionável fama e sucesso, perde seu status quando a tradição insiste em estacionar no tempo e espaço. Rancho denuncia os prejuízos sociais promovidos pela forma como o ensino superior é oferecido na região, o que resulta em alto índice de suicídio entre os jovens. Ele busca respostas no que se revela óbvio, priorizando os fenômenos como acontecem, e não as explicações e justificativas que vão aprisionando conceitos obsoletos. Em cada cena, Rancho se mostra sensível aos fatos que o cercam, e tudo que faz é apenas questionar o óbvio, a dissonância entre atos, lógicas e sensações. Inteligente, fiel a si mesmo, Rancho se revela sensível à necessidade dos amigos e com seu jeito particular de ser, consegue tocar cada um. Posso ousar dizer mais sobre o personagem, chega a ser terapêutico tê-lo como amigo. A empatia lhe é peculiar. Aos que nao conhecem o termo, empatia é a capacidade de se perceber no lugar do outro, compreendendo sua dor ou alegria, seu mundo particular, deixando em suspenso sua forma de ver o mesmo mundo. Ainda assim, depois de retornar ao mundo pessoal, é incapaz de julgar o outro, apenas sinaliza as aspirações que consiguiu perceber. Logo no início do filme percebemos a marca de sua passagem na vida das pessoas, pois revê-lo se torna para os amigos uma prioridade. A mistura de estilo só faz encantar, pois até mesmo as músicas e danças são inseridas de forma tão deliciosa, que você se pega querendo dançar ou cantar junto. Então, quando pensamos que a solução simples virá a seguir, a trama nos surpreende com algo impactante, vamos do riso ao choro em segundos, sem que nenhuma sensação permaneça por muito tempo. É marca de um estilo diferente, que torna a experiência deliciosa. A propósito, nenhum deles é idiota, o sistema denunciado por eles, sim! Vale a pena conhecer esse universo, recomendo!
3 Idiotas discute a educação rígida na Índia, na qual muitos rapazes são mandados para escolas de engenharias pelos seus pais, sem direito à escolha, visto que é uma profissão que tem um futuro promissor nesse país, além de questionar os métodos de ensino, que tratam os alunos como máquinas e não seres humanos (Leia mais clicando aqui.).
Trecho musical do filme
SINOPSE
É a história de três amigos, os três idiotas do título, que estudavam engenharia na mesma universidade, sendo essa muito renomada e a causa de muito estresse entre seus alunos. Rancho (Aamir Khan, que coincidentemente está em Lagaan e Somos Todos Diferentes – nesse último também é diretor) é um aluno genial, que foge do convencional (ele procura entender e aprender, ao invés de decorar) e com uma história de vida desconhecida. Após a conclusão do curso, ele some. Passados cinco anos, um ex-colega de classe reaparece aos dois amigos de Rancho, alegando que tem pistas do seu paradeiro. Dessa forma, não só a viagem em busca dele começa como também a do próprio espectador, que além de conhecer alguns lugares da Índia, entenderá como essa bela amizade foi construída e porque Rancho é uma figura tão marcante e querida, além de saber sua verdadeira história. Leia mais...
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quarta-feira, 7 de março de 2012

Um método perigoso

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ASSUNTO
Psicologia, psicanálise, análise Junguiana, Casal e família, sexualidade, relações acadêmicas e sociais.
Imediatamente após assistir ao filme, me senti na obrigação de rever “Jornada da alma”, produção francesa de 2003 que retrata o mesmo período, com outro olhar. Para profissionais e estudantes de psicologia, ambos são mais do que indicados, são obrigatórios. Para quem deseja maior aprofundamento, sugiro que abra a aba RESENHAS, onde poderá encontrar maiores detalhes sobre os filmes.
O enfoque de UM MÉTODO PERIGOSO inclui Freud e acrescenta alguns detalhes da relação entre ele e Jung, revelando não só a diferença social entre ambos, como também o fato de Jung não ser judeu. Otto Gross também aparece na fita, retratado como paciente encaminhado por Freud para Jung, e apontado como possível provocador da ação de Jung em direção ao relacionamento amoroso com a paciente. Considerando algumas peculiaridades de cada filme, destaco a seguir algumas passagens deste:
O diretor escolhe dar ênfase as expressões de Sabina para indicar suas perturbações. Dr. Jung se revela mais diretivo, ao iniciar o a primeira sessão com a pergunta: “Você tem alguma idéia do que pode ter provocado os seus ataques?” Em seguida, somos apresentados ao termo “humilhação”, que passa a ser o foco da paciente para o que lhe angustia e lhe dá prazer/culpa. O teste de associação de palavras, aqui é aplicado por Jung com a ajuda de Sabina em Emma. Sabina já o está ajudando no trabalho e na interpretação, desenhando a possibilidade de tornar-se médica um dia. Durante às sessões, Sabina aponta as surras que levava do pai como algo excitante e provocante, exitando-a ao ponto de não conseguir conter o desejo de se masturbar. Jung retoma a primeira surra e  reforça suas sensações, ao que ela responde que gostou. Dois anos se passam e Jung visita Freud em Viena. O filme apresenta, então, alguns tópicos divergentes desde o início da relação. Jung já aponta sua discordância em alguns aspectos da psico-análise, - ao que Freud corrige “psicanálise”, como por exemplo, a ênfase na sexualidade. Também discorda do que Freud aponta como fixação na fase anal de sua cliente. Em outra cena, Jung insiste em contestar  a interpretação exclusivamente sexual do material clínico. Em outro momento, Freud aponta o círculo judeu da psicanálise como agravante para não aceitação da mesma e completa a discordância de Jung como um pensamento protestante. Aqui percebemos a divergência político-religiosa entre ambos. Em outro momento, Jung relata o sonho dos cavalos e ambos discutem a interpretação. Jung escolhe se referir as diversas gestações de sua esposa, que de fato interromperam seu crescimento profissional. Freud acrescenta a possibilidade de apontar para determinada repressão de algum desejo sexualmente incontrolável. Já com Sabina, Jung comenta que deve ter cuidado com a força de Freud, que ameaça suas idéias com sua persuasão e sedução. Sabina, então, pontua que talvez ele tenha chegado a um nível que a obediência se tornou mais importante do que originalidade. Sabina lembra a Jung que no seu caso Freud tinha razão quanto a sexualidade, ao que Jung responde que sim, mas que não seria o único fator. Em outro momento, o mito de Siegfried é a coincidência apontada por Jung como um aspecto inacreditável. Segundo ele, tudo tem um significado, não pode existir coincidência. Quem conhece a psicologia analítica pode aqui reconhecer o princpio de alguns conceitos construídos por esse teórico.
Há o encaminhamento do caso de Otto por Freud para Jung, apresentando um psicanalista e anarquista que fez história, ainda que tivesse comportamento sexual reprovado na sociedade, e fosse de fato viciado em drogas como a cocaína. Durante o período de contato com Jung, a discussão versa sobre a transferência e acontratransferência, quando Otto afirma que a monogamia é antiquada e causadora de muitas doenças humanas. Otto aponta a obsessão de Freud com a sexualidade como resultado de sua repressão, pois ele não deveria transar como gostaria. Jung, então, afirma que embora o trabalho do terapeuta seja libertar o paciente, libertar algumas repressões significa liberar todo tipo de forças, perigosas e destrutivas.  Sabina discute com Jung suas reflexões sobre o choque entre as forças destrutivas como produtor de algo novo e a sexualidade. Ela afirma estar cada vez mais consciente do fato de não ter experiências sexuais e em seguida o beija na boca, deixando Jung perplexo. Diante de sua afirmação sobre como a iniciativa deveria ser masculina, Sabina afirma que existe algo de feminino em cada homem, tanto quanto algo de masculino em cada mulher, mas que se ele quiser tomar a iniciativa, sabe onde ela mora.
Conceitos Junguianos e Freudianos são explorados na trama, tanto quanto suas divergências. Além disso, conhecemos um pouco mais da vida de Jung e das possíveis colaborações de Sabina nos conceitos psicanalíticos. Devido a riqueza de detalhes que ora se assemelham ora se diferem, entre este e “Jornada da Alma”, para aqueles que desejam se aprofundar, indico a aba resenhas.
A quem se interessar em saber mais sobre Otto Gross, clique em:
 1 Otto ou  2 Otto
(...) há um recorte temporal preciso que, esse sim, revela bastante do olhar de David Cronenberg, situando a história no período pré-espiritualista de Jung, em que a psicanálise ainda se esgueirava da metafísica para tentar compreender a condição humana passando necessariamente pelo corpo – carne, sexo e excrementos – princípio que conecta o momento vivido pelas personagens ao olhar de Cronenberg.Leiam mais clicando aqui.
Estudiosos defendem que Spielrein - que depois de ser paciente de Jung em 1904 e 1905 tornou-se sua assistente, antes de filiar-se a Freud - ajudou a formular o conceito de pulsão de morte, que depois seria atribuído ao austríaco (...) para colocar Sabina como catalisadora das diferenças entre Jung e Freud. (...) Freud inveja a riqueza do "ariano" Jung, que por sua vez ressente-se do judeu que não lhe conta um sonho que teve, "porque isso acabaria com a minha autoridade", justifica Freud. (...) Cronenberg e o corroteirista Hampton (que adapta o roteiro de forma bastante fiel à sua peça) têm a dizer sobre o Holocausto.Há referências demais à tragédia do século, ao longo do filme, para que elas sejam ignoradas. Está nos diálogos: "Os anjos falam alemão", diz Jung, enquanto Freud, já absorto em sua preocupação com o antissemitismo, diz a Sabina que fica feliz por ela desistir de seu "príncipe ariano". Está nas situações: a platéia congelada enquanto Jung toca Richard Wagner em um experimento. E, finalmente, está nas entrelinhas: na pulsão de morte da teoria da judia masoquista Sabina e na preocupação de Jung com "um pouco de repressão que seja saudável à sociedade" e com "um ato inominável que permita continuar vivendo". Leia  mais clicando aqui.
Na trajetória de Jung – humano e falho (que não acreditava em coincidências, mas que trabalhou na tese dos sonhos), ele, formal e preso às convenções sociais, influencia-se pelos métodos de seus pacientes, convivendo com a obsessão fálica de Freud, que tenta seduzi-lo (“convincente e persuasivo”), servindo de crítica ao universo psicanalítico ao apresentar o lado humano do terapeuta (com suas crenças, julgamentos e preconceitos). Não há limites. Questionam o determinismo comportamental e biológico: apanhar gerando excitação, a ninfomania e principalmente a monogamia. “Só vamos conversar”, diz-se.
Leia mais...
Ou clique aqui.
SINOPSE
Em 1907, Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Jung (Michael Fassbender) iniciam uma parceria que iria mudar o rumo das ciências da mente assim como o das suas próprias vidas. Seis anos depois, tudo isso se altera e eles tornam-se antagónicos, tanto no que diz respeito às suas considerações científicas como no que se refere às questões de foro íntimo. Entre os dois, para além das divergências de pensamento, surge Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma jovem russa de 18 anos internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Com diagnóstico de psicose histérica e tratada através dos recentes métodos psicanalíticos, ela torna-se paciente e amante de Jung e, mais tarde, em colega e confidente de Freud. Isto, antes de se tornar numa psicanalista de renome.
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domingo, 5 de fevereiro de 2012

