quarta-feira, 2 de abril de 2014

Azul é a cor mais quente

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ASSUNTO

Adolescência, sexualidade, relações afetivas e sociais.

SINOPSE

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO EXPLÍCITO! Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

“A vida de Adèle” seria a tradução literal, mas ficou no Brasil com o título  AZUL É A COR MAIS QUENTE, possivelmente pelo destaque da cor em toda obra. O azul tinge desde os “cabelos da liberdade” do primeiro amor até roupas e cenários. Para além da polêmica cena de sexo, “explícito” ou “autêntico”, o drama nos convida a acompanhar a trajetória de Adèle e os desafios durante seu processo de amadurecimento. Aos 15 anos, a menina se encontra em fase de descobertas, grandes e pequenas, simples e confusas, individuais e sociais. Sem saber ao certo o que quer, o momento é de experimentar o mundo. Acompanhamos a adolescente em seu caminho para a escola, após ter perdido o ônibus. Na escola, aula de literatura tem  a discussão sobre um romance que fala de encontro, amor à primeira vista e primeiro amor. A cena registra as reações previsíveis dos alunos em fase de transformação. Adèle se mostra como qualquer adolescente, não há maquiagem ou se revela heroína com “exemplo” de bom comportamento. Ao contrário, seja na mesa ou no quarto, ela se mostra natural, comum, humanamente adolescente: lambendo faca, mastigando ou dormindo de boca aberta. Aliás, é importante notar como a protagonista aguça seus sentidos em cada experiência, nos convidando a “provar” com ela as novidades do mundo. Os close-ups de rostos e corpos nos aproximam bastante da intimidade da personagem. Podemos também sentir suas angústias, dúvidas e frustrações . Na escola, as amigas sinalizam sobre o “gatinho” que está atraído por ela.  É outro aspecto interessante da trama, pois descreve bem o lugar do “grupo” na vida do adolescente, a necessidade de pertencimento,“integração”, de ser aceito, de sentir-se parte do “grupo”. Ainda sem grande entusiasmo, ela “aceita” o acaso que a aproxima do menino. Apesar dos diferentes gostos, ela flerta com ele e até combina de voltar a vê-lo. No dia do reencontro, a menina vive um momento semelhante ao que fora descrito no romance discutido em aula, só que não acontece com o rapaz. Ainda à caminho, ela se depara com  o inesperado e atraente tom azul dos cabelos de Emma. A atração é instantânea e, tal qual no romance, ambas olham para trás,  atraídas por uma força inexplicável.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Qual é o nome do bebê?

ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, segredo, Casal e família e preconceito.
SINOPSE
Com mais de quarenta anos de idade, Vincent (Patrick Bruel) vai ser pai pela primeira vez. Radiante, ele é convidado pela irmã e o cunhado para jantar, em companhia de sua esposa e de um amigo de infância. Enquanto a esposa não chega, os amigos começam a fazer perguntas sobre a paternidade, até chegar à inevitável questão sobre o nome do bebê. Quando Vincent finalmente anuncia o nome escolhido, o caos se instala na família.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme foi indicado por Jeff, seguidor da página do “Facebook”, na ocasião em que eu fazia comentários sobre o longa “Álbum de família”. De fato, a recomendação foi uma grata surpresa. Tal qual “O Deus da Carnificina”, ele foi inspirado numa peça de teatro e também discute conflitos das relações afetivas, revelando aspectos constrangedores da “natureza humana”. Embora o outro seja um filme mais denso e aprofundado, confesso que gostei muito mais de QUAL É O NOME DO BEBÊ (Le Prénom), principalmente por sua leveza e bom humor, que não deixam de provocar sérias reflexões. Em Portugal, o título foi traduzido para “O nome da discórdia”, por sinal bastante apropriado. O assunto é pertinente e bastante considerado pela psicologia devido à importância do nome na consituição do ser. O “significado do nome”, “quem escolheu”, “como foi escolhido” e “o que inspirou tal escolha” podem ser parte significativa do processo terapêutico, pois se revela como boa ferramenta de apropriação identidade. Confesso que hesitei, antes de considerar os conflitos apresentados como “familiares”. Principalmente, por conta do amigo de infância fazer parte do encontro. Entretanto,  já que novas configurações familiares estão considerando  “agregados” como parte efetiva no sistema familiar, assim também o consideramos, pois ele foi acolhido desde a infância no seio familiar. Além disso, o desenrolar da trama revelará um segredo que só o confirmará como membro. Não, não posso contar o segredo, mesmo porque muita água vai passar por baixo dessa ponte antes desta revelação. Então, o jantar é na casa da professora Babu (Elisabeth), mãe, dona de casa e esposa do professor Pierre, intelectual engajado no meio acadêmico, que é sempre convidado a fazer palestras. Os primeiros a chegar são: Claude, o músico “agregado”, e Vincent, o irmão quarentão de Babu, que é casado com Anna. Logo, eles iniciam um diálogo ameno, recheado de brincadeiras íntimas, aquelas tão comuns nos meios familiares.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Álbum de família

