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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Quarto de Jack


ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, infância, sequestro, depressão, transtorno pós-traumático, relações sociais e potencialidades.

SINOPSE
O longa conta a história de Jack (Jacob Tremblay) , um menino de cinco anos que é criado por sua mãe, Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço de 10m², um minúsculo quarto sem janelas, com apenas uma claraboia Enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem aumenta, a resiliência de Ma alcança um ponto de ruptura. Os dois, então, começam a traçar um plano de fuga. Ao mesmo tempo em que conta uma história de cativeiro e liberdade, O Quarto de Jack destaca o triunfante poder do amor familiar mesmo na pior das circunstâncias.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA


Profundamente tocante, o filme é intenso, angustiante. Acompanhamos o início da trama sem compreender direito a razão daquela forma restrita de Ma educar o filho. Aos poucos percebemos a grandeza daquela mãe, que transforma a condição de cativeiro em um mundo particular, explorando a fantasia e transbordando afeto para seu filho. Jack desconhece a possibilidade de existir um mundo diferente daquele. Para ele, tudo que é apresentado na televisão é irreal, é fantasia, é de mentira. Ainda com a angústia provocada pelos acontecimentos restritos ao quarto, fomos transportados para "nossas neuroses de cada dia". É sabido sobre a importância dos eventos e impressões registrados em nossos primeiros anos de vida, compondo assim nosso mundo, que pode ser considerado verdadeiro e único. O que muitas vezes torna difícil aceitar outras perspectivas. Entretanto, ainda que as experiências iniciais sejam dolorosas, é possível que existam outras pessoas capazes de apresentar outras versões, que ampliam nossas possibilidades. Ainda assim, na infância há questões difíceis de serem questionadas ou superadas, dificultando nosso processo de desenvolvimento. Pode ser pela ausência de afeto, por excesso de “verdades”, por violência, valores restritos, julgamentos exacerbados, etc. Independente do que acontece nesta fase, é fato que  se torna parte do que nos tornamos,  parte difícil de ser desconsiderada ou questionada. Na abordagem Gestáltica, vemos o homem como um ser que se constrói através dos contatos que faz com o seu meio - pessoas com diferentes perspectivas -, num processo eterno de vir a ser. É muito importante mantermos contatos nutritivos, com pessoas que colaboram para nosso desenvolvimento, evitando cristalizações, engessamentos produzidos em contatos tóxicos – pessoas que prejudicam nosso processo. Muitas vezes, os contatos tóxicos da infância nos contaminam, tornando difícil aceitar outras perspectivas, produzindo conflitos que nos paralisam diante da vida. Sintomas diversos expressam a necessidade de mudança, ao mesmo tempo em que revelam um difícil obstáculo, em uma paralisação ou repetição É o momento de pedir ajuda profissional de um psicólogo, um psiquiatra ou ambos. Outras vezes, contatos nutritivos nos ajudam a superar tais conflitos, favorecendo nosso desenvolvimento através do afeto, transformando nosso mundo, até então empobrecido, restrito. Certamente, Jack tem afeto e suporte para seu desenvolvimento. No entanto, seu mundo se restringe ao quarto e sua mãe, um universo afetuoso, entretanto, limitado.

sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

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Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
TRAILER

 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Teoria de tudo

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Relações familiares, sociais, acadêmicas, afetivas e terapêuticas – auto-suporte. Conceitos gestálticos: Priorizar os sentidos, momento presente, teoria paradoxal da mudança (aceitar o que está sendo para que a mudança ocorra, favorecendo se tornar quem de fato é).
SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata um período importante da vida do famoso astrofísico, que foi acometido ainda jovem pela doença degenerativa denominada ‘síndrome de Charcot’. O médico informa, ao esclarecer o caso, que embora a doença não vá afetar o seu cérebro,  a ligação entre este e os músculos será interrompida gradativamente, o que impossibilitará sua comunicação com seu entorno. Ao assistir a cena em que o médico fez tal declaração, fiquei me perguntando como o jovem astrofísico poderia sobreviver ao rompimento de sua relação com o mundo. A abordagem gestáltica prioriza o ‘entre’, a “fronteira” é considerada como o lugar de desenvolvimento da existência. O “contato” é a realidade mais simples e primeira, sem o qual não há construção de indivíduo - individuação. Este contato com o que está “fora” vai dando contorno à noção de quem somos. Como seria para o astrofísico sobreviver sem a possibilidade de contato? Seu momento trouxe um contato especial, capaz de expandir as próprias fronteiras: o amor. Razão e emoção se encontram e perfazem novas configurações. Ele está determinado a encontrar uma “eloquente explicação” para o Universo, seu mundo é matemático, racional. Ele busca a lógica, tem o objetivo de explicar fenômenos do universo, como o tempo. Jane, por outro lado, é emocional, poética e personifica a fé, busca a compreensão do universo através dos sentidos. Esse encontro torna possível expandir suas fronteiras, permitindo que as probabilidades científicas sejam desafiadas. O “tempo”, seu objeto de estudo, é vivido em sua plenitude pelo casal, que encontra novas alternativas para cada novo desafio imposto pela enfermidade.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Para sempre Alice

