Mostrando postagens com marcador preconceito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador preconceito. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de abril de 2021

Un padre no tan padre (Patriarca)

 


ASSUNTO

Terceira idade, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Quando Don Servando Villegas, patriarca mexicano de 85 anos, é expulso de sua casa de repouso, seu filho mais novo Francisco o leva para morar com ele. Don Servando está prestes a descobrir a verdade sobre o seu filho e sua maneira de viver. O caçula na verdade mora em uma espaçosa casa com mais nove pessoas de diferentes partes do mundo e de todos os tipos, tem um relacionamento estável com Alma (Jacqueline Bracamontes) e é pai do jovem pintor Rene (Sérgio Mayer Mori). O filme está disponível na NETFLIX.



TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA

A comédia mexicana explora as relações familiares numa perspectiva bastante interessante. Temos Don Servando Villegas, um velho ranzinza, frio, controlador e hostil com todos. Apesar de lúcido, o senhor residia em uma clínica para idosos, onde só fez inimigos, até ser expulso. Uma perda financeira o obriga a buscar acolhimento na casa dos filhos. Aos poucos, descobrimos que sua personalidade o afastou de todos, inclusive dos filhos, que negam recebê-lo, restando para o filho caçula a difícil tarefa. A ilusão do bom velhinho, tão atrelada aos idosos, é desconstruída já no início. O comportamento do personagem, ainda na instituição, é tão insuportável, que dá vontade de desistir do filme. Já seu filho caçula vive de uma forma bem diferente da informada ao pai, bem distante dos princípios e regras ditados pelo patriarca...

sábado, 6 de março de 2021

Moxie: Quando as Garotas vão à Luta


ASSUNTO

Adolescência, preconceito, racismo, feminismo, relações sociais e afetivas.

SINOPSE

A trama acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma jovem que começa a despertar o desejo de lutar contra as coisas erradas que acontecem em sua escola - desde um “ranking de garotas” feito pelos rapazes, até a vista grossa dos professores e diretoras diante de assédio e discriminação. Sua maior inspiração são os zines antigos de sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do longa), que a fazem criar o Moxie, um jornal independente da escola que começa a expor tudo o que acontece por lá. Adaptação do livro best-seller da autora Jennifer Mathieu. Disponível na netflix,

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Quando você não quer pensar muito, escolhe um filme leve, uma comédia adolescente, como Moxie,  tudo que espera é um leve entretenimento. Aí, você se depara com uma comédia adolescente capaz de pincelar assuntos importantes, de uma forma leve, divertida e inspiradora. No mês em que é comemorado o dia internacional da mulher, nada mais agradável do que acompanhar jovens debatendo o feminismo com leveza. Focado na luta por igualdade de gênero, o filme aborda questões importantes, sem perder o tom de comédia. A transformação da protagonista é visível em sua expressão, que de alienada passa a revelar revolta e inconformismo, diante do que sempre esteve lá, já normatizado, oprimindo e sufocando as vozes femininas. Velhos movimentos de roupagem nova, os jovens utilizam novas ferramentas, não só para divulgação, mas para realização de protestos pacíficos e orquestrados. É o frescor da juventude encontrando novas soluções! A protagonista convida o espectador a despertar, ousar sair da mesmice, da tela do computador, ou telefone, e, partir para ação. Apesar de a trama retratar uma escola americana, as questões dos adolescentes em sua singularidade, o preconceito de gênero e o racismo são assuntos já globalizados, muito próximos do que pode ser experimentado em qualquer lugar do mundo. A proposta não foi aprofundar nenhum dos conflitos, as soluções se revelaram fáceis e rápidas, mas nada que pudesse prejudicar o todo, afinal, trata-se de uma comédia. Feita com e para adolescentes, o filme traz temas espinhosos com frescor e jovialidade, transbordando energia, empatia, aceitação e criatividade. Vale conferir!

sexta-feira, 5 de março de 2021

Loucura de amor/Louco por ella


ASSUNTO

Relações social, afetivas e de casal, saúde mental.