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Relações familiares, segredo, alcoolismo, suicídio, câncer, dependência química, adultério, pedofilia, divórcio e incesto.
SINOPSE
Barbara (Julia Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliette Lewis) são três irmãs que são obrigadas a voltar para casa e cuidar da mãe viciada em medicamentos e com câncer (Meryl Streep), após o desaparecimento do pai delas (Sam Shepard). O encontro provoca diversos conflitos e mostra que nenhum segredo estará protegido. Enquanto tenta lidar com a mãe, Barbara ainda terá que conviver com os problemas pessoais, com difíceis relações com o ex-marido (Ewan McGregor) e com a filha adolescente (Abigail Breslin).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Que família é essa? Pergunta apropriada diante do encontro com personagens tão densos. Beverly é o pai, um professor, escritor aposentado e alcoólatra. Sua mulher é Violet, portadora de câncer, ela é viciada em medicamentos e tem a língua bastante afiada. De acordo com o próprio marido, o câncer na boca é uma ironia, tendo em vista a quantidade de veneno destilado por ela. Somos apresentados a ambos, no momento em que o mesmo contrata a índia Johnna, nos fazendo crer que seria para cuidar da casa e de Violet, devido à doença. O diálogo ilustra bem o quanto agressões verbais estão naturalizadas no convívio do casal. Violet já dá pistas sobre suas crenças, valores e sua forma de enfrentar não só a doença, mas também o envelhecimento. Ivy é a filha que está próxima, suportando o mau humor, a indiferença e o veneno mãe, que deixa clara a sua preferência pela filha Bárbara. A irmã tagarela de Violet é Mattie Fae, esposa autoritária de Charlie, um sujeito tranquilo, que de acordo com a cunhada, suporta há anos a esposa devido a quantidade de maconha que consome. O “pequeno Charles” é o filho do casal, que apesar de claramente desconsiderado pela mãe, conta com apoio e proteção do pai. Barb chega com Bill, pai da filha adolescente do casal. Logo, percebemos que há algo errado, também, na relação deste casal. Em repetidos momentos, Violet expressa seu incômodo com o distanciamento da família, principalmente em relação à Bárbara, que é considerada a “preferida” do pai. A batalha cruel de Violet tem munição de “culpa” suficiente para atingir Barb, que por sua vez, enfrenta a mãe de forma bem semelhante. Há cobranças de ambos os lados, embora Violet seja a que sempre cobra de todos de forma cínica, agressiva e cruel. O desaparecimento de Beverly promove o reencontro da maior parte dos familiares, só incluindo a filha Karen e seu atual parceiro após a morte do patriarca. Após o funeral, “pequeno Charles” se une a família, num jantar de luto. Aí, então, começam a emergir muitos conflitos familiares, entre segredos e revelações que irão tornar o jantar de funeral um verdadeiro caos.

