quinta-feira, 20 de julho de 2017

Mais forte que bombas

ASSUNTO

Relações familiares, segredo, luto, aparências, fobia social, suicídio, depressão, conflitos familiares e existenciais.

SINOPSE

Uma exposição celebrando a fotógrafa Isabelle Reed (Isabelle Huppert) três anos após sua morte prematura traz seu filho mais velho Jonah (Jesse Eisenberg) de volta para a casa da família – forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene (Gabriel Byrne) e com seu recluso irmão mais novo Conrad (Devin Druid) do que ele passou em anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente conectar-se com seus dois filhos, mas eles lutam para reconciliar seus sentimentos em relação à mulher que eles se lembram de maneira tão diferente.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O título pode nos remeter a diferentes perspectivas do drama, como a explosão que causa em cada personagem ou  no espectador. A fotógrafa falecida é o elo entre os personagens.  O ofício de retratar situações de guerra, envolvendo os afetados, inaugura uma questão pertinente, ao revelar uma linha tênue entre o que é e o que pode aparentar. Tal questionamento nos remete a outras guerras do cotidiano, seja com os semelhantes, ou, consigo mesmo. Afinal, entre o que aparentamos e o que somos pode haver uma distância considerável.  É exatamente aí que identificamos um sentimento comum a muitos personagens contemporâneos, reais, que não compreendem as aparências comumente retratadas, sentem-se particularmente deslocados.  A lembrança da falecida é retratada por diferentes pontos de vista. As diferentes formas de lidar com o luto e suas complicações são evocadas no momento de reunir material para a exposição dos trabalhos. O  marido, que tem problemas como filho adolescente, convida o filho casado não só para ajudá-lo a separar o material, mas principalmente para ajudá-lo na comunicação com o mais novo.  As diferentes formas de lidar com a falta que aquela mulher faz se desdobra.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um instante de amor

ASSUNTO

Sexualidade feminina, desejo reprimido, histeria, psicossomática.

SINOPSE

França, década de 1950. Gabrielle nasceu e cresceu numa pequena aldeia, numa época em que ser mulher significava deixar a casa dos pais e ser entregue a um marido. Ser apenas esposa e mãe era um destino quase inevitável. Conscientes da sua rebeldia, os pais resolvem casá-la com o José, um trabalhador esforçado de origem espanhola, com a missão de fazer dela uma mulher respeitável. Apesar de toda a dedicação de José, ela nunca se entrega de corpo e alma ao marido, por quem sente algum desprezo. Alguns anos depois, sofrendo de dores crônicas nos rins, Gabrielle é enviada para uma estância termal nos Alpes. Lá, conhece André Sauvage, um ex-soldado ferido na guerra da Indochina, por quem se apaixona ao primeiro olhar. Durante as seis semanas seguintes, vai viver um amor que nunca julgou possível…

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Por um instante, somos convidados a refletir sobre diferentes momentos do papel feminino ao longo história. Antes de somente estranhar o comportamento de Gabrielle, é preciso ter um olhar aguçado para a sexualidade feminina, contextualizando, não só o ambiente familiar, mas também sua época. A burguesia agrícola é palco para que o mito da histeria tenha lugar.  Gabbrielle desafia regras e convenções, expressa desejos reprimidos descontroladamente.  Tida como louca, ela oscila entre momentos de melancolia e o desejo de romper barreiras, a apatia e o ataque de fúria. A paixão, tão comum nas transformações hormonais femininas se torna ato, assédio. A frustração, com a constatação de sua paixão platônica, se torna surto, desordem, realidade cruel. Dentro de uma sociedade convencional, sua feminilidade indomável é direcionada para soluções burguesas, a escolha de um casamento arranjado como opção, aprisionando o desejo. Sua sexualidade está entrelaçada com a paixão, desejo e amor não podem ser separados. Para não ser internada, ela aceita se casar, mas sufoca seu desejo, sua sexualidade latente. Ela impõe regras, mantém distância afetiva do marido. É no momento de cuidar de sua doença renal, uma metáfora de seu desejo encarcerado, que Gabrielle volta a fantasiar, amando o amor, sonhando ser amada, vivendo sua fantasia de amor perfeito, apaixonado, indomável.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Querida vida (Dear Zindagi)

ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, sociais e terapêutica. Processo terapêutico, conflitos existenciais e familiares, perfeccionismo, compras compulsivas, insônia, ansiedade.