O silêncio de Melinda

 
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Abuso, Adolescência, relações familiares, afetivas, sociais e terapêuticas, psicologia escolar, familiar e do adolescente.
A princípio, achei que fosse um filme sobre o universo adolescente. Afinal, guardando as devidas diferenças culturais, alguns dos dilemas da adolescência são universais. O que logo fica evidente na estória é a ambigüidade tão peculiar a esta etapa de vida. A necessidade de se diferenciar e, ao mesmo tempo, de sentir-se igual outros. A dicotomia é comum na mudança para o mundo adulto, pois há um ímpeto em querer ser “único”, se destacando na multidão, se opondo a tudo que lhe parecia até então “verdadeiro”. Por outro lado, há também a necessidade de se identificar com algum grupo que lhe dê um “lugar”, nessa fase que se entende como um “nada”, para algumas situações não é mais criança, para outras ainda não é adulto.
Pois bem, Melinda relata suas sensações a partir do primeiro dia de aula, com as reclamações que poderiam ser de qualquer aluno nesta fase. Aos poucos, vamos acompanhando com detalhes seus contatos com o universo escolar e começamos a desconfiar que a personagem seja vítima de bullying. Podemos acompanhar sua angústia diante de cada rejeição, cada fato que lhe causa dor. No desenrolar da trama, acontecimentos do ano anterior, aos poucos são revelados, nos fornecendo pistas sobre o que poderia ter causado, não apenas seu comportamento isolado, mas também o comportamento de todas as tribos que a rejeitavam.
Logo ficamos sabendo que os colegas a odeiam por ter chamado a polícia numa festinha do outro ciclo escolar, prejudicando muitos. Sua versão dos fatos começa a nos ser apresentada através de flashbacks, que nos revelam trechos dessa mesma festa. As relações de Melinda foram contaminadas. Fica clara a diferença entre a Personagem “enturmada” no passado e a que se revela isolada, sendo considerada “esquisita” por aqueles que não presenciaram a festa. Em casa ela dá sinais de que algo anda errado, tanto quanto no ambiente escolar, mas nem seus pais nem seus professores tentam descobrir o que de fato ocorre com a moça. Então, somos familiarizados com a origem de tudo: O galã da escola havia a estuprado na tal festa e na atualidade namora a sua ex-melhor-amiga. O silêncio de Melinda é também o silêncio de muitas que passam pelo mesmo episódio, faz parte de um comportamento padrão, quando a vítima é paralisada, fica confusa entre a culpa e a vergonha, sem conseguir elaborar o fato.
Então, o professor de artes, começa a dar espaço para a expressão de sua dor. Aqui, como no filme “Somos todos diferentes”, o professor de artes configura perspectivas da relação terapêutica. Ele estimula sua expressão a cada momento, dando espaço para que ela possa aos poucos se reconstruir, se integrando, organizando através da arte seu mundo dilacerado. Suas angústias vão sendo aos poucos enfrentadas, restando apenas o segredo do passado que implora por ser revelado.
Faço aqui um intervalo para chamar atenção sobre outras formas de comunicação. Pais e professores que conhecem o aluno podem perceber mudanças bruscas que tentam dizer algo. É certo que a adolescência em si caracteriza comportamento diferenciado, mas as bruscas mudanças estão sempre a serviço de comunicar algo. É preciso mais que ouvir palavras, o corpo e as atitudes também falam! Tente perceber as diversas tentativas desse “organismo” se comunicar no filme, seja o momento do pesadelo, ou de diversos outros movimentos. Em gestalt-terapia, nossa visão de homem abrange um “organismo em relação”, que é o conjunto do ser e sua forma de estar no mundo. O “organismo” comporta seu campo – configurado por todas as relações que influenciaram e permanecem na sua forma de estar no mundo agora. De acordo com essa visão, nosso organismo está sempre em busca do equilíbrio, da auto-regulação, buscando atender as necessidades do indivíduo.
Ao telefonar para a polícia, a intenção era denunciar o abuso que tinha sofrido. No desdobrar dos acontecimentos, a personagem paralisa, mais do que só o corpo, seu organismo tinha sido violentado como um todo. A cena do retorno para sua casa mostra o quanto está desnorteada e perdida, seu caminhar é vazio, segue no “automático”, sobrevive ao fato, funcionando de “forma disfuncional”, o silêncio serve a busca de auto-regulação, mas não atende a auto-realização, que é natural ao ser humano. A situação inacabada, assim considerada em gestalt-terapia, busca um fechamento satisfatório. A “forma” (=GESTALT) de funcionamento de Melinda denuncia uma situação inacabada, durante a fita, acompanhamos as diversas tentativas de ser concluída, sendo trazidas, aos poucos para sua consciência, como necessidade urgente. A expressão artística de suas dores vai abrindo espaço para contatar o mundo como é agora, se libertando aos poucos de cada trecho do passado que consegue elaborar, se aproximando de fato de sua “forma” de ser. A adolescente começa a fazer contato com o mundo, está pronta para ouvir a colega, quando lhe explica que:  para ela realmente tornar-se uma revolucionária, o silêncio não pode ser tão eloquente como seu discurso. A cena na qual Melinda cabula a aula, ilustra a emergência de sua necessidade de fechamento, quando ela reflete sobre a possibilidade de contar para alguém, qualquer pessoa...
Na trama, após um difícil comunicado – Melinda escreve para a amiga, pois ainda não consegue falar sobre o fato-, o autor do estupro busca silenciá-la através de uma segunda tentativa de estupro. Entretanto, não há mais silêncio no mundo da adolescente, existe reação por agora e por ontem. A menina está pronta para falar, assim a fita segue até o momento que a mãe oferece a opção do silêncio, ao que ela retruca, “Não, eu quero falar”. Desfecho com sabor de liberdade.
O filme é de fato sobre o estupro, sem perder de vista os dilemas do adolescente e suas possibilidades. Uma denúncia ao silêncio, tão comum em fatos semelhantes, o filme nos oferece a oportunidade de refletir sobre outros aspectos do universo familiar e escolar. Entre publicações sobre o filme, destaco os artigos a seguir, que merecem atenção:
SINOPSE
É o primeiro dia do primeiro colegial para Melinda, mas ela não se mistura à euforia dos corredores da escola, na verdade é como se nem estivesse ali. Isolada pelos amigos por ter chamado a polícia durante uma festa da galera, ela não consegue falar do terrível trauma que sofreu naquela noite, nem para as amigas, nem para si mesma. Mas decide tentar reencontrar sua voz e, finalmente, se expressar. O Silêncio de Melinda é um filme contundente e perturbador, adaptado do best seller "Speak" vencedor do prêmio New York Times.
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A chave de Sarah

