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sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 9 de maio de 2015

Entre abelhas

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ASSUNTO
Casal e família, separação. Relações afetivas, familiares e sociais, depressão.
SINOPSE
Bruno (Fábio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher (Giovanna Lancellotti), começa a deixar de ver as pessoas. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe (Irene Ravache) e do melhor amigo (Marcos Veras), ele tentará descobrir o que se passa em sua vida. Mesclando momentos engraçados, gerado pela situação, Bruno recorre a mãe. Mas a invisibilidade parece piorar e pessoas essenciais da vida de Bruno estão ameaçadas de se tornarem invisíveis também.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Inesperado, surpreendente, decepcionante. Falamos do mesmo filme, público diferentes surpresas e decepções inesperadas. Certamente, quem espera algo do estilo humorístico de “porta dos fundos” ou do que costumamos ver na atuação de Fábio Porchat, se decepcionará. Não é uma comédia leve, muito menos de fácil compreensão. Definitivamente, seu roteiro está muito longe daquela fórmula conhecida dos filmes comerciais, ele ousa, vai além, é surreal, é metafórico!. Ultrapassando o estilo fácil, o filme propõe reflexões, não oferece respostas nem explicações, apenas provoca diferentes interpretações, implicando o espectador no enredo. Lembrei-me daquela propaganda, que dizia mais ou menos isto: O MUNDO É FEITO DE PERGUNTAS. Pois é, que perguntas são provocadas pelo longa? O que estamos de fato vendo? É muito fácil criticar o personagem, que por sua condição, aos poucos deixa de ver pessoas significativas. Cada espectador pode se perguntar também, que pessoas consegue ver, de verdade. Em nosso cotidiano, quem e o que nos permitimos ver? O que escolhemos ver e ouvir? Como estamos usando nossos sentidos? Embora, o filme retrate o sentido da visão como aquele claramente prejudicado em momento de luto, a audição também falha para Bruno. O filme denuncia, através da alienação dos sentidos de Bruno, a distância cotidiana de nossa bússola principal: os nossos sentidos. Muitas vezes obstruídos por razões e emoções, promovendo o desequilíbrio na saúde. Impossível desconsiderar o drama de qualquer separação, pois independente de quem teve a iniciativa de por fim a uma relação, enfrentar uma separação é lidar o com fim de um sonho, um projeto. É difícil, é dramático e às vezes um luto insuportável. Sim, Bruno está de luto, a ficha da separação custa a cair. Seu ritmo é diferente da ex-esposa, para ele tudo aconteceu muito rápido. A proposta da “despedida de casado” não pareceu divertida para ele. Aos poucos, as pessoas desaparecem. Mãe, médico, psicólogo e amigo, todos tentam ajudar de seu jeito. A mãe, ora superprotetora, ora assustada, tenta traçar uma estratégia. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. As situações hilárias têm espaço, não tirando a seriedade do drama, que inclui o público em suas angústias.  Compartilhamos com ele de momentos difíceis, sem sentido, no melhor significado da palavra, afinal, seus sentidos o estão enganando. Seu amigo Davi, retratado como um homem de moral duvidosa, do estilo egoísta, infiel, irresponsável, é incapaz de ver o que o amigo está passando. Claro, sua forma de resolver as coisas não permite que ele enxergue outras opções, nem a própria dificuldade de enfrentar suas questões. Não, o melhor amigo de Bruno não pode servir de exemplo, nem suporte. Os diálogos, com o psicólogo que acha cedo para medicação, são esclarecedores para o público, não para Bruno. Ele não está preparado para ouvir. Ele faz sinalizações importantes, mas o cliente não pode ainda compreender.

sábado, 28 de março de 2015

Copenhagen 2015

ASSISTIR COPENHAGEN 2015 LEGENDADO FILME ONLINE
ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares, segredo, história familiar.
SINOPSE
Depois de semanas viajando pela Europa, o William imaturo é descoberto em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia é o local de nascimento de seu pai. Quando o jovem amigo dinamarquês de William Effy torna-se tanto embarcar na aventura de encontrar o avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy suposto William um desafio como nenhuma outra esposa alegou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez em sua vida, ele deve assimilar as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O homem se descobre a partir do contorno que o outro dá, desenvolvendo a própria identidade, que às vezes está encoberta por tantas defesas construídas ao longo da vida. O filme, ainda que seja considerado drama romântico, se revela superior a isso, pois mais do que um romance, a estória nos brinda com uma trajetória do ser em busca de si mesmo. Por muitos momentos, o filme me lembrou uma ferramenta muito utilizada no processo terapêutico denominada GENOGRAMA. Seu uso está entrelaçado com o processo de reconhecimento da própria história e a capacidade de escolha do indivíduo. A construção do genograma, que funciona como uma árvore genealógica, serve para que o cliente participe e se conscientize sobre elementos que contribuíram para torná-lo quem é. A partir dos dados, que são aos poucos elaborados junto ao cliente, é possível descobrir as heranças familiares, os segredos, mitos, legados, crenças e valores, que podem ser repetidos ou negados, sem que a pessoa tenha consciência. A capacidade de escolha emerge daí, fazendo com que tudo fique mais claro e o indivíduo possa pegar as rédeas da própria vida. A pessoa desenvolve a capacidade de perceber o que é e o que não é seu, favorecendo a escolha do próprio caminho. Assim também acontece com Willian ao conhecer Effy, que representa um papel quase terapêutico na vida dele, ao dar suporte no enfrentamento da própria história.

