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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Garota Dinamarquesa


ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, sexualidade, transsexualidade, transtorno de identidade de gênero.

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 

Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

O filme é a cinebiografia de Lili Elbe, nascido Einar Mogens Wegener, um artista plástico dinamarquês que teria sido a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. A década de 20 era um momento em que a medicina ainda não estava preparada para lidar com as possíveis complicações daquela intervenção. É preciso considerar que o filme foi baseado em um livro, que por sua vez foi baseado em uma história real, um marco na história da medicina e uma porta que se abria para os transexuais. Na adaptação para o cinema, importantes detalhes foram omitidos ou modificados. Por exemplo, Lili foi submetida a 4 cirurgias, pois encontrou o amor e pretendia constituir família, ter filhos. Segundo diversos relatos, na ocasião de sua morte, Gerda já não convivia com Lili, que estava acompanhada de seu novo amor, um curador de artes. Gerda, por sua vez, bissexual assumida, após se divorciar do segundo marido, não obteve sucesso profissional e se tornou alcoólatra, encerrando sua passagem pela vida no anonimato. Embora não haja qualquer menção à bissexualidade de Gerdra na trama, é possível considerar algumas pistas, seja no roteiro ou na interpretação da atriz. A trama foca o relacionamento do artista com sua esposa Gerda,  sua descoberta como mulher e a reação de ambos durante o processo. Não há exposição sobre as reações da sociedade. As críticas não foram favoráveis nem ao desfecho do filme, nem a forma, sendo considerada por muitos como rasa na abordagem do assunto. Fato é que o enredo abre uma brecha para discussão e melhor compreensão do que é ser transexual. Esclarecendo: Diferente da homossexualidade, que é caracterizada apenas pela atração sexual e afetiva entre indivíduos do mesmo sexo, sem que haja incômodo com o próprio corpo, a transexualidade traz uma pessoa que não se identifica com o seu corpo, seu gênero psicológico não corresponde ao físico.  Independente da ficção, a trama denuncia algumas questões reais. Por exemplo, na procura de solução para seu incômodo, Lili encontra até o diagnóstico de esquizofrenia. Dentre outras intervenções que tentavam "resolver" a questão, o choque também foi utilizado,

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






sábado, 9 de maio de 2015

Entre abelhas

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ASSUNTO
Casal e família, separação. Relações afetivas, familiares e sociais, depressão.
SINOPSE
Bruno (Fábio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher (Giovanna Lancellotti), começa a deixar de ver as pessoas. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe (Irene Ravache) e do melhor amigo (Marcos Veras), ele tentará descobrir o que se passa em sua vida. Mesclando momentos engraçados, gerado pela situação, Bruno recorre a mãe. Mas a invisibilidade parece piorar e pessoas essenciais da vida de Bruno estão ameaçadas de se tornarem invisíveis também.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Inesperado, surpreendente, decepcionante. Falamos do mesmo filme, público diferentes surpresas e decepções inesperadas. Certamente, quem espera algo do estilo humorístico de “porta dos fundos” ou do que costumamos ver na atuação de Fábio Porchat, se decepcionará. Não é uma comédia leve, muito menos de fácil compreensão. Definitivamente, seu roteiro está muito longe daquela fórmula conhecida dos filmes comerciais, ele ousa, vai além, é surreal, é metafórico!. Ultrapassando o estilo fácil, o filme propõe reflexões, não oferece respostas nem explicações, apenas provoca diferentes interpretações, implicando o espectador no enredo. Lembrei-me daquela propaganda, que dizia mais ou menos isto: O MUNDO É FEITO DE PERGUNTAS. Pois é, que perguntas são provocadas pelo longa? O que estamos de fato vendo? É muito fácil criticar o personagem, que por sua condição, aos poucos deixa de ver pessoas significativas. Cada espectador pode se perguntar também, que pessoas consegue ver, de verdade. Em nosso cotidiano, quem e o que nos permitimos ver? O que escolhemos ver e ouvir? Como estamos usando nossos sentidos? Embora, o filme retrate o sentido da visão como aquele claramente prejudicado em momento de luto, a audição também falha para Bruno. O filme denuncia, através da alienação dos sentidos de Bruno, a distância cotidiana de nossa bússola principal: os nossos sentidos. Muitas vezes obstruídos por razões e emoções, promovendo o desequilíbrio na saúde. Impossível desconsiderar o drama de qualquer separação, pois independente de quem teve a iniciativa de por fim a uma relação, enfrentar uma separação é lidar o com fim de um sonho, um projeto. É difícil, é dramático e às vezes um luto insuportável. Sim, Bruno está de luto, a ficha da separação custa a cair. Seu ritmo é diferente da ex-esposa, para ele tudo aconteceu muito rápido. A proposta da “despedida de casado” não pareceu divertida para ele. Aos poucos, as pessoas desaparecem. Mãe, médico, psicólogo e amigo, todos tentam ajudar de seu jeito. A mãe, ora superprotetora, ora assustada, tenta traçar uma estratégia. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. As situações hilárias têm espaço, não tirando a seriedade do drama, que inclui o público em suas angústias.  Compartilhamos com ele de momentos difíceis, sem sentido, no melhor significado da palavra, afinal, seus sentidos o estão enganando. Seu amigo Davi, retratado como um homem de moral duvidosa, do estilo egoísta, infiel, irresponsável, é incapaz de ver o que o amigo está passando. Claro, sua forma de resolver as coisas não permite que ele enxergue outras opções, nem a própria dificuldade de enfrentar suas questões. Não, o melhor amigo de Bruno não pode servir de exemplo, nem suporte. Os diálogos, com o psicólogo que acha cedo para medicação, são esclarecedores para o público, não para Bruno. Ele não está preparado para ouvir. Ele faz sinalizações importantes, mas o cliente não pode ainda compreender.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Teoria de tudo

