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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A chave de Sarah

clip_image001ASSUNTO
Conflitos sociais, afetivos,  familiares, segredos, guerra, identidade, auto suporte, história, holocausto.
Queria primeiro agradecer pela indicação de Selma Ciornai, valeu a muito a pena, é imperdível. O filme poderia ter o título “A chave do segredo”, sim, pois falamos daqueles segredos familiares, aqueles que fazem parte de nossa constituição e dos acontecimentos históricos que tentamos esquecer. Dois dramas estão entrelaçados na trama: O episódio histórico que ocorreu na França ocupada pelos nazistas em 1942 e o drama pessoal de Sarah, e seus desdobramentos. Os segredos da humanidade e os segredos familiares vão sendo desvendados no desenrolar do enredo. Além de uma aula histórica, “A chave de Sarah” também nos ensina sobre a influência dos segredos familiares, ainda que tenham ocorrido muito antes de nosso nascimento. Somos convidados a refletir sobre os aspectos de nossos antepassados que ainda insistem em nos habitar, repetindo sucessivos apelos à autonomia do ser, estimulando nossa capacidade de escolha. Discordo de alguns críticos, quando apontam a pequenez dos conflitos pessoais apresentados pela jornalista nos dias atuais. Atentem para a “coincidência” de sua pesquisa ocorrer exatamente no momento de gerar outro ser, seus conflitos familiares na decisão e seu envolvimento na trama familiar que fará parte da constituição deste novo ser. E não podemos perder de vista o compromisso afetivo que sustentou a sobrevivência de Sarah durante a guerra. O desdobramento marca sua existência, a posterior busca de sobrevida através do segredo é também o que não permite sua integração, uma incompletude que atormenta seus dias. Outro olhar sobre as feridas da guerra, que ainda nos assombram, provocam reflexões sobre as desrazões que promoveram e continuam promovendo conflitos tão desumanos. Um filme daqueles que podem dizer muito mais, pois nos convida a trocas sobre o coletivo e o individual, permitindo distintas percepções que enriquecem, afinal, “somos produtos de nossa história”.  Por tudo isso recomendo e os convido a compartilhar novos olhares.
Embora armado, notoriamente, para atrair o grande público e, por isso, acumulando detalhes sentimentais que o mantenham fisgado, "A Chave de Sarah" tem mais qualidades do que defeitos. Acontecendo simultaneamente em duas épocas e engajando novos personagens a cada momento, a narrativa é envolvente. Crítica completa, clique aqui.
SINOPSE
Julia é uma jornalista americana que vive em Paris há mais de 20 anos e é casada com o francês Bertrand. Escrevendo um artigo sobre a onda de prisões de judeus na cidade durante a 2ª Guerra, ela se depara com um segredo conectado à sua vida: tudo indica que o apartamento de seu marido pertencia à família de Sarah, uma menina judia que, junto com os pais, foi levada de casa pela polícia nazista.1942, durante a ocupação alemã na França, na 2ª Guerra Mundial. Sarah Starzynski (Mélusine Mayance) é uma jovem judia que vive em Paris com os pais (Natasha Mashkevich e Arben Bajraktaraj) e o irmão caçula Michel (Paul Mercier). Eles são expulsos do apartamento em que vivem por soldados nazistas, que os levam até um campo de concentração. Na intenção de salvar Michel, Sarah o tranca dentro de um armário escondido na parede de seu quarto e pede que ele não saia de lá até que ela retorne. A situação faz com que Sarah tente a todo custo retornar para casa, no intuito de salvá-lo.  a jornalista Julia Jarmond (Kristin Scott Thomas) é encarregada de preparar uma reportagem sobre o período em que Paris esteve dominada pelos nazistas. Quanto mais a fundo Julia segue a história, mais descobre sobre o marido, a França e sobre si própria. Baseado no romande de Tatiana de Rosnay. Selecionado para o Festival de Toronto 2010.
TRAILER

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vinte centímetros

20 cm ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, transsexualidade, homossexualidade.
O dilema de Marieta ilustra bem a diferença entre transsexualidade e travestis. O travesti, ainda que esteja travestido, não tem qualquer incomodo no corpo em que vive. Ao contrário de nosso personagem, que denota ojeriza aos 20 centímetros que a separam do sexo que acredita ser. A escolha por sua identidade feminina sobrepõe qualquer promessa de felicidade, ela não consegue vislumbrar alternativa que não considere a si como se sente: como mulher. E, tudo que possa afastá-la do propósito de sentir-se plena, estará fadado ao fracasso.
Um olhar irreverente e desregrado sobre o submundo urbano e os outcasts que o habitam, onde subsistir está longe de ser uma garantia e os sonhos de prosperidade dificilmente se tornarão realidade. Embora ofereça um retrato seco e realista do meio em que se centra, é frequentemente contaminado por delirantes e imprevisíveis momentos onde as sequências oníricas da protagonista se salientam, gerando interlúdios musicais e cómicos que fornecem alguma réstia de esperança aos ambientes de negrume presentes em grande parte do filme. Focando a obstinação de Marieta em se livrar dos 20 centímetros que a impedem de se tornar a mulher que sonha ser, o filme recupera alguns traços do cinema de Pedro Almodóvar, recorrendo a uma saudável combinação de melodrama e humor negro centrando-se nas experiências dos rejeitados e desprezados pela sociedade. Longe de ser um filme para todos os gostos, é uma obra suficientemente inventiva para figurar entre as boas surpresas de 2005, até porque, convenhamos, não haverá muitas películas protagonizadas por uma prostituta travesti narcoléptica e por uma série de personagens secundárias não menos peculiares.Qual é o tamanho da felicidade? Leia mais clicando aqui.
SINOPSE
Marieta é um travesti que gostaria de se ver livre dos 20 centímetros que a separam de ser a fascinante mulher com que sonha, quando sucumbe às crises de narcolepsia. Nos seus sonhos coloridos, ela é a atração principal de variados, surpreendentes e suntuosos números musicais, onde tem a capacidade de cantar maravilhosamente e falar diferentes línguas. Qual É O Tamanho Da Felicidade?
TRAILER OFICIAL

