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quinta-feira, 22 de abril de 2021

O som do silêncio (Sound of Metal)

ASSUNTO

Deficiência auditiva, relações afetivas, familiares, sociais e de casal, autoconhecimento, aceitação, luto, resiliência.

SINOPSE

Em Sound of Metal, um jovem bateirista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do bateirista, atormentado lentamente pelo silêncio. Disponível no Prime vídeo. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Mais do que esperamos de um filme, O SOM DO SILÊNCIO é uma experiência sensorial fantástica. Para quem não é fã do gênero Heavy Metal, o início do filme pode ser desestimulante.  A intensidade do show, logo na abertura, pode oferecer uma previsibilidade equivocada. Após o primeiro show, acompanhamos uma parte do cotidiano harmônico de Ruben com a namorada. Logo, tudo começa a mudar. Como já citado na sinopse, a perda , não tão gradual, da audição de Ruben é o fio condutor da trama, que nos convida a sentir o mesmo desconforto e angústia do protagonista. Entre sons e silêncios acompanhamos o processo de autoconhecimento e aceitação do protagonista. A perda da audição, como muitas outras, provoca a intensidade de movimentos em direção à recuperação do que foi perdido. O caminho trilhado pode nos transformar, adaptando-nos às novas condições, ampliando nosso potencial. Entretanto, o desapego é um tanto difícil, tal qual o processo de luto. Qualquer perda, ou mudança drástica, pode gerar o mesmo desconforto e a dificuldade no processo de aceitação. O filme estimula os sentidos do público, entre silêncios e sons, alinhavados com diferentes perspectivas. Para além da representatividade de surdos, o filme provoca diferentes reflexões, principalmente, no que se refere ao processo reintegração do ser diante de perdas ou transformações, que são inerentes à vida. Um tema pertinente, diante das mudanças impostas pela pandemia, momento em que a humanidade se depara com mudanças e perdas, que exigem elaboração, criatividade e aceitação. É um filme necessário, imperdível, espetacular! O texto a seguir pode conter spoiler, sugerimos ler após assistir ao filme.

domingo, 18 de abril de 2021

Un padre no tan padre (Patriarca)

 


ASSUNTO

Terceira idade, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Quando Don Servando Villegas, patriarca mexicano de 85 anos, é expulso de sua casa de repouso, seu filho mais novo Francisco o leva para morar com ele. Don Servando está prestes a descobrir a verdade sobre o seu filho e sua maneira de viver. O caçula na verdade mora em uma espaçosa casa com mais nove pessoas de diferentes partes do mundo e de todos os tipos, tem um relacionamento estável com Alma (Jacqueline Bracamontes) e é pai do jovem pintor Rene (Sérgio Mayer Mori). O filme está disponível na NETFLIX.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A comédia mexicana explora as relações familiares numa perspectiva bastante interessante. Temos Don Servando Villegas, um velho ranzinza, frio, controlador e hostil com todos. Apesar de lúcido, o senhor residia em uma clínica para idosos, onde só fez inimigos, até ser expulso. Uma perda financeira o obriga a buscar acolhimento na casa dos filhos. Aos poucos, descobrimos que sua personalidade o afastou de todos, inclusive dos filhos, que negam recebê-lo, restando para o filho caçula a difícil tarefa. A ilusão do bom velhinho, tão atrelada aos idosos, é desconstruída já no início. O comportamento do personagem, ainda na instituição, é tão insuportável, que dá vontade de desistir do filme. Já seu filho caçula vive de uma forma bem diferente da informada ao pai, bem distante dos princípios e regras ditados pelo patriarca...

