domingo, 22 de abril de 2012

Dias e noites

clip_image002ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, abuso sexual e de poder, violência doméstica, identidade, história.
SINOPSE
Clotilde (Naura Schneider) se casou ainda jovem, por conveniência, com Pedro Ramão (Antônio Calloni), um rico fazendeiro do interior do Rio Grande do Sul. Decidida a não ceder às tentações da época e à violência do marido, Clotilde questiona os valores da sociedade local e resolve sair de casa. Isto faz com que perca a guarda de seus dois filhos. Já em Porto Alegre ela luta na justiça para reaver sua família, contando com a ajuda do advogado Motta (Zé Vítor Castiel) e do playboy Felipe Clerbon (Dan Stulbach). Entretanto a principal ajuda que recebe vem do empresário Aires de Lucena (José de Abreu).
TRALER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não faz muito tempo, as verdades eram outras. Diante da comemoração de 5 anos da lei Maria da Penha, vale a pena assistir ao filme, que mostra uma realidade recente, violenta e abusiva, que retrara o poder masculino da família patriarcal. A história retrata a trajetória de uma mulher, que durante 3 décadas luta para sair do lugar comum e ainda assim reconquistar a família. O casamento da jovem Clotilde é resultado de um acordo comercial, mas ela tinha esperança de não ser apenas mercadoria, queria viver uma paixão, uma estória de amor, um sonho. Mas sua realidade é um bem diferente de seus sonhos, não há carinho, respeito ou amor em sua vida conjugal. Seu marido já tinha sido casado e ficou viúvo ao mesmo tempo em que perdia um filho, durante o parto da falecida esposa. Sua obsessão é ter um filho varão e não mede esforços para tanto. Vítima de violência física e psicológica, Clotilde enfrenta dias e noites de abusos, tal qual a égua indomada. Suas reações beiram a loucura, não é possível se adaptar seu sonho de família à realidade de sua vida conjugal, ela não suporta e sai de casa. As palavras de sua avó, no momento em que Clotilde repousa em seu colo, retratam os valores de uma época: “Você poderia ter escolhido ser apenas uma mulher. Mas você, meu amor, escolheu ser gente. E isso, nenhum deles pode entender.”

 Ser mulher era sinônimo de estar subjulgada aos caprichos masculinos. A lei não está ao seu lado, o poder masculino é lei, ela perde a guarda dos filhos e inicia a luta de sua vida para recuperar seus filhos. O filme retrata um processo de lutas diárias, que fazem com que Clotilde passe por todo tipo de preconceito e simulações do poder masculino para reaver seus filhos. A mulher desquitada é discriminada, o processo de tornar-se “gente” a leva a sucessivas frustrações. É como mercadoria que continua a ser tratada, mas não desiste de sua luta, como alguns diálogos evidenciam. Na cena que foi alertada sobre não precisar de ajuda, ou seja, não precisar permanecer como mercadoria e se virar sozinha, Clotilde responde: “De que jeito? vocês só me ensinaram a ser mulher de alguém, só me ensinaram a casar, eu não sei fazer outra coisa.” Adiante, quando por alguma frustração na relação atual, ela se frustra mais uma vez, a avó diz: “Eu acho, que você busca nos homens um amor que nenhum deles pode te dar: ‘O amor por você mesma’. Quando você começar a se amar, nenhum deles vai te tratar com o mesmo descaso”. O filme é mais que um retrato histórico, é também um alerta. No último emcontro com o ex marido, Tilde fala: “Essa justiça que te protegeu a vida inteira, ela está tão velha quanto você. dessa vez você vai perder.”  A lei Maria da Penha existe hoje  e muitas mulheres ainda não conseguem sair desse lugar estreito, sem identidade e que pertence ao passado, época em que tamanho abuso de poder era possível. A família está se transformando e a mulher faz parte dessa mudança, não são mais simples objetos. A mulher hoje é sinônimo de força, muitas delas chefes de família, quiçá de país. É necessário que cada mulher se torne gente, sem deixar de ser mulher, ame a si antes de qualquer relação. O filme brasileiro foi pouco divulgado, mas é um retrato histórico desse processo de mudança e vale a pena ser conferido.
Atravessando três décadas, a história mostra a trajetória de uma mulher que ao casar com um rico fazendeiro, enfrenta uma realidade conjugal quase que insustentável. Clotilde foi uma mulher que viveu à frente de sua época e não se conformava com o tratamento que recebia do marido. Sofrendo agressões físicas e morais, ela sai de casa, tornando-se uma mulher desquitada e mal vista pela sociedade. Após perder todos os seus direitos e a guarda dos filhos, Clotilde inicia uma longa luta para tentar recuperá-los. Ela perde a filha, resgata a guarda da neta, quebrando assim o ciclo de uma época em que a mulher era subjulgada socialmente. Leia mais clicando aqui.

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