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Conflitos sociais, afetivos,  familiares, segredos, guerra, identidade, auto suporte, história, holocausto.
Queria primeiro agradecer pela indicação de Selma Ciornai, valeu a muito a pena, é imperdível. O filme poderia ter o título “A chave do segredo”, sim, pois falamos daqueles segredos familiares, aqueles que fazem parte de nossa constituição e dos acontecimentos históricos que tentamos esquecer. Dois dramas estão entrelaçados na trama: O episódio histórico que ocorreu na França ocupada pelos nazistas em 1942 e o drama pessoal de Sarah, e seus desdobramentos. Os segredos da humanidade e os segredos familiares vão sendo desvendados no desenrolar do enredo. Além de uma aula histórica, “A chave de Sarah” também nos ensina sobre a influência dos segredos familiares, ainda que tenham ocorrido muito antes de nosso nascimento. Somos convidados a refletir sobre os aspectos de nossos antepassados que ainda insistem em nos habitar, repetindo sucessivos apelos à autonomia do ser, estimulando nossa capacidade de escolha. Discordo de alguns críticos, quando apontam a pequenez dos conflitos pessoais apresentados pela jornalista nos dias atuais. Atentem para a “coincidência” de sua pesquisa ocorrer exatamente no momento de gerar outro ser, seus conflitos familiares na decisão e seu envolvimento na trama familiar que fará parte da constituição deste novo ser. E não podemos perder de vista o compromisso afetivo que sustentou a sobrevivência de Sarah durante a guerra. O desdobramento marca sua existência, a posterior busca de sobrevida através do segredo é também o que não permite sua integração, uma incompletude que atormenta seus dias. Outro olhar sobre as feridas da guerra, que ainda nos assombram, provocam reflexões sobre as desrazões que promoveram e continuam promovendo conflitos tão desumanos. Um filme daqueles que podem dizer muito mais, pois nos convida a trocas sobre o coletivo e o individual, permitindo distintas percepções que enriquecem, afinal, “somos produtos de nossa história”.  Por tudo isso recomendo e os convido a compartilhar novos olhares.
Embora armado, notoriamente, para atrair o grande público e, por isso, acumulando detalhes sentimentais que o mantenham fisgado, "A Chave de Sarah" tem mais qualidades do que defeitos. Acontecendo simultaneamente em duas épocas e engajando novos personagens a cada momento, a narrativa é envolvente. Crítica completa, clique aqui.
SINOPSE
Julia é uma jornalista americana que vive em Paris há mais de 20 anos e é casada com o francês Bertrand. Escrevendo um artigo sobre a onda de prisões de judeus na cidade durante a 2ª Guerra, ela se depara com um segredo conectado à sua vida: tudo indica que o apartamento de seu marido pertencia à família de Sarah, uma menina judia que, junto com os pais, foi levada de casa pela polícia nazista.1942, durante a ocupação alemã na França, na 2ª Guerra Mundial. Sarah Starzynski (Mélusine Mayance) é uma jovem judia que vive em Paris com os pais (Natasha Mashkevich e Arben Bajraktaraj) e o irmão caçula Michel (Paul Mercier). Eles são expulsos do apartamento em que vivem por soldados nazistas, que os levam até um campo de concentração. Na intenção de salvar Michel, Sarah o tranca dentro de um armário escondido na parede de seu quarto e pede que ele não saia de lá até que ela retorne. A situação faz com que Sarah tente a todo custo retornar para casa, no intuito de salvá-lo.  a jornalista Julia Jarmond (Kristin Scott Thomas) é encarregada de preparar uma reportagem sobre o período em que Paris esteve dominada pelos nazistas. Quanto mais a fundo Julia segue a história, mais descobre sobre o marido, a França e sobre si própria. Baseado no romande de Tatiana de Rosnay. Selecionado para o Festival de Toronto 2010.
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domingo, 8 de janeiro de 2012

A garota ideal

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Relações familiares, afetivas e sociais, solidão, suporte, solidariedade, saúde mental.
Mais do que garota ideal, o filme nos apresenta uma “sociedade ideal”, onde a solidariedade impera. Muito interessante esse aspecto do filme, pois toda a comunidade participa efetivamente do tratamento de Lars, um homem que apresenta dificuldade nas relações. Ainda que seja solícito e educado, fica clara a sua dificuldade em se relacionar intimamente. No entanto, a trama revela aos poucos os traumas de sua infância, fazendo um paralelo entre a gravidez de sua cunhada e seu nascimento. O personagem faz de seu delírio um caminho para elaborar suas questões e caminhar para seu crescimento. Pesquisando na internet é possível encontrar olhares diversos e mais detalhados sobre os aspectos psicológicos do filme, apoiado nos mais diversos teóricos. Alguns consideram a boneca como um “objeto transacional”, semelhante à fralda, ao amigo imaginário ou ao boneco que a criança utiliza para lidar com a separação da mãe e o início de sua autonomia. Outros destacam a importância do suporte da família e da comunidade no processo de desenvolvimento do personagem. O fato é que seu delírio acaba sendo uma poderosa ferramenta para elaborar suas questões mais doloridas, permitindo o desenvolvimento de suas potencialidades. As questões familiares vão aos poucos sendo passadas a limpo, libertando também o irmão mais velho de seus fantasmas. Outro aspecto interessante é como o filme aborda a solidão e as diversas tentativas de elaborá-la. Observem que no trabalho, outros personagens se valem de objetos para lidar com a própria solidão. É um filme simpático, charmoso e leve. Concordo com Luiz Zanin, quando diz que o filme “ Soa como uma pequena fábula, que convida o público a distanciar-se da necessidade do realismo a qualquer preço”. Leia mais clicando aqui.
SINOPSE
Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um homem tímido e introvertido, que vive na garagem de seu irmão mais velho, Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Lars apenas acompanha o desenrolar de sua vida, sem se mexer para algo. Até que um dia ele encontra Bianca, uma missionária religiosa, através da internet. O problema é que para as pessoas Bianca não é alguém real, mas a réplica de uma mulher, feita de silicone. Só que Lars acredita piamente que ela é um ser humano, o que faz com que se torne seu apoio emocional. Preocupados, Gus e Karin decidem procurar o conselho de uma psicóloga, que recomenda que concordem com Lars enquanto ele lida com seus problemas pessoais.
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Um golpe do destino