domingo, 31 de julho de 2011

Sybil

Sybil ASSUNTO
Psicodiagnóstico, Relações afetivas, familiares, abuso, violência, saúde mental.
Lembro de ter lido esse livro quando ainda estava no segundo grau, isso faz muito, muito tempo. Já na ocasião, fiquei encantada, e, acredito ter sido uma das motivações para que estudasse psicologia. Encontrei na internet essa versão filmada e resolvi assistir. Não foi menos impactante, certamente. No entanto, diversas reflexões foram estimuladas. Não só por ser psicóloga, mas também por ter como referência a abordagem gestáltica, foi possível ampliar consideravelmente minha visão. Sem desconsiderar as diversas conjecturas a respeito do diagnóstico, fiquei me perguntando quantas partes de nós são dissociadas em situações conflituosas. Questionei sobre as neuroses leves ou não. Pensei sobre o processo terapêutico e seu objetivo, que na maior parte das vezes é de nos “integrar” como PESSOA. E, de alguma forma, “juntar nossas partes” em um único ser, integrado e capaz de fazer novas escolhas. Um ser “inteiro” capaz de enfrentar novos conflitos, que certamente ainda surgirão. Pois, o processo terapêutico não pretende tornar o mundo mais fácil, menos conflituoso. Ao contrário, o objetivo é nos integrar de tal forma que possamos enfrentar novos desafios do mundo, fazer novas escolhas, ampliar nossa capacidade de responder com habilidade a novos desafios. O ser responsável por suas escolhas, este é o nosso objetivo. Então, foi lindo perceber que além do transtorno psiquiátrico tão óbvio no filme, podemos refletir a respeito de nossas “pequenas defesas” ou “respostas automáticas” que foram construídas em situações insuportáveis. Aprendemos a evitar novas situações ameaçadoras com a mesma resposta. Nós crescemos, amadurecemos, mas em qualquer situação que nos pareça ameaçadora, lá vamos nós, ligamos o “automático” e respondemos da mesma forma a diferentes estímulos. Aprendemos assim a evitar a possível “dor” ou “ameaça”. Aprendemos assim a evitar o agora. Não seria tudo isso algo semelhante às tantas personalidades de Sybil? Tudo o que buscamos na terapia não poderia ser resumido em “atualizar” nossa nova condição de ser? Não seria “reviver” nossos medos, enfrentá-los no presente e percebermos que já não somos mais tão indefesos?
Sybil teve uma infância repleta de episódios violentos, com o pai omisso e a mãe esquizofrênica, a menina sofreu todo tipo de abuso, agressão, violência.  Indefesa, sem condições de enfrentar as situações, sufocou emoções, e, sobreviveu através de novas personalidades. A partir da relação entre a Sybil e sua psiquiatra, o filme apresenta trechos importantes do processo terapêutico que durou 11 anos. Seus relatos são traduzidos em imagens que nos convidam a partilhar suas dores de forma impactante. É na relação doentia com sua mãe que a doença se instala. Mas, também é na relação que Sybil encontra a saúde, só que dessa vez,  em outra relação, na relação terapêutica. É no encontro autêntico com sua psiquiatra que Sybil se “integra”, atualizando sua forma de “ser no mundo”.
O filme nos faz refletir sobre cada uma das nossas partes, nossos “pedaços” do passado que insistem em nos impedir de viver o nosso presente de forma fluída e saudável. No final, quando todas as personalidades dão as mãos, e até a mais sofrida e machucada, sente-se abraçada, não pude deixar de observar que cada um de nós precisa disso: se abraçar, se integrar, se aceitar como é. O psicodiagnóstico, nossa “classificação” ou “rótulo” só nos fala da intensidade de nossa “dissociação” ou de nossa forma pessoal de divisão. Pois, o filme é uma bela metáfora da vida de todos nós… apenas  humanos.
Sybil conta a história verídica da paciente psiquiátrica Sybil Isabel Dorsett, que sofria de Transtorno Dissociativo de Identidade (também conhecido como MPD – Multiple Personality Disorder ou Transtorno de Múltiplas Personalidades, e que passou a ser oficialmente chamado de DID - Dissociative Identity Disorder a partir de 1994). Ao longo do tratamento, foram identificadas 16 personalidades de Sybil (incluindo a personalidade atuante, e várias personalidades femininas e masculinas, de diversas idades).
Controvérsia

O livro e o filme foram muito bem recebidos, e o Transtorno Dissociativo de Identidade, que era relativamente raro antes do caso Sybil, teve um grande aumento no número de casos diagnosticados, especialmente nos anos 80 e 90; nos anos de 1953-54, quando Sybil foi diagnosticada, havia apenas 11 casos documentados de personalidades múltiplas, e nenhum com tantas personalidades como Sybil. O único outro caso documentado de paciente com personalidades múltiplas viva naquela época era “Eve” (cuja história foi contada em As Três Faces de Eva). Na época da publicação de “Sybil”, em 1973, havia cerca de 75 casos documentados de MPD (Transtorno de Múltiplas Personalidades); nos 25 anos seguintes, foram diagnosticados cerca de 40.000 casos, quase todos nos Estados Unidos; especialistas começaram a duvidar da validade de tais diagnósticos, e culpam o livro por incentivar a indústria de charlatães especializados no tratamento de vítimas de abusos, dos quais o paciente nem mesmo se recorda. Pesquisadores tentam agora analisar o caso que começou tudo isto, e separar o que é realidade do que é ficção. Leia mais clicando aqui.

O filme mostra as torturas e repressões causadas pela mãe esquizofrênica, o pai ausente, o avô fanático religioso e a morte prematura da avó, único ponto de afeto e aceitação na vida da criança, e a conseqüente fragmentação da personalidade da paciente, numa tentativa de suportar os abusos sofridos
Fonte: Clique aqui
SINOPSE
Nova York. Sybil Dorsett (Sally Field) é uma jovem mulher que desenvolveu várias personalidades, como mecanismo de defesa para os abusos que sofreu nas mãos da sua mãe, Hattie (Martine Bartlett). Assim Sybil criou personalidades bem distintas: a agressiva Peggy Lou, a potencialmente suicida Mary, o bebê Sybil Ann e muitas outras, totalizando mais de dez. Uma psicanalista, Cornelia Wilbur (Joanne Woodward), diagnostica a condição de Sybil e tenta ajudá-la, apesar de saber que está lidando com um caso único.
TRECHOS DO FILME