A demora

La DemoraASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, senilidade.
SINOPSE
No Uruguai vive uma família pobre que é composta por um velho homem, que esquece as coisas e dá trabalho, por três crianças e uma mulher, a mãe, que cuida do pai e dos filhos, e é a única que trabalha. Cansada da jornada de trabalho e percebendo que não dá conta da situação, ela tenta ajuda com a irmã ou em um abrigo de idosos para o seu pai. Quando não encontra resposta para sua angústia, toma uma decisão drástica. Em um dia gelado, ela passeia com o velho em uma praça,  diz que vai comprar água e volta logo, mas o abandona. Depois, ela liga para abrigos do governo para ver se alguém recolhe o seu pai, conseguindo assim, que eles sejam obrigados a acolhêlo. Só que  não, seua planos são frustrados.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme uruguaio dá um sôco no estômago, definitivamente, não é para qualquer público. Longe de ser comercial, a fita retrata a realidade nua e crua que pode ser vivida por diferentes famílias ao redor do mundo. Não falamos de uma questão estritamente uruguaia, falamos de uma realidade de qualquer país que não é capazr oferece suporte para a terceira idade. Talvez, o que mais choque, é saber que quanto mais o tempo passa, maior o número de pessoas idosas, e, menor o número de subsídios dirigidos para acolher os problemas enfrentados na velhice. O filme conta a estória de uma família monoparental (quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho e ou os filhos), que é sustentada por Maria, mãe solteira com três filhos. Trabalhadora, a dona de casa também acolhe em sua casa o pai idoso, que está senil e com a memória afetada. Por mais que deseje mudar de atividade profissional, Maria percebe que trabalhar em casa é sua única alternativa, para dar conta das necessidades do pai, que esquece até do próprio endereço.  Ao deparar com as discrepâncias do sistema de suporte governamental, que não a considera pobre o suficiente para ter direito ao azilo público para o pai, ela procura a irmã, com a intenção de alternar a responsabilidade com o genitor. Diante também da recusa da irmã, ela se vê obrigada a deixá-lo em praça pública, com esperança de que assim ele seja recolhido para o abrigo. O restante da trama gira em torno das situações enfrentadas pelo pai, enquanto espera a filha retornar e dos momentos de Maria enfrentando as possíveis consequências de seu ato. Não é preciso 24 horas da permanência do idoso naquele local, para que emoções e situações diversas aconteçam.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Psicólogo, o doutor está fora

o psicologo
ASSUNTO
Relação terapêutica, suicídio, luto, relações afetivas, sociais, drogas
SINOPSE
“O psicólogo”, protagonizado pelo sempre brilhante Kevin Spacey, parte do princípio de que algumas vezes o mundo é mesmo pequeno, e logo no início são apresentados os personagens que pouco a pouco estarão mudando o rumo das vidas uns dos outros. O Dr. Henry Carter é um conhecido psicólogo de celebridades em Hollywood, lugar onde cresceu e se estabeleceu. Ele é o autor de alguns best-sellers, incluindo um livro sobre a felicidade, que agora está gravando como um audiobook. Neste livro de sucesso, Carter oferece, por assim dizer, a sua receita de felicidade. Entretanto, ele nos é apresentado de uma forma bastante incômoda, pois tem vivido sob o signo do suicídio da esposa. Embora tenha uma rica e confortável residência, cheio de conflitos em sua vida particular, ele não dorme em sua antiga e bonita cama de casal; uma cena comum é a dele esticado em algum sofá, cadeira, divã, etc. Apesar de ter muitas pessoas que se preocupam sinceramente com ele (como é o caso do seu pai), o companheiro mais presente na vida do psicólogo é um cão. O viúvo solitário, sem filhos, amargurado, fumante inveterado, companheiro de uma garrafa de bebida, ainda é apresentado optando  por variedades de maconha adequadas ao seu estado de espírito do momento… Aliás, um aspecto saliente no filme é a droga, que rola solta, aos borbotões! Drogas em geral, incluindo o álcool.O protagonista da história é Henry Carter, um psicólogo famoso por tratar celebridades. Carter vive em profunda tristeza e quase absoluta letargia– a quase todo momento o vemos fumar um baseado -, uma maneira de ficar alheio à dor e a tudo o que acontece ao seu redor. Só quando seu pai, também psicólogo, lhe “repassa” uma paciente, a jovem Jemma, cuja mãe também cometeu suicídio, é que Carter começa a se dar conta de que está perdido. Mas nem isso o faz repensar suas atitudes. Isso vem acontecer quando, depois de utilizar uma droga mais forte – ao que parece, uma erva adulterada -, Carter vai parar no hospital.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Título original; Shrink – Psiquiatra, shrink, em inglês, significa “encolher”. A partir dos anos 60 Shrink passa a designar psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas na gíria, significando “encolhedores de cabeça”. Ou seja, nós carregamos coisas demais, o que geram neurose, a mente desorganizada precisa de ajuda para encolher, reorganizar, precisa do profissional Shrink. O “Psicólogo das Estrelas”, que faz uso de automedicação e fuma “baseados", atende em seu consultório pessoas influentes em Hollywood – lugar afetivamente pouco saudável. Tendo o terapeuta como centro unificador, o filme vai nos apresentando os clientes de Carter em suas rotinas. Pouco a pouco, tanto no consultório quanto fora dele, vamos nos envolvendo com os pacientes em suas neuroses, seus dilemas e infortúnios, seus tédios e angústias, seus dramas existenciais e seus vícios. Na lista de clientes do Dr. Henry Carter estão: uma famosa atriz, Kate Amberson e seu marido narcisista; Jeremy, um jovem escritor descontrolado e inseguro; Patrick, um produtor obsessivo compulsivo, entre outros. Cada um com a sua paranóia, seus problemas e seus medos… Desiludido com sua carreira e vida pessoal, a ponto de, surtando, declarar-se numa entrevista televisiva que era uma fraude, um momento significativo na vida de Carter se dá quando seu pai encaminha para ele o primeiro caso fora das celebridades. Trata-se de Jemma, uma garota problemática, que também está vivendo sob o signo da morte da mãe. Contatar sofrimento semelhante ao seu não será fácil. O filme retrata uma sociedade enferma e a situação em que a vida perdeu o sentido. Na cena em que o pai dá retorno sobre o sonho relatado por ele, o pai cita kierkegaard, “O doente deve se ajudar”. E o processo terapêutico segue com a disponibilidade de ambos. Nesse caso, profissional também é cliente.