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ASSUNTO
Empatia, psicologia hospitalar, auto-suporte, humanismo, ética médica, doença.
Assisti pela primeira vez, ainda na faculdade. Desde então, tenho procurado para rever e postar com minha apreensão do momento, visto que naquela ocasião já tinha marcado bastante. É realmente um filme magnífico que foca especificamente a relação médico-paciente. Mas, não deixa de apresentar uma visão bem delicada de todo tipo de relação. Para mim, particularmente, foi importante verificar a importância da psicologia hospitalar. Sim, pois ainda que o personagem em questão tenha a oportunidade de estar do outro lado e por isso rever seus conceitos e sua forma de se relacionar com o paciente, nem sempre isso é possível. No início do filme, somos pegos por um sentimento de revolta perante o comportamento desumano do médico com seus pacientes. Entretanto, um olhar neutro é capaz de também ver o lado do profissional que lida com a morte todo o tempo. Fica muito claro que a impessoalidade da maior parte desses profissionais nada mais é do que um mecanismo de defesa, para suportar o enfrentamento com perdas diariamente. Mas, então, como é possível dosar esse mecanismo de defesa de forma a não comprometer o atendimento à pessoa do cliente? É aí que encontramos a importância da psicologia hospitalar, que dentre outras funções, esta apta a prestar um caro serviço aos que circulam nos corredores hospitalares. Certamente, o filme nos provoca outras reflexões, seja sobre relações sociais, familiares, afetivas ou sobre vida e morte, duas certezas que rondam a humanidade. Importante perceber que o que o movimento de transformação do personagem começa após alcançar um olhar sobre si mesmo. E quem realmente dá uma lição de vida é a personagem que enfrenta a proximidade da própria morte, fantástico! E o que dizer sobre a doença em si? No filme é retratada a reação do indivíduo nos 4 estágios da doença: negação, revolta, depressão e enfrentamento.
Além da indicação para qualquer profissional de saúde, o filme é recomendado para todos, tendo em vista que a fita fala da humanidade de cada um de. Ainda que os assuntos abordados no filme sejam difíceis, eles são explorados de forma leve, tocante e bem humorada, inesquecível!
Leia mais clicando aqui.
SINOPSE
Um médico de sucesso, rico e arrogante. Até o dia em que descobre ter um câncer na garganta, o que o leva a uma reflexão profunda sobre sua vida. Como é a reação de um famoso cirurgião que por força do destino se vê na situação de paciente? Essa é uma experiência que certamente enriqueceria qualquer currículo médico. Para o doutor Jack McKee se traduz em uma lição de vida. O convívio com outros pacientes em igual condição o faz despertar para a importância do afeto e da compaixão, alterando radicalmente seu comportamento como médico.
Um filme elogiado pela crítica e que reúne novamente após o sucesso de Filhos do Silêncio, a diretora Randa Haines e o brilhante Willian Hurt.
Uma história emocionante que é retratada com doses exatas de sensibilidade e de bom humor.
O filme é centrado na vida de um renomado cirurgião, arrogante, egoísta e até mesmo indiferente aos seus pacientes, chegando a referir-se a eles como números, leito ou pela enfermidade que os acomete. Em sua vida pessoal percebe-se o afastamento criado entre ele e sua esposa, como também em relação ao seu filho, devido à falta de tempo e aos seus inúmeros compromissos.
Tudo isso começa a mudar depois que o doutor percebe que aquela tosse, ignorada a um certo tempo, começa a se agravar, chegando em certa ocasião a cuspir sangue. Quando se submete a exames específicos descobre, através de uma frase fria e direta, o que acometia sua garganta : “você tem câncer”.
A partir desse momento o médico, antes seguro de si e auto-suficiente, passa a demonstrar fragilidade e angústia diante de seu quadro. Agora ele não se via mais na condição de médico e sim de paciente, assim, sente o que é enfrentar a burocracia e a indiferença dos médicos, o que é esperar por horas o resultado de um exame, o que significa ser apenas mais um número. Ao passo que vai percebendo o quanto está sendo maltratado como paciente, vai mudando seu comportamento, inclusive com seus próprios pacientes. Percebe a importância de explicar-lhes o procedimento que está sendo adotado, a importância de chamá-los por seus nomes, de dar-lhes atenção; enfim, de tratá-los como pessoas. Uma cena que chama a atenção para isso é quando leva seus residentes a uma determinada ala do hospital e fala da importância de saber lidar com o paciente, afirma que para saber isso a melhor forma é se passar por paciente e sentir a angústia e o medo do mesmo, por isso avisa que a partir daquele momento os residentes seriam internados ali mesmo e passariam pelo procedimento padrão ao qual seus pacientes seriam submetidos. Leia mais clicando aqui.
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Por que eu me casei ?

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas, familiares, sociais e terapêutica, casal e família, auto-estima.
O filme aborda os nossos conflitos de todos os dias que ocorrem nas relações conjugais, mas também fala de auto-estima, de elaboração de sentimentos. Falamos aqui das muitas formas de relacionamento, ainda que o filme foque as relações conjugais. Psicóloga e professora universitária, a autora do livro “Por que eu me casei”, Patrícia reúne alguns casais todos os anos para discutirem suas relações conjugais. Dificuldades do casamento, falta de tempo, de diálogo, desconfianças, mágoas, segredos, perdas são alguns dos temas debatidos. Problemas comuns, como adultério e desrespeito recheiam essa comédia, que de forma leve espelha os acontecimentos mundanos da vida conjugal.
Com o filme eu pude compreender que as mudanças fazem parte da vida, principalmente da vida de um casal e que muitas vezes, pra dar certo, a mudança é inevitável e que o primeiro a ter que mudar é você! Que o diálogo é sempre o princípio de tudo no casamento, não é possível guardar segredos e guardar mágoas, e ressentimentos só afasta um do outro. E finalmente, se você não está satisfeito com a sua aparência, está na hora de mudar! E se um relacionamento termina é porque alguém não amou o suficiente. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
2009 - O filme começa com a personagem de Janet Jackson, isso mesmo, a irmã de Michael, uma escritora famosa que trabalha com psicologia, dando uma palestra sobre seu último livro. Todo ano, ela, o marido e mais três casais amigos se reúnem num local para um fim de semana. Dessa vez o local escolhido é uma cabana-mansão nas montanhas frias de neve, lá Perry vai colocar todos eles se confrontando para colocar em pratos limpos suas relações. Desta vez, uma surpresa, a presença de uma linda jovem solteira cria situações inusitadas e hilárias, com a revelação de segredos que jamais devem ser revelados entre homem e mulher. É aí que vão ficar evidentes quais são as verdadeiras bases de uma relação duradoura. O objetivo da viagem é renovar os votos de casamento, só que desta vez uma estranha traz à tona segredos que não deveriam ser revelados.
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sábado, 7 de janeiro de 2012

Por que eu me casei também?

clip_image001[4]ASSUNTO

Relações afetivas, familiares, sociais e terapêutica, casal e família, auto-estima.

Dando continuidade ao primeiro filme, a fita explora algumas questões relacionadas ao casamento e suas dificuldades. Entretanto, agora é possível focar as questões pessoais da psicóloga, que está em crise depois da perda de um filho. Perceber que a profissional também tem suas questões é um adicional nesta comédia. Assim como o primeiro, o filme é indicado para casais e profissionais que atendam casais e famílias.

SINOPSE

Os quatro casais escolhem um novo destino para sua reunião anual: Bahamas. O objetivo, como sempre, renovar os votos do matrimônio, trocar experiências de vida enquanto aproveitam para discutir com humor seus respectivos relacionamentos. Mas as coisas complicam quando o ex marido Mike (Richard T. Jones) aparece na área disposto a reconquistar Sheila (Jill Scott), atualmente casada com Troy (Lamman Rucker). Está aceso o estopim de uma série de questionamentos que surgem também com os outros integrantes do grupo.

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domingo, 7 de agosto de 2011

Reencontrando a Felicidade

reencontrandoa felicidade ASSUNTO
Luto,  Casal e família, psicoterapia de grupo, relações afetivas e familiares.
Qual o tamanho da dor quando se perde um filho? Tragédia inesperada na vida do ser humano, tem uma dimensão impensável para qualquer um de nós. A forma de superar isso? Cada um tem a sua. O que ocorre com a família, como cada um tenta superar tal perda, é o que pretende “Encontrando a felicidade”. Formas diferentes de lidar com a tragédia, a crise na relação do casal e suas conseqüências fazem parte da trama.
Seria um equívoco pensar que esta é apenas uma história triste e pessimista, pois nela há um caminho que segue em direção para valorização das relações humanas, é delas que vem a força para conviver com essa dor, que nunca será esquecida.Leia mais clicando aqui
Oito meses após a morte por atropelamento do único filho, de 4 anos, Becca (Nicole) e Howie (Eckhart) freqüentam grupos de apoio psicológico. Partem, então, em busca de novas formas de superação: ele se envolvendo com uma colega de terapia (Sandra) e ela procurando o rapaz (Teller) que matou o garotinho. Leia mais clicando aqui
É interessante ver o progresso no conflito interno/emocional que o casal passa e como lidam, separadamente, com seus próprios problemas. Becca faz o impossível, de todas as maneiras, afastar as pessoas que tentam lhe ajudar a superar a morte do filho, preferindo o absoluto isolamento da sociedade. Ela também aposta no desapego material das coisas de Danny esperando amenizar a dor, mas a única coisa que consegue é eternizá-la em suas memórias. Becca também não suporta a idéia de sua irmã, completamente desprovida de noção e bom-senso, ter engravidado enquanto seu filho é tirado dela. Várias vezes a personagem se desentende com sua mãe alegando que não deve comparar a morte de seu irmão com a de Danny, já que um era um viciado e outro era uma criança, deixando claro que Becca ainda não entende que um filho, por mais problemático que tenha sido, continua sendo uma pessoa amada pela mãe. As coisas só começam a melhorar para a personagem quando ela começa uma amizade secreta com Jason encontrando um alívio e uma fuga para sua dor, visto que os dois estão muito abalados com o ocorrido mesmo que tenham passado oito meses. É nessa bela relação de perdão e ajuda mutua que o roteiro faz uma das mais belas e delicadas metáforas sobre o tema explicando o confuso título “rabbit hole”. Mesmo assim, a personagem vê a vida que seu filho não teve a oportunidade de ter através de Jason como se formar e ingressar na faculdade. Howie é um personagem tão complexo quanto Becca. Ao invés de se isolar do mundo como sua esposa faz para atenuar o sofrimento, busca desesperadamente pelo contato humano que o console. Ele se enfia em grupos de terapia – os quais sua mulher não suporta alegando que as pessoas usam desculpas fajutas para justificar a perda de seus filhos fugindo para um aspecto religioso – com casais que passaram pela mesma experiência traumatizante. Às vezes, foge para o uso de drogas meio para também tentar amenizar a dor, sendo que descobre o verdadeiro significado do amor por Becca em uma dessas passagens. Ele apresenta muita carência afetiva já que Becca não faz esforço para ajuda-lo a superar essa fase difícil que estão passando. Ela sempre assume uma relação egoísta no caso, jogando a culpa para si e tomando várias decisões sem consultar Howie, explicitado pela briga clímax entre os personagens. Quando se perde alguém querido, não há como progredir e se recuperar em um piscar de olhos. Isso foi uma característica muito inteligente do texto, porque assim o tema não foge da abordagem realista que propõe. Leia mais...
Luto e como as pessoas lidam com ele, este é o tema de "Reencontrando a Felicidade", mais uma infeliz adaptação de título de filme em inglês para o português a partir do nome original "Rabbit Hole" (Buraco do Coelho). A história gira em torno de um casal Becca (Nicole Kidman) e Howie (Aaron Eckhart) que recentemente perdeu o filho de apenas quatro anos de idade, atropelado na frente de casa por um adolescente.Leia mais...
SINOPSE
Becca (Nicole Kidman) e Howie Corbett (Aaron Eckhart) formavam uma família feliz, mas suas vidas viraram do avesso após a morte do filho, Danny (Phoenix List), num acidente de carro. Depois de largar a carreira de executiva para virar dona de casa, ela tenta redefinir sua vida se cercando dos familiares e pessoas bem intencionadas para ajudar a superar a dor da perda. Enquanto dá início a uma "estranha" amizade com o jovem Jason (Miles Teller), motorista do carro no fatídico acidente, seu marido mergulha no passado, buscando apoio em estranhos que poderiam oferecer algo que a esposa não consegue. Assim, perdidos em seu sofrimento, os Corbett fazem escolhas surpreendentes para seu futuro.
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Minha vida cor de rosa