terça-feira, 24 de maio de 2011

Lixo Extraordinário

lixo ASSUNTO
Relações sociais, auto-suporte, contato, cultura, arte, processo terapêutico.
Esse foi um dos filmes mais impactantes que assisti e por isso se tornou tão difícil postar. Várias vezes, eu me sentei diante do computador para tentar reunir informações, que fossem suficientemente capazes de descrever a experiência. Percebi ser impossível sintetizar. Buscar no “Papai Google” complicou a situação, pois a infinidade de relatos é grande. Como compactar tudo isso? Impossível. Qualquer palavra sobre ele se torna pequena ou simplória demais diante da avalanche de sentimentos que causa. Lixo extraordinário consegue transformar um documentário que poderia ser chato e monótono em quase uma ficção. É realmente extraordinário! E ainda tem outro mérito fantástico, porque você não precisa ter nenhum conhecimento prévio sobre arte ou artista, pois tudo é devidamente apresentado. Lixo Extraordinário é daqueles filmes para serem vistos de coração aberto. Importante é ver, pensar e se emocionar. O motivador, emocionante e sensacional Lixo Extraordinário é uma aula de humanidade e cidadania que vai te tocar profundamente. Por esse motivo, convido todos para participarem do fórum, somando sua experiência. É um filme fácil de encontrar, até mesmo para assistir online, não perca!
Os diretores tiveram uma excelente sacada de entrelaçar o trabalho do artista plástico com a vida dos catadores de material reciclado, focando todo o processo de “transformar lixo em arte (...). e se transformar durante o processo”. Vik começa a conhecer as pessoas e vamos percorrendo os seus passos na construção do seu projeto. E tudo é feito por meio de uma montagem extremamente bem construída. Vik Muniz, além de um grande artista, é um ser raro que compartilha com o público sua sensibilidade. Ele diz: “O momento que uma coisa se transforma em outra é o momento mais bonito”. O que Vik propõe se desdobra: O que a arte é capaz de realizar com pessoas? Tudo nos faz refletir, até o quanto realmente essas pessoas mudaram diante daquilo, diante da possibilidade de olhar, não só para a beleza da arte feita justamente daquilo que, para eles é sustento, mas que parece não mais servir para a sociedade.
Leia mais clicando aquil
O artista:
É impossível enxergar a separação entre os temas, entre o criador, a obra de arte e os verdadeiros artistas. “Lixo Extraordinário” trafega exatamente através dessa teia humana e sensível. Durante todo tempo o espectador é convidado e viajar, não em pequenas histórias, mas sim em pessoas vivas. Os acontecimentos se dão de forma tão natural que, a cada depoimento prestado por uma daquelas pessoas, é uma oportunidade de perceber o que é ser humano. “Lixo Extraordinário” é um filme emocionante e o trabalho de Vik Muniz é tão extraordinário quanto à própria história.
Logo no início do filme, os catadores surpreendem ao mostrar a felicidade e o orgulho que sentem por trabalhar de forma digna, o que já serve como um choque de realidade impactante – capaz de alterar as percepções do espectador.  Engajado inicialmente em um retrato social crítico, com o passar do tempo o filme revela o poder transformador da arte na vida das pessoas. O público é convidado a refletir sobre a questão da marginalização daquelas pessoas, absolutamente excluídas da sociedade. E, depois de sua metade passa a, inevitavelmente, emocionar-se com a transformação que o contato através da cultura é capaz de trazer. Destaco “cultura” como possibilidade de encontro autêntico, o que faz com que os envolvidos sejam tocados e transformados, e, isso é o que há de mais lindo no uso da arte como ferramenta de contato!
Acompanhando um dos catadores indo trabalhar, a câmera observa o personagem bradar sobre o caminhão que “A luta é grande, mas a vitória é certa”, palavras sábias, que escorregam através de um sorriso sem dentes, atropelada pela falta de escolaridade (como o próprio faz questão de lembrar), mas que brilham com os olhos marejados de esperança e do orgulho de estar ali fazendo um trabalho honesto. É fácil o espectador dar de cara com a surpresa desses momentos e perceber que a consciência, tanto de vida quanto ecológica (que está tão em voga), às vezes se descobre muito mais forte em lugares que ninguém imagina. Conhecer as pessoas que trabalham no lixão é um dos pontos mais interessantes do documentário. É a partir dali que aquelas pessoas observam o mundo. Inicialmente doidos para se mostrar para a câmera e com discursos de auto-afirmação na ponta da língua, os catadores contam que lêem livros que encontram no lixão, que passam vergonha na rua por voltarem para casa fedendo, falam dos problemas de relacionamento entre outras declarações. Não é agradável viver no meio do lixo, mas muitas mulheres gostam de deixar claro que é muito melhor estar ali do que na calçada se prostituindo. Os catadores mostram que têm mais consciência sócio-ambiental do que muitos moradores do Leblon e Barra. Em seus relatos eles falam do quanto é perdido nos lixos e como as pessoas desperdiçam suas coisas. E o pior de tudo: pessoas jogam livros no lixo. Podemos perceber que tem gente ali que tem mais cultura e consciência que muita gente de classe média. Tião já leu Nietzsche ("Ah, Nietzsche era um cara que tinha uma filosofia muito maneira", explica) e Maquiavel. Zumbi sonha em construir uma biblioteca com os livros que encontra no lixo que vai de leitura fácil como O Código da Vinci ao livro A Arte da Guerra. Cada ser humano ali tem uma história, um sonho, um futuro.
Os catadores não são apenas objetos para belas fotografias artísticas de Vik em meio à sujeira, mas passam também a serem autores das obras ao darem os contornos necessários – sempre com material retirado do lixo. É fascinante ver os catadores utilizando a matéria-prima que antes não passava para eles de meio de sustentação para fazer arte. Mais fascinante ainda é conhecer essas pessoas, saber o que elas pensam da vida e extrair delas lições de vida. Assim, a emoção daquelas pessoas humildes ao verem o resultado de seus esforços e perceberem suas capacidades intelectuais para produzir, e até mesmo interpretar a arte, é facilmente dividida com o público que, em privado, inevitavelmente pensa que é hora de rever certos conceitos sobre a importância da cultura e os efeitos da exclusão social que leva ao desperdício de talentos.
À medida que os catadores passam a fazer parte do processo de criação de Muniz fica evidente que não há como sair inalterado do encontro. O processo teve um poder transformador na vida deles, e os fizeram pensar diferente e ver que no final de tudo: tudo é arte. E a transformação - que antes parecia tão ingênua ao ser discursada por Vik Muniz na introdução - acontece diante de nós. Mudanças reais aconteceram, como uma das mulheres que largou o marido. Vik se surpreende e pergunta se, então, foi uma mudança ruim, ao que ela responde: “Não, foi maravilhosa! Comecei a me enxergar como pessoa, antigamente eu era um mulambinho”. Quem antes tinha até vergonha de seu trabalho, passou a ter orgulho. Pessoas desacreditadas, sofridas, passaram a ganhar seu merecido valor, e o principal, ganharam voz. Seus rostos foram parar em Londres, sendo admirados por intelectuais em museus, dividindo espaço com Basquiat e sendo leiloados juntamente com peças de Andy Warhol. E o mais bonito é ver a reação deles diante do sucesso, com gratidão nos olhos e dizendo “fui eu que fiz”. É emocionante ver como Tião, o presidente da Associação de Catadores de Lixo do Aterro Sanitário de Gramacho, se emociona ao falar que Deus foi muito bom com ele; ou ainda a senhora que, depois de tanto tempo trabalhando no aterro, se muda para um lugar, mas acaba voltando para lá, pois sentia saudade dos seus amigos; e também o outro lado, da mulher que não deseja voltar para ali nunca mais. O choro de Tião quando vê sua Associação ser roubada dá lugar a uma posterior alegria de trabalhar com arte e de descobrir outra visão de mundo. É na fala de Tião que percebo a melhor descrição da experiência desse encontro com a arte – nesse caso a obra em si, mas que pode ser também o filme, que também é arte ou a vida, que também é transformação. E o brilho nos olhos surge com naturalidade e credibilidade quando ele diz: “Acho que (arte) tem que passar alguma coisa para as pessoas. Você pode não gostar de uma coisa (apenas) porque nunca experimentou”.
Disse antes que o filme fala de processo terapêutico, isso se deve a semelhança desse encontro, da experiência, da transformação da pessoa através da arte. Muniz traz a proposta de retratá-los, tornando possível para cada um se ver de outro ângulo, e assim, descobrir-se, revelar-se. E não é a também a terapia uma forma de arte?
SINOPSE
O documentário mostra o contato do artista plástico Vik Muniz com os catadores de material reciclável do Aterro do Jardim Gramacho, maior da América Latina, localizado no Rio de Janeiro. A partir da experiência, surge um novo combustível criativo para Vik e, como contrapartida, os catadores diminuem sua distância com a arte e conseguem condições melhores de vida. Muniz recria pinturas famosas, como fez numa série de imagens de crianças que trabalham nas plantações de cana-de-açúcar, usando sobras do processo de refino. Assim, quando a cineasta Lucy Walker indagou Muniz se podia fazer um filme sobre ele enquanto trabalhava em seu próximo projeto, os dois se concentraram naquela que parecia a locação perfeita – Jardim Gramacho. O documentário de Walker explora o processo criativo de Muniz enquanto ele cria novas obras a partir do que os outros deixaram para trás, mas também traça os perfis das pessoas que vivem perto do Jardim Gramacho e sobrevivem separando o útil do inútil. Walker empresta dignidade aos chamados “catadores de lixo”; enquanto eles revelam as coisas valiosas que podem ser encontradas no lixo das outras pessoas e como eles conservam seu orgulho e respeito apesar de suas parcas circunstâncias. O documentário aborda não só o trabalho de Vik, mas também o poder transformador da arte, capaz de alterar não só a realidade das pessoas, mas ainda a percepção de mundo que elas têm.
É arrebatador ver como aquelas pessoas trabalhavam no aterro disputando o lixo em meio aos urubus. E quando aqueles dejetos eram despejados, todos corriam para conseguirem catar o lixo que eles precisavam para serem reciclados. Como o próprio Vik Muniz diz em uma determinada cena, eles foram parar ali porque lhes faltou sorte na vida. E isso fica claro quando eles começam a contar as histórias, de como perderam os seus pais e foram para lá tentar uma oportunidade. Alguns poderiam estar se prostituindo, roubando ou partindo para o tráfico de drogas. Mas, ao invés disso, estão ali em meio àquele lixo para ganharem, ao final do dia, os R$ 50 que ajudarão a viver e a continuar vivendo. É uma verdadeira experiência sentimental capaz de nos fazer dar valor ao que muitos não se dão ao direito de sentir. Serve como protesto, um grito de excluídos que estão à deriva, mas que aos poucos passam a perceber que têm o seu valor. Essas pessoas são as responsáveis pela comprovação de que é possível fazer com que a arte desempenhe um papel social que muitas vezes soa como uma utopia. Logo de cara, aliás, o que mais surpreende em Lixo Extraordinário é constatar a natureza alegre daqueles indivíduos, que, mesmo levando uma existência que o resto da população provavelmente consideraria como o “fundo do poço”, abraçam com orgulho a profissão que, afinal de contas, é responsável por alimentar suas famílias. Sentindo-se obviamente à vontade diante da equipe comandada por Lucy Walker (o brasileiro João Jardim, responsável pelo lindo Janela da Alma, assina a co-direção), os personagens vistos neste documentário brincam, fazem piadas e confissões sem qualquer resquício de auto-censura – e é impossível não se deixar contagiar pela natureza brincalhona de pessoas que, mesmo em meio a um importante protesto, respondem ao chamado para uma greve de fome com um irreverente: “Sim, vamos fazer a greve de fome! Mas meio-dia vou ali almoçar!”. Da mesma maneira, é importante observar como os realizadores conseguem capturar momentos incrivelmente reveladores e dolorosos, como no instante em que a associação dos catadores é assaltada, levando seus dirigentes à desesperança absoluta, e também no momento em que, visitando o barraco de uma das personagens, captura a triste ironia de uma tevê que, no meio daquela miséria, exibe um episódio de Riquinho.
TRAILER
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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alguém para dividir os sonhos

