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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Envelhescência - documentário

ASSUNTO

Terceira idade, processo de envelhescimento, relações sociais, potencialidades, relações familiares

SINOPSE

Dirigido por Gabriel Martinez e com argumento de Ruggero Fiandanese, o longa metragem Envelhescência relata a história de seis pessoas que vivem a vida de maneira plena e nos mostram, através de suas próprias experiências, que os costumes e a rotina após os 60 anos podem ser repletos de atividades e bom humor. Intercalado com comentários de especialistas (Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg e Mário Sergio Cortella) o filme sugere uma nova perspectiva sobre o significado do envelhecimento em nossas vidas. Seis pessoas, todas com mais de 60 anos e idade, vivem de maneira plena a sua velhice. Ainda que com limitações físicas e adaptações à sua rotina, os idosos comprovam que os prazeres da vida não se esgotam, mas sim, se renovam.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A quem pode incomodar ver uma senhora idosa que escolhe tatuagens por todo corpo? Talvez, às pessoas que estão presas a uma imagem congelada sobre o envelhecimento. Ainda há os que espera encontrar as vovós sentadas na cadeira de balanço fazendo croché, esperando a casa encher com os netos, etc. Entretanto, as idosas e os idosos do século XXI estão diferentes, em maior número e realizando diferentes atividades. Envelhecer não mais é sinônimo de esperar a vida acabar, muito pelo contrário, é tempo de se permitir viver, escolher novas formas sem se preocupar em agradar aos outros. A liberdade da terceira idade é exaltada no documentário, que apresenta um olhar atual sobre a vida. Apesar ou por razão dos limites já imposto pelo desgaste físico, a maturidade é também o momento de liberdade, de inaugurar outras formas de vivenciar o agora em sua plenitude, é hora de realizar, o tempo é já! Como dito por Miriam Goldenberg, há beleza na velhice e precisamos prestar atenção!! Os seis personagens entrevistados no documentário dão uma lição de vida, não só para os envelhescentes, para para qualquer ser humano que pretenda escolher viver, e, quem sabe ter o provilégio de chegar lá. Envelhecer com honestidade é olhar para o possível e não usar a velhice como desculpa para desistir da vida. Cada qual com suas experiências e escolhas, os entrevistados mostram diferentes formas de usufluir a plenitude da vida. Portanto, uma aula de vida para aqueles que não se permitem viver o próprio potencial, falamos também de jovens e adultos que ainda não chegaram lá, mas se acomodaram. É lindo assistir personagens reais que estão mudando esteriótipos encontrando novas perspectivas. Eles mostram que as limitações impostas historicamente são irreais, pois tudo é possível, nunca é tarde para mudar, para escolher, para realizar, para viver! Quebrando paradigmas, o documentário retrata novas possibilidades, enfatizando a aceitação da idade, não como um castigo, mas como um momento de liberdade, quando a experiência oferece suporte para novas e belas realizações. Vale muito conferir, recomendado para todas as idades!
Para quem tiver net, está disponível no now para aluguel, divirta-se!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