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Relações familiares, sociais, acadêmicas, afetivas e terapêuticas – auto-suporte. Conceitos gestálticos: Priorizar os sentidos, momento presente, teoria paradoxal da mudança (aceitar o que está sendo para que a mudança ocorra, favorecendo se tornar quem de fato é).
SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata um período importante da vida do famoso astrofísico, que foi acometido ainda jovem pela doença degenerativa denominada ‘síndrome de Charcot’. O médico informa, ao esclarecer o caso, que embora a doença não vá afetar o seu cérebro,  a ligação entre este e os músculos será interrompida gradativamente, o que impossibilitará sua comunicação com seu entorno. Ao assistir a cena em que o médico fez tal declaração, fiquei me perguntando como o jovem astrofísico poderia sobreviver ao rompimento de sua relação com o mundo. A abordagem gestáltica prioriza o ‘entre’, a “fronteira” é considerada como o lugar de desenvolvimento da existência. O “contato” é a realidade mais simples e primeira, sem o qual não há construção de indivíduo - individuação. Este contato com o que está “fora” vai dando contorno à noção de quem somos. Como seria para o astrofísico sobreviver sem a possibilidade de contato? Seu momento trouxe um contato especial, capaz de expandir as próprias fronteiras: o amor. Razão e emoção se encontram e perfazem novas configurações. Ele está determinado a encontrar uma “eloquente explicação” para o Universo, seu mundo é matemático, racional. Ele busca a lógica, tem o objetivo de explicar fenômenos do universo, como o tempo. Jane, por outro lado, é emocional, poética e personifica a fé, busca a compreensão do universo através dos sentidos. Esse encontro torna possível expandir suas fronteiras, permitindo que as probabilidades científicas sejam desafiadas. O “tempo”, seu objeto de estudo, é vivido em sua plenitude pelo casal, que encontra novas alternativas para cada novo desafio imposto pela enfermidade.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Elsa e Fred

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, luto
SINOPSE
Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele é rabugento e mal quer sair de casa.
TRAILER
Elsa & Fred (2005)
imageSINOPSE
Fred (Manuel Alexandre) é um pacato senhor com quase 80 anos que se muda para um novo prédio, logo após ficar viúvo, e conhece Elsa (China Zorrilha) sua vizinha também com quase 80 anos. Ela, que sofre de grave doença, é muito atirada, otimista e comunicativa, e tenta viver intensamente cada dia, enquanto Fred é um hipocondríaco e quieto. Mesmo com essas diferenças, e pela insistência de Elsa, essas diferenças são superadas e juntos redescobrem o prazer de viver, a cumplicidade e a amizade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Entre os temas presentes no filme está a dificuldade em superar o luto na viuvez. A perda de um ente querido, com quem foi compartilhada boa parte da vida, o que trás complicações para aquele que fica. Independente de a relação ter sido feliz, a interrupção de uma rotina partilhada pode levar a quadros depressivos. Muitas vezes quando há a morte de um dos cônjuges a família destitui o lugar daquele que está vivo, e dá pouco espaço para que o indivíduo possa elaborar seu luto. Para quem não sabe “Elsa & Fred” é uma refilmagem de um filme hispano-argentino de 2005. Infelizmente, apesar de ter um elenco extraordinário, confesso que gostei mais da interpretação e do roteiro do filme hispano-argentino. Além disso, a nova versão também modifica consideravelmente a personalidade dos protagonistas. Na versão argentina, Fred é um senhor viúvo, romântico, reflexivo, melancólico e muito, muito doce. Diferente da nova versão, que traz um Fred muito ranzinza e carrancudo, apesar do bom coração. A versão contemporânea tende mais para a comédia e o pragmatismo americano, tirando o encanto, a poesia, a reflexão delicada que a primeira oferece. Em todo caso, ambas discutem as dificuldades da terceira idade, o luto, a possibilidade de vivenciar o amor e as diferentes formas de enfrentar a vida e a morte.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Homens, mulheres e filhos