SINOPSE

Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaiatua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que grata surpresa! Há muito tempo que não assistíamos a um filme assim, leve, encantador e interessante. Sim, interessante, pois a comédia romântica escolheu pincelar assuntos sérios e necessários, de forma leve e provocante. Obviamente, loucura e amor são assuntos já debatidos em diferentes contextos, pois sempre foram considerados parentes. No filme, a loucura não se restringe ao estado da paixão enlouquecedora, mas vai além, ao percorrer o caminho delicado da saúde mental. Sim, estamos diante de Adri, personagem que se considera normal, e, após compartilhar a aventura de uma noite inesquecível, se percebe capturado pela garota misteriosa. Carla, personagem que lhe proporcionou a noite mais alucinante, prazerosa e inusitada de sua vida, avisou que seria uma única noite, mas não bastava, ele queria mais. Entorpecido, busca pistas para encontrar a mocinha. Até então, é inevitável pensar na cinderela e o sapatinho dos contos de fadas... 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Green Book: O Guia

ASSUNTO

Racismo, preconceito, homofobia, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

1962. Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

O racismo aqui é apresentado com uma dinâmica invertida, onde um negro contrata um branco e racista para ser seu motorista e assistente. Apesar de branco, Lip é também vítima de preconceito, tendo em vista sua classe social e ser ítalo-americano, ou seja, pertencente a uma família de imigrantes italianos. Além da troca de papéis, a comédia dramática apresenta personalidades antagônicas. Don Shirley, além de ser um conceituado pianista, tem uma formação cultural refinada, enquanto Tony Lip é bronco, grosseiro e de pouco estudo. É exatamente sua característica grotesca, que o qualifica para a vaga de motorista, assistente e segurança. O músico tem uma turnê marcada no sul dos Estados Unidos, o que nos anos 60 representava um risco para ele, tendo em vista o racismo que marca a época e o lugar. Logo no início, percebemos o comportamento racista do motorista, o que é prenúncio de um difícil processo. Ao longo da trama, o público pode ser surpreendido. A forma delicada que o contato dessas diferenças pode produzir grandes transformações, contribuindo muito para o crescimento de ambos. Chamamos de contato, em Gestalt-terapia, o encontro genuíno entre diferentes, que se afetam mutuamente, gerando desenvolvimento do ser. Nesse aspecto, o filme nos brinda com passagens espetaculares, promovendo uma clara demonstração de humanidade. Sim, porque apesar das pré-definições que temos sobre o que nos parece estranho, tais preconceitos só afastam as possibilidades de trocas necessárias ao ser humano.

Roma

ASSUNTO

Racismo, classismo, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Aclamado pela crítica, o filme é um retrato da sociedade mexicana em uma época não muito longínqua, está repleto de metáforas sociais e de fácil identificação com outras culturas. Roma é o nome de um bairro mexicano de classe alta e não dá cidade italiana. O luxuoso bairro contrasta com outros locais frequentados pelos menos privilegiados. Assim como em outros países da América Latina, a empregada doméstica e babá é a personagem central do meio familiar. Ao mesmo tempo em que é invisível aos integrantes da família, ela é a peça central que dá suporte e movimento ao enredo. O diretor escolheu retratar, com carinho, momentos de sua vida. Não perdeu, nem mesmo a oportunidade de exibir os constantes aviões cruzando o céu. Uma perspectiva que vai além de sua memória, pois serve também como uma forma de transmitir a ideia de transitoriedade, o que nos remete às situações pelas quais os personagens passam. Além da metalinguagem, que rende homenagens a outros filmes, o longa aproveita a oportunidade para retratar acontecimentos trágicos e marcantes dos anos 70. Cléo transita entre os seus dramas pessoais e os da família, que se torna parte de sua trajetória de vida.  Sendo assim, num momento ela está aconchegada com os patrões vendo filme, em outro, cumprindo ordens específicas e urgentes. Carinho e frieza, presença e ausência, consideração e desprezo, são algumas polaridades marcadas na relação empregada/patrão. Se, por um lado inclui a babá como parte da família, por outro, a mantém no “seu lugar”, ou seja, na classe social a qual pertence, e, na qual deve permanecer.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Felicidade por um fio