A passagem

                A Passagem                       

ASSUNTO

Relação terapêutica, relações afetivas, alucinações, culpa, medo, dor, suicídio.

SINOPSE

Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir o suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma.

TRAILER (inglês)

O OLHAR DA PSICOLOGIA

De difícil compreensão, o filme só se explica no final. Até então, consideramos real tudo que se passa na tela. Os conflitos do Terapeuta e do cliente são apresentados como se assim ocorressem de fato. O que é verdade o que é alucinação? A relação terapêutica é apresentada de forma quase “misturada”, quando o terapeuta vive seus conflitos pessoais e os de seu cliente tal quais cartas embaralhadas. O que é real o que é imaginário? O que é do cliente, o que é de si? Assim questionamos durante a fita. Os resgates de cada um são o enredo vivido por Henry em seus últimos suspiros, A passagem fala exatamente desse momento: passagem: e todos os rostos que desfilam ao seu redor passam a fazer parte dele. Vítima de um acidente de carro fatal, para si, para a namorada e para os pais, Henry parece só um corpo, no chão, em meio a metal retorcido, fogo e barulho. As pessoas correm e o cercam, observam, oferecem ajuda. Ele ainda está vivo, mas, por apenas um instante. É nesse instante que ele fita vários olhares, ouve várias frases, sente o contato das pessoas. É o seu instante final, ele sabe disso. Mas, não se desespera. São estes olhares, frases e contatos que o farão reviver seus conflitos, os sentimentos que o dominam. Naquele instante, com aquelas pessoas, ele monta o enredo final de sua vida, tentando, de alguma forma, uma resolução para seus dilemas e sofrimentos. Nesse instante, só lhe vem a culpa. E é essa culpa que, num espaço de três dias (em seu tempo mental) ele vai viver intensamente, com todas as suas dores (depressão, abandono, medo, dor, suicídio). É nesse espaço de tempo mental que o filme se desenrola. Ele sabe que tudo agora é só um instante.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Teoria de tudo

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Relações familiares, sociais, acadêmicas, afetivas e terapêuticas – auto-suporte. Conceitos gestálticos: Priorizar os sentidos, momento presente, teoria paradoxal da mudança (aceitar o que está sendo para que a mudança ocorra, favorecendo se tornar quem de fato é).
SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata um período importante da vida do famoso astrofísico, que foi acometido ainda jovem pela doença degenerativa denominada ‘síndrome de Charcot’. O médico informa, ao esclarecer o caso, que embora a doença não vá afetar o seu cérebro,  a ligação entre este e os músculos será interrompida gradativamente, o que impossibilitará sua comunicação com seu entorno. Ao assistir a cena em que o médico fez tal declaração, fiquei me perguntando como o jovem astrofísico poderia sobreviver ao rompimento de sua relação com o mundo. A abordagem gestáltica prioriza o ‘entre’, a “fronteira” é considerada como o lugar de desenvolvimento da existência. O “contato” é a realidade mais simples e primeira, sem o qual não há construção de indivíduo - individuação. Este contato com o que está “fora” vai dando contorno à noção de quem somos. Como seria para o astrofísico sobreviver sem a possibilidade de contato? Seu momento trouxe um contato especial, capaz de expandir as próprias fronteiras: o amor. Razão e emoção se encontram e perfazem novas configurações. Ele está determinado a encontrar uma “eloquente explicação” para o Universo, seu mundo é matemático, racional. Ele busca a lógica, tem o objetivo de explicar fenômenos do universo, como o tempo. Jane, por outro lado, é emocional, poética e personifica a fé, busca a compreensão do universo através dos sentidos. Esse encontro torna possível expandir suas fronteiras, permitindo que as probabilidades científicas sejam desafiadas. O “tempo”, seu objeto de estudo, é vivido em sua plenitude pelo casal, que encontra novas alternativas para cada novo desafio imposto pela enfermidade.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