SINOPSE

Filme indiano de 2016, Dear Zindagi está disponível legendado no NETFLIX. Kaira é uma cinegrafista em busca de uma vida perfeita. Após alguns entraves relacionais, ela não consegue mais dormir. Por acaso, escuta a palestra de um psicoterapeuta, algumas frases dele fazem sentido. Ela, então, procura Jug, um pensador não-convencional e psicólogo, quem irá ajude-la a ganhar uma nova perspectiva sobre a vida. Aos poucos, ela vai descobrindo que  felicidade é encontrar conforto nas imperfeições da vida.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


A título de curiosidade, a palavra “Zindagi” quer dizer “vida”, o que sugere a tradução “Querida vida”. Assim, fica mais fácil falar sobre a trama, que versa sobre a vida de Kaira, alguém que em busca da perfeição, está, de fato, de mal com a vida. Seus relacionamentos são conturbados, logo o público torce pelo esperado “final feliz” com o amor, seja qual for. Opa! Seja qual for? Não! A esperança é que seja algum herói para salvar a mocinha das dificuldades da vida, só que não! O filme acompanha encontros e desencontros, perdas e ganhos, oportunidades e dificuldade de uma pessoa normal: Kaira. Muitos poderão se perguntar para que serve um terapeuta se a pessoa é normal? Pois é, terapia é um espaço pessoal necessário em diferentes situações, principalmente quando não estamos conseguindo lidar com alguma questão, chegando ao ponto do organismo manifestar “sintomas”. Como já dito em outros posts, os “sintomas” são vistos - pela Abordagem Gestáltica (linha ou abordagem psicológica) – como a melhor forma que o organismo encontra para manter o equilíbrio. Ou seja, o organismo oferece a oportunidade de percebermos que algo interrompe o fluxo natural de nossa autorrealização. O sintoma nos mantém autorregulado, sinalizando que algo em nosso caminho não vai bem, algo está interrompendo o fluxo saudável. Benditos sintomas que servem como alerta! Pode ser o momento de se buscar ajuda para lidar com questões difíceis, muitas vezes insuportáveis. Então, voltando ao filme, após algumas perdas, obstáculos e desvios de caminho, Kaira se depara, inesperadamente, com a palestra do psicólogo Jug, alguém que tem uma forma diferente de se expressar, o que a agrada de pronto. A insônia, a compulsão por compras, a dificuldade de lidar com suas relações afetivas dão sinais de que ela precisa buscar ajuda, o psicoterapeuta pode ser uma boa opção.

domingo, 16 de abril de 2017

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os 13 Porquês – 13 Reasons Why