alguem p div sonhos ASSUNTO
Esquizofrenia, desospiralização, amizade, exclusão social.
Drama de grande sensibilidade, retratando a sincera amizade que enlaçou duas criaturas sofredoras, em busca de sobrevivência na turbulenta Nova Iorque. No início, uma voz em off relata: era uma vez...“Um menino preto, bem a cor não interessa, entrou na floresta com um tênis novo, uma camisa nova lilás e um casaco cinza, novo também. Lá ele foi assaltado e roubaram-lhe todas as suas roupas. Ao sair da floresta nu, o menino continuava com a mesma felicidade com que entrou, pois sabia ele que o bem mais precioso não lhe fora roubado. Sua alma”. Vemos o personagem hospitalizado, depois um prédio demolido e ele nas ruas... Embora a sinopse não fale a respeito, pensei muito no processo de desospitalização, e em quantos pacientes foram jogados na rua sem a menor estrutura social para recebê-los. Quantos esquizofrênicos estão pelas ruas do mundo, incluindo Brasil?
Muitas cenas são delicada e despertam nossa reflexão. Chamo a atenção para o momento que Mathew tenta regressar ao lar, encontrando a fechadura trocada e a informação que sua mãe estava viajando sem deixar autorização para ele entrar. Mais um momento que retrata a realidade de muitas famílias na mesma situação, sem a menor disponibilidade para o acolhimento. Fica clara a carência do sentimento de pertencimento, em outra cena, quando o amigo diz que o sente como filho, fazendo planos de uma vida de cuidados um com o outro, A sensação de pertencer a algum lugar (pessoa, família) faz com que Mathew paralise, e, sonhe, s suspire, é espetacular o dedobramento da cena.
Também importante o diálogo sobre a esquizofrenia e o retorno do amigo:.
“ - Ouço vozes, sabe?
- Não há nada de errado nisso. E Joana D´Arc? Ela ouvia vozes. É considerada santa, não esquizofrênica. E Moisés?
- Que tem ele?
- Ouvia vozes. Ele ouviu uma Voz. Se não tivesse ouvido, não teria a tradição judaico-cristã. Moisés desceu daquela montanha. Perguntaram-lhe o que ele ouviu. Ele disse: “Tu não matarás. Tu não cometerás adultério. “Disseram: - “Ouviu isso, Moisés? Vozes disseram isso?” Eles o encheram de sedativos e o trancaram.
Se não fosse pelas vozes, ainda seríamos pagãos. Sacrificaríamos cordeiros e até pessoas. Seríamos sacrificadores. Talvez você não seja esquizofrênico. Talvez seja um santo.” (Daí a razão do nome original deste filme).
Ainda tem outra cena, quando Mathew está surtando e o amigo o chamando... sensacional, tanto quanto na hora da contagem do dinheiro, de sua “incapacidade” para fazê-lo, quando o amigo entra em seu delírio, confirma sua capacidade e diz que não vai deixar ninguém atrapalhar sua ação. Isso basta para que Mathew sinta-se confirmado em sua capacidade. O filme é imperdível, vale a pena pegar na locadora, e assistir.
SINOPSE
(THE SAINT OF FORT WASHINGTON) – 1993 -Essa e a historia de Matthew (Dillon), um rapaz ingênuo e bondoso, recém-saído de um hospital psiquiátrico. Obrigado a passar a noite num abrigo de indigentes conhecido como Fort Washington, ele conhece Jerry (Glover), um veterano da guerra do Vietnã que perdeu tudo, inclusive família e emprego. Nasce assim, uma amizade entre os personagens. Enquanto tentam ganhar a vida de maneira digna, encaram as adversas situações com doses de bom humor, mesmo ao limpar pára-brisas nas ruas de Nova York. O dinheiro arrecadado pode significar uma nova vida para ambos. Um filme que emociona, com atuações marcantes de Danny Glover e Matt Dillon,e uma trilha sonora considerada uma das melhores do gênero segundo o site Music from the Movies.
TRAILER

sexta-feira, 18 de março de 2011

No limite do silêncio

no limite do silencio ASSUNTO
Relação terapêutica, relações familiares, sociais, afetivas, abuso, violência doméstica, incesto.