ASSUNTO
Sexualidade, diferença, relações afetivas, familiares e sociais.
Muito tem se falado sobre sexualidade e suas diferenças. O filme em questão parece falara de transsexualidade, que é diferente de homossexualidade, pois: Homossexualidade – A orientação do desejo (sexual e/ou afetivo) está direcionada para o mesmo sexo, são homens e mulheres satisfeitos com o próprio corpo. A transexualidade refere-se a pessoas que se identificam com um sexo diferente daquele com que nasceram. Esse parece ser o caso de nossa protagonista, que acredita ser uma menina, muito antes de descobrir a orientação do seu desejo. Ludovic cresce imaginando que nasceu no corpo errado: na verdade, acredita ser uma menina. O filme fala também de diferenças e da dificuldade do convívio em sociedade quando se tem algo “diferente” do que esperam de nós.
(Sexualidade) como condição inata, retirando a conotação de perversão e mostrando que não se trata de uma opção, uma escolha consciente, mas sim uma característica da pessoa, independente da sua vontade. Leia mais...
Esta aparente transexualidade, apresentada de maneira tão clara ainda na infância, não tem  característica de perversão sexual. Como bem descreve Félix López Sánches em seu livro HOMOSSEXUALIDADE E FAMÍLIA-NOVAS ESTRUTURAS, pág.30 “... os transexuais vivem, no entanto, uma situação difícil, porque estão convencidos de que seu corpo é um erro, já que, realmente, possuem uma identidade sexual distinta da identidade biológica. Sendo biologicamente homens – em todos os aspectos – essas pessoas sentem-se e acreditam ser mulheres...”.
A ingenuidade de Ludovic, aliada a sua inocência e doçura, demonstram que não houve nenhuma opção ou escolha voluntária: independentemente de sua própria vontade e/ou da vontade de sua família, ele simplesmente é assim. Clique aqui para ler mais...
O filme (...)um enfoque engraçado e acaba traindo uma mensagem edificante de convivência com as diferenças. Leia mais clicando aqui.
SINOPSE
Ludovic de 7 anos vive com seus pais e irmãos e acha que é um menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento. A criança como protagonista levanta a questão da homossexualidade (neste caso, transexualidade) como condição inata, retira a perversão, opção e escolha consciente, elucidando ser apenas uma característica da pessoa, alheia à sua vontade. Ludovic, inocente e de uma doçura ímpar que nos conquista com seu sorriso e olhar verdadeiros, sofre preconceito e rejeição causados pela intolerância e obtusidade da vizinhança, apenas por ser quem ele é, sem fazer mal a ninguém. Um filme especial, no tom certo, que fará com que pessoas com um mínimo se sensibilidade repensem alguns de seus preconceitos. Recebeu 1 Globo de Ouro, 11 outros prêmios e 5 indicações.
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domingo, 31 de julho de 2011

Sybil

Sybil ASSUNTO
Psicodiagnóstico, Relações afetivas, familiares, abuso, violência, saúde mental.
Lembro de ter lido esse livro quando ainda estava no segundo grau, isso faz muito, muito tempo. Já na ocasião, fiquei encantada, e, acredito ter sido uma das motivações para que estudasse psicologia. Encontrei na internet essa versão filmada e resolvi assistir. Não foi menos impactante, certamente. No entanto, diversas reflexões foram estimuladas. Não só por ser psicóloga, mas também por ter como referência a abordagem gestáltica, foi possível ampliar consideravelmente minha visão. Sem desconsiderar as diversas conjecturas a respeito do diagnóstico, fiquei me perguntando quantas partes de nós são dissociadas em situações conflituosas. Questionei sobre as neuroses leves ou não. Pensei sobre o processo terapêutico e seu objetivo, que na maior parte das vezes é de nos “integrar” como PESSOA. E, de alguma forma, “juntar nossas partes” em um único ser, integrado e capaz de fazer novas escolhas. Um ser “inteiro” capaz de enfrentar novos conflitos, que certamente ainda surgirão. Pois, o processo terapêutico não pretende tornar o mundo mais fácil, menos conflituoso. Ao contrário, o objetivo é nos integrar de tal forma que possamos enfrentar novos desafios do mundo, fazer novas escolhas, ampliar nossa capacidade de responder com habilidade a novos desafios. O ser responsável por suas escolhas, este é o nosso objetivo. Então, foi lindo perceber que além do transtorno psiquiátrico tão óbvio no filme, podemos refletir a respeito de nossas “pequenas defesas” ou “respostas automáticas” que foram construídas em situações insuportáveis. Aprendemos a evitar novas situações ameaçadoras com a mesma resposta. Nós crescemos, amadurecemos, mas em qualquer situação que nos pareça ameaçadora, lá vamos nós, ligamos o “automático” e respondemos da mesma forma a diferentes estímulos. Aprendemos assim a evitar a possível “dor” ou “ameaça”. Aprendemos assim a evitar o agora. Não seria tudo isso algo semelhante às tantas personalidades de Sybil? Tudo o que buscamos na terapia não poderia ser resumido em “atualizar” nossa nova condição de ser? Não seria “reviver” nossos medos, enfrentá-los no presente e percebermos que já não somos mais tão indefesos?
Sybil teve uma infância repleta de episódios violentos, com o pai omisso e a mãe esquizofrênica, a menina sofreu todo tipo de abuso, agressão, violência.  Indefesa, sem condições de enfrentar as situações, sufocou emoções, e, sobreviveu através de novas personalidades. A partir da relação entre a Sybil e sua psiquiatra, o filme apresenta trechos importantes do processo terapêutico que durou 11 anos. Seus relatos são traduzidos em imagens que nos convidam a partilhar suas dores de forma impactante. É na relação doentia com sua mãe que a doença se instala. Mas, também é na relação que Sybil encontra a saúde, só que dessa vez,  em outra relação, na relação terapêutica. É no encontro autêntico com sua psiquiatra que Sybil se “integra”, atualizando sua forma de “ser no mundo”.
O filme nos faz refletir sobre cada uma das nossas partes, nossos “pedaços” do passado que insistem em nos impedir de viver o nosso presente de forma fluída e saudável. No final, quando todas as personalidades dão as mãos, e até a mais sofrida e machucada, sente-se abraçada, não pude deixar de observar que cada um de nós precisa disso: se abraçar, se integrar, se aceitar como é. O psicodiagnóstico, nossa “classificação” ou “rótulo” só nos fala da intensidade de nossa “dissociação” ou de nossa forma pessoal de divisão. Pois, o filme é uma bela metáfora da vida de todos nós… apenas  humanos.
Sybil conta a história verídica da paciente psiquiátrica Sybil Isabel Dorsett, que sofria de Transtorno Dissociativo de Identidade (também conhecido como MPD – Multiple Personality Disorder ou Transtorno de Múltiplas Personalidades, e que passou a ser oficialmente chamado de DID - Dissociative Identity Disorder a partir de 1994). Ao longo do tratamento, foram identificadas 16 personalidades de Sybil (incluindo a personalidade atuante, e várias personalidades femininas e masculinas, de diversas idades).
Controvérsia

O livro e o filme foram muito bem recebidos, e o Transtorno Dissociativo de Identidade, que era relativamente raro antes do caso Sybil, teve um grande aumento no número de casos diagnosticados, especialmente nos anos 80 e 90; nos anos de 1953-54, quando Sybil foi diagnosticada, havia apenas 11 casos documentados de personalidades múltiplas, e nenhum com tantas personalidades como Sybil. O único outro caso documentado de paciente com personalidades múltiplas viva naquela época era “Eve” (cuja história foi contada em As Três Faces de Eva). Na época da publicação de “Sybil”, em 1973, havia cerca de 75 casos documentados de MPD (Transtorno de Múltiplas Personalidades); nos 25 anos seguintes, foram diagnosticados cerca de 40.000 casos, quase todos nos Estados Unidos; especialistas começaram a duvidar da validade de tais diagnósticos, e culpam o livro por incentivar a indústria de charlatães especializados no tratamento de vítimas de abusos, dos quais o paciente nem mesmo se recorda. Pesquisadores tentam agora analisar o caso que começou tudo isto, e separar o que é realidade do que é ficção. Leia mais clicando aqui.