ASSUNTO

Preconceito, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

“Felicidade por um fio” é uma comédia leve sobre a construção do amor próprio. O preconceito internalizado na infância é parte do que faz Violet buscar a perfeição em sua forma de funcionar no mundo. Alguma receita pronta de “vida perfeita” tornou-se o norteador de seu viver, oprimindo sua autenticidade e a aceitação de si mesma. Ainda que seja uma comédia despretensiosa, a trama apresenta um tema interessante, que pode encontrar identificação em diferentes espectadores. O preconceito, de qualquer espécie, pode ser internalizado ainda na infância, tornando a aceitação de si mesmo um processo longo e doloroso. Aliás, doloroso é viver em um formato diferente da própria naturalidade de ser, entretanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. A preocupação em se adequar ao que é apreendido como desejável, como forma de ser aceito e bem visto pela sociedade, pode distanciar a pessoa de quem é de fato. A vida neurótica, aparentemente perfeita, pode ser bastante sofrida. Escrava da aparência, Violet representa outros tantos que não estão satisfeitos consigo, devido a um modelo do que é considerado “normal”, socialmente aceito, ou, imposto pela “ditadura da beleza”. Em um momento de decepção amorosa, de sofrimento e dor,  a protagonista encontra o caminho de volta para si, resgatando sua espontaneidade e o orgulho por ser quem é:  mulher, negra, com opinião própria. Desfazer-se de seu cabelo é como despir-se, sentir-se nua em público.  Trata-se de um processo semelhante ao terapêutico, que nos coloca frente a frente com o que somos, nos revelando aos poucos, descortinando as aparências para revelação do ser.  A desconstrução de um modelo automático, pré-fabricado, dá lugar a novas descobertas sobre desejos e objetivos, inaugurando um novo caminho, resgatando os sentidos em sua totalidade do ser. Fritz Perls, considerado o pai da Abordagem psicológica conhecida como Gestalt-terapia, nos alertava sobre o perigo dessa busca pela perfeição, ao afirmar;

“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se permitir, ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si.” 

domingo, 29 de outubro de 2017

Marathon (2005)

ASSUNTO

Autismo, relações familiares e sociais.

SINOPSE

O filme conta a história de um jovem com autismo, chamado Cho-won, que se encontra apenas na corrida. Quando criança, Cho Won regularmente tinha birras, e recusava-se a comunicar com os outros - encontrando consolo em zebras e apenas no lanche coreano, Chocopie. Sua mãe nunca desistiu dele e estava determinada a provar ao mundo que seu filho pode ser normal. Ao envelhecer, ele começa a descobrir a paixão pela corrida e sua mãe está lá para encorajar e apoiar ele. Apesar de ambos sofrerem com a família e de problemas financeiros, eles encontram um antigo campeão de maratona - agora um homem velho letárgico com problemas de alcoolismo, que ajuda Cho-won a se superar.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA:

Contar a história de um autista implica falar de relações familiares e sociais. Em MARATHON não é diferente, acompanharemos a construção e desconstrução dessas relações desde seu nascimento. As dificuldades enfrentadas pelos parentes, pais e irmãos, durante o processo de educação, são apresentadas. A mãe, que se dedica exaustivamente a aproximá-lo do mundo social, carrega também culpa por seus conflitos internos. Acompanhamos as dificuldades de uma família lidar com o autista, da complexidade em sua forma de perceber o mundo, diferente dos neurotípicos (como são considerados os ditos “normais”). A hipersensibilidade sensorial e as comuns crises de ansiedade são retratatadas na trama, que revela muito do universo autista. A mãe procura, incansavelmente, qualquer possibilidade de suporte ao filho, muitas vezes esquecendo-se de si e dos outros membros da família. Como acontece com muitas mães de autista, ela busca sua forma peculiar de ensinar, traduzir e proteger.  Na fase adulta do jovem, ela só deseja que o filho morra um dia antes dela, para que ainda possa ser cuidado por ela. O irmão, muitas vezes preterido, em função das necessidades do autista, revela mágoa em seu comportamento.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os meninos que enganavam os nazistas


ASSUNTO

Relações familiares, sociais, afetivas, discriminação, intolerância, guerra, aprendizagem.