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Euforia

 

                                                                    

ASSUNTO

Homossexualidade, drogas, doença terminal, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

Matteo (Riccardo Scamarcio) e Ettore (Valerio Mastandrea) são irmãos com vidas distintas e que compartilham um laço afetivo pouco desenvolvido. Enquanto o primeiro é um jovem empreendedor carismático e "mente aberta", o segundo leva uma vida simples e reclusa na cidade em que nasceram, trabalhando como professor no ensino médio de uma escola local. Após um evento traumático, os dois começam a viver juntos em Roma, durante alguns meses. A situação faz com que eles trabalhem suas diferenças, possibilitando - em meio a um turbilhão de medo, fragilidade e euforia - o nascimento de uma ligação genuína entre os dois.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Disponível na NETFLIX até o final de abril. Euforia, um drama familiar italiano, foca na relação de dois irmãos, que após trilharem caminhos distintos, voltam a se aproximar. O contraste entre os dois mundos, logo fica evidenciado. Matteo é a própria euforia, vivendo num estado ilusório de sucesso e prazer permanentes. De fato, ele é um jovem empreendedor bem-sucedido, que transita bem em seu meio profissional e social. Entretanto, o distanciamento afetivo não parece somente acontecer com o irmão. Ettore, por sua vez, seguiu outro caminho, se manteve na cidade onde nasceu, é professor, leva uma vida simples e retornou para casa da mãe após a separação recente.

sábado, 6 de março de 2021

Moxie: Quando as Garotas vão à Luta


ASSUNTO

Adolescência, preconceito, racismo, feminismo, relações sociais e afetivas.

SINOPSE

A trama acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma jovem que começa a despertar o desejo de lutar contra as coisas erradas que acontecem em sua escola - desde um “ranking de garotas” feito pelos rapazes, até a vista grossa dos professores e diretoras diante de assédio e discriminação. Sua maior inspiração são os zines antigos de sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do longa), que a fazem criar o Moxie, um jornal independente da escola que começa a expor tudo o que acontece por lá. Adaptação do livro best-seller da autora Jennifer Mathieu. Disponível na netflix,

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Quando você não quer pensar muito, escolhe um filme leve, uma comédia adolescente, como Moxie,  tudo que espera é um leve entretenimento. Aí, você se depara com uma comédia adolescente capaz de pincelar assuntos importantes, de uma forma leve, divertida e inspiradora. No mês em que é comemorado o dia internacional da mulher, nada mais agradável do que acompanhar jovens debatendo o feminismo com leveza. Focado na luta por igualdade de gênero, o filme aborda questões importantes, sem perder o tom de comédia. A transformação da protagonista é visível em sua expressão, que de alienada passa a revelar revolta e inconformismo, diante do que sempre esteve lá, já normatizado, oprimindo e sufocando as vozes femininas. Velhos movimentos de roupagem nova, os jovens utilizam novas ferramentas, não só para divulgação, mas para realização de protestos pacíficos e orquestrados. É o frescor da juventude encontrando novas soluções! A protagonista convida o espectador a despertar, ousar sair da mesmice, da tela do computador, ou telefone, e, partir para ação. Apesar de a trama retratar uma escola americana, as questões dos adolescentes em sua singularidade, o preconceito de gênero e o racismo são assuntos já globalizados, muito próximos do que pode ser experimentado em qualquer lugar do mundo. A proposta não foi aprofundar nenhum dos conflitos, as soluções se revelaram fáceis e rápidas, mas nada que pudesse prejudicar o todo, afinal, trata-se de uma comédia. Feita com e para adolescentes, o filme traz temas espinhosos com frescor e jovialidade, transbordando energia, empatia, aceitação e criatividade. Vale conferir!

sábado, 18 de julho de 2020

Maudie – Sua vida e sua arte





ASSUNTO

Superação, auto-suporte, relações sociais, afetivas e familiares


SINOPSE

Maud Lewis (Sally Hawkins) tem problemas de artrite reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo. Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes (Ethan Hawke).

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Somos convidados a partilhar de um olhar único, através da janela, de onde Maudie observa as transformações contínuas, que revelam “toda a vida já representada”. Em tempos de pandemia, quando para muitos de nós, a janela tem sido ‘a perspectiva’, o convite se faz único, encantador e necessário. O filme é baseado na história real de Maudie, uma mulher decepcionada com a família, que decide sair de sua zona de conforto e enfrentar o mundo, a partir de suas possibilidades. Para além da superação dos próprios limites, da importância da vida e obra da artista, escolhemos desenvolver a perspectiva relacional da personagem, que entre pequenos gestos, em cenas sensíveis e delicadas, alinhavam a relação do casal.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A favorita


ASSUNTO

Jogos de poder da realeza, relações sociais e afetivas.

