domingo, 19 de junho de 2016

Mothers and Daughters 2016 (Mães e filhas?)



ASSUNTO
Relações familiares e afetivas, segredo familiar, adoção, perdas

SINOPSE
A fotógrafa Rigby Gray (Selma Blair) deseja produzir um ensaio sobre o papel da Mãe em diferentes famílias.Desde então, inicia um projeto que a faz refletir sobre sua relação com a mãe e outras possibilidades de relação semelhante. Buscando modelos, ela irá conhecer diferentes histórias que a ajudarão a rever seu papel de filha, ao mesmo tempo que se percebe grávida, e questiona sua possibilidade de tornar-se mãe.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Rigby reflete sobre sua forma de olhar o mundo e o papel de sua mãe em seu viver. Diante das cenas capturadas por sua lente de fotógrafa, o filme segue apresentando outras histórias, que depois farão parte do seu projeto. De forma dinâmica, o espectador é convidado a conhecer diferentes situações que se desdobrarão durante o longa. Aos poucos, conhecemos diferentes mães e filhas, cada qual com suas particularidades.

sábado, 18 de junho de 2016

Nise: O coração da loucura

ASSUNTO
Saúde mental, Movimento antimanicomial, Arteterapia, Terapia ocupacional, relação terapêutica, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

É indiscutível a importância de Nise da Silveira, psiquiatra de reconhecimento internacional ao defender terapias alternativas no tratamento de transtornos mentais. O filme nos presenteia com interpretações excelentes, retratando com fidedignidade uma realidade cruel de sujeitos portadores dos mais diferentes tipos de transtornos mentais e os procedimentos desumanos adotados na ocasião.  A personalidade inquieta, inconformada e desafiadora da psiquiatra é apresentada na trama, focando prioritariamente o aspecto  humano  da profissional. Na tentativa de compreender melhor as demandas daqueles pacientes, Nise ofereceu um lugar para expressão de suas angústias, inaugurando um novo canal para trocas. Ela se preocupou com o aspecto afetivo das doenças mentais, oferecendo espaço para que os sujeitos pudessem “juntar os cacos” de si mesmo, numa tentativa de integração. Diferentes aspectos sobre a importância de Nise da Silveira já tem sido exaustivamente discutido nas críticas e nos diversos artigos sobre o filme. Aqui, escolhemos restringir as considerações no aspecto humano da trama, desconsiderando o olhar na doença mental e priorizando a saúde.

Alice através do espelho


ASSUNTO
Desenvolvimento, perdas, tempo, aventura, crescimento, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
Alice (Mia Wasikowska) retorna após uma longa viagem pelo mundo, e reencontra a mãe. No casarão de uma grande festa, ela percebe a presença de um espelho mágico. A jovem atravessa o objeto e retorna ao País das Maravilhas, onde descobre que o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) corre risco de morte após fazer uma descoberta sobre seu passado. Para salvar o amigo, Alice deve conversar com o Tempo (Sacha Baron Cohen) para voltar às vésperas de um evento traumático e mudar o destino do Chapeleiro. Nesta aventura, também descobre um trauma que separou as irmãs Rainha Branca (Anne Hathaway) e Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Alice volta a personificar questões humanas do seu, porque não dizer do “nosso”, ”vir a ser” constante. Em “Alice através do Espelho” acompanhamos sua jornada já na idade adulta, diante dos desafios da vida, enfrentando tempestades e se arriscando acreditar no impossível.  Como ela diz: “A única maneira de acreditar no impossível, é acreditar que é possível”, temos assim o ponto de partida para mais uma aventura, repleta de metáforas, que caminham em direção ao crescimento. A crítica não perdoou a inconsistência do longa, apontando a falta de aprofundamento em qualquer dos temas, dos excessos de efeitos e da fragilidade no desenvolvimento da trama que muito se distancia do livro, segundo eles. Um olhar mais inocente irá se maravilhar com os efeitos especiais e a realização do impossível na tela. Trata-se de uma aventura, que mescla o universo infantil com o adulto, de forma leve, nos permitindo um belo entretenimento.

sábado, 21 de maio de 2016

Desajustados (Fúsi) - 2015



ASSUNTO
Solidão, relações afetivas, familiares e sociais, bullying, depressão.