SINOPSE
2001 - Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo acontecido e na verdade ele também se considerava responsável pelo fato. Três anos após o suicídio, Michael não dá mais consultas e só dá palestras e escreve livros. Até que Barbara Wagner (Teri Polo), uma ex-aluna, lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto que foi marcado por uma tragédia familiar. Com a mãe morta e o pai preso Tommy foi para um orfanato, mas agora, quando ele está prestes para completar dezoito anos, será liberado, sendo que Barbara sente que ele ainda não está pronto. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas gradativamente se interessa e vai conversar com Tommy. Logo que Tommy e Michael se encontram as barreiras entre médico e paciente ficam confusas, pois entre eles há mais alguém e este alguém é Kyle.

TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
No Limite do Silêncio conta duas histórias sobre pedofilia que levam suas vítimas a estados psicopatológicos, cujos desfechos são: tentativa de suicídio, o ato consumado em si e homicídios. Contrário a tratamento com psicotrópicos, Michael encaminha o adolescente deprimido a um amigo de confiança, para psicoterapia. Aproveitando uma saída da família, Kyle comete suicídio em casa - ato aparentemente explicado pela depressão. Na verdade, o adolescente foi vítima de abuso sexual, o que o pai vem saber três meses após o suicídio. Descoberto por Michael, o responsável pelo crime de pedofilia também se mata. O filme mostra difícil momento a que chegou o psicólogo Michael Hunter, que é abordado pela ex-aluna Barbara Wagner, para ajudá-la em um caso difícil. Assim como Kyle, Thomas também foi vítima de pedofilia, trauma que desencadeia no jovem um comportamento agressivo e violento, beirando a fobia social e a psicopatia. Tommy defende-se de qualquer aproximação íntima feminina, chegando a matar, ante o percebido como ameaça. Mas, há muita ambivalência aí. Ao aceitar o trabalho, o psicólogo voltará a ter contato com as mais doloridas e profundas lembranças que ele mesmo gostaria de ter esquecido. A relação entre psicólogo e paciente se torna um difícil jogo de manipulação de sentimentos. A história, que de início promete um enredo linear, dá várias reviravoltas, como se fosse a condução de uma fala (Tommy) em terapia, cujo psicólogo conduz, ao facilitar o “dar-se conta” do cliente – posterior percepção do que há por trás dos mecanismos de defesa do paciente. “No limite do silêncio”, portanto, apresenta os sintomas do cliente como formas de buscar seu equilíbrio, formas de evitar o contato com os acontecimentos dolorosos que não suporta lembrar. Interessante constatar que o psicólogo foca no não verbal, no que não é dito - respiração, olhar, expressões faciais, para auxiliar o cliente. A exemplo do trabalho em Gestalt-terapia, o filme apresenta a visão humanista do trabalho terapêutico, sem esquecer do humano que há no terapeuta. 
Lins sobre outros olhares na rede: Link 1 Link 2 Link 3

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A questão humana

a questao humana ASSUNTO
Relações sociais, Psicólogo em RH
Denso, difícil, polêmico, o filme está longe de ser um mero entretenimento. Diversos olhares já foram publicados, conforme pode ser conferido nos sites abaixo.
A Questão Humana” não é um filme de fácil digestão. A sinopse – falando de investigações e nazismo – pode até sugerir uma aventura policial ou coisa parecida. Mas não é nada disso. Com vários níveis e subníveis possíveis de leitura, trata-se uma obra riquíssima, de texto difícil mas fascinante (baseado no livro de François Emmanuel), e que faz uma irresistível provocação. Para o filme, o Nazismo não morreu. Ele apenas mudou de forma e modernamente se apresenta sob a formatação de grandes empresas multinacionais. Os novos uniformes dos prisioneiros agora são alinhados ternos pretos. Abrir uma válvula de gás num campo de concentração é trabalho menos elaborado, se comparado com o dos psicólogos que levam os funcionários à loucura. Relatórios técnicos minuciosamente detalhados que explicavam como transportar o maior número possível de judeus em caminhões, nada ficam a dever à tecnicidade fria dos burocratas de hoje. E se antes se lutava e/ou morria por uma nação, agora quem exige dedicação total até a morte é a empresa onde se trabalha. Mais clicando aqui
Concebido simultaneamente como suspense e como crítica aos modos de produção social (leia-se exercícios de poder) que se baseiam na exclusão e até no extermínio das diferenças, “A questão humana” traz a questão da neutralidade do conhecimento (dito) científico como um dos seus pilares. Como podemos acompanhar nas falas de um de seus mais importantes personagens (Arie Neuman), o exercício de poder que exclui e mata (embora nem sempre de forma direta e explícita) se apropria de tudo aquilo que constitui o campo das relações humanas, desde a linguagem e os sentidos que ela impõe até o conjunto de regras e leis que permeiam os diversos encontros. A artimanha da neutralidade e do apoliticismo serve invariavelmente à violência e à brutalidade, como nos indicam as referências ao nazismo. Ao final, resta a exigência de desconstruir as certezas dos saberes, inclusive para não cairmos na armadilha da eficácia e da performance a todo custo. Simon perceberá que a eficácia de que tanto se orgulhava e que o situava num patamar de destaque na empresa possuía raízes muito pouco nobres.Leia mais clicando aqui
Crítica do Estadão, aqui                   Outra crítica
Revista, aqui                                         Aqui uma crítica negativa

SINOPSE
O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis. O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tomates verdes fritos


tomates verdes fritos

ASSUNTO


Relações afetivas, casal e família, terceira idade, auto suporte, preconceito.

SINOPSE

1991 -Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa emocionalmente reprimida, que habitualmente afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Sartain), o marido dela, quase não nota a existência de Evelyn. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas a parente nunca permite que Evelyn entre no quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma debilitada mas gentil senhora de 83 anos, que ama contar histórias. Através das semanas ela faz relatos que estão centrados em uma parente, Idgie (Mary Stuart Masterson), que desde criança, em 1920, sempre foi muito amiga do irmão, Buddy (Chris O'Donnell). Assim, quando ele morreu atropelado por um trem (o pé ficou preso no trilho), Idgie não conseguia conversar com ninguém, exceto com a garota de Buddy, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker). Apesar disto Idgie era bem doce, apesar de nunca levar desaforo para casa. Independente, ela faz seu próprio caminho ao administrar uma lanchonete em Whistle Stop, no Alabama. Elas tinham uma amizade bem sólida, mas Ruth faz a maior besteira da sua vida ao se casar com Frank Bennett (Nick Searcy), um homem estúpido que espanca Ruth, além de ser secretamente membro da Ku Klux Klan. Inicialmente Ruth tentou segurar a situação, mas quando não era mais possível Idgie foi buscá-la, acompanhada por dois empregados. Idgie logo dá a Ruth um emprego em sua lanchonete. Por causa do seu jeito de se sustentar sozinha, enfrentar Frank e servir comida para negros no fundo da lanchonete, Idgie provocou a ira dos cidadãos menos tolerantes de Whistle Stop. Quando Frank desapareceu misteriosamente muitos moradores suspeitaram que Idgie, Ruth e seus amigos poderiam ser os responsáveis.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Questões como a discriminação racial, a violência doméstica, a liberdade, a terceira idade, e a recuperação da auto-estima, são tratadas sem exageros mas com determinação. O filme aborda o preconceito de gênero de maneira bastante velada, somente com insinuações enquanto que o racial é colocado de forma mais aberta. Porém nenhum destes temas é o foco do filme, que é sobre mulheres e suas transformações vividas. Evelyn é uma mulher de meia-idade, que atravessa uma crise em seu casamento e passa por um momento de transição em sua vida; em um momento do filme ela diz “Sou muito nova para ser velha e muito velha para ser jovem”. Isso explicita o estranhamento em relação a si mesma, muito comum nesta fase de vida, pois as mulheres podem apresentar dificuldades de lidar com as perdas inerentes a este momento de vida. A personalidade de Idgie, irreverente e corajosa, inspira Evelyn a olhar para as coisas de sua vida de uma nova maneira mais criativa. Socialmente, a função da velhice é de lembrar e dar expressão às suas lembranças, sendo o papel da memória valorizado entre os mais velhos, pois suas lembranças constituem patrimônio coletivo, expresso e revivido permanentemente no contato com novas gerações.  Durante o filme fica evidente a importância deste papel social, vemos mudanças significativas que ocorreram nas atitudes de Evelyn, em relação ao seu casamento, às pessoas e a si mesma.