clip_image002ASSUNTO
Alzheimer, relações familiares, afetivas e sociais, luto, momento presente - Abordagem gestáltica.
SINOPSE
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia  (Kristen Stewart) se aproximam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme sobre Alzheimer não é novidade, o tema já foi debatido em outras películas. O que há de novo nessa versão? Além de retratar a doença precoce, em sua versão rara, hereditária, que atinge pessoas em fases mais precoces da vida, o filme nos faz refletir sobre outros aspectos: processo de perda, adoecimento inesperado e relações familiares. Acompanhar a jornada de Alice não é nada fácil. Tocante, emocionante, dramático, o filme nos faz refletir sobre muitos aspectos, seja sobre o Alzheimer, sobre valores ou qualquer outra doença, que pode ser inesperada e atingir toda a família. Existe também um aspecto informativo no filme. Por exemplo, minha mãe tinha o hábito de fazer palavras cruzadas. Ela dizia que isso ajudava a exercitar a memória e evitar algumas demências. Se existe um aspecto positivo nisso, não tem qualquer relação com a capacidade cognitiva, como pode fazer crer. Talvez, ajude no exercício da repetição, como uma gravação que firma sua marca, tornando mais difícil perdê-la. No filme, quando o marido pergunta a respeito da preocupação com deterioração acelerada da memória, o médico diz: “Cada caso é diferente, casos familiares podem evoluir bem rápido. E, nas pessoas com alto grau de instrução, as coisas podem ser ainda mais aceleradas. Elas sustentam processos mentais por mais tempo, e isso atrasa o diagnóstico”. Ele afirma, assim, que as pessoas mais inteligentes, ao contrário do que possa ser esperado, podem ser as que mais se comprometem com o processo. Dentre os interessantes informativos, há também a visão do doente. Na cena em que a filha caçula pergunta como é estar assim, Alice esclarece: “Não é sempre a mesma coisa, tem dias bons e dias ruins. E nos dias bons, quase sou uma pessoa normal. E nos ruins, não consigo me encontrar. Eu sempre fui muito guiada por meu intelecto, pelo meu modo de falar, articulação. E agora, vejo as palavras na minha frente e não consigo me expressar. Não sei quem sou, não sei o que mais vou esquecer.”

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O lenhador

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Pedofilia, relações afetivas, sociais, familiares e relação terapêutica.
SINOPSE
Após 12 anos na prisão, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num apartamento em frente a uma escola de ensino básico, cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho. Ele, porém, não pode escapar do seu passado e quando os colegas de trabalho descobrem seu crime, o clima amigável desaparece.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Confesso minha resistência em assistir ao filme. Pedofilia é um tema difícil, que provoca sentimentos conflitantes, dificultando a necessária neutralidade no processo terapêutico. Recordo que na época de seu lançamento, o longa foi recomendado por uma professora querida, que sinalizava a respeito da consciência que o terapeuta deve ter sobre os próprios limites. Existem situações nas quais o profissional pode ficar impossibilitado de manter a postura de imparcialidade, do não julgamento, a pedofilia pode ser uma delas. Como atender com imparcialidade um cliente, que em um momento de descontrole, é capaz de molestar uma criança indefesa? Como lidar com tal situação de forma imparcial? Certamente, o filme nos dá pistas sobre o outro lado da situação. Não há como não repensar nosso impulso de considerar o pedófilo como monstro, após assistir ao drama. Nós somos convidados a acompanhar os dias de Walter, após 12 anos de detenção. Aos poucos, somos apresentados ao seu drama, e seus conflitos cotidianos diante da necessidade de se reinserir na sociedade e seus conflitos internos, frente à possibilidade de se descontrolar novamente.