SINOPSE
Fúsi é um homem de 43 anos que ainda mora com sua mãe, ainda não teve coragem de entrar na vida adulta. Ele vive uma pacata rotina monótona, não tem namorada, sofre bullying no trabalho, dedica seu tempo livre a carrinhos e maquetes. Sua rotina é alterada quando conhece Hera, uma menina de 8 anos,  e  a vibrante Alma, parceira da aula de dança. Tudo poderá mudar.





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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que filme! Difícil saber por onde começar, quando encontramos um drama de tamanha riqueza temática. O título original se refere apenas ao nome do personagem, diferente do título em português, que faz questão de “rotular” mais de um personagem como desajustado. Afinal, do que falamos quando usamos tal rótulo? Seriam desajustados aqueles que não se “encaixam” nas regras sociais e culturais do momento e lugar? Seriam desajustados aqueles que estão à margem da sociedade por diferentes razões? Ou, são considerados “desajustados” aqueles facilmente diagnosticados pela psiquiatria ou psicologia?  Independente da resposta, podemos pensar que a proposta do filme é contrária a esse olhar, pois o espectador é convidado a partilhar das vivências de Fúsi. Numa que tem produzido solidão, sendo favorecida pelo mundo virtual e por soluções mágicas para as frustrações do cotidiano, é desconcertante assistir ao mundo solitário de Fúsi. Diferente dos excessos de estímulos produzidos pelos avanços tecnológicos, que preenchem espaços, sem que haja tempo de digerir as informações, temos na trama uma solidão que é ocupada pela rotina monótona e quase infantil. O mundo dele é de repetição, segurança, conformismo, mas também há delicadeza, doçura, inocência e até força diante das situações enfrentadas. Em certos momentos, é possível pensar que o mundo de Fúsi é anestesiado, aparentando ser impossível para ele desejar outra forma de estar no mundo. No momento em que tem a oportunidade de denunciar o bullying que tem sofrido, ele não o faz. Para o espectador é difícil suspender julgamentos e concordar com sua forma de reação ou ausência dela.  Cenas de seu cotidiano exibem pequenos detalhes que em relação ao todo produzem sentidos e significados. Não há desejo de mudanças, ele parece não esperar mais nada da vida, sua rotina lhe basta. Novas relações surgem para tirar Fúsi de sua zona de conforto, favorecendo outra perspectiva de vida.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Frankie e Alice


ASSUNTO
Relações sociais e familiares, relação terapêutica, psicodiagnóstico, transtorno dissociativo de identidade.

SINOPSE
Frankie (Halle Berry) é uma dançarina noturna que sofre com o transtorno de múltiplas personalidades, e luta diariamente contra seus alter egos bem específicos: uma criança de sete anos chamada Genius e uma mulher branca racista chamada Alice. A fim de eliminar estas vozes interiores, ela passa a frequentar sessões com um psicoterapeuta, Dr. Oz (Stellan Skarsgard), para decifrar e superar seus fantasmas pessoais.





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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Existe um clássico sobre o tema chamado SYBIL, também baseado numa história real, que retrata o tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade, originalmente denominado transtorno de múltiplas personalidades, conhecido popularmente como dupla personalidade. Naquele filme foi apresentado o caso de 17 personalidades e a intervenção proposta era distinta do caso descrito em Frankie e Alice. Dr. Oz é convocado para o atendimento de Frankie, que após alguns problemas com a justiça, se propõe ao tratamento, desde que seja ele o médico responsável. O transtorno Dissociativo de Identidade é uma condição mental em que um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio. O pressuposto é que ao menos duas personalidades podem rotineiramente tomar o controle do comportamento do indivíduo. O critério de diagnóstico também leva em consideração perdas de memória associadas, geralmente descritas como tempo perdido ou uma amnésia dissociativa aguda. Frankie sobrevivia com o dinheiro que ganhava num bar de strip-tease e tinha um histórico de momentos de amnésia, acordando depois num local desconhecido. Após observar pequenos detalhes no comportamento de Frankie, o Dr, Oz levanta a hipótese de um caso clínico raro. A primeira observação é a de que uma personalidade é fumante, a outra não. Daí em diante, ele descobre diferenças no sotaque, na postura, até mesmo na cor! Ainda que Frankie seja negra, uma das personalidades se apresenta como branca e racista.

White Frog

ASSUNTO
Autismo, homossexualidade, homofobia, perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
O filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em frente.







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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe, apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente, Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick, que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário, tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que evidencia a homofobia no seio familiar.

Arthur e o infinito, um olhar sobre o Autismo.

ASSUNTO
Autismo, relações familiares e afetivas.