ASSUNTO

Depressão, bullying, estupro, assédio, violência, omissão, homofobia, sexualidade, suicídio, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Uma caixa de sapatos é enviada para Clay (Dylan Minnette) por Hannah (Katheriine Langford), sua amiga e paixão platônica secreta de escola. O jovem se surpreende ao ver o remetente, pois Hannah acabara de se suicidar. Dentro da caixa, há várias fitas cassete, onde a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida - além de instruções para elas serem passadas entre os demais envolvidos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Febre do momento, “OS 13 Porquês” foi baseado no livro homônimo de Jay Asher. Provocando diferentes críticas, algumas favoráveis e muitas contrárias, a série está levantando o assunto em diferentes segmentos da sociedade. Há quem diga que pode se tornar um gatilho para aqueles que se encontram vulneráveis, outros tantos afirmam que os assuntos abordados na trama podem e devem ser discutidos. Indico abaixo links com diferentes opiniões. Por agora, prefiro destacar a importância de falarmos sobre o tema, ou, sobre os temas levantados. Aliás, acho que o aspecto mais positivo da proposta é, de fato, colocar os assuntos abordados em discussão, é o que está acontecendo. As polêmicas estimuladas por sua forma explícita ou pela fraqueza dos argumentos, cenas, etc., aqui não serão discutidos ou julgados. Queremos dividir algumas reflexões motivadas pelo contato com a série. A primeira coisa que chama a atenção foi o tom vingativo apresentado pelo projeto de Hanah, que dilui a responsabilidade entre os colegas (colegas??). Tudo bem, os relatos nos fazem pensar nas possíveis relações tóxicas que enfrentamos, não só na adolescência. Por esse prisma, pode servir como um alerta, um ponto de reflexão para aqueles que funcionam de determinada forma agressiva ou abusiva, sem se dar conta do quanto podem estar machucando o outro. Por outro lado, muitos suicídios cometidos por algum adolescente são por si só motivadores de culpa nos colegas, que se perguntam o que poderiam ter feito, ou deixado de fazer para evitar o desfecho trágico. Há também muito sofrimento para os que ficam, sem que seja necessária uma acusação gravada em fitas cassetes. Ok, a licença poética nos permite considerar a proposta como uma perspectiva possível, para dar voz a quem partiu e promover uma possível reflexão. Entretanto, é preciso refletir como o suicídio de um adolescente pode afetar seu entorno, causando sofrimento e dor aos familiares, amigos e colegas. Concordo com algo que li sobre o assunto, que afirma que o suicídio não é opção, muito menos para vingança.

domingo, 9 de abril de 2017

Simple Simon / No espaço não existem sentimentos

ASSUNTO

Síndrome de Asperger, Relações familiares, afetivas e de casal.

SINOPSE

Dirigido por Andreas Öhman, o filme conta a história de Simon, um jovem de 18 anos que sofre da síndrome de Asperger. Ele gosta do espaço, de ciência e de círculos, mas não consegue entender sentimentos. Ao ver sua vida transformada em caos após seu irmão entrar em depressão após o término de um namoro, Simon embarca em uma missão para conseguir a namorada perfeita pro seu irmão. Simon não entende nada de amor, mas tem um plano cientificamente perfeito. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Repetição da postagem de 26 de abril de 2014. Filme sueco, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é uma comédia leve que fala, principalmente, de relações afetivas e as diferenças. Simon tem dificuldade de compreender sentimentos, é portador da síndrome de Asperger. Seu irmão, Sam, é o único a conseguir contatá-lo em seu mundo particular. Seu carinho, sua dedicação fazem com que fale a mesma língua, entrando em sua órbita e se relacionando de forma satisfatória. Para todos os outros não é tão fácil. Os pais não têm a mesma disponibilidade, o que faz com que Simon vá morar como irmão. A namorada não consegue conviver com a diferença e parte, Sam fica deprimido, Simon se desespera. Na tentativa “científica” de solucionar o problema do irmão, Simon “esbarra” em uma garota que não tem o menor problema em lidar com suas limitações. É a partir da compreensão da diferença e da aceitação de Simon como é, que a personagem se torna candidata em potencial a ser namorada do irmão. No desdobrar de seus planos é que Simon descobre que não é somente o irmão que é capaz de ir ao seu encontro, e, que sua estatística “afetiva” não corresponde ao mundo dos afetos. O filme, como bem lembrado por Thamires, é pouco reconhecido ou conhecido pelo público em geral. Entretanto, sua forma delicada e esclarecedora sobre as diferentes formas da existência faz da experiência uma necessidade para qualquer público. Mais do que esclarecer sobre as possibilidades do Transtorno do Espectro Autista, o filme nos fala sobre relações sociais e afetivas, e, sua riqueza nas diferenças. Desconstruir um saber sobre a ideia de normal ou ideal jeito de ser  é um dos melhores trunfos do longa. Procure, vale conferir!