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Relações interpessoais, relações familiares, afetivas e sociais, sexualidade, anorexia, pornografia
SINOPSE
Adultos, adolescentes e crianças amam, sofrem, se relacionam e compartilham tudo, sempre conectados. A internet é onipresente e, nesta grande rede em que o mundo se transformou, as ideias de sociedade e interação social ganham um novo significado. Algumas situações como um casal que não tem intimidade; uma garota que quer ser uma anoréxica melhor; um adolescente que vive em num mundo de pornografia virtual, fazem o expectador repensar a relações humanas.
Homem, Mulheres & Filhos´ conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais enquanto tentam lidar com as diversas maneiras nas quais a Internet mudou seus relacionamentos, suas comunicações, suas auto-imagens e suas vidas amorosas. O filme trata de questões sociais como a cultura dos videogames, anorexia, infidelidade, busca da fama e a proliferação de material ilícito na Internet. Na medida em que cada personagem e cada relacionamento é testado, podemos ver a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e fica claro que ninguém está imune a esta enorme mudança social que vem através de nossos telefones, nossos tablets e nossos computadores.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme fala das mudanças nas relações a partir do universo virtual. De que forma os avanços tecnológicos que trouxe smartfones, tablets, netbooks, smarttvs estão colaborando ou prejudicando as relações entre as pessoas? É disso que trata o enredo. As novas formas de contatar ou evitar os contatos nossos de cada dia. Afetos virtuais, aproximações e afastamentos, pornografia virtual, perda de tempo, privacidade, anorexia, infidelidade, fama, exibicionismo, crimes virtuais, jogos virtuais e tantas possibilidades são discutidas, pontuando a influência da tecnologia na transformação das formas do ser humano se relacionar. Longe de propor respostas, o filme apresenta diferentes perspectivas nas relações mediadas pela internet, muitas vezes tornando o contato real e nutritivo distante daqueles que priorizam as relações virtuais. Certamente, trata-se de um pequeno alerta, não apontando muitos benefícios que o bom uso da internet pode trazer.

Boyhood

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Relações familiares, afetivas e sociais, desenvolvimento, ciclos familiares, bullying, alcoolismo, violência doméstica.
SINOPSE
As alegrias e as armadilhas de crescer são vistos através dos olhos de uma criança chamada Mason (Ellar Coltrane), seus pais (Patricia Arquette, Ethan Hawke) e sua irmã (Lorelei Linklater). Vinhetas, filmadas com o mesmo elenco ao longo de 12 anos, capturar as refeições em família, viagens por estrada, festas de aniversário , Formaturas e outros marcos importantes. O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.
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As mudanças de Mason
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Boyhood poderia chamar A VIDA COMO ELA É, pois a trama acompanha o desenvolvimento de Mason, da infância à juventude, retratando mudanças cíclicas que ocorrem na família durante o período. Como tantos outros, Mason é filho de pais divorciados, ele enfrenta as mudanças do entorno e as que ocorrem com ele próprio. Assim, ser e ambiente se influenciam mutuamente, e, transformam-se ao longo desse período, simples assim, exatamente como a vida é. Não é difícil para o espectador se identificar com alguma passagem do filme. A trama inicia quando o menino tem 6 anos e os pais já estão separados. Fruto de pais imaturos, ele e a irmã vivem as turras, sem que o amor deixe de existir. A mãe, por sua vez, tenta administrar seu lugar de mãe e de mulher, pois sem o suporte do ex-marido, torna-se a única responsável pela administração do lar. Difícil dar conta de cuidar dos filhos e buscar relacionamentos saudáveis.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Adam

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Sindrome de Asperguer, Autismo, relação terapeutica, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
O jovem engenheiro eletrônico Adam acaba de perder o pai. Com dificuldades de se socializar, vive isolado em seu excessivamente organizado apartamento em Nova York. Sua rotina se transforma quando a atraente Beth se muda para o andar de cima. Inicialmente reticente com o comportamento estranho do vizinho, ela aos poucos passa a conhecê-lo melhor e a entender as razões por trás de suas dificuldades de comunicação. Percebendo o interesse de Adam e a profunda conexão que se formou entre eles, Beth resolve dar uma chance ao relacionamento.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adam é portador da Síndrome de Asperger, transtorno de espectro autista. Sua forma de funcionamento traz algumas peculiaridades, principalmente no que se refere à percepção. Costumamos considerar “Normal” ter a capacidade de selecionar o estímulo ambiental que nos interessa. Por exemplo, no universo dos neuróticos, escolhemos o que ouvir, o que ver, o que “perceber”. Muitas vezes, o trabalho da terapia é favorecer a ampliação da percepção, pois nossa tendência de selecionar o que é possível pode provocar comunicação ineficiente, causando sofrimento. Por outro lado, para compreendermos, de fato, o que estamos ouvindo, vendo, percebendo, é preciso focar no alvo de nosso interesse. Em Gestalt-terapia, chamamos de “figura” o estímulo em foco, e de “fundo” todo o restante. Assim, estando aberto ao fenômeno que se revela, ele é selecionado, “destacado”, em detrimento dos estímulos restantes, que vão para o fundo. O processo saudável consiste em trocas sucessivas de figura e fundo, de acordo com o interesse da pessoa, fluindo naturalmente e constantemente. A cada formação de sentido ou “fechamento de uma gestalt”, outro estímulo se torna figura e o anterior se torna fundo. Pessoas portadoras da Síndrome de Asperger não conseguem selecionar estímulos, o que transforma seu universo em alvo de múltiplos estímulos simultâneos. A sensibilidade com a informação sensorial, como luz, som, textura e gosto podem ser percebidas como invasivas, transformando o convívio social em uma ameaça insuportável. O isolamento social é consequência desse e de outros sintomas. Os “aspies” – como se autodenominam os portadores da síndrome – não apresentam nenhum traço físico aparente da doença e possuem inteligência normal, muitas vezes acima da média. Suas dificuldades de comunicação são confundidas muitas vezes como mera timidez, enquanto, na verdade, enfrentam problemas de primeira ordem relacionados à sociabilidade, compreensão da linguagem e interesse exclusivos por determinados assuntos, o que abala as estruturas convencionais na formação de vínculos com a sociedade. Dificilmente eles olham para seu interlocutor, sempre evitando o contato direto. Do mesmo modo, quando olham, eles não conseguem interpretar suas expressões faciais. Isso quer dizer que esteja você sorrindo ou com cara de zangado, a reação é a mesma e neutra, o que acusa a falta de entendimento das emoções. Essa característica provavelmente é uma das que mais lhes gera angústia, pois não conseguem compartilhar e entender os sentimentos do próximo. Uma característica peculiar da síndrome faz que seus portadores se interessem quase que exclusivamente por um único assunto, como pode ser visto com Adam. Cada caso é um caso, nem todos os sintomas são iguais ou têm a mesma intensidade nos portadores. O filme nos mostra como é para Adam, que depois de perder o pai, encontra-se perdido. Beth representa um vínculo nutritivo, que o auxilia a ampliar suas habilidades sociais, a partir de sua disponibilidade e carinho. O desdobrar da história, irá retratar alguns sintomas peculiares e novas revelações dentro  das possibilidades. Trata-se de um filme simpático, que não perde a chance de ser didático, pois a consciência da própria síndrome faz com que Adam explique parte do que ocorre em seu universo. A inaptidão para perceber a linguagem não verbal é amenizada pelo aprendizado lento, mas possível. O longa é super recomendado para melhor compreensão de outras formas de funcionamento no mundo, nem melhor nem pior, apenas diferente. Confira!




quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Pão e Tulipas

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Relações afetivas, familiares e sociais, auto-descoberta
SINOPSE
2000 - A dona de casa Rosalba (Licia Maglietta) está viajando em uma excursão de ônibus com sua família. Ao parar em um restaurante à beira da estrada, ela é esquecida pelo marido e pelos filhos. Uma situação propícia para que possa fazer o que sempre quis: conhecer Veneza. Pede carona, deixando apenas um evasivo recado na secretária eletrônica do marido: "Férias". Mas incidentes transformam a rápida escapada em algo mais duradouro. Enquanto isso, o marido contrata um encanador fanático por histórias de detetive para ir atrás da mulher. Mas Rosalba já organizou sua nova vida: arrumou um emprego, divide um apartamento com um garçom finlandês, ganhou a amizade da vizinha, voltou a tocar acordeão. Quando o encanador-detetive a encontra, ele também percebe que a vida pode ser muito mais divertida do que parece.
 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Também recomendado por Cláudia Távora, em seu artigo “Três ensaios sobre o self: Intencionalidade, crise e mudança”, que foi publicado no livro “Encontros”, IGSP, o filme revela muito sobre nossas relações com e no mundo. Promovendo diversas reflexões, a trama nos convida a pensar sobre o nosso funcionamento no mundo, nossas possíveis acomodações, nossos sonhos esquecidos, nossa necessidade ambígua de “voar em segurança”. Estamos falando daquela necessidade de mudança que nos causa medo, ela é necessária e também assustadora. Auto-descoberta é o ponto forte do filme. Gosto do pensamento que des-cobre, no sentido de revelar, tirar aquilo que cobre. Pois é assim com Rosalba, que em momento de crise, aproveita a oportunidade para se re-conhecer, se re-conectar a si mesma, se re-descobrir. E, como esse é um processo que se faz nos contatos, foi preciso também existir novos e nutritivos contatos capazes de promover seu crescimento. Explico, Rosalba é esquecida por sua família, num momento bastante simbólico. Para alguém que vive em função do seu contexto (casamento/ família), é exatamente sua preocupação - em recuperar a aliança que havia caído no vaso sanitário - que fez com que se perdesse o ônibus. Entretanto, nem a organização da excursão nem sua família percebem sua falta. Como seria sentir que sua ausência não foi notada? Como é perceber sua “não existência” para o outro a quem dedicamos nossa vida? Para muitos, poderia ser um momento de tristeza sem fim, perceber que a própria família não sente sua falta. Ainda mais, quando a pessoa se anula em favor dessa família. Fora do contexto familiar, onde sua presença se faz de outra forma, ela deixa de ser notada, percebida, considerada. Momento difícil para qualquer pessoa em qualquer momento.