sábado, 13 de novembro de 2010

A ressurreição de Adam

a ressureição de adam ASSUNTO
Experiência traumática, trauma de guerra, saúde mental, suporte
Adam (Jeff Goldblum) é um sujeito que caminha entre a genialidade e  a loucura, como forma de tratamento o personagem é encaminhado a um sanatório com outros pacientes que possuem algo em comum, todos ainda sofrem com as conseqüências do Holocausto. O roteiro potencializa um jogo entre o passado e o presente a fim de destrinchar uma experiência psicológica, transitando através de flashbacks pela vida de Adam durante o período da Alemanha nazista, como uma tentativa de complementar seu comportamento presente. Há, portanto, a idéia de juntar peças e mover a narrativa a partir do estado psicológico de Adam, um personagem instável cuja alegria de vida é sombra daquela que tinha antes do campo de concentração. Destaque para o menino, que ninguém foi capaz de ajudar, e, que começa a utilizar Adam como suporte, desenvolvendo uma relação de suporte mútuo.
SINOPSSE
Nos anos 20, Adam Stein era um homem feliz: marido atencioso, pai orgulhoso de duas filhas e estrela da cena vaudeville de Berlim. Um palhaço, um mágico, um homem do espetáculo. É enviado para a guerra e, para sobreviver nas mãos do sádico Klein, comandante do campo de concentração, é forçado a se comportar, literalmente, como um cachorro. Anos mais tarde, Adam vive com outros sobreviventes do Holocausto em um sanatório no meio do deserto em Israel, onde tenta aliviar a dor fazendo palhaçadas e truques de mágica. Até que um dia descobre um paciente cuja existência foi escondida dele: um menino de 12 anos que acredita ser um cachorro. O garoto não fala - late; não anda - rasteja com os braços e pernas. A raiva inicial de Adam logo se transforma em cuidado e preocupação. O menino, que ninguém foi capaz de ajudar, começa a utilizar Adam como suporte. E juntos os dois embarcam em uma dolorosa jornada de volta para a vida.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Elefante

elefante ASSUNTO
Adolescência, bullying, violência
A verdade é que o filme não fala sobre o fato ocorrido em Columbine High School. Isso é apenas um plano de fundo para explorar as relações, que são aparentemente superficiais, mostrando apenas um dia da vida desses jovens. E o que mostra, não é um massacre real, é um outro tipo de massacre, o psicológico, vê-se aqueles adolescentes recebendo criticas e sendo mal-tratados o tempo todo. Sendo chamados de “estranhos” por não estarem dentro dos padrões considerados “normais”, por não estarem inseridos em certos grupos. A visão vai além da artística, ou da critica e explora os sentimentos envolvidos no controverso mundo adolescente. A crueldade, falta de tolerância e respeito às diferenças tem um nome: BullyIng.
SINOPSE
2003 - Um dia aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia.
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Cuidado com meu guarda costas

cuidado com meu guarda costas ASSUNTO
Bullying, adolescência, amizade
Clássico absoluto da Sessão da Tarde, este filme permanece ainda hoje como um dos mais tocantes contos cinematográficos sobre a amizade e o universo escolar adolescente. O filme fala de “perdedores” e incompreendidos, atributos facilmente encontrados na adolescência. Trata-se um drama atemporal sobre bullying, a descoberta da amizade e um dos muitos ritos de passagem passíveis de ocorrer na adolescência.
SINOPSE
1980 - Clifford Peach (Chris Makepeace), um adolescente pacífico, está achando muito difícil se adaptar à sua nova escola, onde um valentão (Matt Dillon) aterroriza seus colegas de classe e extorque seu dinheiro para o lanche. Clifford recusa-se a pagar e contrata os serviços de um desajustado grandalhão, cuja simples presença intimida alunos e professores. Mas seu “relacionamento comercial” logo se torna pessoal, pois Clifford e o solitário brutamontes trabalham em aliança contra seus intimidadores… e nasce uma amizade especial entre eles. Ruth Gordon, Martin Mull, Joan Cusack e John Houseman completam “um elenco realmente memorável” (Variety) nesta deliciosa comédia sobre amadurecimento, que é também uma homenagem triunfal ao “perdedor”.
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bulliyng

bulying ASSUNTO
Relações familiares, sociais, bullying
  • Qual seria a conduta correta da escola para evitar o bullying sofrido por Jordy?
  • O que deveria ter feito a própria vítima para se proteger?
  • O que deveriam ter feito as testemunhas silenciosas que a tudo assistiam?
  • A família de Jordy agiu corretamente?
SINOPSE
Jordi é um garoto de 15 anos que recentemente perdeu o pai e, juntamente com sua mãe, decide mudar sua cidade para começar uma nova vida. E no princípio tudo parecia ir bem. Mas o destino vai reservar um choque, porque quando Jordi ultrapassar o limiar do novo instituto, que retoma, sem saber o transfronteiras escuro do inferno em si. E ele te convida para entrar, com um sorriso de refrigeração, é Nacho, um colega de classe, que apesar de sua idade agora pertence à raça dos que são alimentadas só o medo e a dor dos outros.
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O lenhador

o lenhador ASSUNTO
Pedofilia, inserção social, preconceito
(...)os fantasmas do seu “pecado” o perseguem no seu recomeço. (...) Precisava lidar com a sua “doença” e ao mesmo tempo lidar com as pressões sociais daqueles que esperavam que a qualquer momento Walter fosse cometer os mesmos erros. Considerado por todos um monstro, ele precisava estabelecer uma confiança acerca de suas potencialidades realizadoras e inatas. Durante todo o filme é perceptível a constante luta de Walter para se tornar uma pessoa “normal” que para ele era ser capaz “de olhar para menininhas, até conversar com elas, e não pensar em...” abusar delas. (...)crescimento em direção a completude só acontece quando se dá condições para isso, no caso do personagem do filme as condições não eram as mais propicias nem na sua relação com terapeuta, nem em suas relações sociais. Na pessoa da namorada Vicki surge a possibilidade de um recomeço e na efêmera relação existente entre ele e uma desconhecida menina ele percebe que tem sim capacidade de auto-construção. Essa cena é uma peça chave do filme, onde Walter demonstra profunda empatia pela menina que é abusada sexualmente pelo pai. Neste momento, percebe-se que ele pode sim deixar o papel de monstro (...) No que se refere à relação terapêutica estabelecida no filme, a personagem não encontra condições básicas (compreensão empática, consideração positiva incondicional, congruência, etc) para a reorganização de sua personalidade. O estado de congruência do terapeuta delimita uma maneira de ser da pessoa na relação.... Uma análise da psicologia humanista, clique aqui
SINOPSE
Depois de muitos anos recluso na prisão por conta de abuso a menores, ato violento e injustificável, Walter consegue a condicional. Após 12 anos na prisão por molestar garotas menores de idade, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num pequeno apartamento, que fica defronte de uma escola de ensino básico, que está cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho que promete não fazer nenhum julgamento dele. Porém ele não pode escapar do seu passado e, quando os colegas de trabalho descobrem, se mostram quase nada compreensivos.
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Bicho de 7 cabeças