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sábado, 8 de abril de 2017

Léo e Bia

ASSUNTO

Relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Brasilia, 1973.  No auge da ditadura militar, sete amigos, jovens como a cidade em que moram, sonham viver de teatro. Liderado pelo diretor Léo (Emílio Dantas), o grupo  leva adiante os ensaios de uma peça que tece comparações entre Jesus Cristo e o cangaceiro Lampião. Enquanto a repressão política rola solta na capital federal e a liberdade sexual ainda é tabu, Bia (Fernanda Nobre) se mostra cada vez mais prisioneira da obsessão de sua mãe (Françoise Forton), fazendo com que todos questionem, cada vez mais, os conceitos e valores da sociedade. (RC)

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pegando carona com a minissérie DE SONHOS E SEGREDOS, resolvi procurar outras obras de Osvaldo Montenegro. Gostei do que encontrei. A relação entre o teatro e o cinema é o ponto de partida do autor, que abusa da arte em sua totalidade para contar uma estória (ou história?). Não se trata de um teatro filmado, há linguagem cinematográfica costurando as cenas teatrais. Depois de assistir, fiquei com a impressão de que a mensagem mais forte do filme se resume no pensamento “Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. Mas não é seu único recado. Temos um grupo que troca afetos, que se une em prol de um projeto, há presença física, contatos reais, eles compartilham experiências. A força do grupo está na intimidade revelada na tela. Foi resultado de muito ensaio e cumplicidade, parceria, durante um tempo de convivência. Por ser um cenário único, a interpretação é o ponto chave, capaz de tocar o espectador. Entretanto, não podemos deixar de lado o texto, que dá voz a uma geração, através de frases e citações impactantes.

De Sonhos e Segredos (Minissérie)

ASSUNTO

Psicoterapia de grupo, arte e psicologia, teatro e psicoterapia, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Minissérie em 13 capítulos. O projeto de Osvaldo Montenegro criou enredos de vida para 6 personagens, buscou atores que interpretassem a cada um deles em sessões de terapia para uma psicóloga real, Joana Amaral. “São três dimensões: a dos personagens vivendo o que escrevi para eles, a da terapeuta reagindo àquilo no padrão profissional, e a dos atores tentando interpretar aquilo que é pedido” — conta Montenegro em entrevista ao Jornal O Globo. Os personagens criados são: Mariana, que nasceu Mariano; Paulo, (homem que se culpa pelo suicídio da esposa; Manuela, bailarina que sofre com dores na coxa durante suas apresentações; Cláudio, artista plástico que se sente inferior por necessitar de terapia; Lucia, que sempre sofreu com a educação rígida recebida do pai e tem grande trauma ao vê-lo beijando outro homem; e Julia, uma socióloga frustrada por descobrir que seu namorado peruano místico é uma farsa. Os pacientes não conhecem a vida nem os dramas uns dos outros. A cada novo episódio, o diretor explica ao elenco o que acontecerá durante a sessão, e os atores precisam colocar em prática a arte do improviso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Osvaldo Montenegro fez uma homenagem aos profissionais envolvidos, ao realizar um “casamento” entre o teatro e a psicologia. Não há como não se encantar com o resultado da experiência. A interpretação de alguns atores torna o drama do personagem quase real, e porque não dizer, verdadeiro. O diretor salientou: atores tentando interpretar aquilo que é pedido. A arte da interpretação tem contorno flexível do diretor, não é limitada. Não é diferente do lugar do Terapeuta, que oferece contorno, ou suporte, para o desabrochar do cliente. O ofício da dramatização envolve um pouco da experiência pessoal com a história do personagem, um exercício de empatia muito parecido com aquele do terapeuta com o cliente. Um aspecto encantador da proposta é a mistura que faz da arte da interpretação com a perspectiva terapêutica. Muitas vezes, a improvisação de uma cena é utilizada como ferramenta terapêutica, uma possibilidade para o cliente ampliar sua visão de mundo. Os atores aceitam a proposta, mas cada qual vive a experiência com sua singularidade. As questões apresentadas pelos pacientes são particulares e universais, tocam o espectador em seus desdobramentos. Impossível não se emocionar com cada revelação do drama pessoal, que poderá encontrar eco no espectador. A equipe do projeto, envolvendo atores, profissionais distintos, incluindo a psicóloga, e, também o público podem ser tocados pelo projeto do autor, que rompe barreiras e apresenta um resultado tocante, encantador, reflexivo e único.