sexta-feira, 6 de abril de 2012

Medianeiras: Buenos Aires na era do Amor Virtual

clip_image002ASSUNTO
Depressão, solidão, síndrome do pânico, rejeição, relações afetivas, sociais e virtuais, fobia social, psicologia social, clínica e escolar.

SINOPSE
Mariana e Martin são dois jovens solitários que moram em prédios vizinhos, mas não se conhecem. Ambos vivem num mundo interior que é contado ao espectador através de narrações e colagens de imagens. Compartilham as mesmas angústias de milhões de pessoas no mundo inteiro; solidão, isolamento, dependência de antidepressivos e problemas de relacionamento. Quase se esbarram a todo o momento, mas se tivessem uma oportunidade de ficar a sós poderiam juntar suas solidões.
Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual conta a história de Martin, Mariana e seus desencontros. Eles vivem na mesma cidade, na mesma quadra, em apartamentos um de frente para o outro mas nunca conseguem se encontrar. Só conseguem se relacionar via internet. Se conhecem online, mas na vida offline se cruzam sem saber da existência um do outro. Como se encontrar no mundo "real" em uma cidade de 3 milhões de habitantes? Nas palavras de seu diretor Gustavo Taretto, "Medianeras é o resultado de várias ideias, que em algum momento -- que eu nem sei dizer qual -- começaram a se unir. A maioria delas é o resultado de minhas observações e da minha curiosidade sobre Buenos Aires e seus habitantes que muitas vezes vivem suas vidas mais na internet do que fora dela.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Antes de qualquer coisa, devo admitir que as indicações da colega Renata Rodrigues são sempre nota mil. Ela escreveu em meu face: Filme fantástico onde percebo que são suscitadas bastante questões emergentes de forma poética e metafórica: O que estamos buscando? Que sentimentos tentamos evitar sob a fulgaz sensação de proteção e um possível afastamento das relações verdadeiramente humanas, do que é belo, do que realmente vale a pena ser vivenciado, muitas vezes, tentando nos proteger sobre a carcaça emocional proporcionada pela virtualidade como um todo?Através de narrações em off dos próprios personagens e com passagens de tempo marcadas por estações do ano, a história de dois jovens é contada em paralelo, com bom humor, ironia e uma pitada de reflexão que remete às nossas próprias realidades quando o assunto é o afastamento cada vez maior que temos do convívio das pessoas por conta do ritmo frenético e das mudanças de comportamento do mundo moderno. A frase de Martín “A Internet me aproximou do mundo, mas me afastou da vida” representa bem algumas das mensagens deixadas pelo filme. O título Medianeiras? Creio que não há uma definição única, só assistindo para darmos a nossa atribuição de sentido ao nome. Recomendo muito! Patricia Araujo Santos, dê uma olhada, tenho certeza de que irá adorar! - Ela tem razão, eu adorei! Um pouco mais que isso, se é possível, amei!
O início do filme me lembrou muito as aulas de Psicologia Escolar com a professora Marcia Parga. No estágio, fazíamos um trabalho de visitação às escolas, onde tínhamos que fazer um “diagnóstico físico” da mesma. A experiência me fascinou, pois não servia somente para escolas. Nós registrávamos tudo que era observável na disposição física do lugar, para que depois tentássemos compreender o que aquela aparência informava a respeito da instituição. Depois de compreender melhor o processo, percebi que estava ali uma evidência clara de que é possível estar disponível à sensibilidade através do que nos é óbvio, mesmo que a aparência tenha o histórico de nos enganar. De fato, estar disponível ao óbvio é o ato de conseguir perceber com sensibilidade o que de fato está sendo mostrado, sem explicações, apenas descrevendo: O fenômeno se revela no óbvio.