domingo, 31 de agosto de 2014

Herói por acidente

clip_image002[4] ASSUNTO
Self, personalidade, gestalt-terapia, ética jornalística, relações sociais, afetivas, e familiares e produção midiática.
SINOPSE
1992 -Dustin Hoffman, Andy Garcia e Geena Davis estrelam nesta cativante comédia de Stephen Frears. Davis é a ambiciosa repórter Gale Gayley, que literalmente aterrissa na história de sua vida, quando é uma das passageiras do avião que cai em uma ponte de Chicago. No meio da fumaça e da escuridão, ela é salva por um corajoso e mal educado herói, que rapidamente desaparece na noite deixando apenas seu sapato para trás. Quando a emissora de TV de Gale oferece um milhão de dólares para o herói misterioso, um educado veterano do Vietnã (Garcia) aparece para reclamar o prêmio - e dividi-lo com os sem-teto da cidade. Mas esta excêntrica história de Cinderela é complicada pelo fato de que o verdadeiro herói é um pequeno picareta (Hoffman), no qual ninguém acredita. Os dois homens têm algo de heróico, bem como algo a esconder, e cabe a Gale descobrir o verdadeiro significado da coragem.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme foi indicado por Claudia Távora no livro ‘Encontros’. No artigo “Três ensaios sobre o self: Intencionalidade, crise e mudança”, ela apresenta três filmes e propõe uma ‘jornada cinematográfica clínica’. Sugerindo que os filmes sejam assistidos após a leitura, ela faz considerações sobre os conceitos gestálticos e propõe novos olhares. Para os que se interessam pela Gestalt-terapia, vale a pena procurar o livro, que está disponível no IGSP. Indo além do self, “personalidade”, etc, o filme trás outros aspectos a serem considerados. Uma das sacadas mais legais do filme é a apresentar como é fácil restringirmos a “personalidade” algo estagnado, sem lembrarmos que vida é movimento... Para os jornalistas, será importante focar na discussão ética que se revela na trama. A jornalista Gale Gayley prioriza a profissão, trazendo a discussão a respeito da ética, a falta dela e suas consequências. Ainda considerando esse aspecto, a trama faz uma crítica à mídia e a crença geral em qualquer coisa que é divulgada, sem que seja considerada a realidade dos fatos. O que está em foco é a melhor imagem, o que todos querem ver, crer, aceitar... Notícia também vira produto de consumo! Bernie La Plante e John Bubber nos convidam a pensar em alguns aspectos interessantes sobre aparências e outros assuntos. A primeira frase que me veio a mente foi “A ocasião faz o ladrão”. Embora não concorde que se dê dessa forma, pois somos constituídos pelo encontro, a força do meio é realmente impressionante. É no encontro com o desconhecido que nos revelamos, não só ao mundo, mas também para nós mesmos. Fora essa discussão, que rende muitas reflexões, os dois personagens retratam uma realidade difícil de ser aceita: ninguém é de todo mau, muito menos, bom. O potencial humano revela ambiguidades, não devemos “engessar” nem uma personalidade, nem um acontecimento, pois tudo acontece sem que tenhamos planejamento suficiente para dar conta do devir. O AGORA revela encontro de diferentes “forças”, ou “campo de forças” que se desdobrarão no inesperado. Vale a pena conferir!







quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Culpa é das Estrelas

ASSUNTO
Doença terminal, luto, perseverança, tempo, relações afetivas, sociais e familiares, autoconhecimento, superação, prioridades.
SINOPSE
Diagnosticada com câncer, a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, ela é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão. Lá, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que também sofre com câncer. Os dois possuem visões muito diferentes de suas doenças: Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros, já Augustus sonha em deixar a sua própria marca no mundo. Apesar das diferenças, eles se apaixonam. Juntos, atravessam os principais conflitos da adolescência e do primeiro amor, enquanto lutam para se manter otimistas e fortes um para o outro.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Atendendo ao pedido de uma colega do grupo, Christiana Chagas, finalmente assisti A CULPA É DAS ESTRElAS. Por sorte minha não o fiz no cinema. Explico: Sou chorona por natureza, e, se o fizesse rodeada de pessoas, poderia ser constrangedor, talvez não fosse possível soltar toda emoção. Em casa, sozinha, eu pude dar vazão às emoções, chorei muito. Não, o filme não é um daqueles dramas melodramáticos que prioriza manipular o espectador colocando “o dedo na ferida”, explorando imagens da doença ou apelando para a compaixão do público. Apesar de conter diálogos ricos, recheados de “tiradas geniais”, o foco maior está no que não é dito. Os atores cumprem o trabalho, cada olhar ou gesto transmitem muito, fica impossível não ser tocado em algum momento. Bom, não é bem assim. Há pessoas que são como Gus, escondem suas emoções ou inseguranças em frases irônicas e bem humoradas, ou em sorrisos sarcásticos ou deboches. São apenas formas singulares de expressão. Fato é que, lá no fundo, existe um lugar que é tocado, mesmo que a pessoa não consiga expressar como o ‘outro’ é capaz de fazer. Aliás, uma coisa engraçada é essa de chorar. Embora seja a expressão autêntica de uma emoção, na maior parte das vezes, surge alguém que diz a célebre frase: “Não chore.” Por que não chorar? Tenho me perguntado o motivo de sentirmos vergonha disto, sendo o choro coerente com o momento ou não... Voltando ao filme: O silêncio das cenas toca o espectador no conjunto de suas próprias experiências, não pela semelhança com os fatos retratados, mas pelas sensações percebidas como “conhecidas”. Obviamente, cada um será tocado em sua particularidade, portanto, não há como explorar todas as possibilidades. Sendo o filme baseado em um livro escrito para adolescentes, é esperado que a trama pudesse atingir ao mesmo público. No entanto, os temas abordados podem superar as expectativas e afetar ao público em geral. Isto ocorre, principalmente, por focarem em assuntos que permanecem como tabus para a humanidade: câncer, morte, doença, tempo, a finitude.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A Delicadeza do Amor

ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, luto, superação, autoestima, amor.
SINOPSE
Nathalie (Audrey Tautou) é jovem, bonita, tem um casamento
perfeito e leva uma vida tranquila, com tudo no lugar. Contudo, quando seu marido vem a falecer após uma acidente, seu mundo vira de cabeça para baixo. Para superar os momentos tristes, ela decide focar no trabalho e deixa de lado seus sentimentos. Até o dia em que ela, sem mais nem menos, tasca um beijo em Markus (François Damiens), seu colega de trabalho e os dois acabam embarcando numa jornada emocional não programada, revelando uma série de questões até então despercebida por ambos, o que os leva a fugir para redescobrir o prazer de viver
e entender melhor esse amor recém-descoberto.


TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Lançado no Brasil em 2012, o filme tem uma capacidade expressiva tão grandiosa, que dispensa minha forma habitual de escrever. A trama  supera qualquer expectativa, principalmente pelo não dito. A linguagem não verbal é alternada com as poucas palavras que vão costurando a trama com sutileza. É difícil encontrar um filme que tenha a capacidade de provocar tanto com tão pouco. A ausência de glamour encanta. Cada cena traduz um episódio crível, que despido de alegorias, irá abraçar cada instante como simples fenômeno em ato. Começando pelo final feliz de “contos de fadas”, a tal “receita da felicidade” vai sendo desconstruída. Assim, como a vida que só pode ser construída entre altos e baixos, o filme transita entre perdas e ganhos, frustrações e conquistas, alegrias e tristezas. O gracioso “A delicadeza do amor” acompanha os caminhos da vida de “pessoas reais”, com seus defeitos e qualidades, tudo é elaborado com bom humor e sensibilidade. O luto, a luta, a ansiedade, a negação, a rejeição, o medo, a dor, a paixão, a saudade, o preconceito, a mudança de ciclo, o renascimento, a superação são temas explorados na trama. Partindo de uma história de amor interrompida, o filme acompanha a elaboração do luto da protagonista, sem com isso pesar no tom dramático. Após o tempo necessário para ela, o verdadeiro encontro, aquele que só é possível na diferença, simplesmente acontece. Desde a perda do marido “perfeito”, ela se entregou ao trabalho, transformando-o numa obsessão. Vivendo no modo automático, ela evita contatos afetivos. No entanto, em um dia qualquer, algo “transborda” em Stéphane, o que provoca um ato impensado: o impulso ncontrolável de beijar o estranho Markuz, um simples funcionário de sua equipe de trabalho. Ele, o típico perdedor de poucos amigos e baixa autoestima, é surpreendido pelo acontecido, que irá transformar sua forma de ver o mundo. Partindo do inesperado, o verdadeiro encontro se dá. Há entre a beleza, que não quer ser vista, e a feiura, habituada ao anonimato, o desenvolvimento sensível de possibilidades, que podem ser vivenciadas a cada instante, na forma que se apresentar aos sentidos. De “Penso, logo existo” ao “Existo, onde não penso”, a trama encanta por sua meiguice natural, apresentando em poucas palavras, como a vida pode ser. O filme é recomendado para todos, sem exceção! Não existem palavras suficientemente capazes de descrevê-lo, pois a trama estimula mais os “sentidos” do que a razão, merecendo, portanto, ser percebido e sentido. Deixe-se afetar pelo inesperado, singelo e terno “A delicadeza do amor”!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Eu, mamãe e os meninos

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Relações familiares, afetivas e sociais, sexualidade, homossexualidade, autodescoberta, identidade, gênero, construção de personagem do ator.
SINOPSE
Concebido, dirigido e protagonizado pelo comediante francês Guillaume Gallienne, o filme autobiográfico tem início num palco de teatro, onde a ideia ganhou espaço pela primeira vez numa peça de sucesso na França. Guillaume tem uma história de vida curiosa: quando era criança, sua mãe autoritária sempre pensou que ele fosse diferente dos irmãos, e decidiu criá-lo como uma garota. Anos depois, já adulto, ele relata a relação complicada que tinha com o pai, os maus-tratos dos colegas de escola e seus primeiros amores. Depois de várias confusões e histórias engraçadas, Guillaume decide fazer uma peça de teatro para contar como consegui finalmente fazer as pazes com a sua sexualidade.
TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Ah, como “EU, MAMÃE E OS MENINOS” é divertido, sem deixar de provocar diversas reflexões sobre diferentes perspectivas do desenvolvimento humano e a importância das relações familiares em nossa constituição. Trata-se de uma comédia dramática, que escolhe uma abordagem, que não se esgota no tema “homossexualidade” ou “sexualidade”. O filme fala sobre autoconhecimento, intolerância homofóbica, gênero, definição da identidade, julgamento, e, obviamente, relações familiares. Há diferentes formas de olhar os temas desenvolvidos na trama, de tão rica que é. Por exemplo, os que são atores encontrarão um verdadeiro laboratório de expressão artística, o que é uma deliciosa homenagem ao processo de formação de ator. Já dentro das abordagens psicológicas, é possível encontrar também diferentes olhares, o que pode confirmar o merecimento de seus prêmios. Para a abordagem gestáltica, a visão de homem é a que considera a totalidade organísmica, ou seja, o homem em relação com o meio ambiente (pessoas/mundo). Não há como olhar o ser, sem que seu contexto seja incluído. Sendo assim, o desenvolvimento do ser humano acontece durante os contatos que realiza desde o nascimento. Obviamente, os pais, sendo os primeiros contatos relacionais do ser, fazem parte da construção primária da identidade. O titulo do filme é justificado na frase que a mãe usa ao chamar os filhos: “Os meninos e Guillaume, à mesa”. O que retrata clara diferenciação do olhar da mãe, que o exclui da categoria “meninos”. A mãe se revela dominadora, sem com isso deixar de ser admirada, idolatrada e bastante imitada pelo filho, que aceita de bom grado o lugar destinado a ele pela mãe. A trama sugere que a mãe projeta nele o desejo ser mãe de uma menina.