No espaço não existem sentimentos

ASSUNTO
Síndrome de Asperger, Relações familiares, sociais e afetivas, diferenças, amizade, amor fraterno.
SINOPSE
Quando a namorada de Sam rompe o relacionamento, ele fica muito deprimido. Para animá-lo e fazer com que volte à sua vida normal, Simon decide ajudar o irmão a encontrar uma nova e perfeita namorada. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título do filme nos remete ao funcionamento de Simon, que tem dificuldade de comprender e expressar sentimentos, mas se sente seguro onde não precisa lidar com emoções. O chefe de Simon diz: “Anda, tempo é dinheiro!” E Simon responde: “Tempo é tempo, dinheiro é dinheiro.” É assim que funciona para os portadores da Síndrome de Asperger, não há facilidade na compreensão do que que não é literal. Ele usa uma roupa que o identifica como portador da síndrome, deixando claro que não gosta de ser tocado, pois perde a tranquilidade e o controle nessas ocasiões. Outro problema para ele é mudar a rotina, qualquer coisa que saia do controle compreensível, previsível, repetido, para ele é sinônimo de caos. Ele não entende muito bem o mundo, e as pessoas em geral,  que por sua vez não entendem ele. Os pais não conseguem falar sua língua e qualquer ameaça de desestabilizar seu universo, ele se esconde em sua “nave”, um latão fechado, ou reage agressivamente.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Homens, mulheres e filhos

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Relações interpessoais, relações familiares, afetivas e sociais, sexualidade, anorexia, pornografia
SINOPSE
Adultos, adolescentes e crianças amam, sofrem, se relacionam e compartilham tudo, sempre conectados. A internet é onipresente e, nesta grande rede em que o mundo se transformou, as ideias de sociedade e interação social ganham um novo significado. Algumas situações como um casal que não tem intimidade; uma garota que quer ser uma anoréxica melhor; um adolescente que vive em num mundo de pornografia virtual, fazem o expectador repensar a relações humanas.
Homem, Mulheres & Filhos´ conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais enquanto tentam lidar com as diversas maneiras nas quais a Internet mudou seus relacionamentos, suas comunicações, suas auto-imagens e suas vidas amorosas. O filme trata de questões sociais como a cultura dos videogames, anorexia, infidelidade, busca da fama e a proliferação de material ilícito na Internet. Na medida em que cada personagem e cada relacionamento é testado, podemos ver a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e fica claro que ninguém está imune a esta enorme mudança social que vem através de nossos telefones, nossos tablets e nossos computadores.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme fala das mudanças nas relações a partir do universo virtual. De que forma os avanços tecnológicos que trouxe smartfones, tablets, netbooks, smarttvs estão colaborando ou prejudicando as relações entre as pessoas? É disso que trata o enredo. As novas formas de contatar ou evitar os contatos nossos de cada dia. Afetos virtuais, aproximações e afastamentos, pornografia virtual, perda de tempo, privacidade, anorexia, infidelidade, fama, exibicionismo, crimes virtuais, jogos virtuais e tantas possibilidades são discutidas, pontuando a influência da tecnologia na transformação das formas do ser humano se relacionar. Longe de propor respostas, o filme apresenta diferentes perspectivas nas relações mediadas pela internet, muitas vezes tornando o contato real e nutritivo distante daqueles que priorizam as relações virtuais. Certamente, trata-se de um pequeno alerta, não apontando muitos benefícios que o bom uso da internet pode trazer.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Adam

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Sindrome de Asperguer, Autismo, relação terapeutica, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
O jovem engenheiro eletrônico Adam acaba de perder o pai. Com dificuldades de se socializar, vive isolado em seu excessivamente organizado apartamento em Nova York. Sua rotina se transforma quando a atraente Beth se muda para o andar de cima. Inicialmente reticente com o comportamento estranho do vizinho, ela aos poucos passa a conhecê-lo melhor e a entender as razões por trás de suas dificuldades de comunicação. Percebendo o interesse de Adam e a profunda conexão que se formou entre eles, Beth resolve dar uma chance ao relacionamento.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adam é portador da Síndrome de Asperger, transtorno de espectro autista. Sua forma de funcionamento traz algumas peculiaridades, principalmente no que se refere à percepção. Costumamos considerar “Normal” ter a capacidade de selecionar o estímulo ambiental que nos interessa. Por exemplo, no universo dos neuróticos, escolhemos o que ouvir, o que ver, o que “perceber”. Muitas vezes, o trabalho da terapia é favorecer a ampliação da percepção, pois nossa tendência de selecionar o que é possível pode provocar comunicação ineficiente, causando sofrimento. Por outro lado, para compreendermos, de fato, o que estamos ouvindo, vendo, percebendo, é preciso focar no alvo de nosso interesse. Em Gestalt-terapia, chamamos de “figura” o estímulo em foco, e de “fundo” todo o restante. Assim, estando aberto ao fenômeno que se revela, ele é selecionado, “destacado”, em detrimento dos estímulos restantes, que vão para o fundo. O processo saudável consiste em trocas sucessivas de figura e fundo, de acordo com o interesse da pessoa, fluindo naturalmente e constantemente. A cada formação de sentido ou “fechamento de uma gestalt”, outro estímulo se torna figura e o anterior se torna fundo. Pessoas portadoras da Síndrome de Asperger não conseguem selecionar estímulos, o que transforma seu universo em alvo de múltiplos estímulos simultâneos. A sensibilidade com a informação sensorial, como luz, som, textura e gosto podem ser percebidas como invasivas, transformando o convívio social em uma ameaça insuportável. O isolamento social é consequência desse e de outros sintomas. Os “aspies” – como se autodenominam os portadores da síndrome – não apresentam nenhum traço físico aparente da doença e possuem inteligência normal, muitas vezes acima da média. Suas dificuldades de comunicação são confundidas muitas vezes como mera timidez, enquanto, na verdade, enfrentam problemas de primeira ordem relacionados à sociabilidade, compreensão da linguagem e interesse exclusivos por determinados assuntos, o que abala as estruturas convencionais na formação de vínculos com a sociedade. Dificilmente eles olham para seu interlocutor, sempre evitando o contato direto. Do mesmo modo, quando olham, eles não conseguem interpretar suas expressões faciais. Isso quer dizer que esteja você sorrindo ou com cara de zangado, a reação é a mesma e neutra, o que acusa a falta de entendimento das emoções. Essa característica provavelmente é uma das que mais lhes gera angústia, pois não conseguem compartilhar e entender os sentimentos do próximo. Uma característica peculiar da síndrome faz que seus portadores se interessem quase que exclusivamente por um único assunto, como pode ser visto com Adam. Cada caso é um caso, nem todos os sintomas são iguais ou têm a mesma intensidade nos portadores. O filme nos mostra como é para Adam, que depois de perder o pai, encontra-se perdido. Beth representa um vínculo nutritivo, que o auxilia a ampliar suas habilidades sociais, a partir de sua disponibilidade e carinho. O desdobrar da história, irá retratar alguns sintomas peculiares e novas revelações dentro  das possibilidades. Trata-se de um filme simpático, que não perde a chance de ser didático, pois a consciência da própria síndrome faz com que Adam explique parte do que ocorre em seu universo. A inaptidão para perceber a linguagem não verbal é amenizada pelo aprendizado lento, mas possível. O longa é super recomendado para melhor compreensão de outras formas de funcionamento no mundo, nem melhor nem pior, apenas diferente. Confira!