O filme mostra as torturas e repressões causadas pela mãe esquizofrênica, o pai ausente, o avô fanático religioso e a morte prematura da avó, único ponto de afeto e aceitação na vida da criança, e a conseqüente fragmentação da personalidade da paciente, numa tentativa de suportar os abusos sofridos
Fonte: Clique aqui
SINOPSE
Nova York. Sybil Dorsett (Sally Field) é uma jovem mulher que desenvolveu várias personalidades, como mecanismo de defesa para os abusos que sofreu nas mãos da sua mãe, Hattie (Martine Bartlett). Assim Sybil criou personalidades bem distintas: a agressiva Peggy Lou, a potencialmente suicida Mary, o bebê Sybil Ann e muitas outras, totalizando mais de dez. Uma psicanalista, Cornelia Wilbur (Joanne Woodward), diagnostica a condição de Sybil e tenta ajudá-la, apesar de saber que está lidando com um caso único.
TRECHOS DO FILME

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Encontrando Forrester

encontrando forresteer ASSUNTO

Pré-conceitos, relações sociais, afetivas, familiares, auto-suporte, identidade

Algumas questões educacionais podem ser observadas no filme, trechos sobre a relação aducador/educando, família/aluno, escola/família, são explorados em diálogos ricos. Muitos sites de educação comentam trechos do filme, indicando o funcionamento da escola e dos professores, muitas vezes, no sentido inverso ao esperado. A fita inspira, então, reflexões sobre a prática educacional e os atores envolvidos no processo. Entretanto, não é o único assunto do filme. Podemos encontrar preconceito racial e social, metodologia de escrita, e, principalmente: relações: sociais, afetivas e familiares. O processo de construção da identidade do adolescente é apresentado no filme, transitando entre suas necessidades e o entorno ao qual está inserido. A família, seus amigos, novos contextos, novos grupos, pré-conceitos, enfim, encontros e desencontros que vão orientando a transformação e crescimento significativo do personagem. Percebemos no desenrolar da fita, o grupo adolescente, tão comum na adolescência, e sua escolha em se manter na “média” como forma de fazer parte desse grupo – privilegiando o esporte em detrimento de sua atuação intelectual. Também é possível refletir a respeito da importância da família nesse processo. Fica claro que sua família estimula as potencialidades e respeita a singularidade de seus membros. Então, quando a oportunidade surge, suas habilidades o permitem seguir rumo a outros mundos, outros grupos, outros encontros. Mudanças não são fáceis, nem sempre tão facilitadoras e o filme mostra seus conflitos. Pupilo e Mentor se conhecem num encontro acidental e tempestuoso no início, evoluindo para um encontro autentico e capaz de transformar a ambos, desenvolvendo suas potencialidades até então adormecidas. Forrester orienta Jamal a lidar com as adversidades do relacionamento com o infeliz professor, ao mesmo tempo em que o corrige na produção de seus textos. Jamal, interessado pela história deste homem, descobre alguns indícios de que o escritor teria vivido uma enorme perda e talvez por isto estivesse num estado tão melancólico. Jamal, por sua vez, auxilia Forrester no resgate de uma força de vida, se valendo das próprias palavras dele no seu único e famoso livro: O descanso daqueles que se foram antes de nós não pode firmar a inquietude daqueles que ficaram.(...) O que as pessoas temem é o que elas não entendem. Assim, o escritor sai de sua clausura e o jovem segue arriscando novos papéis. Esse encontro torna-se facilitador, sim, do desenvolvimento das potencialidades de Jamal, em contra-partida, nosso mentor Forrester, antes fechado para o mundo, reencontra-se através desse outro, provocando seu retorno ao mundo, seja das idéias (quando escreve seu livro) ou do entorno, que se expande quando também parte para novos rumos. As palavras de Jamil descrevem bem a importância dessas relações: Perder a família nos força a encontrar a nossa família. Nem sempre a família que é nosso sangue, mas a família que pode a vir se tornar nosso sangue. E, se formos sábios para abrir nossa porta a esta família nova, descobriremos que os desejos e esperanças que outrora tivemos para o pai que uma vez nos guiou, para o irmão que uma vez nos inspirou, esses desejos estarão lá, mais uma vez, para nós ..."

SINOPSE

Sean Connery é William Forrester, um famoso escritor que há quarenta anos ganhou um prêmio Pulitzer por um romance e, desde então, nunca mais se ouviu falar dele. Mas, certo dia, Jamal Wallace (Rob Brown), um jovem negro de 16 anos que sonha em ser escritor, invade o apartamento de Forrester e acidentalmente esquece sua mochila com seus textos dentro. Forrester, que até então era um homem recluso, fechado em seu solitário apartamento, descobre os escritos geniais do garoto e decide tornar-se seu mentor. A partir daí, a vida deles nunca mais será a mesma. Jamal, então, inscreve-se no concurso literário de sua escola. Contudo, a integridade de Jamal e a amizade entre os dois são postas à prova quando o Professor Crowford (F. Murray Abraham) levanta uma acusação de plágio contra o jovem escritor. Jamal se vê obrigado a decidir entre seguir seu sonho ou trair um amigo, enquanto Forrester deve optar se volta à ativa ou permanece recluso, fechado para o mundo. O filme trata da relação entre duas pessoas que traspassa a amizade; duas pessoas que se tornam uma família e que devem, juntas, enfrentar as intempéries que a vida lhes impõe.