domingo, 27 de julho de 2014

Questão de tempo

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Relações familiares, relações afetivas, adolescência, aqui e agora (conteito da abordagem gestáltica).
SINOPSE
Ao completar 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia, dada por seu pai (Bill Nighy), de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio, Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Primeiro vamos falar sobre Tim, um adolescente como outro qualquer. Ele está inseguro, “sem lugar”, mas tem clareza do desejo mais importante de todo ser humano: encontrar o amor. E, ele não tem vergonha de assumir sua necessidade diante do pai. Partindo desta premissa simples, o filme traz a possibilidade de ter uma “ferramenta especial” para lidar com sua necessidade genuína. QUESTÃO DE TEMPO é de fato uma bela surpresa. Com personagens cativantes, distantes da perfeição, bem próximos da realidade de qualquer um, a trama usa a fantasia de “viajar no tempo” sem com isso tornar-se fantasiosa demais. Ao saber da possibilidade de viajar no tempo, Tim duvida de início, mas não aproveita seu privilégio para ingressar em momentos tão distantes, que possam fugir tanto de sua realidade. Ele tenta seguir as regras básicas, para refazer erros primários de seu cotidiano.

domingo, 20 de julho de 2014

Minhas tardes com Margeritte

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Relações familiares, afetivas e sociais, aprendizagem, amizade, educação.
SINOPSE
Baseado no livro de Marie-Sabine e dirigido por Roger Jean Becker, o filme Minhas Tardes Com Margueritte conta a história de um daqueles improváveis encontros que podem mudar a vida de uma pessoa. A trama se passa em torno de Germain, um cinquentão quase analfabeto, e Margueritte (Gisèle Casadesus), uma senhora apaixonada por livros. Quarenta anos e muitos quilos os separam, mas, por acaso, Germain (Gérard Depardieu) senta ao lado dela em um banco no parque. Ela recita versos em voz alta, dando a ele a chance de descobrir a magia dos livros, que nunca fizeram parte da vida dele. As coisas mudam quando o homem descobre que Margueritte está perdendo a visão e, pelo carinho e afeto que foram criados da relação, ele se esforça para aprender e mostrar que ele poderá ler quando ela não puder mais.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Recentemente, comentei sobre um vídeo que sinalizava sobre uma palavra pouco usada em nossos dias, a “ternura”. Eis que poucos dias depois, me deparo com MINHAS TARDES COM MARGARITTE, um filme delicado, encantador e repleto do mais puro sentido da palavra ternura. Falamos de um enredo simples, sobre um encontro inusitado entre dois personagens antagônicos, que irá retratar o retorno ao que realmente importa, mostrando exemplos de ternura e de prazer que estão inseridos nas pequenas coisas da vida. O filme apresenta um encontro casual de um cinquentão rude e uma senhora de idade extremamente delicada. Não se engane, logo percebemos o contraste entre a pequenez do brutamonte e a grandeza da pequena senhora. A trama nos convida a acompanhar o desdobramento do verdadeiro encontro, que só é possível na diferença, como já bem apontado na literatura gestáltica.

domingo, 15 de junho de 2014

Disconnect

 
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ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, sociais e virtuais. Luto, relação terapêutica, abordagem gestáltica, fobia social, adolescência, crimes virtuais, cyberbullying, casal e família.

SINOPSE

Este drama mostra várias histórias pessoais, tendo em comum os efeitos perversos do uso excessivo de tecnologia, Internet e telefones celulares. A vida de um casal entra em perigo quando sua vida privada é exposta online, uma viúva e antiga policial descobre que seu filho humilha um garoto da escola pela Internet, um advogado obcecado por seu telefone não consegue se comunicar com a própria família, e uma jornalista vê sua vida se transformar quando ela pesquisa a história de um adolescente que faz atuações eróticas pela webcam.

TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA

Não é o primeiro filme que discute o tema. “Rede Social” explorou as dificuldades de relacionamento do autor do facebook. Recentemente, “Ela” entrou no Universo afetivo entre o real e o virtual, revelando angústias e carências contemporâneas. Em “Disconnect”, a trama retrata alguns dos principais riscos das relações que estão sendo construídas nas redes sociais, a partir de três histórias que vão se conectando ao longo do filme. Baseado em fatos reais, o enredo costura a trama partindo de vidas que irão se conectar na rede virtual ou real através de alguns acontecimentos. Diante desta teia virtual, a trama nos apresenta diferentes formas de conexões e desconexões nas relações contemporâneas. Em cada um dos três casos, temos contatos pouco saudáveis, virtuais ou reais sendo pontuados, que podem ou não se desenvolver para um melhor contato ou uma solução saudável. Desta forma, temos bastante para refletir sobre diferentes formas de fazer contato com o outro, seja através do virtual ou não. Em tempos de globalização, as relações virtuais ganham formas humanas, no entanto, por outro lado promovem novos tipos de conflitos e distúrbios emocionais.

sábado, 26 de abril de 2014

Os melhores dias de nossas vidas

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Relações sociais, afetivas e familiares. Distrofia Muscular de Ducchene, paralisia cerebral, intolerância, diferenças, cuidador e alguns conceitos da abordagem Gestáltica.