SINOPSE

Durante um período de ocupação nazista na França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e a perseguição, eles se monstram espertos, corajosos e inteligentes em sua escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Numa época na qual os valores se perdem, quando as crianças não são convidadas a enfrentar seus próprios desafios, sendo protegidas em demasia, o filme se torna necessário. Sim, necessário para reflexão de pais educadores e filhos contemporâneos, tão íntimos dos avanços tecnológicos e ao mesmo tempo, tão distantes das necessidades reais. A trama acompanha a saga de dois irmãos diante dos horrores do Holocausto e da segunda Guerra mundial.  Eles pertencem a uma família feliz, unida, amorosa e judia.  Maurice e Joseph descobrem da pior forma possível como a intolerância pode se tornar uma epidemia. Seus colegas de escola, “contaminados” pelo pensamento nazista anti-semita, passam a hostilizá-los da noite para o dia, apenas por ostentarem a identificação judaica. Eles deixam de ser reconhecidos como pessoas, passam a ostentar um rótulo, que os classifica como algo a ser eliminado. Na mesma velocidade da ocupação nazista, a trajetória de vida deles é radicalmente transformada, o mundo exige novas estratégias. A estrutura familiar fica evidenciada na emergência da situação, quando o pai impõe o limite necessário, mesmo que seja preciso separar, agredir, desconstruir ensinamentos, até mesmo sobre a própria identidade. Eles precisam aprender a mentir para sobreviver. Os meninos aprendem com a experiência, sem o suporte físico dos pais, mas apoiados na estrutura fornecida por aquela família amorosa. É um filme lindo, emocionante, delicado. A urgência, de cada dura experiência, prepara-os para o momento seguinte, tornando-os mais fortes. Não é nada fácil, o que fica evidente na fragilidade das crianças, que podem chorar, chamar pela mãe, quase desistir, entretanto, contam com a sorte em momentos de desesperança. A intolerância e violência retratadas na trama são contrastadas com a reação humanitária de Joseph, diante da reação vingativa dos franceses no fim da guerra. Ele mente, ele surpreende, ele aprendeu com a própria dor a não desejar o mesmo para o outro. Ele aprendeu que a diferença não é justificativa para a violência e que todos são iguais, independente da raça, cor ou crença. Ele nos alerta sobre a necessidade de respeitarmos as diferenças, aceitando múltiplas singularidades do ser. As crianças experimentam situações dolorosas, que os ensinam sobre si mesmos, descortinando o próprio potencial.  

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Preto e branco

ASSUNTO

Alcoolismo, dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Ao mesmo tempo que se esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner)  tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA


O título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e” do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”, em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais. Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de afetos e desafetos.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um instante de amor

ASSUNTO

Sexualidade feminina, desejo reprimido, histeria, psicossomática.

SINOPSE

França, década de 1950. Gabrielle nasceu e cresceu numa pequena aldeia, numa época em que ser mulher significava deixar a casa dos pais e ser entregue a um marido. Ser apenas esposa e mãe era um destino quase inevitável. Conscientes da sua rebeldia, os pais resolvem casá-la com o José, um trabalhador esforçado de origem espanhola, com a missão de fazer dela uma mulher respeitável. Apesar de toda a dedicação de José, ela nunca se entrega de corpo e alma ao marido, por quem sente algum desprezo. Alguns anos depois, sofrendo de dores crônicas nos rins, Gabrielle é enviada para uma estância termal nos Alpes. Lá, conhece André Sauvage, um ex-soldado ferido na guerra da Indochina, por quem se apaixona ao primeiro olhar. Durante as seis semanas seguintes, vai viver um amor que nunca julgou possível…

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Por um instante, somos convidados a refletir sobre diferentes momentos do papel feminino ao longo história. Antes de somente estranhar o comportamento de Gabrielle, é preciso ter um olhar aguçado para a sexualidade feminina, contextualizando, não só o ambiente familiar, mas também sua época. A burguesia agrícola é palco para que o mito da histeria tenha lugar.  Gabbrielle desafia regras e convenções, expressa desejos reprimidos descontroladamente.  Tida como louca, ela oscila entre momentos de melancolia e o desejo de romper barreiras, a apatia e o ataque de fúria. A paixão, tão comum nas transformações hormonais femininas se torna ato, assédio. A frustração, com a constatação de sua paixão platônica, se torna surto, desordem, realidade cruel. Dentro de uma sociedade convencional, sua feminilidade indomável é direcionada para soluções burguesas, a escolha de um casamento arranjado como opção, aprisionando o desejo. Sua sexualidade está entrelaçada com a paixão, desejo e amor não podem ser separados. Para não ser internada, ela aceita se casar, mas sufoca seu desejo, sua sexualidade latente. Ela impõe regras, mantém distância afetiva do marido. É no momento de cuidar de sua doença renal, uma metáfora de seu desejo encarcerado, que Gabrielle volta a fantasiar, amando o amor, sonhando ser amada, vivendo sua fantasia de amor perfeito, apaixonado, indomável.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cercas/ Um limite entre nós


ASSUNTO

Racismo, relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial e social.

SINOPSE

Baseado na aclamada e premiada peça teatral homônima, um jogador de beisebol frustrado (Denzel Washington), que sonhava em se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor de lixo para sobreviver. Troy terá de navegar pelas complicadas águas de seu relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos.


TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

A primeira palavra que me veio à mente foi ‘amargura’, e, no desdobrar da trama, ‘poesia’. Como é que duas palavras assim tão antagônicas podem preencher o enredo? Só assistindo para compreender. Troy é complexo, uma pessoa frustrada, ferida, amarga. Acompanhamos sua forma “engessada” de viver, e, sua dificuldade de lidar com o mundo e consigo mesmo. Ele é produto de uma história dura, transborda discursos intermináveis, sobrevive em uma armadura de valores rígidos, que muitas vezes o impede de entrar em contato com as emoções. O título do filme é uma metáfora. O limite das CERCAS é uma questão de honra, é obrigação, proteção e prisão. Os “deveres” contornam seu discurso, principalmente quando se refere à educação que impõe aos filhos. Não, ele não é de ferro, nem consegue sobreviver segundo seus próprios princípios. As relações familiares são ora poéticas ora extremamente rígidas. O amor está no ar, de uma forma difícil de capturar.  Dos vários irmãos dele, sobrou o contato com Gabriel, um sobrevivente com sequelas da guerra. Gabe pode ser problema, mas também solução. Com a amorosa esposa, Troy consegue ser agradável, ela que lhe dá suporte, ao mesmo tempo em que contém seus excessos. O amigo Bono é parceiro de jornada, bom ouvinte, respeitado e querido. Como muitos pais, não há lugar para o desejo dos filhos, sua receita de vida basta para impor suas crenças e valores. Ao relatar sua infância, Troy revela sua dor, a ausência de afeto, a imposição de obrigações com a família. Ele não aprendeu a amar, sua trajetória lhe deixou cicatrizes, que não quer deixar para o filho caçula. Entretanto, suas escolhas não foram as melhores. Preso a própria experiência, Troy não admite outras possibilidades. Impedimentos fazem parte da sua cerca, não lhe é permitido ouvir, ver, sentir novas perspectivas para os seus. “Cercas”  é um filme sobre relações familiares, sobre nossa relação com a família de origem, sua influência em nossa família e vida atual.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Envelhescência - documentário

ASSUNTO

Terceira idade, processo de envelhescimento, relações sociais, potencialidades, relações familiares

SINOPSE

Dirigido por Gabriel Martinez e com argumento de Ruggero Fiandanese, o longa metragem Envelhescência relata a história de seis pessoas que vivem a vida de maneira plena e nos mostram, através de suas próprias experiências, que os costumes e a rotina após os 60 anos podem ser repletos de atividades e bom humor. Intercalado com comentários de especialistas (Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg e Mário Sergio Cortella) o filme sugere uma nova perspectiva sobre o significado do envelhecimento em nossas vidas. Seis pessoas, todas com mais de 60 anos e idade, vivem de maneira plena a sua velhice. Ainda que com limitações físicas e adaptações à sua rotina, os idosos comprovam que os prazeres da vida não se esgotam, mas sim, se renovam.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

A quem pode incomodar ver uma senhora idosa que escolhe tatuagens por todo corpo? Talvez, às pessoas que estão presas a uma imagem congelada sobre o envelhecimento. Ainda há os que espera encontrar as vovós sentadas na cadeira de balanço fazendo croché, esperando a casa encher com os netos, etc. Entretanto, as idosas e os idosos do século XXI estão diferentes, em maior número e realizando diferentes atividades. Envelhecer não mais é sinônimo de esperar a vida acabar, muito pelo contrário, é tempo de se permitir viver, escolher novas formas sem se preocupar em agradar aos outros. A liberdade da terceira idade é exaltada no documentário, que apresenta um olhar atual sobre a vida. Apesar ou por razão dos limites já imposto pelo desgaste físico, a maturidade é também o momento de liberdade, de inaugurar outras formas de vivenciar o agora em sua plenitude, é hora de realizar, o tempo é já! Como dito por Miriam Goldenberg, há beleza na velhice e precisamos prestar atenção!! Os seis personagens entrevistados no documentário dão uma lição de vida, não só para os envelhescentes, para para qualquer ser humano que pretenda escolher viver, e, quem sabe ter o provilégio de chegar lá. Envelhecer com honestidade é olhar para o possível e não usar a velhice como desculpa para desistir da vida. Cada qual com suas experiências e escolhas, os entrevistados mostram diferentes formas de usufluir a plenitude da vida. Portanto, uma aula de vida para aqueles que não se permitem viver o próprio potencial, falamos também de jovens e adultos que ainda não chegaram lá, mas se acomodaram. É lindo assistir personagens reais que estão mudando esteriótipos encontrando novas perspectivas. Eles mostram que as limitações impostas historicamente são irreais, pois tudo é possível, nunca é tarde para mudar, para escolher, para realizar, para viver! Quebrando paradigmas, o documentário retrata novas possibilidades, enfatizando a aceitação da idade, não como um castigo, mas como um momento de liberdade, quando a experiência oferece suporte para novas e belas realizações. Vale muito conferir, recomendado para todas as idades!
Para quem tiver net, está disponível no now para aluguel, divirta-se!