6 anos

ASSUNTO

Relações afetivas, sociais e familiares, casal adolescente,


SINOPSE

Um jovem casal, Dan (Ben Rosenfield) e Mel (Taissa Farmiga), se conhecem desde a infância e estão namorando há 6 anos. A princípio, eles parecem ter um amor ideal, mas a notícia de uma oportunidade de emprego para Dan pode abalar o romance e mudar o rumo das coisas dependendo da escolha que ele fizer. Talvez o futuro que eles tinham imaginados juntos não se torne mais uma realidade.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O filme retrata os altos e baixos de um relacionamento, particularmente no que se refere ao primeiro amor, o primeiro sonho de construir uma vida compartilhada. Mas, no fundo, cada amor é único, vivenciado como especial e capaz de ser para sempre... Viver uma paixão é acreditar que será para sempre! Dan e Melanie se conhecem dede a infância, eles partilharam momentos de amor e de dor, vivenciaram diferentes experiências, cresceram juntos. A relação do casal não é possessiva, eles vivem uma relação saudável, respeitam a individualidade, revelam-se como exemplo de “casal perfeito”. Os seis anos se tornam um marco. Os amigos estranham e comentam, alegando que a estabilidade daquela reação poderia roubar outras experiências. O “casal fofo” não aparenta ser afetado, a princípio. Entretanto, logo surge desconforto, carência, descompasso,  descuido. A intimidade construída ao longo do tempo revela outra face, a fronteira individual é invadida de forma inesperada. De forma sutil, a trama revela a violência, o que favorece o debate sobre o perigo das relações amorosas abusivas. Qual é o limite entre uma discussão saudável e o descontrole, o desrespeito, a violência física ou psicológica? O mundo gira, revelando que a perfeição não existe. As mudanças são necessárias, as frustrações fazem parte do desenvolvimento. A capacidade de lidar com as mudanças e frustrações é testada, o que provoca constantemente o encontro com a imperfeição humana. Acontecimentos internos e externos, previsíveis ou não, fazem parte da vida. Nem sempre é possível lidar com as crises, seja por traição ou por uma reação descontrolada capaz romper a barreira do respeito. Existem traições que ajudam ao casal a lidar com a crise, afinal pode ser o sintoma da relação,  capaz de revelar a necessidade do contrato amoroso ser revisado.  Entretanto, a crise de qualquer relação, seja de 6, 7 ou qualquer outro par de anos, pode servir para o fim de um ciclo, um recomeço, ou, pode resultar no rompimento. Tudo vai depender da forma do casal lidar com as mudanças. Aí está o charme do filme, que retrata possíveis transformações rotineiras de qualquer relação amorosa. Assim como uma roupa ou sapato podem deixar de ser confortáveis, a relação pode se transformar a ponto de não ser mais confortável para os envolvidos, buscar ajustes, adaptações ou descartar, romper? Eis a questão. Sair da zona de conforto é sempre difícil, ainda que não seja mais tão confortável assim... O desenrolar da trama não pretende apontar caminhos, nem definir soluções, apenas conta como é possível para eles lidar com aquela crise. Aliás, o amadurecimento individual pode ser um ponto a ser considerado, pois a ‘certeza’ sai nitidamente da pauta do casal, abrindo novas possibilidades, talvez incompatíveis com o status quo. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Já estou com saudades

ASSUNTO
Relações afetivas, sociais, familiares, câncer, amizade, parceria, luto.

SINOPSE
Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette) são melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado do marido Jago (Paddy Considine). Após se submeter a um tratamento, Jess enfim consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter câncer de mama e precisa passar por quimioterapia, o que necessitará do apoio não apenas da amiga, mas de toda a família.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O tema central já foi apresentado em diferentes ocasiões, falamos de Câncer, uma doença devastadora que atinge grande parte da humanidade. A dificuldade em lidar com as pequenas e grandes questões (sociais, físicas, psicológicas) são apresentadas de forma clara e honesta. Temos como pano de fundo a amizade sólida de duas parceiras de vida, mulheres que se conhecem desde a infância e partilharam aventuras e desventuras ao longo da vida. Os pontos e contrapontos são costurados entre ambas, durante o processo de declínio de Milly frente à doença, e, da busca e conquista de Jess, na construção da própria família. Prepare o lenço, as lágrimas serão prováveis, bem como as risadas, muitas vezes provocadas por diálogos inteligentes e com de pitadas de  humor. Há uma honestidade quase cruel nos pequenos gestos, encontros e desencontros atravessados pelo processo do adoecimento de Milly.

domingo, 28 de agosto de 2016

Amizades Improváveis

ASSUNTO
Luto, separação, distrofia muscular, isolamento, adolescência.

SINOPSE
Após sofrer com uma tragédia, Ben se torna um cuidador para conseguir dinheiro. Seu primeiro cliente, Trevor, é um divertido jovem de 18 anos com distrofia muscular. Um paralisado emocionalmente, outro paralisado fisicamente, Ben e Trevor saem pela estrada para encontrar esperança, amizades, e Dot neste engraçado e emocionante conto. Jennifer Ehle, Megan Ferguson, e Frederick Weller completam o elenco ao lado do trio principal.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Amizades improváveis é uma produção da Netflix despretensiosa, foi baseada em um livro homônimo e desenvolvida como um Road Movie. Ainda que toque em temas de conflitos existenciais, o longa não aprofunda, o que o torna leve, sem tons excessivamente dramáticos. Ben está em processo de luto, com dificuldade de lidar com a perda do filho e o divórcio eminente. O escritor se afasta do próprio ofício e mergulha no curso de Cuidador, esta foi a forma encontrada para evitar seu luto. Aqui, abro parênteses, pois ainda que apresentado de forma superficial, sua estratégia é bastante usada em momentos de perdas ou crises existenciais. É comum ver pessoas mergulhadas em projetos, investindo energia, “ocupando” todo o tempo em algo que substitua a vivência da dor eminente. Evitar a dor é um mecanismo de defesa muito comum, que nem sempre se desdobra de forma favorável. Algumas vezes, o a fuga da elaboração do luto pode ser apenas uma forma de adiar, podendo resultar em um quadro depressivo devido ao acumulo de dor não elaborada. Não é o caso de Ben, pois sua intenção é frustrada, a escolha dele se desdobra em situações que tenta evitar: o enfrentamento de seu luto. Trevor surge como possibilidade de seu primeiro trabalho , se tornando parte importante do caminho de retorno de Ben. O rapaz não é nada simpático, tem distrofia muscular, isolamento social, é implicante e provocador. Logo, percebemos que as provocações farão parte da relação, impossibilitando que ambos permaneçam na zona de conforto. Assim, iniciam uma viagem, na qual poderão conhecer mais sobre o outro e sobre si mesmos.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mar adentro

ASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas, eutanásia, direito de esdcolha.

SINOPSE
No Filme Online Mar Adentro, Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um homem que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Recentemente, postamos sobre o filme COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ, um drama romanceado que discute um tema semelhante ao de MAR ADENTRO: O direito de escolha, a dignidade do ser. O foco do tema é maior no drama de 2004, razão para este post.  Ramón afirma repetidamente “Viver é um direito, não uma obrigação”. Difícil compreender o desejo dele de acabar com a própria vida. Acompanhamos um homem inteligente, sagaz, sensível e íntegro, lutando para ter o direito de escolher o final da própria vida. Em um primeiro momento, é possível pensar que o filme defende sua posição, só que não. O filme apresenta diferentes argumentos, contra e a favor da eutanásia. Desde sempre, ele difere de outros, não se usa como exemplo. Seu sorriso, que impressiona por sua magnitude, é expressão de tristeza, embora pareça o contrário. Ele afirma que em suas condições, aprendeu a chorar através do sorriso. Desconcertante, pois para o espectador, seu sorriso poderia ser uma bela razão para manter sua vida. É seu sorriso que ilumina os que o cercam, apesar de ser também cruel em sua relação com a realidade dos fatos: a morte é para a maioria uma possibilidade, menos para os que dependem de outrem. Ele luta pelo direito de escolha! Sua escolha é clara, pensada e repensada por 28 anos.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Como eu era antes de você


ASSUNTO
Relações afetivas,  deficiência física, singularidade, livre-arbítrio, e, dos conceitos gestálticos, destacamos: Contato e fronteira de contato.

SINOPSE
Às vezes você encontra o amor onde menos imagina. E às vezes ele te leva onde nunca esperou ir. Louisa "Lou" Clark vive em uma pitoresca cidade de campo inglesa. Sem direção certa em sua vida, a criativa e peculiar garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua família com as despesas. Seu jeito alegre no entanto é colocado à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira. Ao aceitar um trabalho no "castelo" da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will Traynor, um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente ocorrido dois anos antes, mudando seu o mundo dramaticamente em um piscar de olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico Will, está prestes a desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser vivida. Embarcando juntos em uma série de aventuras, Lou e Will irão obter mais do que esperavam e encontrarão suas vidas - e corações - mudando de um jeito que não poderiam ter imaginado.
Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Um filme que difere de outros romances, não só por seu desdobramento, mas também por pequenos detalhes que fazem diferença. Por exemplo, o início mostra o “mocinho” antes e durante o acidente, que o tornará tetraplégico. No momento do atropelamento, Will estava distraído no celular. A cena pode passar despercebida, mas não deixa de retratar uma realidade da nossa era, portanto, trata-se de um alerta ou de uma crítica sutil. Por outro lado, temos personagens fortes, capazes de nos provocar reflexões. Louise é dedicada, atrapalhada, quase caricata, mas não há dúvida que tratamos de uma pessoa capaz de realizar verdadeiros contatos. Se por um lado, a mesma se vira para atender às necessidades do próximo, sua identidade fica bem definida em seu comportamento autêntico.  Na abordagem Gestáltica a fronteira é ao mesmo tempo o lugar de contato e de imite, é o lugar da tensão e do acontecimento, da diferença e do crescimento. Poucos personagens apresentam a fronteira tão flexível quanto à da “mocinha”, que nos encanta com sua forma de funcionar no mundo. Ela não abre mão de suas roupas estranhamente simpáticas, que marcam sua presença. No entanto, abre mão de si mesma para dar lugar ao outro querido, seja um familiar ou qualquer pessoa que evidencie alguma necessidade pessoal. É uma personagem ímpar! Will é alguém que não suporta ver o mundo de outra perspectiva. O acidente o obriga a visitar outros olhares, ele se recusa. Após sua nova condição, Will apresenta sintomas depressivos, um mau humor constante, um desprezo pela vida. A luz de Lou pode tornar o mundo menos cinza e apresentar encantamento ao rapaz, mas não é suficiente para que ele desista de seu plano. Ainda assim, somos convidados a assistir uma relação de contato entre ambos, que sendo afetados por aquele contato autêntico, se transformam. O afeto é oque afeta e se arrisca a ser afetado, o que, de fato, transforma. Ampliados em sua forma singular de existir, ambos crescem através daquele contato.

