segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ninfomaníaca 1 e 2

clip_image002ASSUNTO
Sexualidade, compulsão sexual, crenças, religião, valores morais, gênero, conceitos e preconceitos.
SINOPSE
ATENÇÃO: CENAS DE SEXO EXPLICITO, NÃO INDICADAS PARA MENORES. Volume 1 - Bastante machucada e largada em um beco, Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada por um homem mais velho, Seligman (Stellan Skarsgard), que lhe oferece ajuda. Ele a leva para sua casa, onde possa descansar e se recuperar. Ao despertar, Joe começa a contar detalhes de sua vida para Seligman. Assumindo ser uma ninfomaníaca e que não é, de forma alguma, uma pessoa boa, ela narra algumas das aventuras sexuais que vivenciou para justificar o porquê de sua auto avaliação.
Volume 2 - A continuação da história de vida de Joe investiga os aspectos mais sombrios de sua vida adulta, e o que a levou aos cuidados de Seligman. Últimos três capítulos de "Ninfomaníaca".
TRAILER
Volume 1 - clique aqui.
Volume 2 - clique aqui.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Antes de tudo, devo sinalizar que o filme é para poucos, pois é preciso ter abertura para compreender as críticas, explícitas ou sutis, feitas pelo diretor. Aos que esperavam um filme pornográfico o que encontraram foi frustração, pois a trama nos confronta com conceitos e preconceitos sócio culturais. Escolhi reunir os dois volumes por uma questão simples: Não é possível ter plena compreensão sem que ambos sejam assistidos. No primeiro volume, temos maior foco no relato de suas aventuras sexuais desde a infância. Não há qualquer dado que possa nos ajudar a aprofundar o conhecimento sobre o contexto da vida de Joe. Assistimos as trocas com Seligman, que não parece concordar com a autoavaliação da moça, que se deprecia, sentindo-se má pessoa por ser ninfomaníaca. Ao narrar a história de sua vida, Joe encontra nas reações de Seligman possíveis “interpretações” ou outras perspectivas, que poderiam ser também do espectador (ou que podem servir para induzir o público). Seus comentários estão sempre associados a alguma referência, o que nos conduz para possibilidades que não ocorreriam sem tal intromissão. Suas referências incluem a música, as artes plásticas, a poesia e filmes – incluindo “Anticristo” do mesmo diretor. Prazer e dor, deleite e desamor, desamparo e autonomia estão entre as polaridades expressas na trama, que choca, confunde e violenta diferentes formas de ver tudo que é apresentado. O senhor solitário entra no lugar do psicólogo, que escuta sem julgar, principalmente ao favorecer para que Joe possa se ver de outra forma. Seligman é um intelectual que domina vários campos do conhecimento, com isso ele tenta analisar e compreender a obsessão de Joe por sexo, ao mesmo tempo conduzindo o espectador ao questionamento e provocando reflexões sobre alguns tabus.
Com o desenvolvimento do enredo, muitas metáforas ficam fora do entendimento e precisam de maior atenção para melhor compreensão. Ao abordar a relação com o pai que se mostra presente em sua vida, por exemplo, a trama nos convida a refletir sobre o ensinamento da representação da tal árvore ímpar. A árvore é invejada por sua beleza e por foge aos padrões, o que a torna seca, sem folhas. Tal qual a árvore descrita pelo pai, Joe também desafia à ordem pré-estabelecida e merece ser ridicularizada, combatida e exterminada. Como entender a si mesma vivendo fora dos padrões? No encontro entre a obsessão dela por sexo e a obsessão do pacífico senhor por cultura, diversos temas são desenvolvidos. Na tentativa de “preencher seus buracos”, como Joe diz, o encontro com este senhor se assemelha ao processo terapêutico, pois as metáforas e reações dele vão dando contorno ao seu caminho de rever da própria história. Diante do mundo no qual ela não encontra lugar, Joe aprende a confiar em Seligman, que se faz parecer como alguém que não é controlado (ou descontrolado?) pelo desejo. Enquanto no primeiro volume tivemos o sexo explícito, no segundo o que se torna explicito são as peças que vão se encaixando na trama. Além da maternidade, do vislumbre de algum sentimento, do experimento masoquista e da tortura, acompanhamos sua tentativa no grupo terapêutico de tratar o seu “vício em sexo”. O outro lado da moeda, de quem é condenado moralmente, é revelado no relato de Joe. Posteriormente, ela demonstrará piedade pelo também condenado pedófilo, principalmente, por compreender o drama de quem é prisioneiro do próprio desejo. No mais, além de destacar a ausência materna, o volume dois parte do momento em que Joe já não sentia mais nada, nenhum prazer era possível, e, se desenvolve o encontro/desencontro entre Joe e seu confessor. Como disse Lucian F “Ninfomaníaca é um filme só, um olhar depressivo, cético e irônico sobre temas como amor, sexo e moral.” (Clique aqui para ler a crítica completa). Gosto também do que é apontado pelo Grupo A, que registra “... lá no final, está a crítica sutil de Lars von Trier, deixando claro que não importa quanto se busque e se alcance a igualdade de gêneros, mulheres e homens sempre serão diferentes e, na sua visão, serão julgados pelo outro pelo que são. (Clique aqui para ler o artigo completo)








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