terça-feira, 12 de julho de 2016

Como eu era antes de você


ASSUNTO
Relações afetivas,  deficiência física, singularidade, livre-arbítrio, e, dos conceitos gestálticos, destacamos: Contato e fronteira de contato.

SINOPSE
Às vezes você encontra o amor onde menos imagina. E às vezes ele te leva onde nunca esperou ir. Louisa "Lou" Clark vive em uma pitoresca cidade de campo inglesa. Sem direção certa em sua vida, a criativa e peculiar garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua família com as despesas. Seu jeito alegre no entanto é colocado à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira. Ao aceitar um trabalho no "castelo" da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will Traynor, um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente ocorrido dois anos antes, mudando seu o mundo dramaticamente em um piscar de olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico Will, está prestes a desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser vivida. Embarcando juntos em uma série de aventuras, Lou e Will irão obter mais do que esperavam e encontrarão suas vidas - e corações - mudando de um jeito que não poderiam ter imaginado.
Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Um filme que difere de outros romances, não só por seu desdobramento, mas também por pequenos detalhes que fazem diferença. Por exemplo, o início mostra o “mocinho” antes e durante o acidente, que o tornará tetraplégico. No momento do atropelamento, Will estava distraído no celular. A cena pode passar despercebida, mas não deixa de retratar uma realidade da nossa era, portanto, trata-se de um alerta ou de uma crítica sutil. Por outro lado, temos personagens fortes, capazes de nos provocar reflexões. Louise é dedicada, atrapalhada, quase caricata, mas não há dúvida que tratamos de uma pessoa capaz de realizar verdadeiros contatos. Se por um lado, a mesma se vira para atender às necessidades do próximo, sua identidade fica bem definida em seu comportamento autêntico.  Na abordagem Gestáltica a fronteira é ao mesmo tempo o lugar de contato e de imite, é o lugar da tensão e do acontecimento, da diferença e do crescimento. Poucos personagens apresentam a fronteira tão flexível quanto à da “mocinha”, que nos encanta com sua forma de funcionar no mundo. Ela não abre mão de suas roupas estranhamente simpáticas, que marcam sua presença. No entanto, abre mão de si mesma para dar lugar ao outro querido, seja um familiar ou qualquer pessoa que evidencie alguma necessidade pessoal. É uma personagem ímpar! Will é alguém que não suporta ver o mundo de outra perspectiva. O acidente o obriga a visitar outros olhares, ele se recusa. Após sua nova condição, Will apresenta sintomas depressivos, um mau humor constante, um desprezo pela vida. A luz de Lou pode tornar o mundo menos cinza e apresentar encantamento ao rapaz, mas não é suficiente para que ele desista de seu plano. Ainda assim, somos convidados a assistir uma relação de contato entre ambos, que sendo afetados por aquele contato autêntico, se transformam. O afeto é oque afeta e se arrisca a ser afetado, o que, de fato, transforma. Ampliados em sua forma singular de existir, ambos crescem através daquele contato.

sábado, 18 de junho de 2016

Nise: O coração da loucura

ASSUNTO
Saúde mental, Movimento antimanicomial, Arteterapia, Terapia ocupacional, relação terapêutica, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

É indiscutível a importância de Nise da Silveira, psiquiatra de reconhecimento internacional ao defender terapias alternativas no tratamento de transtornos mentais. O filme nos presenteia com interpretações excelentes, retratando com fidedignidade uma realidade cruel de sujeitos portadores dos mais diferentes tipos de transtornos mentais e os procedimentos desumanos adotados na ocasião.  A personalidade inquieta, inconformada e desafiadora da psiquiatra é apresentada na trama, focando prioritariamente o aspecto  humano  da profissional. Na tentativa de compreender melhor as demandas daqueles pacientes, Nise ofereceu um lugar para expressão de suas angústias, inaugurando um novo canal para trocas. Ela se preocupou com o aspecto afetivo das doenças mentais, oferecendo espaço para que os sujeitos pudessem “juntar os cacos” de si mesmo, numa tentativa de integração. Diferentes aspectos sobre a importância de Nise da Silveira já tem sido exaustivamente discutido nas críticas e nos diversos artigos sobre o filme. Aqui, escolhemos restringir as considerações no aspecto humano da trama, desconsiderando o olhar na doença mental e priorizando a saúde.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Frankie e Alice


ASSUNTO
Relações sociais e familiares, relação terapêutica, psicodiagnóstico, transtorno dissociativo de identidade.