SINOPSE
Rory (James McAvoy) é um jovem rebelde, bem-humorado, que fala o que pensa, não liga para as convenções sociais, nem para nada, nem para ninguém. Seu oposto é Michael (Steven Robertson), que sempre levou uma vida completamente sem graça e enfadonha. O que estas duas pessoas tão diferentes poderiam ter em comum? A resposta é cruel: Rory é tetraplégico e Michael tem paralisia cerebral. Descontentes com as 'regras da vida', estes dois amigos inusitados planejam deixar a instituição onde estão internados com a ajuda de Siobhan (Romola Garai) para que eles finalmente atinjam seus objetivos: viver a vida em toda sua intensidade. Mas quais as surpresas que o mundo fora dos portões da instituição irão revelar aos dois rapazes.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
clip_image003Um dos aspectos mais interessantes do filme é a oportunidade que ele oferece de refletirmos sobre os rótulos que usamos nas pessoas. É comum pensarmos em pessoas com necessidades especiais como pessoas “deficientes”, com tendência a esquecermos da parte “pessoa”. Uma pessoa com necessidades especiais é antes de tudo uma pessoa! Como tantas outras, a pessoa em questão têm diversas outras necessidades, desejos, funcionalidades e formas que vão compor sua personalidade. Falando em personalidade, isso é o que não falta em Rory, um rapaz rebelde que é portador de “Distrofia Muscular de Duchene”. Ele não é tetraplégico, trata-se de uma doença genética que afeta somente ao sexo masculino. O portador desta doença tem uma degeneração muscular durante a vida, o que levou Rori para a cadeira de rodas. Falaremos mais sobre a doença depois, agora, voltemos ao filme. Rori é desprendido, audacioso, quer curtir a vida, como e enquanto for possível, ele não aceita ser limitado além do que a própria doença impõe. Ao ser internado em uma instituição para pessoas com necessidades especiais, ele conhece Michael, um rapaz introvertido com paralisia cerebral. Ao contrário de Roni, Michael é quieto, conformado com a vida que tem levado. Até então, o que fazia parte de seu mundo era o seu cotidiano enfadonho, repetitivo e limitado. Sua dificuldade em se comunicar fazia com que vivesse ainda mais isolado de que o necessário. Suas dores não tinham espaço além do silêncio e o conformismo diante daquilo que conhecia como vida.

quarta-feira, 12 de março de 2014

A menina que roubava livros

 
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Guerra, preconceito, racismo, violência, perdas, resiliência, luto, arte, solidariedade, vida e morte.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para além do registro sobre as crueldades do Nazismo, o filme nos convida a testemunhar um belo exemplo de resiliência. Sim, Liesel é um modelo perfeito para a compreensão deste conceito que nos é tão caro em psicologia. O termo resiliência refere-se à capacidade dos indivíduos para superar os períodos de dor emocional e adversidades. Na abordagem Gestáltica, entendemos a resiliência como a capacidade do indivíduo realizar ajustamentos criativos funcionais diante de situações adversas. A arte de superar, que transforma adversidades em oportunidades, parece ser dominada pela menina. Sua trajetória está repleta de situações adversas que são superadas, na maior parte das vezes, usando os livros como suporte para realização de seus ajustes criativos. Curiosamente, somos apresentados a Liesel pela morte, que narra à árdua jornada da menina de forma surpreendentemente simpática. O primeiro livro cruza seu caminho em momento de extrema dor, durante o breve enterro de seu irmão caçula. Ainda sem compreensão sobre a leitura, ela percebe quando o coveiro deixa o livro cair na neve. Antes mesmo de compreender o significado daquelas letras, ela rouba e atribui um sentido ao objeto, que se revela como único vínculo com a sua família.