SINOPSE.

Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Fofocas e intrigas da corte habitam a trama, que baseada em fatos reais, passeia pelo mundo dos detentores do poder, em uma época em que a realeza decidia o rumo da história, mesmo sem a menor condição de fazê-lo. Um jogo cruel e manipulador de interesses políticos e pessoais são explorados no filme, evidenciando a força da influência feminina. Falamos da disputa entre duas mulheres que servem a rainha, através da amizade e de favores sexuais, ambas manipulam suas decisões, seja por interesse pessoal ou político. Em forma de sátira, o Longa faz uma crítica aos jogos sórdidos do poder, explorando as possibilidades e impossibilidades dessas relações. A rainha, louca e com tendências homossexuais, é,  por sua vez,  retratada como mimada. É possível perceber que ela é falha, humanamente imperfeita, como todos podem ser. Apesar de ocupar um cargo de liderança, tudo que ela quer é o lado bom da vida. Usufruir de todas as possibilidades prazerosas, sem que seja necessário tomar decisões e ser julgada por isso, que é desejável. Abrir mão da responsabilidade por suas escolhas é um desejo comum nos mais diversos quadros patológicos.  Por isso, ela se tornava alvo para a disputa daquelas mulheres, a estrategista e a alpinista social, que rápido aprende a usar as mesmas armas.

Green Book: O Guia

ASSUNTO

Racismo, preconceito, homofobia, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

1962. Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O racismo aqui é apresentado com uma dinâmica invertida, onde um negro contrata um branco e racista para ser seu motorista e assistente. Apesar de branco, Lip é também vítima de preconceito, tendo em vista sua classe social e ser ítalo-americano, ou seja, pertencente a uma família de imigrantes italianos. Além da troca de papéis, a comédia dramática apresenta personalidades antagônicas. Don Shirley, além de ser um conceituado pianista, tem uma formação cultural refinada, enquanto Tony Lip é bronco, grosseiro e de pouco estudo. É exatamente sua característica grotesca, que o qualifica para a vaga de motorista, assistente e segurança. O músico tem uma turnê marcada no sul dos Estados Unidos, o que nos anos 60 representava um risco para ele, tendo em vista o racismo que marca a época e o lugar. Logo no início, percebemos o comportamento racista do motorista, o que é prenúncio de um difícil processo. Ao longo da trama, o público pode ser surpreendido. A forma delicada que o contato dessas diferenças pode produzir grandes transformações, contribuindo muito para o crescimento de ambos. Chamamos de contato, em Gestalt-terapia, o encontro genuíno entre diferentes, que se afetam mutuamente, gerando desenvolvimento do ser. Nesse aspecto, o filme nos brinda com passagens espetaculares, promovendo uma clara demonstração de humanidade. Sim, porque apesar das pré-definições que temos sobre o que nos parece estranho, tais preconceitos só afastam as possibilidades de trocas necessárias ao ser humano.

Roma

ASSUNTO

Racismo, classismo, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Aclamado pela crítica, o filme é um retrato da sociedade mexicana em uma época não muito longínqua, está repleto de metáforas sociais e de fácil identificação com outras culturas. Roma é o nome de um bairro mexicano de classe alta e não dá cidade italiana. O luxuoso bairro contrasta com outros locais frequentados pelos menos privilegiados. Assim como em outros países da América Latina, a empregada doméstica e babá é a personagem central do meio familiar. Ao mesmo tempo em que é invisível aos integrantes da família, ela é a peça central que dá suporte e movimento ao enredo. O diretor escolheu retratar, com carinho, momentos de sua vida. Não perdeu, nem mesmo a oportunidade de exibir os constantes aviões cruzando o céu. Uma perspectiva que vai além de sua memória, pois serve também como uma forma de transmitir a ideia de transitoriedade, o que nos remete às situações pelas quais os personagens passam. Além da metalinguagem, que rende homenagens a outros filmes, o longa aproveita a oportunidade para retratar acontecimentos trágicos e marcantes dos anos 70. Cléo transita entre os seus dramas pessoais e os da família, que se torna parte de sua trajetória de vida.  Sendo assim, num momento ela está aconchegada com os patrões vendo filme, em outro, cumprindo ordens específicas e urgentes. Carinho e frieza, presença e ausência, consideração e desprezo, são algumas polaridades marcadas na relação empregada/patrão. Se, por um lado inclui a babá como parte da família, por outro, a mantém no “seu lugar”, ou seja, na classe social a qual pertence, e, na qual deve permanecer.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Margarita de canudinho