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O lenhador

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Pedofilia, relações afetivas, sociais, familiares e relação terapêutica.
SINOPSE
Após 12 anos na prisão, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num apartamento em frente a uma escola de ensino básico, cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho. Ele, porém, não pode escapar do seu passado e quando os colegas de trabalho descobrem seu crime, o clima amigável desaparece.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Confesso minha resistência em assistir ao filme. Pedofilia é um tema difícil, que provoca sentimentos conflitantes, dificultando a necessária neutralidade no processo terapêutico. Recordo que na época de seu lançamento, o longa foi recomendado por uma professora querida, que sinalizava a respeito da consciência que o terapeuta deve ter sobre os próprios limites. Existem situações nas quais o profissional pode ficar impossibilitado de manter a postura de imparcialidade, do não julgamento, a pedofilia pode ser uma delas. Como atender com imparcialidade um cliente, que em um momento de descontrole, é capaz de molestar uma criança indefesa? Como lidar com tal situação de forma imparcial? Certamente, o filme nos dá pistas sobre o outro lado da situação. Não há como não repensar nosso impulso de considerar o pedófilo como monstro, após assistir ao drama. Nós somos convidados a acompanhar os dias de Walter, após 12 anos de detenção. Aos poucos, somos apresentados ao seu drama, e seus conflitos cotidianos diante da necessidade de se reinserir na sociedade e seus conflitos internos, frente à possibilidade de se descontrolar novamente.

Encontros ao acaso

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Relações afetivas, familiares e sociais; processo autodestrutivo, dificuldade de aceitar afetos e mudanças.
SINOPSE
Lucy Fowler (Ashley Judd) é uma mulher trabalhadora e auto-destrutiva, que realiza frequentes aventuras de uma só noite, sempre regada a muita bebida. Ao tentar mais uma vez se reaproximar do pai, Lowell (Scott Wilson), ela conhece Cal Percell (Jeffrey Donovan), que se mudou recentemente. Cal consegue enxergar em Lucy algo que ela própria não deseja reconhecer, o que faz com que se afaste dele. Desta forma Lucy precisa lidar sozinha com sua conturbada família e sua dificuldade em amadurecer e manter um relacionamento amoroso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme fala, principalmente, sobre a dificuldade de relações afetivas da protagonista, que “repete” o comportamento do pai, que se revela na trama a própria dificuldade de manter relações afetivas. Lucy, além de manter relações com desconhecidos em momentos de embriaguez, não se lembrando no dia seguinte sobre os detalhes da relação, faz questão de se manter emocionalmente distante de tudo. Atentem para a relação com o cachorro abandonado, e, sua atitude distante diante da clara afeição ao animal. Como qualquer de nós, ela tem uma história, um contexto que ajuda a compreender seu comportamento reativo diante das possibilidades afetivas. A trama me fez recordar da importância do GENOGRAMA no processo terapêutico. Para quem não conhece a ferramenta, trata-se de um recurso potente de suporte ao processo terapêutico. Com ele, somos capazes de identificar, junto ao cliente, as repetições transgeracionais, as questões familiares, oferecendo a oportunidade de capacitar o cliente para realização de novas escolhas. Ao reconhecer “repetições”, situações inacabadas, ou questões que pertencem ao histórico da pessoa, o cliente encontra a oportunidade de aceitar/perceber/ter consciência seu movimento atual. Diante disso, algo semelhante ao que Jung chamou de “processo de individuação” pode acontecer de forma mais saududável. Em Gestalt-terapia, o mesmo processo pode ser reconhecido como percepção da própria fronteira, que deve ser flexível, nem totalmente aberta nem fechada. Assim, a pessoa pode escolher quando e onde abrir seu mundo ao mundo do outro, fazendo contatos nutritivos com o ambiente. A repetição de comportamentos engessa as fronteiras, que bloqueiam as novas trocas. O processo de Lucy, aos poucos vai oferecendo a oportunidade dela perceber suas ações “reativas”, repetidas, inacabadas. E, assim, durante a trama, vamos acompanhando seu movimento de busca de fechamento para situações inacabadas, ou, o reconhecimento de seu funcionamento “repetido”.  Nesse sentido, Cal é a chave terapêutica de Lucy, pois “representa” o papel do terapeuta, ao sinalizar o óbvio. Assim também faz sua colega de quarto, que questiona suas atitudes. Acompanhamos a busca de sentidos na relação familiar, que aos poucos lhe dão a clareza do próprio funcionamento, e, com isso a possibilidade de novas escolhas. Não espere, então, que o desfecho feliz esteja de acordo com os romances clássicos. Ser feliz com o príncipe encantado? Que nada! Há frustração, há dor, mas não é possivel desenvolvimento real, sem que passemos pela dor.  Na fita, vemos a busca da própria integração, em detrimento da busca do outro que a “complete”. Para que um sistema inteiro seja possível, sem dependência, mas apenas uma relação de contato saudável, ambos precisam estar inteiros, integrados em sua individualidade, para somente depois realizar trocas nutritivas. O final está aberto, mas feliz, pois fica claro o quanto Lucy pode realizar novas e criativas escolhas, o restante pode ser imaginado. Aí está um final real e feliz, vale a pena conferir!




