quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida secreta das palavras


a v sec das palav

ASSUNTO


Segredos – Violência, solidão, deficiência auditiva, relação cuidador e cuidado, abuso. estupro

SINOPSE

A Vida Secreta das Palavras conta a história de Hanna, uma mulher solitária e com um passado misterioso. Funcionária exemplar, ela é obrigada a tirar férias. Numa plataforma petrolífera onde só trabalham homens, num lugar isolado no meio do mar, houve um acidente. Sem ter o que fazer e nem para onde ir, Hanna é voluntária para cuidar de Josef, um homem que ficou temporariamente cego. Hannah é introvertida, solitária e parcialmente surda. Entre eles cria-se uma estranha intimidade que se vai aprofundando, laços cheios de segredos, verdades, mentiras, humor e dor que mudarão as suas vidas para sempre.


TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA
É um filme sobre a solidão, sobrevivência, sobre a (in)capacidade de seguir em frente. O passado de Hanna não é revelado no início do filme, não há uma só informação sobre ela, além de seu sotaque do leste europeu e a necessidade de uso de um aparelho de surdez (que é desligado quando ela quer ficar sozinha). Hanna não falta ao trabalho, não se relaciona com os colegas e come todos os dias arroz, frango e maçãs. Mas essa vida sem sal, sem sabores (a culinária, não por acaso, será uma grande metáfora adiante), esconde um segredo, que demora a ser revelado, mas é catártico. 

Nossa, que filme! Quantas coisas são ditas com a linguagem não verbal! Muitas reflexões são suscitadas durante a exibição, somos "tocados" a cada dito e não dito, é fantástico! Dentre todas as "viagens" que fiz, fui muito longe no momento relatado a seguir: "Ela conta sobre os horrores que viveu com sua amiga. Então, ele fica ali, junto, na dor, choram juntos, a dor é compartilhada em total plenitude. O momento é interrompido pela questão formulada por ele: Qual o nome de sua amiga? - segue o silêncio profundo." Tudo isso disparou minhas reflexões sobre a nossa necessidade de nomear as coisas. Como nos parece importante "nomear" algo que nos parece extremamente difícil, quase insuportável. Dores, conflitos, medos, desconhecido... A ilusão - seria ilusão? - de que ao nomear um objeto ele deixa de nos ser desconhecido e ameaçador. "Rotulamos" de algumas forma e essa "coisa", que passa a ser algo "seguro", "conhecido", "cristalizado" o suficiente para não nos ameaçar tanto. É possível aprisionar todas as coisas numa simples nomeação, e assim, nos transportar para algum lugar mais "confortável", mais "seguro", menos inquieto, e angustiante?? As palpitações que expressam VIDA estão nas nomeações ou no silêncio? O que dizer daquele vazio que segue a cena sem resposta de Hanna, nos remetendo a mais e mais perguntas? Nesse momento, penso que as perguntas sempre poderão suceder a todas as respostas, principalmente "aquelas" que pensávamos mortas e enterradas!

Um olhar psicanalítico - clique aqui

Um comentário:

  1. Nossa, que filme! Quantas coisas são ditas com a linguagem não verbal! Muitas reflexões são suscitadas durante a exibição, somos "tocados" a cada dito e não dito, é fantástico! Dentre todas as "viagens" que fiz, fui muito longe no momento relatado a seguir: "Ela conta sobre os horrores que viveu com sua amiga. Então, ele fica ali, junto, na dor, choram juntos, a dor é compartilhada em total plenitude. O momento é interrompido pela questão formulada por ele: Qual o nome de sua amiga? - segue o silêncio profundo." Tudo isso disparou minhas reflexões sobre a nossa necessidade de nomear as coisas. Como nos parece importante "nomear" algo que nos parece extremamente difícil, quase insuportável. Dores, conflitos, medos, desconhecido... A ilusão - seria ilusão? - de que ao nomear um objeto ele deixa de nos ser desconhecido e ameaçador. "Rotulamos" de algumas forma e essa "coisa", que passa a ser algo "seguro", "conhecido", "cristalizado" o suficiente para não nos ameaçar tanto. É possível aprisionar todas as coisas numa simples nomeação, e assim, nos transportar para algum lugar mais "confortável", mais "seguro", menos inquieto, e angustiante?? As palpitações que expressam VIDA estão nas nomeações ou no silêncio? O que dizer daquele vazio que segue a cena sem resposta de Hanna, nos remetendo a mais e mais perguntas? Nesse momento, penso que as perguntas sempre poderão suceder a todas as respostas, principalmente "aquelas" que pensávamos mortas e enterradas!

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