ASSUNTO

Paralisia cerebral, deficiência visual, descoberta da sexualidade, bissexualidade, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Laila (Kalki Koechelin) é uma adolescente indiana que tem paralisia cerebral. Ela estuda na Universidade de Delhi, escreve poesias e cria sons eletrônicos para uma banda indie da universidade. Laila se apaixona pelo vocalista e fica de coração partido quando é rejeitada. Ao lado de sua mãe (Revathy), ela deixa seu país para estudar na Universidade de Nova York, onde aproveita a oportunidade para exercitar sua independência. Lá, ela conhece uma jovem ativista (Sayani Gupta) em Manhattan e embarca em uma jornada de descobertas.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que filme delicado, verdadeiro, esclarecedor, simples e inclusivo. A trama não pretende focar nas dificuldades da protagonista ou de outros personagens. Apesar dos obstáculos impostos por sua paralisia cerebral, ou pela deficiência visual da outra personagem, o foco está nas possibilidades de vida, apesar das adversidades. Como qualquer adolescente, Laila enfrenta questões muito comuns aos seus pares. Ela se apaixona, tem desejos, dúvidas, paixões e decepções. As experiências dela são verdadeiras, simplesmente acontecem e ela faz novas descobertas. A sutileza das cenas é incrível, transformando suas descobertas sexuais, desde a masturbação ao ato, em acontecimentos naturais. Não há classificação, exploração ou crítica, eles simplesmente fazem parte da vida. Simples assim. O espectador acompanha gestos sutis, ouve sons, descortina seu desabrochar, sem que sua privacidade seja desrespeitada. Um olhar delicados sobre as questões dela, sejam afetivas ou sexuais, é uma constante no longa, que encanta em sua simplicidade. Outros mundos se revelam para Laila, a cada novo encontro, novos vínculos, novas experiências. Preconceitos e tabus são desnudados na telona, com uma leveza sedutora, delicada e única. Seu encontro com Khanum, uma deficiente visual, ampliam seu mundo.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Felicidade por um fio



ASSUNTO

Preconceito, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

“Felicidade por um fio” é uma comédia leve sobre a construção do amor próprio. O preconceito internalizado na infância é parte do que faz Violet buscar a perfeição em sua forma de funcionar no mundo. Alguma receita pronta de “vida perfeita” tornou-se o norteador de seu viver, oprimindo sua autenticidade e a aceitação de si mesma. Ainda que seja uma comédia despretensiosa, a trama apresenta um tema interessante, que pode encontrar identificação em diferentes espectadores. O preconceito, de qualquer espécie, pode ser internalizado ainda na infância, tornando a aceitação de si mesmo um processo longo e doloroso. Aliás, doloroso é viver em um formato diferente da própria naturalidade de ser, entretanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. A preocupação em se adequar ao que é apreendido como desejável, como forma de ser aceito e bem visto pela sociedade, pode distanciar a pessoa de quem é de fato. A vida neurótica, aparentemente perfeita, pode ser bastante sofrida. Escrava da aparência, Violet representa outros tantos que não estão satisfeitos consigo, devido a um modelo do que é considerado “normal”, socialmente aceito, ou, imposto pela “ditadura da beleza”. Em um momento de decepção amorosa, de sofrimento e dor,  a protagonista encontra o caminho de volta para si, resgatando sua espontaneidade e o orgulho por ser quem é:  mulher, negra, com opinião própria. Desfazer-se de seu cabelo é como despir-se, sentir-se nua em público.  Trata-se de um processo semelhante ao terapêutico, que nos coloca frente a frente com o que somos, nos revelando aos poucos, descortinando as aparências para revelação do ser.  A desconstrução de um modelo automático, pré-fabricado, dá lugar a novas descobertas sobre desejos e objetivos, inaugurando um novo caminho, resgatando os sentidos em sua totalidade do ser. Fritz Perls, considerado o pai da Abordagem psicológica conhecida como Gestalt-terapia, nos alertava sobre o perigo dessa busca pela perfeição, ao afirmar;

“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se permitir, ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si.” 

domingo, 25 de março de 2018

CORA CORALINA - TODAS AS VIDAS



ASSUNTO

Literatura, poesia, relações familiares, afetivas e sociais, biografia, sensibilidade, multiplicidade da vida. Relação parte-todo da Abordagem Gestáltica.