terça-feira, 21 de outubro de 2014

Helen Keller e o Milagre de Anne Sullivan

 
clip_image001ASSUNTO
Deficiência auditiva e visual, limite, relações familiares, afetivas e aprendizagem.
SINOPSE
A incansável tarefa de Anne Sullivan, uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller, uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.
O filme The Miracle Worker (sem distribuição no Brasil, produzido para TV em 2000 nos EUA, dirigido por Nadia Tass) é um "remake" de dois filmes sobre o mesmo tema: "The Miracle Worker", produzido em 1962, dirigido por Arthur Penn, distribuído no Brasil com o título O Milagre de Anne Sullivan; e "The Miracle Worker", também produzido para TV em 1979, dirigido por Paul Aaron, que em 1984 teve ainda uma sequencia com o título "Helen Keller, The Miracle Continues".
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata uu período da história de vida de uma menina cega e surda. O nome dela era é Helen Keller, de sete anos, filha de proprietários de terras. Ela não sabia o que era mundo e não sabia como interpretá-lo, e apesar disso tudo, ela precisava muito se expressar. A trama retrata uma parte da história da menina, depois dela já ter perdido a visão e a audição. A família, por sua vez, após tê-la quase perdido, faz todas as vontades que pensam ser dela. Hellen, por sua vez, se parecia com um animal agressivo, ela chutava, mordia, cuspia, sem conseguir se comunicar. Foi o desespero, o limite diante dos espetáculos grotesco da criança, que favoreceu a descoberta de Anne Sullivan, a professora de métodos pouco convencionais, que surge para disciplinar, domesticar e educar a menina. Ela foi cega (fez nove cirurgias nos olhos) e usa óculos escuros para proteger-se do sol. Ao se deparar com Helen, entende que ali está o maior desafio da sua vida: o desafio de explicar a uma menina como viver no mundo e como entende-lo. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Numb

clip_image001 ASSUNTO
Relações familiares, sociais e afetivas. Erros e acertos nas relações terapêuticas, transtorno de despersonalização.
SINOPSE
Um roteirista sofre de um  transtorno, que o faz perder contato com sua personalidade e ter sensações de irrealidade e estranheza. Suas tentativas de tratamento e cura são retratadas na fita.  Quando se apaixona por uma mulher, o esforço dele aumenta, passando por todo tipo de terapia existente para conseguir conquistá-la.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Numb é um filme de 2007, que inicia com Hudson se percebendo de forma estranha. Havia algo errado em sua percepção, mas ainda assim, era possível manter as aparências. Ninguém percebia o que estava acontecendo com ele até o dia ao fumar maconha ele perde o controle. Diante do surto, ele procura ajuda. O médico descarta as doenças físicas e o encaminha para o psiquiatra. De acordo com a psiquiatria, o filme retrata o transtorno de despersonalização e desrealização, que de forma resumida relaciona-se a um estranhamento em relação ao próprio corpo e ao mundo externo e que ocorre puramente como patologia, ou como fenômenos em diversos transtornos psiquiátricos como transtornos dissociativo e no famoso transtorno do pânico. Hudson (Matthew Perry) define assim sua desordem metal: O transtorno de despersonalização é o desligamento de sensações exteriores. Consiste na persistência ou recorrente experiência de se sentir desligado, como se alguém fosse um observador de seus próprios processos mentais ou do corpo. Além de oferecer um material informativo sobre o transtorno, o filme apresenta diferentes intervenções, psicológicas e psiquiátricas, que revelam algumas situações terapêuticas pouco recomendadas. O material a seguir contém Spoiler (revelações do enredo), portanto é recomendado ser lido após o filme ter sido assistido.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Culpa é das Estrelas