sexta-feira, 14 de março de 2014

ELA (Her)

 
clip_image001ASSUNTO
Depressão, solidão, sexualidade, relações afetivas, sociais e virtuais.
SINOPSE
Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador. Para a sua surpresa, ele acaba se apaixonando pela voz deste programa informático, dando início a uma relação amorosa entre ambos. Esta história de amor incomum explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Dia desses, eu assisti uma cena que me incomodou bastante. Estava numa festa de família, quando vi dois sobrinhos, sentados na mesma mesa, cada um digitando em seu próprio celular. Eles têm poucas oportunidades de se encontrarem, são da mesma geração, e, no lugar de aproveitarem o momento para trocar ideias, fazerem contato real, o faziam através do celular. Pasmem, estavam falando um com o outro através do teclado, quando podiam fazê-lo ao vivo! Em outra ocasião, decidi dar um jogo chamado “Imagem em ação” para minha afilhada. Contei para ela o quanto o jogo promoveu momentos agradáveis entre amigos em diversas ocasiões. Ela me respondeu que não teria como usar, pois seus amigos gostam de jogos eletrônicos, não teria com quem brincar. Fiquei triste com isso. Dentro do consultório, vejo repetidamente o quanto às relações virtuais estão promovendo aproximações e afastamentos, muitas vezes causando patologias peculiares à nova geração. Não, não sou contra o avanço tecnológico, mas tenho receio que os contatos virtuais possam produzir maior afastamento entre as pessoas, e, novas patologias possam surgir.  Nossas relações afetivas, familiares, sociais estão em transformação. E, o papel toda tecnologia nessa transição está se tornando protagonista. Não há dúvida que a tecnologia promove avanços inimagináveis. Mas, qual o limite entre benefícios e malefícios promovidos por esta nova forma de relação? ELA (HER) é um filme extremamente atual, pois exibe uma discussão profunda sobre as relações humanas, sobre o vazio existencial e a solidão do mundo pós-moderno. O filme promove diversas reflexões e abre espaço para uma questões bastante necessárias.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Philomena

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, pecado-religião, perdas, história, adoção ilegal, homossexualidade, sexualidade, segredo.
SINOPSE
Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Qualquer estilo de arte tem em sua construção algo do próprio autor, assim como aquele que entra em contato com a obra projeta seus conteúdos em sua forma de percebê-la. Assim, o encontro com a arte nos convida a produzir novos sentidos a cada momento. Há algum tempo, ando refletindo bastante sobre nossos “encontros autênticos” e sua importância, seja com a arte ou com as pessoas. De fato, estas formas de contatar nos permitem afetar e ser afetado. Quanto maior a diferença, maior a possibilidade de trocas que poderão transformar os envolvidos. Philomena é um filme que ilustra bem o fato. O encontro da religiosa e gentil senhora com o jornalista cético, de temperamento explosivo, irão de fato afetar a ambos em suas formas de funcionar no mundo. Philomena, apesar do sofrimento, manteve sua fé e ingenuidade, sem em nenhum momento parecer tola. Sua doçura contrasta com o humor seco e arrogante de Martin, o que não permite que a trama atinja um tom melodramático. Philomena dará a Martin uma grandiosa história jornalística e Martin proporcionará a Philomena o conhecimento que lhe falta. Ele é ateu, cético, sarcástico, irônico. Ela é religiosa, e, mesmo tendo motivos para questionar a igreja, não larga em momento algum sua crença; é ingênua, aparenta inocência, mas é guerreira e possui uma capacidade enorme de compreensão de mundo.

quarta-feira, 12 de março de 2014

A menina que roubava livros

 
clip_image001ASSUNTO
Guerra, preconceito, racismo, violência, perdas, resiliência, luto, arte, solidariedade, vida e morte.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para além do registro sobre as crueldades do Nazismo, o filme nos convida a testemunhar um belo exemplo de resiliência. Sim, Liesel é um modelo perfeito para a compreensão deste conceito que nos é tão caro em psicologia. O termo resiliência refere-se à capacidade dos indivíduos para superar os períodos de dor emocional e adversidades. Na abordagem Gestáltica, entendemos a resiliência como a capacidade do indivíduo realizar ajustamentos criativos funcionais diante de situações adversas. A arte de superar, que transforma adversidades em oportunidades, parece ser dominada pela menina. Sua trajetória está repleta de situações adversas que são superadas, na maior parte das vezes, usando os livros como suporte para realização de seus ajustes criativos. Curiosamente, somos apresentados a Liesel pela morte, que narra à árdua jornada da menina de forma surpreendentemente simpática. O primeiro livro cruza seu caminho em momento de extrema dor, durante o breve enterro de seu irmão caçula. Ainda sem compreensão sobre a leitura, ela percebe quando o coveiro deixa o livro cair na neve. Antes mesmo de compreender o significado daquelas letras, ela rouba e atribui um sentido ao objeto, que se revela como único vínculo com a sua família.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A vida secreta de Walter Mitty