SINOPSE

O longa apresenta aspectos pouco conhecidos da vida de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a Cora Coralina, uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Em emocionantes 75 minutos, o filme revela a trajetória de Cora Coralina dos anos de infância até se casar e sair de Goiás; do largo tempo de 45 anos vividos em diferentes cidades no estado de São Paulo; e de seu retorno à Cidade de Goiás, quando se revelou ao Brasil com a força de sua poesia.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Ah, Cora Coralina, a multiplicidade do ser, pessoa, mulher, poeta, doceira, e, tantas outras. Aninha, sua versão infantil, é resgatada na poesia, integrando a pessoa. Um filme bibliográfico e poético, tendo em vista sua costura entre a subjetividade e o material documentado. Como não podia deixar de ser, a arte é o fio condutor, que revela a força da mulher que foi Cora Coralina. Solidária, corajosa, crítica, guerreira, frágil e forte, sensível, sensível e sensível. Costumamos dizer, em psicologia, que percebemos no mundo aquilo que nos é conhecido. Somos sensíveis frente a situações que já experimentamos. O que torna difícil compreendermos o que está fora de nosso repertório pessoal. Obviamente, algumas situações inusitadas nos despertam para o novo, o que colabora para nosso crescimento pessoal. O filme retrata uma particularidade de Cora invejável, sua sensibilidade diante do mundo. Desde cedo, ela foi e se manteve muito aberta para o novo, se integrando a cada instante ao meio circundante. Sua percepção abrange a natureza das coisas e pessoas, todo tempo revelando-se parte e todo, um movimento  extremamente sensível e delicado. Para a Gestalt-terapia, a relação parte e todo, movimento explícito na obra, é o movimento saudável do ser humano, em direção a totalidade do ser. Dentre outros conceitos, caros à abordagem, é possível percebê-lo em detaque na trama, em diferentes momentos poéticos.  Se num momento, ela se identifica com a natureza como parte de si mesma, no outro, acolhe a diferença do outro como possibilidade, sem conceito pré concebido. O filme é um presente para os amantes da arte, da literatura e da vida.

domingo, 18 de março de 2018



ASSUNTO

Relações familiares, sociais e afetivas, suicídio, psicodiagnóstico, saúde mental e arte.

SINOPSE

1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin (Douglas Booth) encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A animação é uma obra prima, trazendo para a telona a arte de Van Gogh em movimentos, tão tocantes quanto suas obras. Como qualquer obra prima, inspira diferentes percepções no espectador. A animação quase documental, não se furta de evidenciar conflitos existenciais de sua história, traduzidos em suas obras. Tal qual Armand, personagem que investiga a vida do artista, somos conquistados aos poucos, pela riqueza de situações emocionantes e curiosas em torno do mestre. Alguns elementos históricos foram incluídos na trama, de forma tão sensível, que o filme se torna magnífico. Um dos aspectos que mais me tocou, tem a ver com repetidas angústias que chegam diariamente ao consultório de psicologia. Falamos da dificuldade daqueles que não se “encaixam” no que a família ou a sociedade espera dele. Encontrar a própria vocação, em meio às pressões familiares e sociais, pode ser dilacerante. Família e sociedade funcionam com seus padrões de exigência, muitas vezes desestimulando, reprovando, sufocando a singularidade do ser. A adolescência, momento de ENEM, de pressão versus sensações intensas, podem desencadear frustrações insuportáveis. A ausência de suporte pode agravar a situação. A crítica, a reprovação, afeta o processo de identidade da pessoa, sua auto estima pode ser prejudicada. A depressão, mal do século, pode ser considerada como a melhor alternativa, que o sujeito encontra para lidar com a situação. Longe de apontar uma relação causal para a depressão, estamos partilhando uma reflexão provocada pela trama.