ASSUNTO
Doença terminal, luto, perseverança, tempo, relações afetivas, sociais e familiares, autoconhecimento, superação, prioridades.
SINOPSE
Diagnosticada com câncer, a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, ela é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão. Lá, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que também sofre com câncer. Os dois possuem visões muito diferentes de suas doenças: Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros, já Augustus sonha em deixar a sua própria marca no mundo. Apesar das diferenças, eles se apaixonam. Juntos, atravessam os principais conflitos da adolescência e do primeiro amor, enquanto lutam para se manter otimistas e fortes um para o outro.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Atendendo ao pedido de uma colega do grupo, Christiana Chagas, finalmente assisti A CULPA É DAS ESTRElAS. Por sorte minha não o fiz no cinema. Explico: Sou chorona por natureza, e, se o fizesse rodeada de pessoas, poderia ser constrangedor, talvez não fosse possível soltar toda emoção. Em casa, sozinha, eu pude dar vazão às emoções, chorei muito. Não, o filme não é um daqueles dramas melodramáticos que prioriza manipular o espectador colocando “o dedo na ferida”, explorando imagens da doença ou apelando para a compaixão do público. Apesar de conter diálogos ricos, recheados de “tiradas geniais”, o foco maior está no que não é dito. Os atores cumprem o trabalho, cada olhar ou gesto transmitem muito, fica impossível não ser tocado em algum momento. Bom, não é bem assim. Há pessoas que são como Gus, escondem suas emoções ou inseguranças em frases irônicas e bem humoradas, ou em sorrisos sarcásticos ou deboches. São apenas formas singulares de expressão. Fato é que, lá no fundo, existe um lugar que é tocado, mesmo que a pessoa não consiga expressar como o ‘outro’ é capaz de fazer. Aliás, uma coisa engraçada é essa de chorar. Embora seja a expressão autêntica de uma emoção, na maior parte das vezes, surge alguém que diz a célebre frase: “Não chore.” Por que não chorar? Tenho me perguntado o motivo de sentirmos vergonha disto, sendo o choro coerente com o momento ou não... Voltando ao filme: O silêncio das cenas toca o espectador no conjunto de suas próprias experiências, não pela semelhança com os fatos retratados, mas pelas sensações percebidas como “conhecidas”. Obviamente, cada um será tocado em sua particularidade, portanto, não há como explorar todas as possibilidades. Sendo o filme baseado em um livro escrito para adolescentes, é esperado que a trama pudesse atingir ao mesmo público. No entanto, os temas abordados podem superar as expectativas e afetar ao público em geral. Isto ocorre, principalmente, por focarem em assuntos que permanecem como tabus para a humanidade: câncer, morte, doença, tempo, a finitude.

domingo, 20 de julho de 2014

Minhas tardes com Margeritte

clip_image002ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, aprendizagem, amizade, educação.
SINOPSE
Baseado no livro de Marie-Sabine e dirigido por Roger Jean Becker, o filme Minhas Tardes Com Margueritte conta a história de um daqueles improváveis encontros que podem mudar a vida de uma pessoa. A trama se passa em torno de Germain, um cinquentão quase analfabeto, e Margueritte (Gisèle Casadesus), uma senhora apaixonada por livros. Quarenta anos e muitos quilos os separam, mas, por acaso, Germain (Gérard Depardieu) senta ao lado dela em um banco no parque. Ela recita versos em voz alta, dando a ele a chance de descobrir a magia dos livros, que nunca fizeram parte da vida dele. As coisas mudam quando o homem descobre que Margueritte está perdendo a visão e, pelo carinho e afeto que foram criados da relação, ele se esforça para aprender e mostrar que ele poderá ler quando ela não puder mais.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Recentemente, comentei sobre um vídeo que sinalizava sobre uma palavra pouco usada em nossos dias, a “ternura”. Eis que poucos dias depois, me deparo com MINHAS TARDES COM MARGARITTE, um filme delicado, encantador e repleto do mais puro sentido da palavra ternura. Falamos de um enredo simples, sobre um encontro inusitado entre dois personagens antagônicos, que irá retratar o retorno ao que realmente importa, mostrando exemplos de ternura e de prazer que estão inseridos nas pequenas coisas da vida. O filme apresenta um encontro casual de um cinquentão rude e uma senhora de idade extremamente delicada. Não se engane, logo percebemos o contraste entre a pequenez do brutamonte e a grandeza da pequena senhora. A trama nos convida a acompanhar o desdobramento do verdadeiro encontro, que só é possível na diferença, como já bem apontado na literatura gestáltica.

domingo, 22 de junho de 2014

Toda forma de amor

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ASSUNTO
Relações familiares, sociais e afetivas, dificuldade em relações afetivas estáveis, luto, doença terminal, depressão e homossexualidade. 

