quinta-feira, 7 de junho de 2012

Benny & Joon - Corações em Conflito

clip_image001 ASSUNTO
Autismo, relações afetivas, relações familiares, potencialidade, diferença.

SINOPSE
Joon (Mary Stuart Masterson) é irmã mais nova de Benny (Aidan Quinn), quando eram crianças seus pais morreram, isso foi um trauma para Joon, que é portadora de problemas psicológicos. O filme começa com os dois já adultos, Benny cuida de Joon, evitando ao máximo a ideia de enviá-la para um hospital especializado, mas Joon não colabora, fazendo com que nenhuma governanta pare na casa. Quando Benny perde uma aposta, ele tem que fazer um favor a um amigo e trazer o excêntrico Sam para a sua casa. Sam (Johnny Depp) não é muito comum, mas acaba funcionando como “governanta” da casa, mesmo que seja de seu jeito torto. Sendo fascinado por filmes antigos, ele acaba virando o par perfeito para Joon. Sam e Joon se apaixonam e, pela primeira vez, Benny se vê com ciúme da irmã, com medo de perdê-la, mas tendo que aceitar que ela pode querer ter a sua própria vida.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA

Desde quando iniciei Psicologia & Cinema, venho me surpreendendo com alguns atores .que trazem em sua bagagem mais filmes com temáticas psicológicas do que eu poderia imaginar. Johnny Depp é um deles. Neste filme, Deep faz Sam, um jovem sensível e pouco convencional, que traz para o mundo real seu encanto pelos personagens do cinema mudo. O filme não é muito conhecido, mas nem por isso menos importante. A relação dos irmãos é o ponto de partida o desenvolvimento da trama. Desde a morte dos pais, Benny cuida de sua irmã Joon, portadora de um transtorno psicológico que requer maiores cuidados. Joon apresenta alguns sintomas que sugerem o diagnóstico de autismo. Independente do psicodiagnóstico, o que se revela como destaque é, de fato, a importância das relações. Para Benny, é difícil imaginar que sua irmã possa ter alguma autonomia.

Em princípio, somos convidados a refletir sobre as dificuldades e possibilidades existentes nesse tipo de relação. A parceria, o carinho, o amor e o cuidado existentes entre os irmãos ficam evidentes. Por conta da responsabilidade de cuidar da irmã, Benny abre mão de planos de vida pessoal. Ele a superprotege e não considera a possibilidade dela ter autonomia. Como tantos outros “cuidadores” que amam e fazem tudo pelos entes queridos, Benny não percebe o potencial da irmã nem suas necessidades reais. Diversas vezes assisti algo parecido no cotidiano terapêutico, quando pais ou avós de pessoas com diferentes tipos de diagnóstico se referem ao cliente como alguém sem perspectiva. Fulano é isso ou aquilo, e, portanto não tem potencial para realizar tais atividades. Quando pergunto se a pessoa que está por traz de tal diagnóstico já foi ouvida a respeito, os cuidadores se surpreendem. Geralmente, a pessoa que cuida já leu tudo a respeito do diagnóstico, convive diariamente com os sintomas e se considera autoridade no assunto. Estão ali buscando mais informações técnicas a respeito do referido diagnóstico. Quando informo que a melhor fonte de dados está com a pessoa que vive o diagnóstico, isso nem sempre é suficiente para que compreendam. Na maior parte das vezes, utilizo alguma metáfora ou ferramentas como um filme, para que se deem conta da necessidade da pessoa. A dedicação, o amor e o cuidado dispensados no processo, transformam essa relação em uma realização de “receitas prontas”, sem que seja oferecido espaço para o desenvolvimento de seu potencial. Aliás, essa forma de cuidar não é privilégio de relações com pessoas diagnosticadas por profissionais. Na intimidade, é fácil ouvir de um parceiro, pai ou mãe, a frase “sei muito bem o que ele pensa ou sente a respeito de determinado assunto”. José Ângelo Gaiarsa já apontava algo parecido na relação da mãe com seus filhos. Segundo ele, a mãe funciona de acordo com o que aprendeu sobre ser “boa mãe” e perde a oportunidade de olhar para o filho e perceber suas reais necessidades. Assim também ocorre com casais que estão juntos há muito tempo, o “outro” acaba sendo percebido como parte tão conhecida, que não é difícil adivinhar o que pensam ou sentem. Ao menos assim parece. Joon não é tão dependente quanto o irmão pensava. Ele, como tantos que amam e cuidam, fez o melhor dentro do que sabia. Ele se dedicou e continua a se dedicar com amor a sua irmã querida. Quando surge Sam, outras perspectivas se abrem para Joon. Ela se apaixona e inicia um processo de “auto-des-coberta” através dessa nova relação. Benny é pego de surpresa, sente ciúmes e acha que Sam é uma ameaça para a irmã. Como sempre, ele toma todas as providências para proteger a irmã. Mas Joon não é mais a mesma, e, novos acontecimentos irão ajudar ao irmão a aprender mais sobre as novas perspectivas na vida da irmã. O filme nos faz refletir sobre os limites de qualquer amor. Cada pessoa tem sua forma pessoal de funcionar no mundo, independente da categoria que está incluída. Ninguém é algo para sempre, somos seres em transformação, estamos agora de um jeito diferente do que nos tornaremos daqui a pouco. As relações são trocas que nos vão tornando a cada instante o que somos. Somos um eterno “vir-a-ser” que não pode ficar reduzido a qualquer diagnóstico ou saber, mesmo que tenha sido constituído numa relação de amor. Trata-se de um filme encantador e delicioso, que ainda nos brinda com brilhante atuação de Johnny Deep. Drama, romance e comédia fazem da fita um programa imperdível. Recomendo!
Os percalços de ter a responsabilidade de cuidar de uma pessoa com problemas mentais e ainda ter de lidar com um sujeito "estranho". O amor entre pessoas não convencionais. O amor entre pessoas convencionais. Um filme simples e bonito. Uma linda homenagem a dois grandes nomes da comédia:Charles Chaplin e Buster Keaton. Como ele manda bem "imitando" os dois! (…) Assista e coloque um sorriso a mais no seu dia. Leia mais clicando  em Críticaemcena. 

Um comentário:

  1. Adorei o texto! Também gosto muio desse filme e das possibilidades de pensá-lo a partir da psicologia. Beijo!

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