domingo, 31 de agosto de 2014

Herói por acidente

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Self, personalidade, gestalt-terapia, ética jornalística, relações sociais, afetivas, e familiares e produção midiática.
SINOPSE
1992 -Dustin Hoffman, Andy Garcia e Geena Davis estrelam nesta cativante comédia de Stephen Frears. Davis é a ambiciosa repórter Gale Gayley, que literalmente aterrissa na história de sua vida, quando é uma das passageiras do avião que cai em uma ponte de Chicago. No meio da fumaça e da escuridão, ela é salva por um corajoso e mal educado herói, que rapidamente desaparece na noite deixando apenas seu sapato para trás. Quando a emissora de TV de Gale oferece um milhão de dólares para o herói misterioso, um educado veterano do Vietnã (Garcia) aparece para reclamar o prêmio - e dividi-lo com os sem-teto da cidade. Mas esta excêntrica história de Cinderela é complicada pelo fato de que o verdadeiro herói é um pequeno picareta (Hoffman), no qual ninguém acredita. Os dois homens têm algo de heróico, bem como algo a esconder, e cabe a Gale descobrir o verdadeiro significado da coragem.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme foi indicado por Claudia Távora no livro ‘Encontros’. No artigo “Três ensaios sobre o self: Intencionalidade, crise e mudança”, ela apresenta três filmes e propõe uma ‘jornada cinematográfica clínica’. Sugerindo que os filmes sejam assistidos após a leitura, ela faz considerações sobre os conceitos gestálticos e propõe novos olhares. Para os que se interessam pela Gestalt-terapia, vale a pena procurar o livro, que está disponível no IGSP. Indo além do self, “personalidade”, etc, o filme trás outros aspectos a serem considerados. Uma das sacadas mais legais do filme é a apresentar como é fácil restringirmos a “personalidade” algo estagnado, sem lembrarmos que vida é movimento... Para os jornalistas, será importante focar na discussão ética que se revela na trama. A jornalista Gale Gayley prioriza a profissão, trazendo a discussão a respeito da ética, a falta dela e suas consequências. Ainda considerando esse aspecto, a trama faz uma crítica à mídia e a crença geral em qualquer coisa que é divulgada, sem que seja considerada a realidade dos fatos. O que está em foco é a melhor imagem, o que todos querem ver, crer, aceitar... Notícia também vira produto de consumo! Bernie La Plante e John Bubber nos convidam a pensar em alguns aspectos interessantes sobre aparências e outros assuntos. A primeira frase que me veio a mente foi “A ocasião faz o ladrão”. Embora não concorde que se dê dessa forma, pois somos constituídos pelo encontro, a força do meio é realmente impressionante. É no encontro com o desconhecido que nos revelamos, não só ao mundo, mas também para nós mesmos. Fora essa discussão, que rende muitas reflexões, os dois personagens retratam uma realidade difícil de ser aceita: ninguém é de todo mau, muito menos, bom. O potencial humano revela ambiguidades, não devemos “engessar” nem uma personalidade, nem um acontecimento, pois tudo acontece sem que tenhamos planejamento suficiente para dar conta do devir. O AGORA revela encontro de diferentes “forças”, ou “campo de forças” que se desdobrarão no inesperado. Vale a pena conferir!







segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A Delicadeza do Amor

ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, luto, superação, autoestima, amor.
SINOPSE
Nathalie (Audrey Tautou) é jovem, bonita, tem um casamento
perfeito e leva uma vida tranquila, com tudo no lugar. Contudo, quando seu marido vem a falecer após uma acidente, seu mundo vira de cabeça para baixo. Para superar os momentos tristes, ela decide focar no trabalho e deixa de lado seus sentimentos. Até o dia em que ela, sem mais nem menos, tasca um beijo em Markus (François Damiens), seu colega de trabalho e os dois acabam embarcando numa jornada emocional não programada, revelando uma série de questões até então despercebida por ambos, o que os leva a fugir para redescobrir o prazer de viver
e entender melhor esse amor recém-descoberto.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Lançado no Brasil em 2012, o filme tem uma capacidade expressiva tão grandiosa, que dispensa minha forma habitual de escrever. A trama  supera qualquer expectativa, principalmente pelo não dito. A linguagem não verbal é alternada com as poucas palavras que vão costurando a trama com sutileza. É difícil encontrar um filme que tenha a capacidade de provocar tanto com tão pouco. A ausência de glamour encanta. Cada cena traduz um episódio crível, que despido de alegorias, irá abraçar cada instante como simples fenômeno em ato. Começando pelo final feliz de “contos de fadas”, a tal “receita da felicidade” vai sendo desconstruída. Assim, como a vida que só pode ser construída entre altos e baixos, o filme transita entre perdas e ganhos, frustrações e conquistas, alegrias e tristezas. O gracioso “A delicadeza do amor” acompanha os caminhos da vida de “pessoas reais”, com seus defeitos e qualidades, tudo é elaborado com bom humor e sensibilidade. O luto, a luta, a ansiedade, a negação, a rejeição, o medo, a dor, a paixão, a saudade, o preconceito, a mudança de ciclo, o renascimento, a superação são temas explorados na trama. Partindo de uma história de amor interrompida, o filme acompanha a elaboração do luto da protagonista, sem com isso pesar no tom dramático. Após o tempo necessário para ela, o verdadeiro encontro, aquele que só é possível na diferença, simplesmente acontece. Desde a perda do marido “perfeito”, ela se entregou ao trabalho, transformando-o numa obsessão. Vivendo no modo automático, ela evita contatos afetivos. No entanto, em um dia qualquer, algo “transborda” em Stéphane, o que provoca um ato impensado: o impulso ncontrolável de beijar o estranho Markuz, um simples funcionário de sua equipe de trabalho. Ele, o típico perdedor de poucos amigos e baixa autoestima, é surpreendido pelo acontecido, que irá transformar sua forma de ver o mundo. Partindo do inesperado, o verdadeiro encontro se dá. Há entre a beleza, que não quer ser vista, e a feiura, habituada ao anonimato, o desenvolvimento sensível de possibilidades, que podem ser vivenciadas a cada instante, na forma que se apresentar aos sentidos. De “Penso, logo existo” ao “Existo, onde não penso”, a trama encanta por sua meiguice natural, apresentando em poucas palavras, como a vida pode ser. O filme é recomendado para todos, sem exceção! Não existem palavras suficientemente capazes de descrevê-lo, pois a trama estimula mais os “sentidos” do que a razão, merecendo, portanto, ser percebido e sentido. Deixe-se afetar pelo inesperado, singelo e terno “A delicadeza do amor”!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Distante nós vamos

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas, sociais e familiares. Casal e família, processo de auto-descoberta, família em construção, gravidez.
SINOPSE
Uma comédia cativante que conta a história de um casal descobrindo os segredos da deliciosa aventura que é construir uma família. Burt Farlander e Verona De Tessant são um casal apaixonado, de Denver, vivendo a experiência de esperar o primeiro filho. Aos seis meses de gravidês, eles são surpreendidos por uma má notícia: os pais de Burt, Jerry e Glória, estão saindo do país para passar dois anos na Bélgica. Como os pais de Verona já são falecidos, o casal se vê frustrado na expectativa de compartilhar com a família as habilidades paternas e garantir um ambiente familiar ao bebê. Fixados na ideia de dividir sua experiência com pessoas que amam, eles decidem viajar pelos EUA e Canadá para rever outros parentes e velhos amigos e encontrar o lugar perfeito para começar uma família. Burt e Verona passam por Phoenix, Madison, Miame e Montreal e se deparam com histórias emocionantes até fazer uma grande descoberta: o verdadeiro significado da palavra "lar".
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jeff indicou “Away we GO”, com título no Brasil DISTANTE NÓS VAMOS, o que ao pé da letra seria traduzido como lá vamos nós, o que seria mais fiel ao Road movie. Sim, podemos considerar como tal, a partir do momento que o casal coloca o pé na estrada em busca de uma “receita de bolo”, melhor dizendo, uma boa receita que os auxilie na constituição da família. De fato, eles seguem buscando não só um bom lugar, mas um exemplo de educação que pudesse servir para a família que está em construção. Logo, me lembrei de José Angelo Gaiarsa, que já alertava sobre a necessidade da mãe olhar e ouvir seu filho, no lugar de seguir exemplos ou “receitas” de como ser boa mãe. Cada um de nós tem algum “modelo” formado do que é ser mãe ou pai, que foi construído com as experiências da vida, mesmo que não tenhamos consciência de ser uma repetição de algum modelo que foi introjetado como “bom” ou “verdadeiro”. O casal, a partir da gravidez confirmada, - uma das cenas mais bonitas do filme, decide buscar um “lugar”, físico e/ou psicológico, para constituir uma “boa família”. Aí, nos deparamos com a desconstrução necessária aos novos tempos. A família “exemplo” não existe.

domingo, 22 de junho de 2014

Toda forma de amor

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ASSUNTO
Relações familiares, sociais e afetivas, dificuldade em relações afetivas estáveis, luto, doença terminal, depressão e homossexualidade. 

SINOPSE
Oliver Fields (Ewan McGregor) é um sujeito de vida pacata como artista gráfico que perdeu a mãe há cinco anos. Ele sofre um novo abalo ao receber duas notícias vindas de seu pai, Hal (Christopher Plummer), que anuncia ter câncer e ser homossexual. Oliver embarca em um relacionamento com a atriz francesa Anna (Mélanie Laurent) e espera que as experiências passadas em seu núcleo familiar, ainda que inusitadas, o auxiliem na construção de sua vida amorosa.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Estamos diante de um tema bastante atual que atinge pessoas de diversas idades: A dificuldade em estabelecer uma relação afetiva estável. A trama acompanha as reflexões e enfrentamentos de Oliver, um sujeito deprimido que se encontra em momento de luto, vagando em pensamentos que insistem em prendê-lo ao passado. As lembranças de Oliver surgem em flashbacks e vão costurando a trama, retratando momentos de sua vida. Em suas lembranças de infância há somente a presença mãe, indicando a ausência paterna durante longo tempo. O pai se torna mais presente após a morte da mãe, quando se revela gay aos 75 anos, momento em que revela também ter câncer – situação pouco compreendida pelo filho. O título original Begginers já sugere a ideia central, que pretende mostrar o quanto somos todos iniciantes em matéria de relacionamentos afetivos.

Terapia do sexo


ASSUNTO
Sexualidade, compulsão, relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares.

SINOPSE
Adam (Mark Ruffalo) e Phoebe (Gwyneth Paltrow) iniciam um relacionamento, só que quando ela quer apimentar um pouco as coisas ele hesita, pois não está pronto para contar a verdade: de que está passando por um tratamento contra o vício por sexo. Ao lado de Mike (Tim Robbins), Neil (Josh Gad) e Dede (a cantora Pink), Adam faz uma terapia de 12 passos contra essa dependência e compartilha frequentemente seus desafios, medos e confusões sobre o que está passando.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Com o título original THANKS FOR SHARING (Obrigada por compartilhar), a trama retrata as dores e angústias vividas por diferentes participantes de uma sala de autoajuda para viciados em sexo. Eles estão em diferentes estágios de uma mesma dependência: Adam é um solteirão, consultor ambiental, que mantém uma abstinência de cinco anos; Mike é um construtor civil de meia idade, desde sempre casado com a sua namorada do colegial e visto por todos como o guia do grupo; e Neil um jovem médico de urgências, em fase de negação, e, Dede, a mais nova integrante do grupo. Enquanto mostra as dificuldades enfrentadas por eles, a trama aborda também conflitos familiares, particularmente na relação de Mike com seu filho. O dilema do velho ditado “em casa de ferreiro o espeto é de pau” é bem ilustrado, ao mostrar a diferença entre a disponibilidade do pai em relação ao filho, daquela dispensada ao grupo. Adam irá enfrentar alguns obstáculos para construir uma relação afetiva que possa incluir o sexo, sem que perca o controle da situação. Com a entrada de Dede, Neil tem a oportunidade de estar do outro lado da situação, o que permite que se dê conta da própria perspectiva. Ambos abrem espaço para o apoio mútuo, o que permite novas configurações. A produção independente não conquistou sucesso de crítica, nem de público, mas tem seu devido reconhecimento ao abordar um assunto tão complexo em uma comédia romântica, o que torna o filme leve e esclarecedor. O programa de Doze Passos (twelve-step program) é a estratégia central da grande maioria dos grupos de autoajuda para o tratamento de dependências ou compulsões, sendo mais conhecidos no Brasil os Alcoólicos Anônimos (e grupos relacionados como Al-Anon/Alateen, voltados às famílias de alcoólatras) e Narcóticos Anônimos. O programa foi criado nos Estados Unidos em 1935, por William Griffith e Doutor "Bob" Smith, inicialmente para o tratamento de alcoolismo e mais tarde estendido para praticamente outros tipos de dependência, como acontece no grupo MADA (Mulheres que amam demais) e em grupos de viciados em sexo. A importância desses grupos de autoajuda é indiscutível, entretanto é necessário destacar a necessidade do acompanhamento psicoterapêutico na maior parte dos casos de dependência.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Pais e filhos (Like a father like a son)

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, paternidade socioafetiva, paternidade biológica, personalidade, conflitos existenciais e familiares.
SINOPSE
Ryota (Masaharu Fukuyama), um homem determinado, trabalhador e bem-sucedido, e a sua mulher, Midori (Machiko Ono), formam um casal com um projeto de vida ambicioso, que inclui proporcionar ao seu filho Keita, de seis anos, a melhor preparação para o futuro e todas as oportunidades para vencer na vida. Mas tudo muda no dia em que recebem um telefonema avassalador: houve uma troca na maternidade e, afinal, o filho que pensavam ser seu não o é. O filho biológico vive com um casal humilde que, embora não lhe falte com amor e bons valores, está longe de ter planos comparáveis aos de Ryota. Este pai de família vê-se assim forçado a questionar tudo, incluindo a própria condição de pai e educador, sem perder de vista os fortes laços familiares e o bem-estar emocional das crianças. Em simultâneo, vai ter de encontrar forças para lidar com o profundo dilema de ter de escolher entre a força do sangue ou do amor.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
A proposta principal oferece importantes reflexões sobre os laços familiares. Afinal, que tipo de laço nos une? São os laços sanguíneos, afetivos ou culturais? É sabido que os pais exercem grande papel dentro da família, pois é através deles que a criança dá inicio a seu contato social em na cultura em que está inserido. É na família que a criança forma suas primeiras ligações afetivas e encontra seus modelos. Destacamos a palavra papel, por conta da sua importância como tal, não os considerando como pais biológicos e sim como aqueles que vivem o papel de pais, ou seja, pais socioafetivos. A paternidade socioafetiva já é amplamente reconhecida, fazendo parte no Brasil do vocábulo jurídico, para nomear, por exemplo, os pais adotivos ou aqueles que conviveram por determinado tempo com as crianças. Podemos, então, constatar a importância do convívio familiar na construção da identidade do ser humano, principalmente nos primeiros anos de vida. As mães, conforme retratado no filme, logo sinalizam a respeito, ao questionarem a adaptação das crianças após seis anos de convivência. Os conflitos individuais e familiares virão à tona com a chocante informação sobre a troca de bebês na maternidade.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Final de semana em família

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ASSUNTO
Relações familiares, família disfuncional, relação terapêutica.
SINOPSE
2013 - Emily Smith-Dungy, de 16 anos, incrivelmente motivada e aluna exemplar, cresceu cada vez mais frustrada com a falta de apoio e orientação de seus pais. Quando a mamãe Samantha (uma racional e poderosa executiva, sem nenhum tempo para a família) e o papai Duncan (um artista otimista, que não se importa em ganhar salário) perdem a importante competição de pular corda de sua filha, Emily chega ao limite. Furiosa com mais uma negligência, Em pede ajuda de seus irmãos para prender seus pais e ensiná-los a ser uma família “normal”. FINAL DE SEMANA EM FAMÍLIA (descrito como uma fusão de “Pequena Miss Sunshine” com “Eleição”) é uma hilariante e sempre decepcionante visão do que é ser uma família.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é comédia e é drama, tem algo mais original do que ambiguidade ao considerarmos o que é família? Claro que não, e, certamente o enredo nos brinda com tudo que podemos encontrar de mais ambíguo em uma família, amor e ódio, prazer e dor, alegrias e tristezas. Obviamente, estamos falando de uma família disfuncional que a partir do movimento de uma adolescente, irá retratar muitas questões de famílias contemporâneas. Muitos irão se identificar com trechos da trama, nem por isso deixarão de também se divertir. Emily é uma adolescente extremamente comprometida com o esporte que pratica. Mesmo que seja considerado por muitos um esporte sem graça, “pular corda” é para Emily um orgulho, ela coleciona troféus. Fica claro que há certa obsessão da menina, ela busca pela perfeição ou talvez aprovação? Ela quer se destacar, ser vista ou percebida pela família? Talvez. O fato é que quando ninguém da família comparece a uma competição de suma importância para ela, sua frustração ultrapassa todos os limites. Ela decide, então, mudar toda estratégia para recuperar a família que tinha em sua memória. Durante a execução de seu plano, os irmãos são convocados e se unem para buscar solução para uma questão, que até então era só dela. No entanto, durante o processo muito será revelado sobre o que vinha sendo “varrido para debaixo do tapete”.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Azul é a cor mais quente

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ASSUNTO

Adolescência, sexualidade, relações afetivas e sociais.

SINOPSE

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO EXPLÍCITO! Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

“A vida de Adèle” seria a tradução literal, mas ficou no Brasil com o título  AZUL É A COR MAIS QUENTE, possivelmente pelo destaque da cor em toda obra. O azul tinge desde os “cabelos da liberdade” do primeiro amor até roupas e cenários. Para além da polêmica cena de sexo, “explícito” ou “autêntico”, o drama nos convida a acompanhar a trajetória de Adèle e os desafios durante seu processo de amadurecimento. Aos 15 anos, a menina se encontra em fase de descobertas, grandes e pequenas, simples e confusas, individuais e sociais. Sem saber ao certo o que quer, o momento é de experimentar o mundo. Acompanhamos a adolescente em seu caminho para a escola, após ter perdido o ônibus. Na escola, aula de literatura tem  a discussão sobre um romance que fala de encontro, amor à primeira vista e primeiro amor. A cena registra as reações previsíveis dos alunos em fase de transformação. Adèle se mostra como qualquer adolescente, não há maquiagem ou se revela heroína com “exemplo” de bom comportamento. Ao contrário, seja na mesa ou no quarto, ela se mostra natural, comum, humanamente adolescente: lambendo faca, mastigando ou dormindo de boca aberta. Aliás, é importante notar como a protagonista aguça seus sentidos em cada experiência, nos convidando a “provar” com ela as novidades do mundo. Os close-ups de rostos e corpos nos aproximam bastante da intimidade da personagem. Podemos também sentir suas angústias, dúvidas e frustrações . Na escola, as amigas sinalizam sobre o “gatinho” que está atraído por ela.  É outro aspecto interessante da trama, pois descreve bem o lugar do “grupo” na vida do adolescente, a necessidade de pertencimento,“integração”, de ser aceito, de sentir-se parte do “grupo”. Ainda sem grande entusiasmo, ela “aceita” o acaso que a aproxima do menino. Apesar dos diferentes gostos, ela flerta com ele e até combina de voltar a vê-lo. No dia do reencontro, a menina vive um momento semelhante ao que fora descrito no romance discutido em aula, só que não acontece com o rapaz. Ainda à caminho, ela se depara com  o inesperado e atraente tom azul dos cabelos de Emma. A atração é instantânea e, tal qual no romance, ambas olham para trás,  atraídas por uma força inexplicável.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Qual é o nome do bebê?

ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, segredo, Casal e família e preconceito.
SINOPSE
Com mais de quarenta anos de idade, Vincent (Patrick Bruel) vai ser pai pela primeira vez. Radiante, ele é convidado pela irmã e o cunhado para jantar, em companhia de sua esposa e de um amigo de infância. Enquanto a esposa não chega, os amigos começam a fazer perguntas sobre a paternidade, até chegar à inevitável questão sobre o nome do bebê. Quando Vincent finalmente anuncia o nome escolhido, o caos se instala na família.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme foi indicado por Jeff, seguidor da página do “Facebook”, na ocasião em que eu fazia comentários sobre o longa “Álbum de família”. De fato, a recomendação foi uma grata surpresa. Tal qual “O Deus da Carnificina”, ele foi inspirado numa peça de teatro e também discute conflitos das relações afetivas, revelando aspectos constrangedores da “natureza humana”. Embora o outro seja um filme mais denso e aprofundado, confesso que gostei muito mais de QUAL É O NOME DO BEBÊ (Le Prénom), principalmente por sua leveza e bom humor, que não deixam de provocar sérias reflexões. Em Portugal, o título foi traduzido para “O nome da discórdia”, por sinal bastante apropriado. O assunto é pertinente e bastante considerado pela psicologia devido à importância do nome na consituição do ser. O “significado do nome”, “quem escolheu”, “como foi escolhido” e “o que inspirou tal escolha” podem ser parte significativa do processo terapêutico, pois se revela como boa ferramenta de apropriação identidade. Confesso que hesitei, antes de considerar os conflitos apresentados como “familiares”. Principalmente, por conta do amigo de infância fazer parte do encontro. Entretanto,  já que novas configurações familiares estão considerando  “agregados” como parte efetiva no sistema familiar, assim também o consideramos, pois ele foi acolhido desde a infância no seio familiar. Além disso, o desenrolar da trama revelará um segredo que só o confirmará como membro. Não, não posso contar o segredo, mesmo porque muita água vai passar por baixo dessa ponte antes desta revelação. Então, o jantar é na casa da professora Babu (Elisabeth), mãe, dona de casa e esposa do professor Pierre, intelectual engajado no meio acadêmico, que é sempre convidado a fazer palestras. Os primeiros a chegar são: Claude, o músico “agregado”, e Vincent, o irmão quarentão de Babu, que é casado com Anna. Logo, eles iniciam um diálogo ameno, recheado de brincadeiras íntimas, aquelas tão comuns nos meios familiares.