SINOPSE
Oliver Fields (Ewan McGregor) é um sujeito de vida pacata como artista gráfico que perdeu a mãe há cinco anos. Ele sofre um novo abalo ao receber duas notícias vindas de seu pai, Hal (Christopher Plummer), que anuncia ter câncer e ser homossexual. Oliver embarca em um relacionamento com a atriz francesa Anna (Mélanie Laurent) e espera que as experiências passadas em seu núcleo familiar, ainda que inusitadas, o auxiliem na construção de sua vida amorosa.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Estamos diante de um tema bastante atual que atinge pessoas de diversas idades: A dificuldade em estabelecer uma relação afetiva estável. A trama acompanha as reflexões e enfrentamentos de Oliver, um sujeito deprimido que se encontra em momento de luto, vagando em pensamentos que insistem em prendê-lo ao passado. As lembranças de Oliver surgem em flashbacks e vão costurando a trama, retratando momentos de sua vida. Em suas lembranças de infância há somente a presença mãe, indicando a ausência paterna durante longo tempo. O pai se torna mais presente após a morte da mãe, quando se revela gay aos 75 anos, momento em que revela também ter câncer – situação pouco compreendida pelo filho. O título original Begginers já sugere a ideia central, que pretende mostrar o quanto somos todos iniciantes em matéria de relacionamentos afetivos.

domingo, 15 de junho de 2014

Disconnect

 
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ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, sociais e virtuais. Luto, relação terapêutica, abordagem gestáltica, fobia social, adolescência, crimes virtuais, cyberbullying, casal e família.

SINOPSE

Este drama mostra várias histórias pessoais, tendo em comum os efeitos perversos do uso excessivo de tecnologia, Internet e telefones celulares. A vida de um casal entra em perigo quando sua vida privada é exposta online, uma viúva e antiga policial descobre que seu filho humilha um garoto da escola pela Internet, um advogado obcecado por seu telefone não consegue se comunicar com a própria família, e uma jornalista vê sua vida se transformar quando ela pesquisa a história de um adolescente que faz atuações eróticas pela webcam.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Não é o primeiro filme que discute o tema. “Rede Social” explorou as dificuldades de relacionamento do autor do facebook. Recentemente, “Ela” entrou no Universo afetivo entre o real e o virtual, revelando angústias e carências contemporâneas. Em “Disconnect”, a trama retrata alguns dos principais riscos das relações que estão sendo construídas nas redes sociais, a partir de três histórias que vão se conectando ao longo do filme. Baseado em fatos reais, o enredo costura a trama partindo de vidas que irão se conectar na rede virtual ou real através de alguns acontecimentos. Diante desta teia virtual, a trama nos apresenta diferentes formas de conexões e desconexões nas relações contemporâneas. Em cada um dos três casos, temos contatos pouco saudáveis, virtuais ou reais sendo pontuados, que podem ou não se desenvolver para um melhor contato ou uma solução saudável. Desta forma, temos bastante para refletir sobre diferentes formas de fazer contato com o outro, seja através do virtual ou não. Em tempos de globalização, as relações virtuais ganham formas humanas, no entanto, por outro lado promovem novos tipos de conflitos e distúrbios emocionais.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ninfomaníaca 1 e 2

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Sexualidade, compulsão sexual, crenças, religião, valores morais, gênero, conceitos e preconceitos.
SINOPSE
ATENÇÃO: CENAS DE SEXO EXPLICITO, NÃO INDICADAS PARA MENORES. Volume 1 - Bastante machucada e largada em um beco, Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada por um homem mais velho, Seligman (Stellan Skarsgard), que lhe oferece ajuda. Ele a leva para sua casa, onde possa descansar e se recuperar. Ao despertar, Joe começa a contar detalhes de sua vida para Seligman. Assumindo ser uma ninfomaníaca e que não é, de forma alguma, uma pessoa boa, ela narra algumas das aventuras sexuais que vivenciou para justificar o porquê de sua auto avaliação.
Volume 2 - A continuação da história de vida de Joe investiga os aspectos mais sombrios de sua vida adulta, e o que a levou aos cuidados de Seligman. Últimos três capítulos de "Ninfomaníaca".
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Volume 1 - clique aqui.
Volume 2 - clique aqui.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Antes de tudo, devo sinalizar que o filme é para poucos, pois é preciso ter abertura para compreender as críticas, explícitas ou sutis, feitas pelo diretor. Aos que esperavam um filme pornográfico o que encontraram foi frustração, pois a trama nos confronta com conceitos e preconceitos sócio culturais. Escolhi reunir os dois volumes por uma questão simples: Não é possível ter plena compreensão sem que ambos sejam assistidos. No primeiro volume, temos maior foco no relato de suas aventuras sexuais desde a infância. Não há qualquer dado que possa nos ajudar a aprofundar o conhecimento sobre o contexto da vida de Joe. Assistimos as trocas com Seligman, que não parece concordar com a autoavaliação da moça, que se deprecia, sentindo-se má pessoa por ser ninfomaníaca. Ao narrar a história de sua vida, Joe encontra nas reações de Seligman possíveis “interpretações” ou outras perspectivas, que poderiam ser também do espectador (ou que podem servir para induzir o público). Seus comentários estão sempre associados a alguma referência, o que nos conduz para possibilidades que não ocorreriam sem tal intromissão. Suas referências incluem a música, as artes plásticas, a poesia e filmes – incluindo “Anticristo” do mesmo diretor. Prazer e dor, deleite e desamor, desamparo e autonomia estão entre as polaridades expressas na trama, que choca, confunde e violenta diferentes formas de ver tudo que é apresentado. O senhor solitário entra no lugar do psicólogo, que escuta sem julgar, principalmente ao favorecer para que Joe possa se ver de outra forma. Seligman é um intelectual que domina vários campos do conhecimento, com isso ele tenta analisar e compreender a obsessão de Joe por sexo, ao mesmo tempo conduzindo o espectador ao questionamento e provocando reflexões sobre alguns tabus.