domingo, 19 de junho de 2016

Mothers and Daughters 2016 (Mães e filhas?)



ASSUNTO
Relações familiares e afetivas, segredo familiar, adoção, perdas

SINOPSE
A fotógrafa Rigby Gray (Selma Blair) deseja produzir um ensaio sobre o papel da Mãe em diferentes famílias.Desde então, inicia um projeto que a faz refletir sobre sua relação com a mãe e outras possibilidades de relação semelhante. Buscando modelos, ela irá conhecer diferentes histórias que a ajudarão a rever seu papel de filha, ao mesmo tempo que se percebe grávida, e questiona sua possibilidade de tornar-se mãe.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Rigby reflete sobre sua forma de olhar o mundo e o papel de sua mãe em seu viver. Diante das cenas capturadas por sua lente de fotógrafa, o filme segue apresentando outras histórias, que depois farão parte do seu projeto. De forma dinâmica, o espectador é convidado a conhecer diferentes situações que se desdobrarão durante o longa. Aos poucos, conhecemos diferentes mães e filhas, cada qual com suas particularidades.

sábado, 21 de maio de 2016

Desajustados (Fúsi) - 2015



ASSUNTO
Solidão, relações afetivas, familiares e sociais, bullying, depressão.

SINOPSE
Fúsi é um homem de 43 anos que ainda mora com sua mãe, ainda não teve coragem de entrar na vida adulta. Ele vive uma pacata rotina monótona, não tem namorada, sofre bullying no trabalho, dedica seu tempo livre a carrinhos e maquetes. Sua rotina é alterada quando conhece Hera, uma menina de 8 anos,  e  a vibrante Alma, parceira da aula de dança. Tudo poderá mudar.





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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que filme! Difícil saber por onde começar, quando encontramos um drama de tamanha riqueza temática. O título original se refere apenas ao nome do personagem, diferente do título em português, que faz questão de “rotular” mais de um personagem como desajustado. Afinal, do que falamos quando usamos tal rótulo? Seriam desajustados aqueles que não se “encaixam” nas regras sociais e culturais do momento e lugar? Seriam desajustados aqueles que estão à margem da sociedade por diferentes razões? Ou, são considerados “desajustados” aqueles facilmente diagnosticados pela psiquiatria ou psicologia?  Independente da resposta, podemos pensar que a proposta do filme é contrária a esse olhar, pois o espectador é convidado a partilhar das vivências de Fúsi. Numa que tem produzido solidão, sendo favorecida pelo mundo virtual e por soluções mágicas para as frustrações do cotidiano, é desconcertante assistir ao mundo solitário de Fúsi. Diferente dos excessos de estímulos produzidos pelos avanços tecnológicos, que preenchem espaços, sem que haja tempo de digerir as informações, temos na trama uma solidão que é ocupada pela rotina monótona e quase infantil. O mundo dele é de repetição, segurança, conformismo, mas também há delicadeza, doçura, inocência e até força diante das situações enfrentadas. Em certos momentos, é possível pensar que o mundo de Fúsi é anestesiado, aparentando ser impossível para ele desejar outra forma de estar no mundo. No momento em que tem a oportunidade de denunciar o bullying que tem sofrido, ele não o faz. Para o espectador é difícil suspender julgamentos e concordar com sua forma de reação ou ausência dela.  Cenas de seu cotidiano exibem pequenos detalhes que em relação ao todo produzem sentidos e significados. Não há desejo de mudanças, ele parece não esperar mais nada da vida, sua rotina lhe basta. Novas relações surgem para tirar Fúsi de sua zona de conforto, favorecendo outra perspectiva de vida.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

White Frog

ASSUNTO
Autismo, homossexualidade, homofobia, perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
O filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em frente.







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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe, apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente, Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick, que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário, tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que evidencia a homofobia no seio familiar.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Se eu ficar

ASSUNTO
Adolescência, escolha, perda, música, relações afetivas e familiares.