Viva - A vida é uma festa!



ASSUNTO

Relações afetivas e familiares, perdas, luto, morte, memória afetiva, Constelação Familiar, autoconhecimento, totalidade, campo, contato (conceitos gestalticos).


SINOPSE

Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Animação encantadora que ousa falar de morte, real ou simbólica, através de música, cores, poesia e afeto familiar. É impossível permanecer indiferente diante de questões que podem ser tanto singulares, quanto comuns. Ainda, que o enredo tenha como pano de fundo a cultura mexicana, ou, que explore questões particulares da família de Miguel, estamos diante de temas comuns a qualquer família. Sendo assim, há na trama o encontro, ou embate, entre a tradição familiar e os desafios da nova geração. Toda família tem suas próprias regras. Suas crenças e valores são, muitas vezes, desafiados pela nova geração. Miguel não foge a regra, deseja transgredir os limites impostos pela família, pois a música é a arte que já faz parte de quem ele é. É no “dia de muertos”, feriado celebrado pelos mexicanos de um jeito especial, que ele decide ir atrás de seu sonho. No processo de individuação, ou, na busca por sua identidade, Miguel se depara com uma parte que falta na foto da família. Essa parte faltante o leva para o mundo dos mortos.  A morte, ou, os mortos, ganham outra perspectiva, sendo suavizados através da expressão repleta de sons, cores e o clima festivo. Aqui, a chave mestre é o afeto, aquele capaz de manter na memória a lembrança do familiar que partiu. A dor não é o único caminho. Para os mexicanos, é dia de festa, com direito a oferendas diante das fotos dos entes e a família reunida, é um encontro de gerações. Na celebração, o caminho é decorado com pétalas de flores, para que os entes queridos possam visitar suas famílias (o que só é permitido no referido feriado).  Além de homenagear a cultura mexicana, a animação convida o expectador a entrar em contato com seu campo familiar, o que pode promover boas reflexões.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Me chame pelo seu nome

ASSUNTO

Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor, em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pode não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas. “Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e arrebatadora, que promoverá  autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal, seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso.  O despertar de sua sexualidade começa em momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Três anúncios para um crime

ASSUNTO

Relações familiares, sociais e afetivas; abuso de poder, violência, racismo e família disfuncional.

SINOPSE

Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Não existe nada óbvio no longa, ainda que tenha como tema central algo que assim possa parecer. Entre o absurdo e a crueldade da vida, o filme transita entre os acontecimentos e personagens peculiares. Com humor negro surpreendente, recheado de personagens complexos, a trama perpassa entre o bem e o mal, sem escolher lado. Não há herói, nem vilão. A mãe, inconformada com a lentidão das investigações, age de acordo com suas convicções. A cidade é pequena, a lei tem suas particularidades e seus agentes a aplicam de acordo com as próprias convicções. Por outro lado, a culpa é um peso a ser carregado, pois ninguém está livre de cometer erros em ações promovidas pela própria noção de justiça. É bom ressaltar que o crime brutal, tema central da trama, não é a única injustiça retratada. Temos um retrato particular e universal, quando observamos as diferentes reações, ou a falta dela, diante do fato que pode afetar a vida dos personagens. A raiva está nos pequenos e grandes movimentos dos personagens, em diversos momentos da trama. As relações sociais e familiares não estão ausentes, ao contrário, são exploradas.  A pacata cidade do interior se transforma num cenário doente, onde todos têm seus anjos e demônios expostos. Não é sobre a solução de um crime, nem sobre lição de moral. Com humor ácido, o filme denuncia mais do que um crime, provoca o próprio julgamento, confronta tudo que é politicamente correto, incomoda. Um episódio abominável altera a rotina de várias pessoas, desencadeando reações inesperadas. Racismo, abuso de poder, culpa, manipulações afetivas, doenças físicas e/ou mentais, relações familiares disfuncionais são temas que podem provocar diferentes reações no espectador, pela forma que são apresentados. A crueldade, as motivações, os encontros e desencontros, as diferentes provocações e reações suscitadas, nos personagens ou no espectador, podem provocar diferentes reflexões. alvez, muito necessárias, diante das atrocidades e inversão de valores que cada vez mais fazem parte do nosso cotidiano. Confira!