domingo, 17 de novembro de 2013

O último amor de Mr. Morgan

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Terceira idade, solidão, luto, segredos, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
No dia em que a jovem Pauline lhe estendeu a mão para ajudá-lo a entrar em um ônibus, o viúvo inglês Matthew Morgan reencontrou a felicidade. Professor teimoso e de natureza ranzinza, ele repentinamente resgata sua curiosidade pela vida durante seus passeios em parques e viagens ao campo, sempre ao lado da bela Pauline. A nova relação renova em Matthew sua noção de família. Com isto, ele se reaproxima do filho Miles, que logo se sensibiliza com as mudanças visíveis no pai. Mas as consequências deste reencontro são imprevisíveis.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme reúne alguns temas familiares, ao retratar a história solitária de um viúvo ranzinza que segue em processo de luto. Conflitos familiares, processo de envelhecimento, solidão e segredo famíliar estão presentes no longa. Desde a morte da esposa, Mathew, como tantos outros viúvos, sobrevive à perda de forma solitária e depressiva. Ele se isola do mundo, seguindo sua rotina. Seus olhos carregam tristeza, resta pouco ou quase nada do brilho de vida de outrora. Pauline, por sua vez, traz luz em sua forma de ser. No encontro de ambos, logo fica claro o quanto é possível trocar na diferença. Já de cara, a moça diz que aquele senhor faz lembrar o pai dela. Ele enxerga nela a figura da esposa que se foi, mas não necessariamente uma substituta. Eles compartilham a dor de terem e não terem uma família. Muitos viúvos e viúvas sentem-se perdidos no mundo depois da perda de seu ente querido. Após anos de compartilhamento de vida, é difícil sobreviver sem aquele que fazia parte do próprio universo. É comum ouvirmos relatos de companheiros que partem pouco tempo depois. Mathew já não conseguia ver sentido na vida, principalmente pela imensidão do único amor que conheceu e a quem dedicou todo afeto que pensava ter: sua esposa. Ele mesmo afirma não entender o que a amada esposa teria visto nele.

domingo, 10 de novembro de 2013

O presente

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Relações afetivas, familiares e sociais, valores, perdas, luto, auto-conhecimento, amizade, segredos, amor, compreensão, empatia, mudanças.
SINOPSE
Jason acabou de perder o avô bilionário que sempre odiou e estava certo de que não herdaria nada. Mas se enganou: "Red" Stevens (James Garner) deixou 12 tarefas para Jason, ao fim das quais ele será avaliado e, se merecer, terá direito ao que Red chama de "o maior de todos os presentes". Cada uma dessas tarefas tem o objetivo de promover alguma mudança em Jason, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com a pequena Emily (Abigail Breslin).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por um seguidor, o filme é de fato um presente. A trama, ainda que não pretenda retratar fatos reais, pois dificilmente seria possível realizar tal plano de forma tão bem amarrada, termina por provocar boas reflexões. Trata-se de um drama de 2006 que exemplifica a importância da experiência vivida para nosso desenvolvimento. Conselhos podem ser bem vindos, mas pouco ou nada valem diante da experiência vivenciada. Na abordagem gestáltica, priorizamos a experiência, ou melhor, o experimento, exatamente por alcançar melhor resultado no que se refere à possibilidade de mudanças. Assim também pensa o avô de Jason, que através de sua proposta promove  diversas experiências que irão transformar sua vidade Jason para sempre. Até então, o neto era apenas um “payboy” sem noção de alguns valores que são essenciais para o ser humano. Sua vida era resumida em prazeres financeiramente dispendiosos, atividades fúteis e relações vazias. Apesar de ser bem instrído, o rapaz não tinha em seu universo qualquer aplicação para tudo que aprendeu em sua formação. Todo conhecimento adquirido era desperdiçado, pois desconhecia a palavra necessidade, fosse de produção ou de vontade de brigar por algo. O fato de tudo estar disponível, todo o tempo, fez com que Jason perdesse contato com seus sentidos.

domingo, 2 de junho de 2013

Em frente da classe/O líder da classe/O primeiro da classe

ASSUNTO
Síndrome de Tourette, educação/ensino, diferenças, Abordagem Gestáltica (Teoria Paradoxal da mudança), Superação e preconceito.
SINOPSE
2008 - O filme (Front of the Class - O líder da Classe ou O Primeiro da Classe) mostra o preconceito que Brad Cohen (Jimmy Wolk) sofreu por toda a sua vida por fazer esses "barulhos" estranhos devido a Sindrome de Tourette. As pessoas não entendiam, achavam que era uma brincadeira de mal gosto e o desprezavam e o castigavam por isso (inclusive o seu próprio pai o maltratava). Mas ele não se deixou abater e mostrou que era superior a qualquer tipo de preconceito e então resolveu dar aulas para crianças, coisa que ele amava e sempre sonhou em fazer. E se tornou o professor mais amado entre seus alunos. Esse filme narra a história de vida de Brad Cohen(Jimmy Wolk),que tem Síndrome de Tourette(é um distúrbio neurológico que faz com que o corpo perca o controle e a pessoa com essa doença tem tiques nervosos) e mesmo assim ele não deixa que essa deficiência o vença. Desde os 6 anos,ele tem esse problemas, mas sua mãe sempre o incentivou a ter uma vida como a de todo mundo, não é por conta do Tourette que ele não podia ter uma vida comum. Foi um diretor que o fez ser aceito na escola e pela ignorância dos professores que ele teve na vida, decidiu o ser o professor que ele nunca tinha tido. Ele adora ensinar o mais importante: que nada nunca o impediu de viver. Baseado em fatos reais,hoje em dia o verdadeiro Brad é casado com Nancy, fez seu mestrado e faz o que ele ama fazer: dar aulas.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme conta a história de Brad Cohen, um professor dos Estados Unidos que "sofreu" muito mais com o preconceito, do que com a síndrome de Tourette, um transtorno neuropsiquiátrico que o acompanhou desde os seis anos. Sobre a doença, Brad insiste em dizer que foi sua companheira desde os seis anos, e, também a principal responsável por ele se tornar um professor “de verdade”. A história dele não se distancia muito das de outras pessoas com formas “diferentes” de ser. Aqui falamos de diversas formas de funcionar no mundo, seja por aquilo que chamamos de doença, ou sexualidade, cor, crença, etc. Neste aspecto, o filme é uma lição de vida, pois nos alerta sobre o perigo de qualquer tipo de preconceito ou estigma. De fato, o enredo nos chama a atenção sobre o quanto a reação social às diferenças podem provocar o agravamento de “doenças”, e, em alguns casos, até resultando em distúrbios até então inexistentes. A obra é um presente que nos conduz a discussões e reflexões importantes sobre relações familiares, afetivas, sociais,  professor/aluno, diferenças, preconceitos, relação terapêutica e Abordagem Gestáltica.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