bico de sete cabeças ASSUNTO
Saúde mental, luta antimanicomial, relações familiares
O filme aborda a grande polêmica do processo de socialização. Poderia ser o sistema penitenciário, poderia ser o exilo, a extradição, mas o foco é o sistema manicomial. Também relata a falta de informação de algumas pessoas sobre o uso de entorpecentes e a falta de diálogo entre pais e filhos. Pai e filho possuem um relacionamento difícil, com um vazio entre eles aumentando cada vez mais. A situação entre os dois atinge seu limite e Neto é enviado para um manicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema manicomial desumano. O filme denuncia a violência praticada contra os doentes mentais dentro dos hospitais psiquiátricos, além de reivindicar mudanças rápidas no campo da saúde mental, além de escancarar a política de fabricação da loucura e o tratamento do louco através de práticas desumanas e violentas, como o eletrochoque e a aplicação de doses maciças de medicamentos. Outro recado importante que é dado no filme é tentar (eu sei que é difícil) não enxergar os doentes como doentes. No fundo eles apenas desviam do padrão estabelecido pela sociedade.

SINOPSE
Uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um jovem de classe media baixa que leva uma vida comum até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um cigarro de maconha em seu bolso. O fato é a gota dágua que deflagra a tragédia na família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, com pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai, como pichar muros e usar brincos. A falta de entendimento leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle sobre o filho vira o amor do avesso. No manicômio, Neto conhece uma realidade absurda e desumana, onde os internos são devorados por um sistema corrupto e cruel. A linguagem de documentário utilizada pela diretora empresta ao filme uma forte sensação de realidade, aumentando ainda mais o impacto das emoções vividas pelo protagonista.
A história foi baseada em fatos reais vividos por Austregésilo Carrano Bueno. Até os 20 anos, ele foi internado em várias instituições psiquiátricas, sempre tendo todos os seus direitos desrespeitados. Austry passou dias e dias amarrado à cama ou trancafiado em cubículos escuros e imundos, semelhantes às solitárias das penitenciárias.
“Este filme é duro, chocante, cruel. Duro porque apresenta a realidade dos hospícios manicomiais com uma transparência que parece de documentário e não de filme; chocante porque os espectadores no mini cinema de um shopping ficaram sofrendo o impacto "da medicina manicomial", e cruel porque as cenas de violência desumana em nome de um tratamento psiquiátrico mostravam sem alegorias ou metáforas como o homem pode ser o lobo do homem.” Leia mais clicando aqui
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Garotas do ABC

 garotas do abc ASSUNTO
Transtorno Dissociativo, preconceito, homofobia, relações afetivas e sociais
Fábio vive a contradição de namorar uma jovem negra, que é apelidada de Schwarzenega pela admiração que dedica ao astro austro-americano Arnold. Entre as demais personagens femininas, algumas se destacam: a operária Paula Nélson, que é assediada por um líder sindical, ao mesmo tempo em que tenta manter a harmonia entre as meninas da fábrica; Antuérpia, que aos 38 anos tenta iniciar-se na profissão de tecelã; e a casta Suzana, apaixonada pelo patrão. Ela parece sentir prazer com os pequenos acidentes de trabalho que sofre e deixam marcas em seu corpo, além de garantir um bom dinheiro a título de indenização. Entre os protagonistas masculinos o mais desprezível é Salesiano de Carvalho, o líder dos neonazistas e mentor intelectual da série de atentados que eles praticam contra nordestinos e negros.
“O grande mérito na engenharia poética deste grande filme brasileiro é unir o particular ao coletivo, o familiar ao social, o afetivo-sexual ao político...” em Cinema terra
 
SINOPSE
No ABC de São Paulo, região de fábricas têxteis e metalúrgicas, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. Entre elas, destaca-se Aurélia, operária negra, bela e atrevida. Aurélia (Michele Valle), namora Fábio Tavares (Fernando Pavão), um fisiculturista do ABC, com quem sonha em se casar um dia. O rapaz está cada dia mais se envolvendo com um grupo racista da região e gradativamente começa a participar de manifestações violentas contra nordestinos, homossexuais e negros.
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida secreta das palavras


a v sec das palav

ASSUNTO


Segredos – Violência, solidão, deficiência auditiva, relação cuidador e cuidado, abuso. estupro

SINOPSE

A Vida Secreta das Palavras conta a história de Hanna, uma mulher solitária e com um passado misterioso. Funcionária exemplar, ela é obrigada a tirar férias. Numa plataforma petrolífera onde só trabalham homens, num lugar isolado no meio do mar, houve um acidente. Sem ter o que fazer e nem para onde ir, Hanna é voluntária para cuidar de Josef, um homem que ficou temporariamente cego. Hannah é introvertida, solitária e parcialmente surda. Entre eles cria-se uma estranha intimidade que se vai aprofundando, laços cheios de segredos, verdades, mentiras, humor e dor que mudarão as suas vidas para sempre.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
É um filme sobre a solidão, sobrevivência, sobre a (in)capacidade de seguir em frente. O passado de Hanna não é revelado no início do filme, não há uma só informação sobre ela, além de seu sotaque do leste europeu e a necessidade de uso de um aparelho de surdez (que é desligado quando ela quer ficar sozinha). Hanna não falta ao trabalho, não se relaciona com os colegas e come todos os dias arroz, frango e maçãs. Mas essa vida sem sal, sem sabores (a culinária, não por acaso, será uma grande metáfora adiante), esconde um segredo, que demora a ser revelado, mas é catártico. 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Preciosa