TRECHOS DO FILME

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ensina-me a viver

ensina-me a viver ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, auto-suporte, adolescência, terceira idade.
Uma colega me chama no face book, ainda extasiada com o filme que tinha visto na véspera. Recomendando “Ensina-me a viver”, relata a experiência deliciosa de contatar a película. Imediatamente assisto e sou tomada por diversas emoções. Ela tinha razão, o filme é imperdível, extremamente atual, ainda que seja de 1971. O filme fala de pessoas, relações, vida e morte, de uma maneira humana e profundamente real. Contrastando Morbidez X vivacidade, Burguesia x anarquia, dependência e liberdade, vida, identidade, e muito mais. O filme nos agracia com perspectivas divertidas e emocionadas provocando-nos questionamentos sobre nossas certezas, conceitos e pré-conceitos. Vale a pena conferir!
O contraste é a marca principal do filme. Afinal, a abordagem da vida e da morte é feita de uma maneira diferente, apresentando comicamente o drama psicológico através do relacionamento entre gerações normalmente conflitantes. Maude acredita que pode lhe mostrar seu direito à liberdade, tão prejudicado pelo autoritarismo da mãe. A rebeldia de Harold é demonstrada por sua hilária obsessão pela morbidez. Impregnando-se de um inconfundível humor-negro, o jovem termina por fazer coisas inusitadas
Na época foi considerado uma comédia de humor negro. Porém, é um filme existencialista, meio sartreano, considerado cult pelos críticos: Harold é a morte, Maude é a vida – simples assim. Como pano de fundo, a guerra do Vietnã, que já era considerada sem sentido, contrastando com a 2ª Grande Guerra representada pela personagem de Maude – intenção do diretor.Uma comédia romântica que não tem pieguice nem grandes arroubos de paixão – ao contrário: os personagens vão se desenvolvendo com a naturalidade dos esquecidos, dos que não se encaixam na “normalidade”, dos párias que se juntam, se aquecem, se auxiliam e a ligação está feita. Para quem gosta de humor negro, é diversão garantida. Entretanto, é um filme que fala da alteridade de cada um – e sua unicidade consequente. Pura ternura, puro aprendizado, delicadeza na mão de um diretor que sabia o que estava fazendo.Leia mais clicando aqui
"Ensina-me a viver" é uma cativante lição de vida, narrada com a alegria bizarra de uma comédia negra. Harold é um jovem de vinte anos que tem uma paixão macabra pela morte e todas as suas formas de manifestação. Diverte-se fingindo suicídios cujas encenações não conseguem atrair a atenção de uma mãe distante. Gosta de assistir a funerais bem como a outras formas terminais de destruição, como a demolição de prédios. (...) A cena de abertura é hilariante, quando a mãe entra na sala e, com uma indiferença perturbadora, ignora o filho que jazia suspenso no ar, enforcado, fazendo o seu telefonema sem alterar a postura. Ela já conhecia a arte do filho, mas nós não, era o nosso primeiro encontro e todo aquele ritual de preparação do suicídio parecia-nos demasiado real, para ser interrompido assim, tão levianamente. (...). No psiquiatra, Harold deita-se no divã como um morto no seu caixão, a ouvir as palavras inconsequentes do especialista. (...). A solução da carreira militar ficou comprometida após a encenação com a cúmplice, Maude, de uma peça em que ele demonstrava perante o tio todo o seu desejo entusiasta de combater para poder dar largas à sua veia de carrasco inquisitorial. O tio assustou-se com tanta dedicação. Mas, falta falar de Maude... Maude é uma velha senhora de 79 anos que, ao contrário de Harold, nutria uma paixão sem limites pela vida. As suas histórias cruzaram-se durante uma das cerimónias fúnebres que os dois frequentavam assiduamente, embora por motivos diferentes. (...) Para ela, a morte era encarada com a alegria natural de quem já gozou o máximo. É esta alegria que ela vai transmitir a Harold, o desejo de viver, de ganhar asas e aproveitar a curta passagem por este mundo... Estas duas excêntricas personagens vão acabar por cimentar uma forte amizade. Maude ensina a Harold a ver a vida através dos seus olhos apaixonados e ele acaba por descobrir que a amava (à vida e a Maude). (...) No dia em que completava 80 anos, Maude decide concretizar o que um dia se propusera: a vida tem beleza enquanto há energia para desfrutá-la; 80 anos era uma bonita idade para completar em glória esta aventura. Tomou comprimidos suficientes para não voltar a acordar e partiu... Harold guia o carro descontrolado em direcção a um precipício. Um carro num mergulho mortal caicom estrondo pelas encostas escarpadas. Lá em cima uma silhueta toma forma até vermos Harold que, pela última vez, simulou um suicídio. Ele abandona a cena a tocar o banjo que Maude lhe dera.
Fonte: Leia mais clicando aqui
Outra qualidade de Ensina-me a viver: o filme não é apenas uma comédia, também consegue fazer um painel social muito eficiente, principalmente da sede de sangue do tio, do passeio no hospital (reparem o doente caindo, sem ninguém socorrê-lo), dos conselhos imbecis, do psiquiatra (que afinal faz a piada inevitável –“nesta sociedade freudiana espera-se que os rapazes se apaixonem pela mãe, mas você foi apaixonar-se por sua avó”) e principalmente de um grande momento de estupidez - o discurso do padre (em que o ator consegue passar toda a hipocrisia). Como comédia social, o filme está somente a um passo de Pequenos Assassinatos (Little Murders, 1971, de Alan Arkin, baseado em peça de Jules Feiffer). Como psicológica, é igualmente funcional. Explica o comportamento suicida de Harold apenas com discrição, sem exageros ou clichês. Leia mais clicando aqui
CRÍTICA

SINOPSE
O relacionamento entre um rapaz de 20 anos com obsessão pela morte, que passa seu tempo indo a funerais ou simulando suicídios, e uma senhora de 79 anos encantada com a vida. Eles passam muito tempo juntos e, durante esta convivência, ela expõe a beleza da vida. Ele decide se casar com ela, mas no entanto uma surpresa o aguarda, que mudará sua vida para sempre.
Órfão de pai, Harold tem 19 anos, uma mãe controladora ao extremo, um tio no exército e pertence a uma família americana rica e tradicional. Faz análise, é católico, já tentou o suicídio 15 vezes. Como diversão, vai a funerais e até dirige um carro funerário. Faz tudo isto para chamar a atenção da mãe, que é uma socialite fútil, mas só consegue fazê-la reagir com impaciência ou indiferença. Harold é parte de uma sociedade onde não tem lá muita importância e existencialmente não tem muito significado.Maude é uma senhorinha de 79 anos, austríaca, sobrevivente de um campo de concentração, viúva, que mora atualmente na América e adora funerais. Diz que 80 anos é a idade ideal para morrer – “75 é ainda muito jovem e 85 é perda de tempo”. Acredita que a vida deve ser vivida dia a dia por inteiro, sem restrições, sem tristezas. Vive uma vida cheia de significado e faz suas escolhas deliberadamente. Ela fará 80 anos na próxima semana.Esses dois seres se encontram em um funeral e daí nasce um relacionamento importante: ela o ensina a apreciar a vida e a ser liberto, a usar o tempo para fazer o melhor para si, o prazer da música e de cantar, a tocar banjo, a apreciar a arte. Enquanto isto, sua mãe o coloca em um programa nacional para arranjar-lhe uma noiva.Tornar-se mais próximo de Maude o faz querer casar-se com ela. Prepara então uma festa surpresa para o seu aniversário, quando pretende pedir-lhe em casamento. Enquanto dançam, Maude diz que tomou uma overdose de pílulas e que, por volta de meia noite, estará morta, reafirmando que 80 anos é a idade ideal para morrer. Leia mais clicando aqui
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terça-feira, 24 de maio de 2011

