ASSUNTO
Pedofilia, pré-julgamento, relação terapêutica, familiar e social, psicoterapia, investigação psicológicas, calúnia, sexualidade
SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos
2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.
2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Difícil,
angustiante, porque não dizer, dilacerante. O tema central do filme é um
assunto delicado, difícil e desconfortável, a possibilidade de pedofilia. Assunto que causa
revolta, inconformismo, prejuízos incalculáveis para os envolvidos. Entretanto,
nem sempre a acusação de pedofilia é verídica. Difícil ser imparcial num
processo semelhante, que pode promover reações imprevisíveis. A trama foca numa
acusação inocente, sem bases consistentes, mas é o suficiente para marcar a
vida do acusado e despertar reações psicológicas, físicas e emocionais
incontroláveis em seu entorno. Sim, é doloroso se colocar no lugar do professor
acusado injustamente. É impressionante assistir o processo que transforma a sua
vida, sem que isso afete a sua forma doce de lidar com as crianças, mesmo em
relação àquela que foi fonte de seu sofrimento. Se, por um lado temos uma
pessoa acusada injustamente, por outro, temos pessoas reagindo à possibilidade de
um fato grotesco, a pedofilia. Inimaginável se colocar no lugar dos pais em
situação semelhante. Tudo começa com uma reação infantil a uma frustração. A
pequena Klara, inconformada com a sensação de rejeição, busca em sua imaginação
uma forma de se vingar. Sua experiência recente com o irmão mais velho oferece
material suficiente para sua vingança. Ela não tinha ideia do que viu, ouviu e usou
em como fonte, muito menos das possíveis consequências de sua ação.
Acompanhamos o cuidado inicial da diretora da creche, que pretendia investigar
o caso com cuidado. No entanto, ela também é contaminada pelas atitudes
inconsequentes do profissional recomendado para averiguar o caso, o psicólogo
da escola. Teremos, então, um exemplo equivocado de investigação. No lugar de
aguardar o fenômeno se revelar, acompanhamos um processo indutivo por parte do
profissional. Sim, infelizmente, o profissional induz a criança durante a
entrevista. Na conversa, fica claro que ele parte do pressuposto de ter
ocorrido o abuso, de que o professor é culpado, o equívoco profissional começa
aí. A equivocada entrevista do profissional é o ponto de partida para o desdobramento da trama, nos colocando no lugar do acusado, que acaba por ser estigmatizado sem que haja provas suficientes. Se por um lado, o filme apresenta um exemplo equivocado de entrevista psicológica, por outro, nos abre a oportunidade de auxílio ao acusado, permitindo outra perspectiva.