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares, auto conhecimento, autoestima, fobia social, relações virtuais, espaço e tempo (aqui e agora).
SINOPSE
Walter Mitty (Ben Stiller) é o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias da tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples, perdido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O'Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O problema é que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última edição da revista. É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é obrigado a embarcar em uma verdadeira aventura.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Uma cliente adolescente já tinha comentado sobre o desejo de assistir ao filme, consegui uma versão dublada e guardei. Recentemente, uma colega renomada o indicou também, tive que verificar. A princípio, o filme aparenta ser uma daquelas comédias “sem noção”, apenas mais um besteirol americano. Entretanto, os mais sensíveis poderão perceber a riqueza da trama. Diversos olhares se tornam possíveis diante da experiência. Para alguns, o filme pode ser sobre o Universo particular de alguém com dificuldade em se relacionar, que tem uma rotina metódica e que encontra na fantasia algum tipo de compensação. Para outros, o foco pode estar na necessidade de qualquer ser humano de dar asas à própria imaginação, de criar situações, de viver aventuras, de se permitir, ou seja, de agir no lugar de pensar. Pode também ser apontado como uma comédia dramática a respeito de crises existenciais dos novos tempos, que englobam o tempo ou a falta dele, o espaço real ou virtual, as relações familiares e sociais. Fato é que o filme parte de um momento de crise, sim, para acompanhar o processo de autoconhecimento de nosso anti-herói. A vida secreta dele é também a de cada um de nós, quando escolhemos nos refugiar em pensamentos, no lugar de sentir a vida no momento que ela acontece.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Última Viagem a Vegas

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Psicologia do desenvolvimento, terceira idade, amizade, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Billy (Michael Douglas), Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgan Freeman) e Sam (Kevin Kline) são amigos desde a infância e hoje são senhores de idade. Quando Billy, o solteirão do grupo, decide enfim pedir em casamento sua namorada de trinta e poucos anos, ele e os amigos resolvem viajar até Las Vegas para reviver a juventude e curtir uma tremenda despedida de solteiro. O que eles não imaginavam é que a Las Vegas atual seria bem diferente da cidade que eles conheceram décadas atrás.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não é novidade a recente enxurrada de filmes com foco em personagens da “terceira idade” ou “Idade adulta”. Não é por menos, o aumento significativo da população de idosos vem compondo um público alvo cada vez maior. Em “Última Viagem a Vegas” o olhar é mais leve, e, vem trazendo uma versão simpática e divertida de um reencontro de velhos amigos. Uma das grandes sacadas do filme é a sede de viver que cada qual traz consigo. Tal viagem os oportuniza o resgate daquela juventude que habita no interior deles. Ainda que o corpo não acompanhe, logo fica claro que, no íntimo, todos permanecem jovens. O processo de envelhecimento não é encarado da mesma forma, o que fica evidente no filme.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Lola contra o mundo

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ASSUNTO
Relações afetivas, término da relação amorosa, autodescoberta.