Lixo Extraordinário

lixo ASSUNTO
Relações sociais, auto-suporte, contato, cultura, arte, processo terapêutico.
Esse foi um dos filmes mais impactantes que assisti e por isso se tornou tão difícil postar. Várias vezes, eu me sentei diante do computador para tentar reunir informações, que fossem suficientemente capazes de descrever a experiência. Percebi ser impossível sintetizar. Buscar no “Papai Google” complicou a situação, pois a infinidade de relatos é grande. Como compactar tudo isso? Impossível. Qualquer palavra sobre ele se torna pequena ou simplória demais diante da avalanche de sentimentos que causa. Lixo extraordinário consegue transformar um documentário que poderia ser chato e monótono em quase uma ficção. É realmente extraordinário! E ainda tem outro mérito fantástico, porque você não precisa ter nenhum conhecimento prévio sobre arte ou artista, pois tudo é devidamente apresentado. Lixo Extraordinário é daqueles filmes para serem vistos de coração aberto. Importante é ver, pensar e se emocionar. O motivador, emocionante e sensacional Lixo Extraordinário é uma aula de humanidade e cidadania que vai te tocar profundamente. Por esse motivo, convido todos para participarem do fórum, somando sua experiência. É um filme fácil de encontrar, até mesmo para assistir online, não perca!
Os diretores tiveram uma excelente sacada de entrelaçar o trabalho do artista plástico com a vida dos catadores de material reciclado, focando todo o processo de “transformar lixo em arte (...). e se transformar durante o processo”. Vik começa a conhecer as pessoas e vamos percorrendo os seus passos na construção do seu projeto. E tudo é feito por meio de uma montagem extremamente bem construída. Vik Muniz, além de um grande artista, é um ser raro que compartilha com o público sua sensibilidade. Ele diz: “O momento que uma coisa se transforma em outra é o momento mais bonito”. O que Vik propõe se desdobra: O que a arte é capaz de realizar com pessoas? Tudo nos faz refletir, até o quanto realmente essas pessoas mudaram diante daquilo, diante da possibilidade de olhar, não só para a beleza da arte feita justamente daquilo que, para eles é sustento, mas que parece não mais servir para a sociedade.
Leia mais clicando aquil
O artista:
É impossível enxergar a separação entre os temas, entre o criador, a obra de arte e os verdadeiros artistas. “Lixo Extraordinário” trafega exatamente através dessa teia humana e sensível. Durante todo tempo o espectador é convidado e viajar, não em pequenas histórias, mas sim em pessoas vivas. Os acontecimentos se dão de forma tão natural que, a cada depoimento prestado por uma daquelas pessoas, é uma oportunidade de perceber o que é ser humano. “Lixo Extraordinário” é um filme emocionante e o trabalho de Vik Muniz é tão extraordinário quanto à própria história.
Logo no início do filme, os catadores surpreendem ao mostrar a felicidade e o orgulho que sentem por trabalhar de forma digna, o que já serve como um choque de realidade impactante – capaz de alterar as percepções do espectador.  Engajado inicialmente em um retrato social crítico, com o passar do tempo o filme revela o poder transformador da arte na vida das pessoas. O público é convidado a refletir sobre a questão da marginalização daquelas pessoas, absolutamente excluídas da sociedade. E, depois de sua metade passa a, inevitavelmente, emocionar-se com a transformação que o contato através da cultura é capaz de trazer. Destaco “cultura” como possibilidade de encontro autêntico, o que faz com que os envolvidos sejam tocados e transformados, e, isso é o que há de mais lindo no uso da arte como ferramenta de contato!
Acompanhando um dos catadores indo trabalhar, a câmera observa o personagem bradar sobre o caminhão que “A luta é grande, mas a vitória é certa”, palavras sábias, que escorregam através de um sorriso sem dentes, atropelada pela falta de escolaridade (como o próprio faz questão de lembrar), mas que brilham com os olhos marejados de esperança e do orgulho de estar ali fazendo um trabalho honesto. É fácil o espectador dar de cara com a surpresa desses momentos e perceber que a consciência, tanto de vida quanto ecológica (que está tão em voga), às vezes se descobre muito mais forte em lugares que ninguém imagina. Conhecer as pessoas que trabalham no lixão é um dos pontos mais interessantes do documentário. É a partir dali que aquelas pessoas observam o mundo. Inicialmente doidos para se mostrar para a câmera e com discursos de auto-afirmação na ponta da língua, os catadores contam que lêem livros que encontram no lixão, que passam vergonha na rua por voltarem para casa fedendo, falam dos problemas de relacionamento entre outras declarações. Não é agradável viver no meio do lixo, mas muitas mulheres gostam de deixar claro que é muito melhor estar ali do que na calçada se prostituindo. Os catadores mostram que têm mais consciência sócio-ambiental do que muitos moradores do Leblon e Barra. Em seus relatos eles falam do quanto é perdido nos lixos e como as pessoas desperdiçam suas coisas. E o pior de tudo: pessoas jogam livros no lixo. Podemos perceber que tem gente ali que tem mais cultura e consciência que muita gente de classe média. Tião já leu Nietzsche ("Ah, Nietzsche era um cara que tinha uma filosofia muito maneira", explica) e Maquiavel. Zumbi sonha em construir uma biblioteca com os livros que encontra no lixo que vai de leitura fácil como O Código da Vinci ao livro A Arte da Guerra. Cada ser humano ali tem uma história, um sonho, um futuro.
Os catadores não são apenas objetos para belas fotografias artísticas de Vik em meio à sujeira, mas passam também a serem autores das obras ao darem os contornos necessários – sempre com material retirado do lixo. É fascinante ver os catadores utilizando a matéria-prima que antes não passava para eles de meio de sustentação para fazer arte. Mais fascinante ainda é conhecer essas pessoas, saber o que elas pensam da vida e extrair delas lições de vida. Assim, a emoção daquelas pessoas humildes ao verem o resultado de seus esforços e perceberem suas capacidades intelectuais para produzir, e até mesmo interpretar a arte, é facilmente dividida com o público que, em privado, inevitavelmente pensa que é hora de rever certos conceitos sobre a importância da cultura e os efeitos da exclusão social que leva ao desperdício de talentos.
À medida que os catadores passam a fazer parte do processo de criação de Muniz fica evidente que não há como sair inalterado do encontro. O processo teve um poder transformador na vida deles, e os fizeram pensar diferente e ver que no final de tudo: tudo é arte. E a transformação - que antes parecia tão ingênua ao ser discursada por Vik Muniz na introdução - acontece diante de nós. Mudanças reais aconteceram, como uma das mulheres que largou o marido. Vik se surpreende e pergunta se, então, foi uma mudança ruim, ao que ela responde: “Não, foi maravilhosa! Comecei a me enxergar como pessoa, antigamente eu era um mulambinho”. Quem antes tinha até vergonha de seu trabalho, passou a ter orgulho. Pessoas desacreditadas, sofridas, passaram a ganhar seu merecido valor, e o principal, ganharam voz. Seus rostos foram parar em Londres, sendo admirados por intelectuais em museus, dividindo espaço com Basquiat e sendo leiloados juntamente com peças de Andy Warhol. E o mais bonito é ver a reação deles diante do sucesso, com gratidão nos olhos e dizendo “fui eu que fiz”. É emocionante ver como Tião, o presidente da Associação de Catadores de Lixo do Aterro Sanitário de Gramacho, se emociona ao falar que Deus foi muito bom com ele; ou ainda a senhora que, depois de tanto tempo trabalhando no aterro, se muda para um lugar, mas acaba voltando para lá, pois sentia saudade dos seus amigos; e também o outro lado, da mulher que não deseja voltar para ali nunca mais. O choro de Tião quando vê sua Associação ser roubada dá lugar a uma posterior alegria de trabalhar com arte e de descobrir outra visão de mundo. É na fala de Tião que percebo a melhor descrição da experiência desse encontro com a arte – nesse caso a obra em si, mas que pode ser também o filme, que também é arte ou a vida, que também é transformação. E o brilho nos olhos surge com naturalidade e credibilidade quando ele diz: “Acho que (arte) tem que passar alguma coisa para as pessoas. Você pode não gostar de uma coisa (apenas) porque nunca experimentou”.
Disse antes que o filme fala de processo terapêutico, isso se deve a semelhança desse encontro, da experiência, da transformação da pessoa através da arte. Muniz traz a proposta de retratá-los, tornando possível para cada um se ver de outro ângulo, e assim, descobrir-se, revelar-se. E não é a também a terapia uma forma de arte?
SINOPSE
O documentário mostra o contato do artista plástico Vik Muniz com os catadores de material reciclável do Aterro do Jardim Gramacho, maior da América Latina, localizado no Rio de Janeiro. A partir da experiência, surge um novo combustível criativo para Vik e, como contrapartida, os catadores diminuem sua distância com a arte e conseguem condições melhores de vida. Muniz recria pinturas famosas, como fez numa série de imagens de crianças que trabalham nas plantações de cana-de-açúcar, usando sobras do processo de refino. Assim, quando a cineasta Lucy Walker indagou Muniz se podia fazer um filme sobre ele enquanto trabalhava em seu próximo projeto, os dois se concentraram naquela que parecia a locação perfeita – Jardim Gramacho. O documentário de Walker explora o processo criativo de Muniz enquanto ele cria novas obras a partir do que os outros deixaram para trás, mas também traça os perfis das pessoas que vivem perto do Jardim Gramacho e sobrevivem separando o útil do inútil. Walker empresta dignidade aos chamados “catadores de lixo”; enquanto eles revelam as coisas valiosas que podem ser encontradas no lixo das outras pessoas e como eles conservam seu orgulho e respeito apesar de suas parcas circunstâncias. O documentário aborda não só o trabalho de Vik, mas também o poder transformador da arte, capaz de alterar não só a realidade das pessoas, mas ainda a percepção de mundo que elas têm.
É arrebatador ver como aquelas pessoas trabalhavam no aterro disputando o lixo em meio aos urubus. E quando aqueles dejetos eram despejados, todos corriam para conseguirem catar o lixo que eles precisavam para serem reciclados. Como o próprio Vik Muniz diz em uma determinada cena, eles foram parar ali porque lhes faltou sorte na vida. E isso fica claro quando eles começam a contar as histórias, de como perderam os seus pais e foram para lá tentar uma oportunidade. Alguns poderiam estar se prostituindo, roubando ou partindo para o tráfico de drogas. Mas, ao invés disso, estão ali em meio àquele lixo para ganharem, ao final do dia, os R$ 50 que ajudarão a viver e a continuar vivendo. É uma verdadeira experiência sentimental capaz de nos fazer dar valor ao que muitos não se dão ao direito de sentir. Serve como protesto, um grito de excluídos que estão à deriva, mas que aos poucos passam a perceber que têm o seu valor. Essas pessoas são as responsáveis pela comprovação de que é possível fazer com que a arte desempenhe um papel social que muitas vezes soa como uma utopia. Logo de cara, aliás, o que mais surpreende em Lixo Extraordinário é constatar a natureza alegre daqueles indivíduos, que, mesmo levando uma existência que o resto da população provavelmente consideraria como o “fundo do poço”, abraçam com orgulho a profissão que, afinal de contas, é responsável por alimentar suas famílias. Sentindo-se obviamente à vontade diante da equipe comandada por Lucy Walker (o brasileiro João Jardim, responsável pelo lindo Janela da Alma, assina a co-direção), os personagens vistos neste documentário brincam, fazem piadas e confissões sem qualquer resquício de auto-censura – e é impossível não se deixar contagiar pela natureza brincalhona de pessoas que, mesmo em meio a um importante protesto, respondem ao chamado para uma greve de fome com um irreverente: “Sim, vamos fazer a greve de fome! Mas meio-dia vou ali almoçar!”. Da mesma maneira, é importante observar como os realizadores conseguem capturar momentos incrivelmente reveladores e dolorosos, como no instante em que a associação dos catadores é assaltada, levando seus dirigentes à desesperança absoluta, e também no momento em que, visitando o barraco de uma das personagens, captura a triste ironia de uma tevê que, no meio daquela miséria, exibe um episódio de Riquinho.
TRAILER
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