preciosa ASSUNTO
Racismo, pobreza, injustiça social, violência doméstica, abuso sexual, boderline
O filme é um drama pesado e realista, provavelmente não vai agradar a todos. Não é o tipo de filme que você sai leve do cinema; não, é o tipo de filme que, ao terminar a sessão, você sente que levou um soco no estômago. Preciosa é negra, pobre, morbidamente obesa e disléxica. Adolescente, é maltratada pela mãe, que passa o dia inteiro vendo TV, dependendo da caridade do governo e pouco se importando com a filha, a não ser para manter o seu benefício. Precious é fechada, sem amigos, sendo que seu único escape são alguns sonhos/devaneios, onde ela é famosa, tem um namorado branco e rico, etc. Algumas cenas no filme demonstram a fuga da realidade, um mecanismo de defesa que nega acontecimentos tão traumáticos. Com olhar perdido, voz marcante e ar de quem não sabe o que está fazendo neste mundo, a garota dá à sua personagem um incrível senso de alienação que mais tarde perceberemos não ser exatamente um descaso diante da vida, mas sim um escudo, uma crosta criada pelas feridas do mundo. No decorrer da trama, seu personagem cresce, ganha autoestima. E, nos momentos de sonho, a atriz se transmuta totalmente. Vira outra, bem diante dos nossos olhos. Ao resignificar a sua vida ela conseguiu não naturalizar a violência que sofria, a professora teve uma escuta ativa e a amou, sentimento esse nunca vivenciado por ela. O amor de pais nunca teve, o que teve no lugar deste amor nunca caracterizou algo de bom para Preciosa. Sua mãe com características boderline, traços característicos de psicose, é um destaque.
SINOPSE
Ela tem 16 anos, é uma gorda com obesidade mórbida e negra. Mora no Harlem. Seu pai lhe engravidou duas vezes, na 2ª gravidez é expulsa da escola que não lhe ensinou a escrever nem a se comunicar. Teve sua primeira filha aos 12 anos, ela é chamada de “Mongo” em referência à Síndrome de Donwn da qual é portadora, a criança é criada pela avó. Sua mãe é algo que só vendo para saber, mas recebe os cheques da Assistência Social. Ela sonha ter um namorado mas os meninos a odeiam. Sua vida é um inferno e algo acontece quando vai para uma escola alternativa onde conhece Blu Rain (Paula Patton). Além das estrelas Mariah Carey despida do invólucro de diva glamurosa, de um belo Lenny Kravitz e do show de falta de humor daquela que aprendemos a ver fazendo humor, Mo’Nique (Mary, a mãe infeliz de tanta infelicidade) temos muito o que perceber neste longa de temas indigestos e baseado em história real.
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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cama de gato

cama de gato ASSUNTO
Abuso sexual, violência

O filme é uma produção nacional que tratou especificamente das questões de jovens brasileiros. Narrada como perdida, "metida" em uma espécie de vácuo de valores e referências, a juventude retratada no filme ilustra a dificuldade dos jovens da atualidade em encarregar-se dos efeitos de seus atos. As experiências mostradas seguem um ritmo alucinado, no qual parece não sobrar muito espaço para a reflexão, tampouco para o silêncio. Em nome do prazer e da diversão - fala que se repete ao longo do filme, - o trio de calouros universitários comete atos cujos efeitos são realmente fatais.
SINOPSE
O filme retrata a vida de três amigos, colegas do colegial de uma escola particular de São Paulo. Representantes da classe média-alta, estes garotos vivem dilemas próprios da juventude dos anos 90: a necessidade de se divertir, aliada a uma preocupação de se estabelecer em uma sociedade baseada na economia global que oferece cada vez menos oportunidades e onde a crescente desigualdade social aparece como consequência natural do sistema. A diversão confunde-se com a violência. Na tentativa de se divertirem a "qualquer custo", acabam matando pessoas e passam a tentar encobrir os crimes sem deixar nenhuma pista que possa envolvê-los nos assassinatos. Quanto mais eles tentam resolver os problemas que criaram, mais eles se complicam. Porém, o limite entre complicação e diversão torna-se bastante tênue.

À Procura de Mr. Goodbar

a procura de mr gooldbar ASSUNTO
Deficiencia auditiva, compulsão sexual
O filme é baseado na história real de uma professora de deficientes auditivos, uma mulher reprimida sexualmente que de dia dá aulas como professora de crianças surdas, e à noite procura o prazer nos braços de homens desconhecidos. A procura de Mr. Goodbar mostra o lado mais escuro de encontros ocasionais em busca de sexo. Nem sempre os compulsivos sexuais conseguem manter o anonimato, já que têm um problema que pode atingir qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo ou classe social. Pode acontecer com engenheiros, advogados, comerciantes, desempregados, médicos, professores e até artistas famosos e presidentes. Um dos exemplos mais ilustrativos de que não há pistas para identificar um compulsivo sexual na rua é o caso da dedicada professora primária Roseann Quinn,  americana de 28 anos que inspirou o drama. Durante o dia, a fervorosa católica dava aula para crianças surdas, e era considerada um modelo de bom comportamento. A noite, a moça assumia sua compulsão por sexo, frequentando bares de Nova York em busca de parceiros. Voltava para casa sempre acompanhada de um homem diferente, um dos quais seria o responsável por seu trágico assassinato. O caso chocou os Estados Unidos, na década de 70, e serviu de inspiração para o enredo de um livro e filme de mesmo título.

SINOPSE
Baseado no best seller de Judith Rossner, "A procura de Mr. Goodbar" tem como atriz principal Diane Keaton, que faz o papel de uma mulher reprimida sexualmente. O romance foi baseado num fato real. "Mr. Goodbar" era o nome de um bar, em Nova York, no qual Roseann Quinn, professora irlandesa de 28 anos, encontrou seu último cliente. Ela morava sozinha no apartamento em que foi brutalmente assassinada. Trabalhava de dia numa escola de surdos e à noite saía com homens que encontrava em antros de perdição, levando uma vida de desespero existencial, que desembocava nos habituais exageros de álcool, drogas e sexo sem sentido. Pela noite, a comportada professora de surdos Theresa vira uma caçadora e satisfaz seus desejos com os mais diferentes homens que encontra pelos single bars da cidade. Na vida profissional, a professora Theresa é reconhecida pelos seus trabalhos com crianças deficientes auditivas. Já sua vida sentimental não está nada bem, principalmente depois de dois relacionamentos problemáticos consecutivos. Sem rumo, se envolve nas perigosas e agitadas noites da cidade. O filme conta o longo declínio auto-destrutivo de Theresa Dunn, Já perto do final, há uma revelação que tenta justificar o comportamento negativo de Theresa diante da vida.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O menino de pijama listrado

o menino de pij list ASSUNTO
Inocência, guerra, amizade, infância, preconceito.
O filme mostra, de maneira emocionante, duas realidades destoantes, vivenciada na Alemanha Nazista, na época da segunda guerra. Bruno, menino puro, de oito anos de idade, filho de um oficial nazista, muda-se com a família para uma nova casa, próxima a um campo de concentração e ali acontece toda a trama. O garoto não consegue entender o ódio que sua nação sente pelos judeus, apesar de toda uma educação que tentava convencê-lo de que isso era adequado e necessário. O filme mostra três lados, o do ódio dos alemães contra os judeus, a inocência da infância que não consegue assimilar a lógica dos adultos e o de alemães que desconheciam ou eram contra os verdadeiro horrores cometidos no campo de concentração. O menino do pijama listrado’ é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
SINOPSE
Drama, 2008Um filme sensível, emocionante e triste. Bruno, de oito anos de idade, é o filho protegido de um oficial nazista cuja promoção leva toda família a deixar sua confortável casa em Berlim para seguir para uma área desolada onde o menino solitário não tem o que fazer e nem com quem brincar. Muito entediado e movido pela curiosidade, Bruno ignora as insistentes recomendações da mãe de não explorar o jardim dos fundos e segue para a fazenda que ele viu a certa distância. Lá ele encontra Shmuel, um menino da sua idade que vive uma existência paralela e diferente do outro lado da cerca de arame farpado. O encontro de Bruno com o menino do pijama listrado o leva da inocência a uma profunda reflexão sobre o mundo adulto ao seu redor conforme seus encontros com Shmuel se transformam em uma amizade com conseqüências devastadoras.
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