domingo, 14 de janeiro de 2018

Lady Bird, é hora de voar

ASSUNTO

Adolescência, ansiedade, sexualidade, puberdade, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Indicado para o Oscar, o longa acompanha Lady Bird da passagem da adolescência para a maturidade. A jornada de amadurecimento já foi retratada em outros tantos filmes, o Charme daqui está na forma como acontece. A ansiedade adolescente é evidenciada no processo, sem que seja necessário qualquer diagnóstico. Afinal, é bastante comum que a ansiedade acompanhe a adolescência, sem que precise ser considerada uma patologia. Christine quer voar, é aventureira, sonhadora, dramática, impetuosa e muito desafiadora. A família não está em uma situação financeira privilegiada, a mãe aponta isso a todo instante, diferente do pai, que dá “cobertura” para os sonhos da moça. Mãe e filha vivem às turras, diante dos desafios da vida. Não é muito diferente do que acontece com frequencia: o adolescente elege um dos pais para "parceiro" e o outro como inimigo. Se o inimigo é aquele que tem os pés na realidade, frustrando os devaneios adolescentes, ele vira alvo de enfrentamentos, birras, discussões infindáveis.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O Natal dos Coopers

ASSUNTO

Relações familiares,  afetivas, diferença, valores e crenças.

SINOPSE

O Natal se aproxima e, como acontece em todos os anos, a família Cooper se prepara para a grande ceia na casa dos patriarcas Sam (John Goodman) e Charlotte (Diane Keaton). Só que, em meio ao suposto clima festivo, o casal está prestes a se separar. Seus filhos Hank (Ed Helms) e Eleanor (Olivia Wilde) também enfrentam problemas, já que ele está desempregado e ela mantém um caso com um médico casado. Paralelamente, Emma (Marisa Tomei) tem dificuldade em lidar com a solidão e com a inveja que sente da irmã mais velha, Charlotte, enquanto que o pai delas, Bucky (Alan Arkin) sente-se cada vez mais próximo de Ruby (Amanda Seyfried), a garçonete do restaurante que ele sempre frequenta.

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OLHAR DA PSICOLOGIA

A “magia do Natal” é destaque em muitos filmes do gênero, que insistem em mostrar uma família “perfeita” enfrentando alguma situação ou pessoa do mal, que no final são “afetadas” pelo encanto da ocasião. Só que não, “O Natal dos Coopers” mostra uma família real, com problemas comuns, nos dias que antecedem o encontro natalino, onde serão omitidas as questões pessoais de cada membro. Encontros e desencontros antecedem a noite esperada, seja consigo ou com o outro, com verdades e mentiras que podem provocar risos e incômodos na mesma medida. Nem todos acreditam que o evento possa ser mágico, harmonioso e feliz. Os próprios anfitriões escondem a real situação, pois omitem o abalo na relação do casal, que está em vias de separação. Cada um dos familiares enfrenta problemas pessoais, o que pode fazer o reencontro um momento de pressão, ameaça ou trazer lembranças de situações infelizes, algumas inacabadas. Reunir parentes no natal é momento de infinitas possibilidades, nem sempre tão felizes, como as comumente apresentadas na telona! É momento de atualização, de "fofocas", de "disputas, de encontro de diferenças. O filme apresenta um pouco de cada possível extremo, da conturbada expectativa ao final feliz, do aparentar ao ser. Falar de família é transitar nos extremos, é explorar aspectos que parecem antagônicos, e, podem se revelar complementares. Algo inesperado, incômodo, frustrante ou constrangedor na noite de natal em família, quem não viveu?

sábado, 18 de novembro de 2017

MONSIEUR & MADAME ADELMAN

ASSUNTO

Relação afetiva, familiar e social, família disfuncional, segredo, traição, feminismo, suicídio e alcoolismo.