SINOPSE
Lola tem 29 anos e está prestes a se casar com Luke. No entanto, três semanas antes de seu casamento, Luke termina tudo, o que deixa Lola devastada. Agora, ela deve se reerguer e partir em busca de sua felicidade, mas isso não será nada fácil.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Eu sei que a mudança é inevitável, mas se eu não quiser que as coisas mudem? E se eu gostar da minha vida do jeito que ela é?”. Assim Lola afirma ao completar 29 anos. Como tantas outras, há o desejo de manter o status quo. O medo do desconhecido ou apenas a vontade de eternizar um momento especial fazem com que vislumbremos a possibilidade de fazer o momento presente eterno, ainda que já tenha se tornado passado. Vida é sinônimo de transformação, se apegar ao passado não evita mudanças, elas de fato são inevitáveis. Logo de início percebemos que a protagonista não é uma personagem de conto de fadas, Lola é bem real, imperfeita, humana. Não é difícil se identificar com ela em diversos momentos, pois a “mocinha” sai de seu eixo e comete erros como qualquer ser humano. Seu mundo desaba quando o noivo rompe o compromisso às vésperas do matrimônio. O suporte dos amigos parece não ser suficiente, a dor é sua, de mais ninguém. Dormir, beber ou comer demais, ficar sem ar, se afastar do ex e ao mesmo tempo tentar saber tudo sobre ele, buscá-lo, investir energia em novos projetos ou “chutar o balde” são comportamentos ambíguos que tornam Lola humanamente real.

12 Anos de escravidão

 
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Preconceito racial, relações afetivas, familiares e sociais, violência, abuso físico e psicológico, período nebuloso da história americana, luta por direitos básicos.
SINOPSE
12 Anos de Escravidão é um filme baseado na inacreditável e verdadeira história de um homem que luta por sobrevivência e liberdade. Na época pré-Guerra Civil dos Estados Unidos, Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um homem negro livre do norte de Nova York, é sequestrado e vendido como escravo. Diante da crueldade (personificada por um dono de escravos desumano, interpretado por Michael Fassbender) e de gentilezas inesperadas, Solomon luta não só para se manter vivo, mas também para manter sua dignidade. No décimo segundo ano de sua odisseia inesquecível, Solomon encontra casualmente com um abolicionista canadense (Brad Pitt), que muda sua vida para sempre.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Mais do que apenas um absurdo da trajetória humana, a escravidão foi um período obscuro que revelou aquilo que há de mais desumano no homem: seu nível de crueldade. A ilusão de ser superior ao seu semelhante (ou seria a de sentir-se ameaçado pela diferença que não compreende?) fez e ainda faz o homem agir de forma violenta e ultrajante com a própria espécie. O filme conta a história de um e de muitos, pois retrata o que muitos negros vivenciaram durante a escravidão, fosse na América ou no Brasil. Infelizmente, a violência, a humilhação, a dor física e psicológica sofrida por eles não foram apenas parte obscura de  História deixada no passado. Este e utros tipos de preconceitos continuam a suscitar ações violentas que são estampadas regularmente em jornais. Na trama, acompanhamos a história de um homem livre, negro, que após ter constituído família e alcançado certa estabilidade social, é sequestrado e forçado a abrir mão da própria identidade. Solomon recebe uma proposta de trabalho como violinista e aceita viajar para Washington por alguns dias, para se apresentar junto a um grupo, o que promete um bom retorno financeiro. Logo, nos deparamos com a mudança drástica ocorrida em cena, acontece da noite para o dia. De noite, o clima era de comemoração pelo possível sucesso dos shows. De manhã, as correntes que prendem o violinista revelam outra atmosfera. Trata-se do tráfico humano, que é executado da forma mais ultrajante possível. Preso, espancado e humilhado, ele é transportado para o sul, para onde será contrabandeado (No sula escravidão ainda era uma realidade) e vendido para trabalhar em plantações. Atente para o fato que sua identidade precisa ser trocada, ele então é transformado de forma cruel em Pratt. A partir de então, acompanhamos cenas que chocam e partem o coração de qualquer pessoa.