À beira do Caminho

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Relações familiares e afetivas, luto, traição, culpa e amizade.

SINOPSE

2012 - Para fugir dos traumas do passado, o caminhoneiro João (João Miguel) resolve deixar sua cidade natal para trás e cruzar o país. Ele dirige Brasil afora, sempre solitário, até que numa de suas viagens descobre que o menino Duda (Vinicius Nascimento) se escondeu em seu caminhão. Duda é órfão de mãe e está à procura do pai, que fugiu para São Paulo antes mesmo dele nascer. A contragosto, João aceita levá-lo até a cidade mais próxima. Entretanto, durante a viagem nascem elos entre os dois, que faz com que João tenha coragem para enfrentar seu passado.

Coincidências trágicas marcam filme 'À Beira do Caminho' - Clique aqui para ler.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

As dificuldades na elaboração do luto é um tema forte na trama. João é carrancudo, mal humorado e se mostra pouco inclinado ao convívio social. A solidão não é apenas devido a sua profissão, pois revela uma escolha pessoal. O filme mostra o cotidiano de um profissional pouco valorizado, o caminhoneiro. A estrada é o caminho que parece não ter fim, a cada quilômetro percorrido, maior fica a distância e a solidão. Encontrar Duda, o menino órfão, acaba por trazer à tona tudo que João queria esquecer. Aos poucos, o menino e sua história vão quebrando a armadura do motorista. Suas defesas vão aos poucos sendo destruídas. Semelhante a um processo terapêutico, que ocorre quando o cliente ao evitar a dor acaba por tornar crônica outra dor - aquela conhecida, mas nem por isso menos sofrida – é apresentado. O processo terapêutico busca favorecer o olhar do cliente para sua realidade, sua dor real – ou seja, as situações evitadas, objetivando novas escolhas, soluções ou acabamentos. Assim, tudo que impedia o cliente de ser quem é, pode ser desbloqueado. Situações inacabadas são obstáculos para o “vir-a-ser” do indivíduo, sua forma legítima de funcionar no mundo. No filme, o convívio com Duda acaba por favorecer o reencontro de João com seu mundo, suas emoções e novas possibilidades. A fuga de sua realidade dolorosa não aliviava a dor, apenas tornava o personagem cada dia mais distante de si mesmo, cristalizado, ausente.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

As Sessões

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Sexualidade, deficiência física, processo terapêutico, terapia sexual.
SINOPSE
2012 - Mark O'Brien (John Hawkes) é um escritor e poeta que, ainda criança, contraiu poliomielite. Devido à doença ele perdeu os movimentos do corpo, com exceção da cabeça, e precisa passar boa parte do dia dentro de um aparelho apelidado de "pulmão de aço". Mark passa os dias entre o trabalho e as visitas à igreja, onde conversa com o padre Brendan (William H. Macy), seu amigo pessoal. Sentindo-se incompleto por desconhecer o sexo, Mark passa a frequentar uma terapeuta sexual. Ela lhe indica os serviços de Cheryl Cohen Greene (Helen Hunt), uma especialista em exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado pelo atual colega e ex professor Mauro Paiva, AS SESSÕES é de fato sensacional. A grande sacada do filme, ao retratar Mark, é focar o seu bom humor e sua capacidade de se sustentar apesar de suas limitações. Seu grande dilema é sentir-se incompleto por permanecer virgem, ainda que tenha ereções e orgasmos descontrolados. Diante da questão, novos desafios surgem em seu caminho, quando decide buscar alternativas que o ajudem a sentir-se Homem, adulto, ou seja, perder a virgindade. A trama se desdobra de forma delicada, em diálogos ricos com o padre - que revelam suas questões religiosas e íntimas –, o processo terapêutico com a “substituta sexual” – Terapeuta sexual que o auxilia no processo de consciência corporal e faz algumas intervenções psicológicas - e suas relações em geral, consigo, com pessoas do mesmo sexo ou o sexo oposto. Dogmas religiosos, conceitos sociais e pré-conceitos são deixados de lado diante da questão existencial básica, que é o dilema de Mark.