O início do filme é o relato do óbvio, em off o personagem inicia o relato do tanto que está diante de nossos olhos e nem sempre nos damos conta. É apenas o início do processo de desnudar o que está e sempre esteve diante de nós por todo o tempo. O filme nos provoca de forma poética a resgatar nossa sensibilidade. Buenos Aires não é muito diferente de qualquer metropole, eu diria mais, é muito similar a nossa experiência contemporânea de existência. O filme segue desnudando cada expectador em seu mais simples existir, nos convidando a resgatar nossos sentidos mais básicos, que andam muito preguiçosos na era da virtualidade. Que tal usar os olhos para ver, os ouvidos para ouvir, o tato, o olfato e o paladar para sentir, no lugar de usar nossos sentidos para evitar o contato com o mundo? E por que não disponibilizar o que chamam sexto sentido? Creio que cada um de nós sabe o que é isso, pois quando desistimos de tentar explicar o óbvio, estamos abertos à experiência do fenômeno em si. Com certeza, isto não tem preço! O aqui e agora têm muito mais a nos oferecer, quando disponibilizamos todo o nosso ser para fazer parte da experiência, nem antes nem depois, apenas aqui e agora. Muito antes de o filme chegar às Medianeiras ou ao final, teremos outros tantos pontos de obviedade, revelando o que existe de mais humano por trás da complexidade de nosso século. Obcessão, depressão, fobia social e tantos outros diagnósticos contemporâneos andam na contramão de nossos sentidos, que andam enferrujados, “preguiçosos”, adormecidos.
Não posso deixar de registrar o quanto o tudo isso fala de como eu escolhi a Gestalt-terapia como abordagem. Ela é tão óbvia e simples, como o retrato fiel da existência explorado na trama. Trama que me lembra de rede, que me lembra de conexões, que me lembra de parte e todo. A abordagem gestáltica me pegou pela forma (gestalt : forma) tão óbvia, existencial, humanista e fenomenológica. Uma psicologia, psicoterapia ou filosofia de vida. Às vezes me pergunto se eu a escolhi ou se fui escolhida, às vezes sou apenas parte, ás vezes todo. Sigo me tornando a cada instante que sou, simples assim.
Voltando ao filme. E o que dizer dos rótulos e coisas e pessoas? Não há como compartilhar todas as reflexões que o filme proporciona, visto que só o início foi suficiente para tantas linhas. Tentando resumir: “Tãoperto-tãolonge, irregularidades-perfeição, futilidades-utilidades, intimidade-estranheza, solidão-multidão, fastfoods-fastrelações”. São opostos ou sem completam? Afinal onde está Wally? Sinta-se provocado a responder, assista! Que tudo sirva como ponto de partida para a excepcional experiência. Não é preciso dizer mais, o filme fará o restante, apenas viva a experiência e se possível, volte aqui e compartilhe conosco. Faço minhas, as plavras de Renata: Eu super recomendo!!!
O final de uma história como essa, de uma geração que vive conectada aos computadores e desplugada dos relacionamentos humanos, tem tudo para acabar no Youtube, no Facebook ou em outros sites das redes sociais, alimentando histórias semelhantes. Leia mais, clique aqui.
(...) uma história bastante humana sobre a individualização da sociedade. Buenos Aires é também uma personagem e uma metáfora. Em um de seus monólogos, Mariana diz que a tecnologia prometeu poder controlar a temperatura de casa pelo celular, para encontrar o apartamento quentinho quando se chega em casa. "É porque não vai ter ninguém nos esperando", diz ela. Clique aui para ler mais.
Uma diversão despretensiosa caso você queira acompanhar as agruras sentimentais do casal Mariana e Martin, ou algo que pode convidar a uma reflexão um pouco mais séria sobre os temas supracitados, caso seja esse o interesse de quem vê. (...)que ergue edifícios de gosto duvidoso aqui e ali, que privilegia o transporte individual em detrimento do público, e que por si só pode bem ser uma fábrica de neuroses e fobias. Como seria o (des)encontro de Mariana e Martin em São Paulo? Continue lendo, clique aqui.
(...) eis aqui um filme no qual a imagem é mero acessório às sacadas do texto. (...) Taretto trata como vítimas seus personagens principais e faz com que todo seu desenrolar dependa de suas tentativas frustradas na busca de significados às suas esmorecidas existências. Leia mais, clique.
(...) a história é um retrato fiel das relações amorosas dos nossos dias: com os mecanismos tecnológicos de comunicação à disposição de todos, cada vez mais as pessoas vivem isoladas e trancafiadas em suas residências, por mais paradoxal que isso possa parecer! Solidão, depressão, síndrome do pânico são algumas das consequências desse isolamento, o que distancia ainda mais as pessoas, dificultando a formação de novas relações amorosas. Continue lendo aqui.
O filme, que como se pode deduzir através de seu título, foi produzido pelos nossos hermanos, e possui uma história tão simples e rotineira que é justamente aí onde se encontra o encantamento, a magia da película. Com uma história comum, sobre dois sujeitos ainda mais comuns, Medianeiras coloca o telespectador como um mero observador dos desencontros de dois jovens reclusos. Leia mais...
Síndrome dos novos tempos. Comunicação que as vezes desloca uma pessoa para o seu próprio interior, de onde nunca mais sairá! Continue a leitura, clicando aqui.

3 comentários:

  1. Preciso conferí-lo o mais rápido possível. Um abraço...

    ResponderExcluir
  2. De fato, é imperdível! Depois volte e comente....bjokas

    ResponderExcluir
  3. Realmente muito bom o filme! Além do amplo "contexto pscológico", apresenta um bom roteiro e ligações muito criativas. Aconselhável pra quem quer perder 1h e meia da vida assistindo a vida.

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante!