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domingo, 18 de março de 2018

Viva - A vida é uma festa!



ASSUNTO

Relações afetivas e familiares, perdas, luto, morte, memória afetiva, Constelação Familiar, autoconhecimento, totalidade, campo, contato (conceitos gestalticos).


SINOPSE

Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Animação encantadora que ousa falar de morte, real ou simbólica, através de música, cores, poesia e afeto familiar. É impossível permanecer indiferente diante de questões que podem ser tanto singulares, quanto comuns. Ainda, que o enredo tenha como pano de fundo a cultura mexicana, ou, que explore questões particulares da família de Miguel, estamos diante de temas comuns a qualquer família. Sendo assim, há na trama o encontro, ou embate, entre a tradição familiar e os desafios da nova geração. Toda família tem suas próprias regras. Suas crenças e valores são, muitas vezes, desafiados pela nova geração. Miguel não foge a regra, deseja transgredir os limites impostos pela família, pois a música é a arte que já faz parte de quem ele é. É no “dia de muertos”, feriado celebrado pelos mexicanos de um jeito especial, que ele decide ir atrás de seu sonho. No processo de individuação, ou, na busca por sua identidade, Miguel se depara com uma parte que falta na foto da família. Essa parte faltante o leva para o mundo dos mortos.  A morte, ou, os mortos, ganham outra perspectiva, sendo suavizados através da expressão repleta de sons, cores e o clima festivo. Aqui, a chave mestre é o afeto, aquele capaz de manter na memória a lembrança do familiar que partiu. A dor não é o único caminho. Para os mexicanos, é dia de festa, com direito a oferendas diante das fotos dos entes e a família reunida, é um encontro de gerações. Na celebração, o caminho é decorado com pétalas de flores, para que os entes queridos possam visitar suas famílias (o que só é permitido no referido feriado).  Além de homenagear a cultura mexicana, a animação convida o expectador a entrar em contato com seu campo familiar, o que pode promover boas reflexões.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Manchester à beira-mar


ASSUNTO

Perda, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Lee Chandler é uma espécie de faz-tudo do pequeno complexo de apartamento onde vive, no subúrbio de Boston. Ele passa seus dias tirando neve das portas, consertando vazamentos e fazendo o possível para ignorar a conversa de seus vizinhos. Em suas noites vazias, Lee bebe cerveja no bar local e arruma confusão com qualquer um que lhe lançar um olhar. Quando seu irmão mais velho morre, ele recebe a desagradável surpresa de sua nomeação como tutor de seu sobrinho. De volta a sua cidade natal, ele terá que lidar com memórias queridas e dolorosas.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O filme é um retrato da realidade, razão pela qual, talvez, não tenha agradado aos que se acostumaram com a “receita pronta” de felicidade, comumente exibida nas telonas. É desconcertante assistir ao comportamento insensato no qual Lee,  entre silêncios, repletos de expressões angustiantes e agressões gratuitas, transita pela vida. O drama surpreende por sua narrativa realista e de fácil identificação com as possíveis perdas em nosso cotidiano. O assunto é conhecido, mas pouco explorado em uma vertente tão sincera, aflitiva, afetuosa e até engraçada. Todos nós temos alguma dificuldade em lidar com diferentes momentos de perda e luto, principalmente quando se trata de alguém afetivamente conectado com nossa existência. Em algumas situações, a perda pode ser devastadora. Comovente, sem ser apelativo, às vezes cômico, sem virar comédia, o filme é uma injeção de vida, apesar de falar de morte. É isso mesmo, você corre o sério risco de sair da sala de cinema mais revigorado. A simplicidade em que trata de assuntos tão complexos, traz um diferencial para o longa, que não deixa de provocar algumas reflexões.

terça-feira, 28 de março de 2017

Beleza Oculta


ASSUNTO

Luto, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

Após uma tragédia pessoal, Howard (Will Smith) entra em depressão e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor - algo que preocupa seus amigos. Mas o que parece impossível, se torna realidade quando essas três partes do universo decidem responder. Morte (Helen Mirren), Tempo (Jacob Latimore) e Amor (Keira Knightley) vão tentar ensinar o valor da vida para o protagonista.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Considerado pela crítica como apelativo e superficial, o filme aborda temas existenciais de forma rasa. No entanto, é possível encontrar uma perspectiva interessante, quando percebemos não só o luto como tema, mas a morte como elemento fundamental que liga os personagens. A perda de um filho pode ser devastadora para qualquer ser humano, sem dúvida, a premissa da trama nos coloca em contato com a dor de forma clara, sendo difícil não ser tocado pelo drama de Howard. Por outro lado, o encontro com as personificações da morte, do tempo e do amor se prestam metaforicamente ao processo de luto, que pode envolver reflexões a respeito dos temas, mesmo que seja para discordar das abordagens apresentadas. Não há dúvida que a maior riqueza do filme está em nos remeter para nossas experiências particulares de perda. Aí, sim, cada espectador pode tirar proveito da experiência, pois há uma oportunidade implícita de projeção e atualização das próprias feridas. No mais, assistimos a prioridade dos interesses financeiros em detrimento do valor real da amizade, da dor do outro, da solidariedade. De fato, a escolha dos amigos e sócios beira a canalhice, ignora o plausível e a perspectiva afetiva do drama. Sim, a premissa inicial, repleta de potencial a ser desenvolvido, é esvaziada em seu desenvolvimento, tornando a trama confusa e fraca em argumentos.  

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sete minutos depois da meia-noite


ASSUNTO

Câncer, processo de luto, imaginação, relações familiares, afetivas e sociais. Conceitos gestálticos: polaridades e ajustamento criativo.

SINOPSE

 Conor é um garoto de 13 anos de idade, com muitos problemas na vida. Seu pai é muito ausente, a mãe sofre um câncer em fase terminal, a avó lhe parece megera, e ele é maltratado na escola pelos colegas. No entanto, todas as noites Conor tem o mesmo sonho, com uma gigantesca árvore que decide contar histórias para ele, em troca de escutar as histórias do garoto. Embora as conversas com a árvore tenham consequências negativas na vida real, elas ajudam Conor a escapar das dificuldades através do mundo da fantasia. Ele refugia-se num mundo imaginário digno de conto de fadas, onde vive sentimentos de coragem, de medo, de compaixão, de fé e de perda.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Lidar com o processo de luto de um ente querido é sempre difícil. Quando falamos de uma criança em fase de transformação tudo fica mais complicado ainda. Conor é "velho demais para ser criança e muito novo para ser um homem", ainda assim, precisa lidar da melhor forma possível com a situação. Baseado no livro “O chamado do monstro”, a trama acompanha o processo e as alternativas criativas para lidar com seus conflitos internos e externos. Na costura das relações consigo e com o mundo, ele encontra na solidez de uma árvore, a monstruosidade necessária para enfrentar a circunstância, que já é bem assustadora. Tal qual um processo terapêutico, acompanhamos a procura de sentido para tudo aquilo, através da busca de integração das polaridades em seu contexto. O filme apresenta o processo de luto, sem desconsiderar as fases necessárias, quais sejamNegação, raiva, barganha, depressão e aceitação.  

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Burn Burn Burn


ASSUNTO

Perdas, morte, relações sociais, afetivas e familiares, segredo, aceitação, autoconhecimento.

SINOPSE

Seph (Laura Carmichael) e Alex (Chloe Pirrie) são duas garotas com seus vinte e poucos anos que acabaram de perder o seu melhor amigo Dan (Jack Farthing). Ele era engraçado, charmoso e elas o amavam como um irmão. Dan, em um flashback revela, era a vida e a alma do partido. O que ele não mencionou a suas amigas é que ele tinha câncer pancreático terminal. Em seu funeral, são entregues a Seph e Alex  um pendrive contendo o testemunho filmado de seu último desejo - a ser espalhados em quatro locais em todo o Reino Unido, todos especiais para ele. Agora, a única coisa que elas possuem é um pedido: espalhar as cinzas de Dan pelos locais que fizeram dele a pessoa que era.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Uma comédia dramática sobre a morte, assunto difícil, e ainda traz de quebra uma jornada emocional de autoconhecimento para as amigas do falecido. Mas, falar de morte nos remete a vida, aos dias que passam rápido, ao agora, instante que se esvai enquanto nos preocupamos com tempos idos ou nos pré-ocupamos com impossibilidades. Tudo acontece tendo a Grã Bretanha como “fundo”, pois Dan escolhe lugares inesquecíveis para que as amigas espalhem suas cinzas. O Road movie inicia no velório de Dan, situação confusa, que mistura dor, decepção e tristeza. O luto das amigas irá se misturar com o processo de autoconhecimento de ambas, sem perder de vista a perspectiva de Dan, que também descobre algo sobre si mesmo antes do fim.

sábado, 17 de setembro de 2016

O nosso ultimo verão na Escócia / O que nós fizemos no nosso feriado (Netflix)

ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, doença terminal. depressão, separação e morte.

SINOPSE

Doug e Abi decidem viajar até à Escócia com os três filhos pequenos, para comemorar o aniversário de Gordie, o pai de Doug, que celebra 75 anos. No entanto, os dois têm um segredo que gostariam de esconder do resto da família, mas não será nada fácil ocultar o divórcio com as crianças por perto… E o que prometia ser uma harmoniosa reunião familiar acaba por trazer à superfície ressentimentos passados, quando um dia na praia se transforma em tragédia e as crianças põem mãos-à-obra para resolver o assunto.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Os pais (Doug e Abbi) estão em processo de divórcio, não se ouvem mais, discutem o tempo todo e fazem uma viagem juntos para comemorar o aniversário do pai de Doug, na Escócia. As crianças, visivelmente afetadas pela separação e brigas constantes dos pais, prometem não contar ao restante da família, que os pais já moram em casas separadas. Elas sabem que o aniversariante está doente, entretanto não sabem que a doença é terminal. A família, como qualquer outra, tem lá seus segredos e problemas. Aos poucos, as questões emergem, revelando o avesso do mundo adulto. Mas é o olhar das crianças que nos permite vislumbrar a obviedade da vida. Temas como separação, depressão e morte são apresentados com suavidade, sem que o peso e a complicação do mundo adulto, que usa o raciocínio lógico para se afastar dos “sentidos”. É assim mesmo, as crianças mantém os sentidos aguçados, vivem em plenitude as percepções de mundo, sem que qualquer obstáculo racional impeça a experiência. E, são esses personagens graciosos os responsáveis pelo encantamento e delicadeza da trama. Temos, de fato, muito que aprender com as crianças! O avô, prestes a fazer 75 anos e enfrentando a doença terminal, tem uma relação emocionante com os netos. Os diálogos são impregnados de doçura e clareza, não há regra social capaz de obstruir a comunicação entre eles.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Já estou com saudades

ASSUNTO
Relações afetivas, sociais, familiares, câncer, amizade, parceria, luto.

SINOPSE
Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette) são melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado do marido Jago (Paddy Considine). Após se submeter a um tratamento, Jess enfim consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter câncer de mama e precisa passar por quimioterapia, o que necessitará do apoio não apenas da amiga, mas de toda a família.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O tema central já foi apresentado em diferentes ocasiões, falamos de Câncer, uma doença devastadora que atinge grande parte da humanidade. A dificuldade em lidar com as pequenas e grandes questões (sociais, físicas, psicológicas) são apresentadas de forma clara e honesta. Temos como pano de fundo a amizade sólida de duas parceiras de vida, mulheres que se conhecem desde a infância e partilharam aventuras e desventuras ao longo da vida. Os pontos e contrapontos são costurados entre ambas, durante o processo de declínio de Milly frente à doença, e, da busca e conquista de Jess, na construção da própria família. Prepare o lenço, as lágrimas serão prováveis, bem como as risadas, muitas vezes provocadas por diálogos inteligentes e com de pitadas de  humor. Há uma honestidade quase cruel nos pequenos gestos, encontros e desencontros atravessados pelo processo do adoecimento de Milly.

domingo, 28 de agosto de 2016

Amizades Improváveis

ASSUNTO
Luto, separação, distrofia muscular, isolamento, adolescência.

SINOPSE
Após sofrer com uma tragédia, Ben se torna um cuidador para conseguir dinheiro. Seu primeiro cliente, Trevor, é um divertido jovem de 18 anos com distrofia muscular. Um paralisado emocionalmente, outro paralisado fisicamente, Ben e Trevor saem pela estrada para encontrar esperança, amizades, e Dot neste engraçado e emocionante conto. Jennifer Ehle, Megan Ferguson, e Frederick Weller completam o elenco ao lado do trio principal.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Amizades improváveis é uma produção da Netflix despretensiosa, foi baseada em um livro homônimo e desenvolvida como um Road Movie. Ainda que toque em temas de conflitos existenciais, o longa não aprofunda, o que o torna leve, sem tons excessivamente dramáticos. Ben está em processo de luto, com dificuldade de lidar com a perda do filho e o divórcio eminente. O escritor se afasta do próprio ofício e mergulha no curso de Cuidador, esta foi a forma encontrada para evitar seu luto. Aqui, abro parênteses, pois ainda que apresentado de forma superficial, sua estratégia é bastante usada em momentos de perdas ou crises existenciais. É comum ver pessoas mergulhadas em projetos, investindo energia, “ocupando” todo o tempo em algo que substitua a vivência da dor eminente. Evitar a dor é um mecanismo de defesa muito comum, que nem sempre se desdobra de forma favorável. Algumas vezes, o a fuga da elaboração do luto pode ser apenas uma forma de adiar, podendo resultar em um quadro depressivo devido ao acumulo de dor não elaborada. Não é o caso de Ben, pois sua intenção é frustrada, a escolha dele se desdobra em situações que tenta evitar: o enfrentamento de seu luto. Trevor surge como possibilidade de seu primeiro trabalho , se tornando parte importante do caminho de retorno de Ben. O rapaz não é nada simpático, tem distrofia muscular, isolamento social, é implicante e provocador. Logo, percebemos que as provocações farão parte da relação, impossibilitando que ambos permaneçam na zona de conforto. Assim, iniciam uma viagem, na qual poderão conhecer mais sobre o outro e sobre si mesmos.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Se eu ficar

ASSUNTO
Adolescência, escolha, perda, música, relações afetivas e familiares.

SINOPSE
Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Durante a madrugada, fui surpreendida com o filme exibido na TV. Baseado em um Best Seller, o enredo aborda o romance de um casal (adolescente) que é interrompido por um acidente. Mia, que fica em coma no hospital, repassa momentos da vida, durante a luta pela sobrevivência. A história se desenvolve em duas linhas paralelas. Através de flashbacks, passamos a conhecer a menina tímida dedicada ao violoncelo, que se apaixona pelo guitarrista popular mais velho. Ao mesmo tempo, acompanhamos a luta de Mia pela sobrevivência, circulando “literalmente” pelos corredores do hospital, pesando se vale a pena continuar a viver depois da tragédia. Prepare o lenço, difícil não se emocionar. Os bons diálogos ficam por conta dos pais, que são responsáveis por tiradas espetaculares, como o momento em que o pai convence a filha, afirmando que: “culpas e subornos são aspectos que unem as famílias por séculos”. O filme parte de uma tragédia para discutir relações familiares, perdas, escolhas. O longa lida com questões pertinentes ao universo juvenil, ou seja, dúvidas em relação ao amor, às escolhas e o medo de arriscar. A diferença dos estilos musicais revela aspectos importantes para o crescimento de ambos, e ainda, presenteiam o público com extremo bom gosto. Trata-se de um entretenimento, melodramático e capaz de tocar o coração do espectador. Pode ser usado como ponto de partida para discutir perdas, escolhas, medos e paixões experimentadas pelo adolescente. E, como nada é definitivo, o desfecho sugerido (final feliz), em sua continuação, sofre um revez. E novas questões são colocadas em “Para onde ela foi”, onde o resultado de suas escolhas são o foco, trazendo novos questionamentos.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Coração mudo

clip_image002ASSUNTO
Esclerose múltipla (esclerose lateral amiotrófica), eutanásia, relações familiares, afetivas e sociais, segredo.
SINOPSE
Três gerações de uma família se encontram na casa da matriarca para um fim de semana. Doente terminal, ela está decidida a acabar com sua vida naquele domingo e, por isso, deseja dar o adeus final a seus entes mais queridos. Sanne e Heidi, suas filhas, já concordaram em acatar a decisão da mãe de partir antes da doença se agravar, mas a proximidade com o fim faz da decisão algo cada vez mais difícil de lidar. Enquanto o fim de semana progride, antigos conflitos voltam a atormentá-los.
IMAGEM
O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Coração Mudo” (2014) do dinamarquês Bille August (Marie Krøyer – 2012, Trem Noturno para Lisboa – 2013). O filme explora um tema polêmico, estamos falando de eutanásia. Diferentes aspectos são apontados na trama, envolvendo a decisão de um suicídio com o consentimento de toda a família, a aceitação e sofrimento dos envolvidos, segredos familiares, conflitos antigos e a experiência de viver um luto antecipado. As três gerações da família enfrentam a difícil questão, cada qual com sua perspectiva singular. Aos poucos vamos conhecendo a dinâmica das relações da família, as questões pessoais de cada elemento, sua forma de enfrentar a possível despedida. Somos convidados a refletir nossos lutos, nossas questões pessoais e familiares, nosso sistema de relações. Esther sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma doença que irá acabar com ela em questão de pouco tempo: ela não terá mais os movimentos do corpo, perderá a consciência e no fim precisará de ajuda até para respirar. Com o consentimento de todos da família, eles farão uma despedida num fim de semana. Quando o momento chegar, tudo acontecerá sem que não fique claro tratar-se de escolha. Não será um final de semana fácil, definitivamente, não!

sábado, 9 de maio de 2015

A história de Luke

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ASSUNTO
Diferença, saúde mental, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Abandonado como uma criança por sua mãe por ser autista, Luke foi criado por seus avós que lhe ofereceram uma educação amorosa mas protegida. Quando sua avó morre de repente, Luke, hoje com 25 anos, e seu avô senil Jonas são forçados a morar com os parentes tio Paul, tia Cindy e primos Brad e Megan. A adaptação é difícil para todos e vovô Jonas logo se mudou para uma casa de repouso, não antes de deixar Lucas com suas palavras coerentes finais: "Consega um emprego. Encontre uma garota. Viva sua própria vida. Seja um homem!" Apesar de seus familiares disfuncionais, Luke tem agora uma missão. Mais fácil dizer do que fazer, uma vez que Luke não sabe nada sobre o mundo fora da casa de sua avó. Com a ajuda Megan, e auxiliado por suas boas habilidades de cozinha, Lucas sai em uma busca que o leva todos ao redor da cidade visitando agências de trabalho temporário e centros de serviços com necessidades especiais. Finalmente Luke tem uma oportunidade de treinamento em uma grande empresa. Mas sua missão está apenas prestes a começar, como ele agora se encontra à mercê de Zack, o filho anti-social do proprietário falastrão, mas que também o entende de uma maneira que ninguém mais o faz.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Apesar dos personagens estereotipados, não retratando com clareza nenhum dos psicodiagnósticos sugeridos, o filme tem lá seu charme. Não serve para aprendizagem sobre os casos descritos, Asperger e Anti-social, entretanto, alguns pontos podem ser de grande valia quando pensamos nas dificuldades enfrentadas pelos “diferentes”, ao conviverem em sociedade. Espanta o fato de um Asperger ter facilidade em se relacionar, pois este é um dos sintomas claros no quando, que tem sérias dificuldades de contato. Em alguns momentos, seu colega, descrito como anti-social, apresenta alguns sintomas semelhantes ao de um Asperger, pois além de sua inteligência acima da média, ele mostra clara dificuldade de contato. Asperger é uma condição psicológica do espectro autista, caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. O enredo poderia ter sido mais trabalhado, explorando as questões de um autista, servindo assim para esclarecer algumas de suas reais dificuldades. Não é o caso, pois tanto Luke quanto Zac apresentam comportamento difuso, insuficiente para retratar a proposta.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Psicólogo, o doutor está fora

o psicologo
ASSUNTO
Relação terapêutica, suicídio, luto, relações afetivas, sociais, drogas
SINOPSE
“O psicólogo”, protagonizado pelo sempre brilhante Kevin Spacey, parte do princípio de que algumas vezes o mundo é mesmo pequeno, e logo no início são apresentados os personagens que pouco a pouco estarão mudando o rumo das vidas uns dos outros. O Dr. Henry Carter é um conhecido psicólogo de celebridades em Hollywood, lugar onde cresceu e se estabeleceu. Ele é o autor de alguns best-sellers, incluindo um livro sobre a felicidade, que agora está gravando como um audiobook. Neste livro de sucesso, Carter oferece, por assim dizer, a sua receita de felicidade. Entretanto, ele nos é apresentado de uma forma bastante incômoda, pois tem vivido sob o signo do suicídio da esposa. Embora tenha uma rica e confortável residência, cheio de conflitos em sua vida particular, ele não dorme em sua antiga e bonita cama de casal; uma cena comum é a dele esticado em algum sofá, cadeira, divã, etc. Apesar de ter muitas pessoas que se preocupam sinceramente com ele (como é o caso do seu pai), o companheiro mais presente na vida do psicólogo é um cão. O viúvo solitário, sem filhos, amargurado, fumante inveterado, companheiro de uma garrafa de bebida, ainda é apresentado optando  por variedades de maconha adequadas ao seu estado de espírito do momento… Aliás, um aspecto saliente no filme é a droga, que rola solta, aos borbotões! Drogas em geral, incluindo o álcool.O protagonista da história é Henry Carter, um psicólogo famoso por tratar celebridades. Carter vive em profunda tristeza e quase absoluta letargia– a quase todo momento o vemos fumar um baseado -, uma maneira de ficar alheio à dor e a tudo o que acontece ao seu redor. Só quando seu pai, também psicólogo, lhe “repassa” uma paciente, a jovem Jemma, cuja mãe também cometeu suicídio, é que Carter começa a se dar conta de que está perdido. Mas nem isso o faz repensar suas atitudes. Isso vem acontecer quando, depois de utilizar uma droga mais forte – ao que parece, uma erva adulterada -, Carter vai parar no hospital.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Título original; Shrink – Psiquiatra, shrink, em inglês, significa “encolher”. A partir dos anos 60 Shrink passa a designar psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas na gíria, significando “encolhedores de cabeça”. Ou seja, nós carregamos coisas demais, o que geram neurose, a mente desorganizada precisa de ajuda para encolher, reorganizar, precisa do profissional Shrink. O “Psicólogo das Estrelas”, que faz uso de automedicação e fuma “baseados", atende em seu consultório pessoas influentes em Hollywood – lugar afetivamente pouco saudável. Tendo o terapeuta como centro unificador, o filme vai nos apresentando os clientes de Carter em suas rotinas. Pouco a pouco, tanto no consultório quanto fora dele, vamos nos envolvendo com os pacientes em suas neuroses, seus dilemas e infortúnios, seus tédios e angústias, seus dramas existenciais e seus vícios. Na lista de clientes do Dr. Henry Carter estão: uma famosa atriz, Kate Amberson e seu marido narcisista; Jeremy, um jovem escritor descontrolado e inseguro; Patrick, um produtor obsessivo compulsivo, entre outros. Cada um com a sua paranóia, seus problemas e seus medos… Desiludido com sua carreira e vida pessoal, a ponto de, surtando, declarar-se numa entrevista televisiva que era uma fraude, um momento significativo na vida de Carter se dá quando seu pai encaminha para ele o primeiro caso fora das celebridades. Trata-se de Jemma, uma garota problemática, que também está vivendo sob o signo da morte da mãe. Contatar sofrimento semelhante ao seu não será fácil. O filme retrata uma sociedade enferma e a situação em que a vida perdeu o sentido. Na cena em que o pai dá retorno sobre o sonho relatado por ele, o pai cita kierkegaard, “O doente deve se ajudar”. E o processo terapêutico segue com a disponibilidade de ambos. Nesse caso, profissional também é cliente.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Elsa e Fred

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, luto
SINOPSE
Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele é rabugento e mal quer sair de casa.
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Elsa & Fred (2005)
imageSINOPSE
Fred (Manuel Alexandre) é um pacato senhor com quase 80 anos que se muda para um novo prédio, logo após ficar viúvo, e conhece Elsa (China Zorrilha) sua vizinha também com quase 80 anos. Ela, que sofre de grave doença, é muito atirada, otimista e comunicativa, e tenta viver intensamente cada dia, enquanto Fred é um hipocondríaco e quieto. Mesmo com essas diferenças, e pela insistência de Elsa, essas diferenças são superadas e juntos redescobrem o prazer de viver, a cumplicidade e a amizade.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Entre os temas presentes no filme está a dificuldade em superar o luto na viuvez. A perda de um ente querido, com quem foi compartilhada boa parte da vida, o que trás complicações para aquele que fica. Independente de a relação ter sido feliz, a interrupção de uma rotina partilhada pode levar a quadros depressivos. Muitas vezes quando há a morte de um dos cônjuges a família destitui o lugar daquele que está vivo, e dá pouco espaço para que o indivíduo possa elaborar seu luto. Para quem não sabe “Elsa & Fred” é uma refilmagem de um filme hispano-argentino de 2005. Infelizmente, apesar de ter um elenco extraordinário, confesso que gostei mais da interpretação e do roteiro do filme hispano-argentino. Além disso, a nova versão também modifica consideravelmente a personalidade dos protagonistas. Na versão argentina, Fred é um senhor viúvo, romântico, reflexivo, melancólico e muito, muito doce. Diferente da nova versão, que traz um Fred muito ranzinza e carrancudo, apesar do bom coração. A versão contemporânea tende mais para a comédia e o pragmatismo americano, tirando o encanto, a poesia, a reflexão delicada que a primeira oferece. Em todo caso, ambas discutem as dificuldades da terceira idade, o luto, a possibilidade de vivenciar o amor e as diferentes formas de enfrentar a vida e a morte.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A Delicadeza do Amor

ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, luto, superação, autoestima, amor.
SINOPSE
Nathalie (Audrey Tautou) é jovem, bonita, tem um casamento
perfeito e leva uma vida tranquila, com tudo no lugar. Contudo, quando seu marido vem a falecer após uma acidente, seu mundo vira de cabeça para baixo. Para superar os momentos tristes, ela decide focar no trabalho e deixa de lado seus sentimentos. Até o dia em que ela, sem mais nem menos, tasca um beijo em Markus (François Damiens), seu colega de trabalho e os dois acabam embarcando numa jornada emocional não programada, revelando uma série de questões até então despercebida por ambos, o que os leva a fugir para redescobrir o prazer de viver
e entender melhor esse amor recém-descoberto.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Lançado no Brasil em 2012, o filme tem uma capacidade expressiva tão grandiosa, que dispensa minha forma habitual de escrever. A trama  supera qualquer expectativa, principalmente pelo não dito. A linguagem não verbal é alternada com as poucas palavras que vão costurando a trama com sutileza. É difícil encontrar um filme que tenha a capacidade de provocar tanto com tão pouco. A ausência de glamour encanta. Cada cena traduz um episódio crível, que despido de alegorias, irá abraçar cada instante como simples fenômeno em ato. Começando pelo final feliz de “contos de fadas”, a tal “receita da felicidade” vai sendo desconstruída. Assim, como a vida que só pode ser construída entre altos e baixos, o filme transita entre perdas e ganhos, frustrações e conquistas, alegrias e tristezas. O gracioso “A delicadeza do amor” acompanha os caminhos da vida de “pessoas reais”, com seus defeitos e qualidades, tudo é elaborado com bom humor e sensibilidade. O luto, a luta, a ansiedade, a negação, a rejeição, o medo, a dor, a paixão, a saudade, o preconceito, a mudança de ciclo, o renascimento, a superação são temas explorados na trama. Partindo de uma história de amor interrompida, o filme acompanha a elaboração do luto da protagonista, sem com isso pesar no tom dramático. Após o tempo necessário para ela, o verdadeiro encontro, aquele que só é possível na diferença, simplesmente acontece. Desde a perda do marido “perfeito”, ela se entregou ao trabalho, transformando-o numa obsessão. Vivendo no modo automático, ela evita contatos afetivos. No entanto, em um dia qualquer, algo “transborda” em Stéphane, o que provoca um ato impensado: o impulso ncontrolável de beijar o estranho Markuz, um simples funcionário de sua equipe de trabalho. Ele, o típico perdedor de poucos amigos e baixa autoestima, é surpreendido pelo acontecido, que irá transformar sua forma de ver o mundo. Partindo do inesperado, o verdadeiro encontro se dá. Há entre a beleza, que não quer ser vista, e a feiura, habituada ao anonimato, o desenvolvimento sensível de possibilidades, que podem ser vivenciadas a cada instante, na forma que se apresentar aos sentidos. De “Penso, logo existo” ao “Existo, onde não penso”, a trama encanta por sua meiguice natural, apresentando em poucas palavras, como a vida pode ser. O filme é recomendado para todos, sem exceção! Não existem palavras suficientemente capazes de descrevê-lo, pois a trama estimula mais os “sentidos” do que a razão, merecendo, portanto, ser percebido e sentido. Deixe-se afetar pelo inesperado, singelo e terno “A delicadeza do amor”!

domingo, 15 de junho de 2014

Disconnect

 
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ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, sociais e virtuais. Luto, relação terapêutica, abordagem gestáltica, fobia social, adolescência, crimes virtuais, cyberbullying, casal e família.

SINOPSE

Este drama mostra várias histórias pessoais, tendo em comum os efeitos perversos do uso excessivo de tecnologia, Internet e telefones celulares. A vida de um casal entra em perigo quando sua vida privada é exposta online, uma viúva e antiga policial descobre que seu filho humilha um garoto da escola pela Internet, um advogado obcecado por seu telefone não consegue se comunicar com a própria família, e uma jornalista vê sua vida se transformar quando ela pesquisa a história de um adolescente que faz atuações eróticas pela webcam.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Não é o primeiro filme que discute o tema. “Rede Social” explorou as dificuldades de relacionamento do autor do facebook. Recentemente, “Ela” entrou no Universo afetivo entre o real e o virtual, revelando angústias e carências contemporâneas. Em “Disconnect”, a trama retrata alguns dos principais riscos das relações que estão sendo construídas nas redes sociais, a partir de três histórias que vão se conectando ao longo do filme. Baseado em fatos reais, o enredo costura a trama partindo de vidas que irão se conectar na rede virtual ou real através de alguns acontecimentos. Diante desta teia virtual, a trama nos apresenta diferentes formas de conexões e desconexões nas relações contemporâneas. Em cada um dos três casos, temos contatos pouco saudáveis, virtuais ou reais sendo pontuados, que podem ou não se desenvolver para um melhor contato ou uma solução saudável. Desta forma, temos bastante para refletir sobre diferentes formas de fazer contato com o outro, seja através do virtual ou não. Em tempos de globalização, as relações virtuais ganham formas humanas, no entanto, por outro lado promovem novos tipos de conflitos e distúrbios emocionais.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Álbum de família

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Relações familiares, segredo, alcoolismo, suicídio, câncer, dependência química, adultério, pedofilia, divórcio e incesto.
SINOPSE
Barbara (Julia Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliette Lewis) são três irmãs que são obrigadas a voltar para casa e cuidar da mãe viciada em medicamentos e com câncer (Meryl Streep), após o desaparecimento do pai delas (Sam Shepard). O encontro provoca diversos conflitos e mostra que nenhum segredo estará protegido. Enquanto tenta lidar com a mãe, Barbara ainda terá que conviver com os problemas pessoais, com difíceis relações com o ex-marido (Ewan McGregor) e com a filha adolescente (Abigail Breslin).
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Que família é essa? Pergunta apropriada diante do encontro com personagens tão densos. Beverly é o pai, um professor, escritor aposentado e alcoólatra. Sua mulher é Violet, portadora de câncer, ela é viciada em medicamentos e tem a língua bastante afiada. De acordo com o próprio marido, o câncer na boca é uma ironia, tendo em vista a quantidade de veneno destilado por ela. Somos apresentados a ambos, no momento em que o mesmo contrata a índia Johnna, nos fazendo crer que seria para cuidar da casa e de Violet, devido à doença. O diálogo ilustra bem o quanto agressões verbais estão naturalizadas no convívio do casal. Violet já dá pistas sobre suas crenças, valores e sua forma de enfrentar não só a doença, mas também o envelhecimento. Ivy é a filha que está próxima, suportando o mau humor, a indiferença e o veneno mãe, que deixa clara a sua preferência pela filha Bárbara. A irmã tagarela de Violet é Mattie Fae, esposa autoritária de Charlie, um sujeito tranquilo, que de acordo com a cunhada, suporta há anos a esposa devido a quantidade de maconha que consome. O “pequeno Charles” é o filho do casal, que apesar de claramente desconsiderado pela mãe, conta com apoio e proteção do pai. Barb chega com Bill, pai da filha adolescente do casal. Logo, percebemos que há algo errado, também, na relação deste casal. Em repetidos momentos, Violet expressa seu incômodo com o distanciamento da família, principalmente em relação à Bárbara, que é considerada a “preferida” do pai. A batalha cruel de Violet tem munição de “culpa” suficiente para atingir Barb, que por sua vez, enfrenta a mãe de forma bem semelhante. Há cobranças de ambos os lados, embora Violet seja a que sempre cobra de todos de forma cínica, agressiva e cruel. O desaparecimento de Beverly promove o reencontro da maior parte dos familiares, só incluindo a filha Karen e seu atual parceiro após a morte do patriarca. Após o funeral, “pequeno Charles” se une a família, num jantar de luto. Aí, então, começam a emergir muitos conflitos familiares, entre segredos e revelações que irão tornar o jantar de funeral um verdadeiro caos.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Canção para Marion

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Relações afetivas e familiares, paciente terminal, luto e conflitos relacionais entre pai e filho.
SINOPSE
Arthur é mal humorado, rabugento e de poucos amigos. Sua esposa, Marion, apesar de ser doente terminal, é o oposto: está sempre bem humorada, de bem com a vida e cercada de amigos que a adoram. Ele e o filho têm problemas de comunicação, o que preocupa a esposa, que tenta aproximá-los antes de partir. Marion faz parte de um coro que é pouco convencional, o marido discorda de sua participação, pois o considera como ameaça a sua saúde.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já existem alguns filmes que discutem as relações familiares no momento de perda de um de seus membros. Atendendo ao pedido de nossa colega Denise Chagas, assisti ao drama. Neste, falamos de Marion, uma mulher vibrante que apesar de estar em fase terminal de câncer, esbanja energia. Seu amor pela vida fica evidenciado em cada esforço que faz para compartilhar do coro com os amigos. Seu marido, ao contrário, faz questão de se isolar ou exibir seu mau humor a qualquer momento. No entanto, quando cuida de Marion, ele exibe sua capacidade cuidar, sendo amoroso e carinhoso com ela. Já com o filho e com os amigos de Marion a coisa é diferente, ele é seco e muitas vezes ríspido. Seu comportamento pode sugerir a presença de ciúmes, melhor dizendo, da necessidade que ele tem de possuir o máximo da esposa antes de sua partida. A relação deles já é tão antiga que ambos se misturam no mundo. O tempo de convivência o fez esquecer-se de boa parte de si. Ele não sabe como funcionar sem ela e seu processo de luto o torna ainda menos tolerante.

domingo, 10 de novembro de 2013

O presente

clip_image002ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, valores, perdas, luto, auto-conhecimento, amizade, segredos, amor, compreensão, empatia, mudanças.
SINOPSE
Jason acabou de perder o avô bilionário que sempre odiou e estava certo de que não herdaria nada. Mas se enganou: "Red" Stevens (James Garner) deixou 12 tarefas para Jason, ao fim das quais ele será avaliado e, se merecer, terá direito ao que Red chama de "o maior de todos os presentes". Cada uma dessas tarefas tem o objetivo de promover alguma mudança em Jason, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com a pequena Emily (Abigail Breslin).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por um seguidor, o filme é de fato um presente. A trama, ainda que não pretenda retratar fatos reais, pois dificilmente seria possível realizar tal plano de forma tão bem amarrada, termina por provocar boas reflexões. Trata-se de um drama de 2006 que exemplifica a importância da experiência vivida para nosso desenvolvimento. Conselhos podem ser bem vindos, mas pouco ou nada valem diante da experiência vivenciada. Na abordagem gestáltica, priorizamos a experiência, ou melhor, o experimento, exatamente por alcançar melhor resultado no que se refere à possibilidade de mudanças. Assim também pensa o avô de Jason, que através de sua proposta promove  diversas experiências que irão transformar sua vidade Jason para sempre. Até então, o neto era apenas um “payboy” sem noção de alguns valores que são essenciais para o ser humano. Sua vida era resumida em prazeres financeiramente dispendiosos, atividades fúteis e relações vazias. Apesar de ser bem instrído, o rapaz não tinha em seu universo qualquer aplicação para tudo que aprendeu em sua formação. Todo conhecimento adquirido era desperdiçado, pois desconhecia a palavra necessidade, fosse de produção ou de vontade de brigar por algo. O fato de tudo estar disponível, todo o tempo, fez com que Jason perdesse contato com seus sentidos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

À beira do Caminho

clip_image001 ASSUNTO

Relações familiares e afetivas, luto, traição, culpa e amizade.

SINOPSE

2012 - Para fugir dos traumas do passado, o caminhoneiro João (João Miguel) resolve deixar sua cidade natal para trás e cruzar o país. Ele dirige Brasil afora, sempre solitário, até que numa de suas viagens descobre que o menino Duda (Vinicius Nascimento) se escondeu em seu caminhão. Duda é órfão de mãe e está à procura do pai, que fugiu para São Paulo antes mesmo dele nascer. A contragosto, João aceita levá-lo até a cidade mais próxima. Entretanto, durante a viagem nascem elos entre os dois, que faz com que João tenha coragem para enfrentar seu passado.

Coincidências trágicas marcam filme 'À Beira do Caminho' - Clique aqui para ler.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

As dificuldades na elaboração do luto é um tema forte na trama. João é carrancudo, mal humorado e se mostra pouco inclinado ao convívio social. A solidão não é apenas devido a sua profissão, pois revela uma escolha pessoal. O filme mostra o cotidiano de um profissional pouco valorizado, o caminhoneiro. A estrada é o caminho que parece não ter fim, a cada quilômetro percorrido, maior fica a distância e a solidão. Encontrar Duda, o menino órfão, acaba por trazer à tona tudo que João queria esquecer. Aos poucos, o menino e sua história vão quebrando a armadura do motorista. Suas defesas vão aos poucos sendo destruídas. Semelhante a um processo terapêutico, que ocorre quando o cliente ao evitar a dor acaba por tornar crônica outra dor - aquela conhecida, mas nem por isso menos sofrida – é apresentado. O processo terapêutico busca favorecer o olhar do cliente para sua realidade, sua dor real – ou seja, as situações evitadas, objetivando novas escolhas, soluções ou acabamentos. Assim, tudo que impedia o cliente de ser quem é, pode ser desbloqueado. Situações inacabadas são obstáculos para o “vir-a-ser” do indivíduo, sua forma legítima de funcionar no mundo. No filme, o convívio com Duda acaba por favorecer o reencontro de João com seu mundo, suas emoções e novas possibilidades. A fuga de sua realidade dolorosa não aliviava a dor, apenas tornava o personagem cada dia mais distante de si mesmo, cristalizado, ausente.