SINOPSE

Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos) estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar as minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


A trama nos convida a desconstruir os ideais de felicidade nas relações afetivas de longa data. Não, o filme está longe de se tornar “receita” de boa relação amorosa. Ao contrário, a trama está repleta de alternativas pouco recomendadas em qualquer relação. É isso que faz do filme um relato possível, verdadeiro, recheado de erros e acertos de uma relação amorosa de 45 anos. Partindo do relato da viúva, acompanhamos a história do casal desde o primeiro encontro, revelando os sabores e dissabores da relação. A perspectiva, que desnuda a intimidade do casal, revela a força da personagem feminina, que desde o início busca o que deseja sem perder o foco . Tudo é contado sem menosprezar o contexto. A cada momento, a trama alinhava a vida social, religiosa e política, apontando possíveis influências do entorno de cada época, na relação que é construída pelo casal. Temos uma mulher à frente de seu tempo, determinada, empenhada e apaixonada, que se torna o pilar da família em construção.

domingo, 29 de outubro de 2017

Os Meyerowitz: Família não se escolhe


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, alcoolismo, conflitos familiares, legado.

SINOPSE

Nova York. Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é o patriarca da família, casado com Maureen (Emma Thompson) e pai de Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel). Escultor aposentado e extremamente vaidoso, ele fica satisfeito ao saber que está sendo organizada uma exposição para celebrar seu trabalho artístico. Só que, em meio aos preparativos, Harold adoece e faz com que todos os filhos precisem se unir para ajudá-lo a se recuperar, o que resulta em várias situações que colocam a limpo traumas do passado. Danny é um pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra completamente independente de seu pai.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA

As peculiaridades de cada membro da família disfuncional podem ser resumidas na frase em destaque da trama: “Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos”. Afinal, como tal idéia é construída? Qual é a influência da família de origem nessa construção? Os Meyerowitz podem revelar muito sobre o assunto.  Somos apresentados a família por Danny, o filho estagnado, que abandonou a carreira e se dedicou exclusivamente a educar sua filha. Ao contrário do pai, egoísta e distante, Danny negligencia a si mesmo, priorizando o afeto na relação com a filha. Como muitos adultos do nosso século, após a separação e a ida da filha para a faculdade, ele busca refúgio na casa da família de origem. Seu corpo expressa aquilo que não consegue elaborar, a raiva contida.

Marathon (2005)

ASSUNTO

Autismo, relações familiares e sociais.

SINOPSE

O filme conta a história de um jovem com autismo, chamado Cho-won, que se encontra apenas na corrida. Quando criança, Cho Won regularmente tinha birras, e recusava-se a comunicar com os outros - encontrando consolo em zebras e apenas no lanche coreano, Chocopie. Sua mãe nunca desistiu dele e estava determinada a provar ao mundo que seu filho pode ser normal. Ao envelhecer, ele começa a descobrir a paixão pela corrida e sua mãe está lá para encorajar e apoiar ele. Apesar de ambos sofrerem com a família e de problemas financeiros, eles encontram um antigo campeão de maratona - agora um homem velho letárgico com problemas de alcoolismo, que ajuda Cho-won a se superar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA:

Contar a história de um autista implica falar de relações familiares e sociais. Em MARATHON não é diferente, acompanharemos a construção e desconstrução dessas relações desde seu nascimento. As dificuldades enfrentadas pelos parentes, pais e irmãos, durante o processo de educação, são apresentadas. A mãe, que se dedica exaustivamente a aproximá-lo do mundo social, carrega também culpa por seus conflitos internos. Acompanhamos as dificuldades de uma família lidar com o autista, da complexidade em sua forma de perceber o mundo, diferente dos neurotípicos (como são considerados os ditos “normais”). A hipersensibilidade sensorial e as comuns crises de ansiedade são retratatadas na trama, que revela muito do universo autista. A mãe procura, incansavelmente, qualquer possibilidade de suporte ao filho, muitas vezes esquecendo-se de si e dos outros membros da família. Como acontece com muitas mães de autista, ela busca sua forma peculiar de ensinar, traduzir e proteger.  Na fase adulta do jovem, ela só deseja que o filho morra um dia antes dela, para que ainda possa ser cuidado por ela. O irmão, muitas vezes preterido, em função das necessidades do autista, revela mágoa em seu comportamento.