SINOPSE
Frankie (Halle Berry) é uma dançarina noturna que sofre com o transtorno de múltiplas personalidades, e luta diariamente contra seus alter egos bem específicos: uma criança de sete anos chamada Genius e uma mulher branca racista chamada Alice. A fim de eliminar estas vozes interiores, ela passa a frequentar sessões com um psicoterapeuta, Dr. Oz (Stellan Skarsgard), para decifrar e superar seus fantasmas pessoais.





TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Existe um clássico sobre o tema chamado SYBIL, também baseado numa história real, que retrata o tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade, originalmente denominado transtorno de múltiplas personalidades, conhecido popularmente como dupla personalidade. Naquele filme foi apresentado o caso de 17 personalidades e a intervenção proposta era distinta do caso descrito em Frankie e Alice. Dr. Oz é convocado para o atendimento de Frankie, que após alguns problemas com a justiça, se propõe ao tratamento, desde que seja ele o médico responsável. O transtorno Dissociativo de Identidade é uma condição mental em que um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio. O pressuposto é que ao menos duas personalidades podem rotineiramente tomar o controle do comportamento do indivíduo. O critério de diagnóstico também leva em consideração perdas de memória associadas, geralmente descritas como tempo perdido ou uma amnésia dissociativa aguda. Frankie sobrevivia com o dinheiro que ganhava num bar de strip-tease e tinha um histórico de momentos de amnésia, acordando depois num local desconhecido. Após observar pequenos detalhes no comportamento de Frankie, o Dr, Oz levanta a hipótese de um caso clínico raro. A primeira observação é a de que uma personalidade é fumante, a outra não. Daí em diante, ele descobre diferenças no sotaque, na postura, até mesmo na cor! Ainda que Frankie seja negra, uma das personalidades se apresenta como branca e racista.

White Frog

ASSUNTO
Autismo, homossexualidade, homofobia, perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
O filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em frente.







TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe, apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente, Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick, que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário, tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que evidencia a homofobia no seio familiar.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A caça

ASSUNTO
Pedofilia, pré-julgamento, relação terapêutica, familiar e social, psicoterapia, investigação psicológicas, calúnia, sexualidade

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 
2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Difícil, angustiante, porque não dizer, dilacerante. O tema central do filme é um assunto delicado, difícil e desconfortável, a possibilidade de pedofilia. Assunto que causa revolta, inconformismo, prejuízos incalculáveis para os envolvidos. Entretanto, nem sempre a acusação de pedofilia é verídica. Difícil ser imparcial num processo semelhante, que pode promover reações imprevisíveis. A trama foca numa acusação inocente, sem bases consistentes, mas é o suficiente para marcar a vida do acusado e despertar reações psicológicas, físicas e emocionais incontroláveis em seu entorno. Sim, é doloroso se colocar no lugar do professor acusado injustamente. É impressionante assistir o processo que transforma a sua vida, sem que isso afete a sua forma doce de lidar com as crianças, mesmo em relação àquela que foi fonte de seu sofrimento. Se, por um lado temos uma pessoa acusada injustamente, por outro, temos pessoas reagindo à possibilidade de um fato grotesco, a pedofilia. Inimaginável se colocar no lugar dos pais em situação semelhante. Tudo começa com uma reação infantil a uma frustração. A pequena Klara, inconformada com a sensação de rejeição, busca em sua imaginação uma forma de se vingar. Sua experiência recente com o irmão mais velho oferece material suficiente para sua vingança. Ela não tinha ideia do que viu, ouviu e usou em como fonte, muito menos das possíveis consequências de sua ação. Acompanhamos o cuidado inicial da diretora da creche, que pretendia investigar o caso com cuidado. No entanto, ela também é contaminada pelas atitudes inconsequentes do profissional recomendado para averiguar o caso, o psicólogo da escola. Teremos, então, um exemplo equivocado de investigação. No lugar de aguardar o fenômeno se revelar, acompanhamos um processo indutivo por parte do profissional. Sim, infelizmente, o profissional induz a criança durante a entrevista. Na conversa, fica claro que ele parte do pressuposto de ter ocorrido o abuso, de que o professor é culpado, o equívoco profissional começa aí. A equivocada entrevista do profissional é o ponto de partida para o desdobramento da trama, nos colocando no lugar do acusado, que acaba por ser estigmatizado sem que haja provas suficientes. Se por um lado, o filme apresenta um exemplo equivocado de entrevista psicológica, por outro, nos abre a oportunidade de auxílio ao acusado, permitindo outra perspectiva.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Refúgio do Medo


ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e terapêuticas, saúde mental, reforma psiquiátrica, normal e patológico.


SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos - baseado em um conto do mestre Edgar Allan Poe. Um jovem recém-graduado na faculdade de medicina assume um cargo numa instituição mental e logo se vê apaixonado por uma de seus colegas - e tal distração não permite que ele perceba uma terrível mudança no corpo de funcionários.






TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Indicado por uma cliente, o filme apresenta um quadro não tão distante de nossa realidade. Ainda que se desenrole de uma forma um tanto quanto absurda, o filme oferece a oportunidade de refletirmos sobre as diferentes e ultrajantes formas de tratamento daqueles que não são considerados “normais”. Aliás, ótima oportunidade para questionarmos o que é necessário para consideramos alguém normal. A saúde mental é o foco do enredo, que em diferentes momentos retrata a realidade dos manicômios do século passado. Ainda que muitas intervenções façam parte da história, é preciso rever as mudanças e questionar as verdadeiras transformações realizadas. Em pleno século XXI, ainda temos tratamentos desumanos, pois a reforma psiquiátrica ainda não alcançou seus plenos objetivos. Ainda é possível encontrar tratamentos desumanos, falta de esclarecimento na sociedade, falta de humanidade com qualquer pessoa que não apresente comportamento comum ou esperado. Enfim, o filme é também denúncia, quando dá voz aos “pacientes”. Qual o limite entre a sanidade e a loucura? Sem a pretensão de responder a questão, o filme abre discussão sobre o tema, que volta para o foco de diferentes segmentos sociais contemporâneos. Como dizia um professor da faculdade, quem pode garantir que sabe onde está a chave de seu próprio manicômio? Difícil responder, nenhum de nós pode ter certeza, pois a certeza é parte consistente do quadro da loucura, tanto quanto a dúvida é pressuposto necessário para a saúde. Não podemos falar muito sobre o enredo, sem revelar partes importantes da trama, portanto, recomendo que assistam, e, assim, visitem os próprios sentidos que darão a trama.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Cinco Graças


ASSUNTO

Relações sociais, familiares e afetivas, crenças e valores, cultura, religião.

SINOPSE
No início do verão em um vilarejo turco, Lale e suas 4 irmãs brincam de forma debochada com os meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa delas se torna praticamente uma prisão, elas aprendem a limpar ao invés de ir para a escola e seus casamentos começam a ser arranjados. As cinco não deixam de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Viajar o mundo e conhecer outras culturas é uma forma de ampliar nosso olhar. Se de um lado, algumas culturas são capazes de flexibilizar nossos conceitos, outros nos oportunizam a gratidão pelos conceitos e pré-conceitos de nosso universo cultural. Ainda assim, como qualquer experiência, prazerosa ou não, saímos enriquecidos da experiência. “Cinco graças” provoca diferentes reflexões, revelando conceitos particulares daquela cultura, que escolhe oprimir as adolescentes, para que possam cumprir as regras morais. Ainda que não haja o desejo sincero de exercer atos punitivos, seguindo os preceitos da religião muçulmana conservadora, todos estão condicionados a regras tão poderosas, que já se reproduzem sozinhas (sem que seja necessária uma intervenção explícita dos representantes da igreja). As regras morais fazem parte do que foi apreendido como “receita do bom viver”. Isso nos fez pensar naquilo que Ângelo Gaiarsa alertava na relação mãe e filho. De fato, independente das regras morais e sociais, cada mãe apreende uma “receita pronta” sobre ser “boa mãe”. Muitas se esforçam tanto para exercer tal receita apreendida durante o próprio desenvolvimento, que acabam por esquecer-se de ver e ouvir o próprio filho, que traz outros olhares, novas linguagens e necessidades.

domingo, 12 de julho de 2015

O Cérebro de Hugo

Imagem1

ASSUNTO
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!