Canção para Marion

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Relações afetivas e familiares, paciente terminal, luto e conflitos relacionais entre pai e filho.
SINOPSE
Arthur é mal humorado, rabugento e de poucos amigos. Sua esposa, Marion, apesar de ser doente terminal, é o oposto: está sempre bem humorada, de bem com a vida e cercada de amigos que a adoram. Ele e o filho têm problemas de comunicação, o que preocupa a esposa, que tenta aproximá-los antes de partir. Marion faz parte de um coro que é pouco convencional, o marido discorda de sua participação, pois o considera como ameaça a sua saúde.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já existem alguns filmes que discutem as relações familiares no momento de perda de um de seus membros. Atendendo ao pedido de nossa colega Denise Chagas, assisti ao drama. Neste, falamos de Marion, uma mulher vibrante que apesar de estar em fase terminal de câncer, esbanja energia. Seu amor pela vida fica evidenciado em cada esforço que faz para compartilhar do coro com os amigos. Seu marido, ao contrário, faz questão de se isolar ou exibir seu mau humor a qualquer momento. No entanto, quando cuida de Marion, ele exibe sua capacidade cuidar, sendo amoroso e carinhoso com ela. Já com o filho e com os amigos de Marion a coisa é diferente, ele é seco e muitas vezes ríspido. Seu comportamento pode sugerir a presença de ciúmes, melhor dizendo, da necessidade que ele tem de possuir o máximo da esposa antes de sua partida. A relação deles já é tão antiga que ambos se misturam no mundo. O tempo de convivência o fez esquecer-se de boa parte de si. Ele não sabe como funcionar sem ela e seu processo de luto o torna ainda menos tolerante.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O mordomo da casa Branca

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Relações sociais, afetivas e familiares, preconceito racial.
SINOPSE
1926, Macon, Estados Unidos. O jovem Cecil Gaine (nome verdadeiro: Eugene) vê seu pai ser morto sem piedade por Thomas Westfall, após estuprar a mãe do garoto. Percebendo o desespero do jovem e a gravidade do ato do filho, Annabeth Westfall decide transformá-lo em um criado de casa, ensinando-lhe boas maneiras e como servir os convidados. Ele cresce e passa a trabalhar em um hotel ao deixar a fazenda onde cresceu. Sua vida dá uma grande guinada quando tem a oportunidade de trabalhar na Casa Branca, servindo o presidente do país, políticos e convidados que vão ao local. Entretanto, as exigências do trabalho causam problemas com Gloria, a esposa de Eugene, e também com seu filho Louis, que não aceita a passividade do pai diante dos maus tratos recebidos pelos negros nos Estados Unidos.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Nosso mundo é o mundo construído com nossas experiências, assim compreendemos a vida conforme a realidade que nos circunda desde o nascimento. Nos primeiros anos, pouco sabemos sobre o que há fora de nosso Universo particular. Ainda sem termos capacidade de questionar qualquer verdade, aprendemos a partir de nossas primeiras relações. Entendemos como verdade alguns destes aprendizados de nossa infância. Nem sempre sabemos o porquê, apenas o sabemos. Cecil nasce em uma época em que a exploração e humilhação dos negros é uma realidade cruel. Ele aprende muito cedo a diferença entre negros e brancos, e vai descobrindo aos poucos sua forma de ter uma vida digna dentro das possibilidades conhecidas. Bem cedo, ao assistir ao assassinato de seu pai, aprendeu que para sobreviver era preciso estar em outro lugar. O menino aprende a não ter voz, a existir de forma invisível no mundo dos brancos, pronto a servir sem ser notado. Desta forma, ele consegue construir uma família, tendo em sua casa outra identidade. Além de pai é marido, tem voz ativa e nunca, de modo algum, mistura os dois Universos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Blue Jasmine

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares, autoestima, neurose, transtornos mentais, crise financeira, crise existencial.
SINOPSE
Uma mulher rica (Cate Blanchett) perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins), em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem (Alec Baldwin) na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de azul, a palavra "blue" significa melancólico, deprimido no inglês. O nome do filme também acaba sendo uma referência à música "Blue Moon", tocada diversas vezes durante a obra, seja para marcar situações de ostentação, seja para mostrar o quão diferente está a vida de Jasmine. O drama, como tantos outros de Woody Allen, brinca com alguns dos conflitos puramente humanos. Claro, brincadeira é coisa séria, quando falamos do diretor. Assim, questões financeiras, problemas nas relações familiares, afetivas, sociais ou questões de autoestima estão presentes no longa. Do ponto de vista social, o filme expõe uma realidade recente, pois devido à crise financeira, muitos, especuladores ou não, perderam posição sua social na última década. Diante de obras como esta, fica difícil focar em apenas um aspecto do que é exposto na trama. O filme é provocador, não há dúvida. Loucura e neurose, verdades e mentiras, Ser e Ter... Quantas realidades cabem numa vida?