SINOPSE
O filme conta a história de Marina e César, pais de duas crianças: Sofia de dez anos e Arthur(Eric Schon) de seis . Quando tinha um ano e meio de idade, ele começou a apresentar um comportamento diferente das outras crianças, como por exemplo a sua comunicação era precária, parecia não ouvir quando seus pais o chamavam e quase não tinha contato visual. Essas características levaram os pais a procurarem médicos e especialistas. A longa busca dos pais só terminou quando Arthur completou seis anos, e foi diagnosticado como autista. Marina sente maior responsabilidade sobre o menino e decide se dedicar unicamente a tentar desenvolve-lo o máximo possível. A família passará por momentos difíceis onde Marina colocará em questão a sua capacidade de lidar com seu filho.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Diante do pouco incentivo financeiro, o curta-metragem foi um projeto audacioso. O resultado não pode ser uma mega produção, no entanto, seu alcance superou qualquer expectativa. Trata-se de um relato sobre as dificuldades enfrentadas no cotidiano da família do autista. A família procura respostas diante do comportamento da criança.

quinta-feira, 24 de março de 2016

A linguagem do coração

ASSUNTO
Deficiência auditiva e visual, limite, relação terapêutica,familiar, afetiva e aprendizagem.

SINOPSE
Final do século XIX, França. Marie Heurtin (Ariana Rivoire) é uma moça que nasceu cega e surda. Vivendo em seu próprio mundo, sem conseguir se comunicar, o pai dela a manda para um convento que cuida de crianças surdas. Entretanto, devido à falta de condições para tratá-la, a madre superiora (Brigitte Catillon) a recusa. Graças à insistência da freira Marie Margueritte (Isabelle Carré), que diz que pode cuidar dela apesar de seu problema de saúde, a madre superiora volta atrás em sua decisão. Só que fazer com que Marie aprenda questões básicas de higiene e convívio com outras pessoas não é uma tarefa nem um pouco fácil.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo, o filme “Helen Keller e o Milagre de Anne Sullivan” foi lembrado, pois em ambos há a relação entre a criança com deficiência visual/auditiva com alguém que se disponibiliza a conectá-la ao seu entorno. Entretanto, o contexto familiar difere muito. Enquanto Helen tinha uma família que colaborava para seu isolamento, Marie tem outro contexto. Diante da situação de isolamento da filha, é o pai quem tem a iniciativa de buscar ajuda para socializá-la. A família tem consciência da necessidade de inserir a filha no universo social e na aprendizagem. Aqui, falamos de uma criança igualmente isolada, com um mundo próprio e um comportamento arredio, muitas vezes “animalesco”. Baseado em uma história real do final do século XIX, o longa apresenta a irmã Marie Margueritte, que embora tenha problemas de saúde, encontra naquela criança uma oportunidade de sua frágil vida ganhar sentido.  Socializar e educar aquela criança passa a ser um desafio para a religiosa, que enfrenta a madre superiora e as reações agressivas da menina, sem esmorecer. As cenas de confronto durante o processo trazem, a cada dia, um novo desafio, muitas vezes tornando sua tarefa um projeto aparentemente inviável. Ainda assim, apesar de todos os obstáculos e as repetidas reações agressivas, a irmã não desiste. Durante o processo de adaptação, a trama ressalta a importância do aprendizado da linguagem para o desenvolvimento do ser humano. A diferença aqui é que além do campo afetuoso da relação, temos também o aspecto religioso na construção da relação que liberta Marie do isolamento. A grandiosidade das cenas está na exploração dos sentidos, particularmente do tato, que aos poucos se torna um meio de comunicação primordial para ambas. Sim, Margueritte também aprende no encontro. Um dos aspectos mais bonitos na construção da relação entre ambas é a curiosidade da irmã em relação ao universo da criança. Ela tenta compreender como seria viver sem ouvir e sem ver, para partir de onde está a criança, de que lugar ela percebe o mundo. A empatia necessária para a criação do vinculo fica evidente. Tal aspecto torna a relação bastante terapêutica”, pois não há possibilidade de obter êxito numa relação psicoterapêutica, por exemplo, se o ponto de partida não for o lugar de onde a cliente se encontra no momento terapêutico. A incapacidade do profissional de perceber este lugar pode inviabilizar o processo terapêutico. A criança percebe o mundo desconhecido como hostil, tornar o universo social algo acessível e possível, ampliar o universo da criança (por consequência, também o seu), torna-se objetivo para a irmã.