ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, autoestima, potencialidades, integração, projetos de vida, criança interior, atualizações.
SINOPSE
Duritz (Bruce Willis) é um executivo de 40 anos, bem-sucedido financeiramente, mas com uma vida emocional e familiar fracassadas: é solteiro e sem namorada, não tem filhos, não se dá bem com o pai e nem mesmo tem um cãozinho de estimação, como sonhava quando era pequeno. Um dia, é surpreendido pela presença de um menino desconhecido em sua casa, aparentemente é ele próprio aos oito anos de idade. Ocorre que o garoto não fica nada satisfeito com o que constata sobre o seu futuro, pois é o oposto do que idealizava quando crescesse. Por outro lado, Russ quase não consegue se reconhecer nesse menino rechonchudo e emotivo que ele, há muitos anos, havia deixado para trás. Superadas as dificuldades iniciais, Russ acaba "adotando" o menino, fazendo uma verdadeira viagem no tempo e dentro de si próprio para redescobrir os valores que estavam perdidos.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Constantemente, recomendo o filme aos clientes. Foi por indicação de Eliane Farah, há tempos atrás, que tive o privilégio de ser apresentada a ele. Revisitar a própria história é apenas um dos pontos a serem considerados na experiência de assistir a trama. Retornar aos tempos idos pode ser uma bela forma de passar a vida a limpo. Alguns fatos da infância deixam marcas dolorosas, nem sempre lembradas, outros nos alegram só de lembrar. Fato é que somos produtos desses acontecimentos, bons e ruins, que nos ajudaram a ser quem somos agora. Também é verdadeiro dizer que a melhor forma de viver o presente é aceitá-lo como novo, atualizando nossas perspectivas diante das novidades que a vida traz a cada instante. Ao rever os fatos do passado, o protagonista sensibiliza-se diante de sua fragilidade de criança, que ao mesmo tempo trazia consigo valores genuínos e sonhos abandonados. O filme sugere que alguns elementos da sua infância o fizeram adquirir uma conduta rígida quando adulto, a partir das qualidades presentes na criança que foram sufocadas. Seria diferente com cada um de nós? O que sou hoje, como escolho ou não a minha vida? Quem é que não tem um rascunho que precisa ser passado a limpo, uma criança interior que precisa de acolhimento ou uma dor infantil que precisa ser enfrentada? Isso me lembra os monstros gigantescos da infância, que não passavam de sombras de algum objeto ou gesto mínimo. A sensação infantil daquela grandiosidade permanece em nós até quando? Não seria bom ter a oportunidade de dar a mão a nossa criança interior (esquecida ou desamparada) e juntos enfrentarmos o momento presente? “Duas vidas” apresenta um diálogo franco sobre escolhas entre o adulto e a criança, que um dia ele foi, com suas características pessoais.