SINOPSE
Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Durante a madrugada, fui surpreendida com o filme exibido na TV. Baseado em um Best Seller, o enredo aborda o romance de um casal (adolescente) que é interrompido por um acidente. Mia, que fica em coma no hospital, repassa momentos da vida, durante a luta pela sobrevivência. A história se desenvolve em duas linhas paralelas. Através de flashbacks, passamos a conhecer a menina tímida dedicada ao violoncelo, que se apaixona pelo guitarrista popular mais velho. Ao mesmo tempo, acompanhamos a luta de Mia pela sobrevivência, circulando “literalmente” pelos corredores do hospital, pesando se vale a pena continuar a viver depois da tragédia. Prepare o lenço, difícil não se emocionar. Os bons diálogos ficam por conta dos pais, que são responsáveis por tiradas espetaculares, como o momento em que o pai convence a filha, afirmando que: “culpas e subornos são aspectos que unem as famílias por séculos”. O filme parte de uma tragédia para discutir relações familiares, perdas, escolhas. O longa lida com questões pertinentes ao universo juvenil, ou seja, dúvidas em relação ao amor, às escolhas e o medo de arriscar. A diferença dos estilos musicais revela aspectos importantes para o crescimento de ambos, e ainda, presenteiam o público com extremo bom gosto. Trata-se de um entretenimento, melodramático e capaz de tocar o coração do espectador. Pode ser usado como ponto de partida para discutir perdas, escolhas, medos e paixões experimentadas pelo adolescente. E, como nada é definitivo, o desfecho sugerido (final feliz), em sua continuação, sofre um revez. E novas questões são colocadas em “Para onde ela foi”, onde o resultado de suas escolhas são o foco, trazendo novos questionamentos.


sábado, 30 de janeiro de 2016

Cinco Graças


ASSUNTO

Relações sociais, familiares e afetivas, crenças e valores, cultura, religião.

SINOPSE
No início do verão em um vilarejo turco, Lale e suas 4 irmãs brincam de forma debochada com os meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa delas se torna praticamente uma prisão, elas aprendem a limpar ao invés de ir para a escola e seus casamentos começam a ser arranjados. As cinco não deixam de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Viajar o mundo e conhecer outras culturas é uma forma de ampliar nosso olhar. Se de um lado, algumas culturas são capazes de flexibilizar nossos conceitos, outros nos oportunizam a gratidão pelos conceitos e pré-conceitos de nosso universo cultural. Ainda assim, como qualquer experiência, prazerosa ou não, saímos enriquecidos da experiência. “Cinco graças” provoca diferentes reflexões, revelando conceitos particulares daquela cultura, que escolhe oprimir as adolescentes, para que possam cumprir as regras morais. Ainda que não haja o desejo sincero de exercer atos punitivos, seguindo os preceitos da religião muçulmana conservadora, todos estão condicionados a regras tão poderosas, que já se reproduzem sozinhas (sem que seja necessária uma intervenção explícita dos representantes da igreja). As regras morais fazem parte do que foi apreendido como “receita do bom viver”. Isso nos fez pensar naquilo que Ângelo Gaiarsa alertava na relação mãe e filho. De fato, independente das regras morais e sociais, cada mãe apreende uma “receita pronta” sobre ser “boa mãe”. Muitas se esforçam tanto para exercer tal receita apreendida durante o próprio desenvolvimento, que acabam por esquecer-se de ver e ouvir o próprio filho, que traz outros olhares, novas linguagens e necessidades.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Quarto de Jack


ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, infância, sequestro, depressão, transtorno pós-traumático, relações sociais e potencialidades.

SINOPSE
O longa conta a história de Jack (Jacob Tremblay) , um menino de cinco anos que é criado por sua mãe, Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço de 10m², um minúsculo quarto sem janelas, com apenas uma claraboia Enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem aumenta, a resiliência de Ma alcança um ponto de ruptura. Os dois, então, começam a traçar um plano de fuga. Ao mesmo tempo em que conta uma história de cativeiro e liberdade, O Quarto de Jack destaca o triunfante poder do amor familiar mesmo na pior das circunstâncias.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Profundamente tocante, o filme é intenso, angustiante. Acompanhamos o início da trama sem compreender direito a razão daquela forma restrita de Ma educar o filho. Aos poucos percebemos a grandeza daquela mãe, que transforma a condição de cativeiro em um mundo particular, explorando a fantasia e transbordando afeto para seu filho. Jack desconhece a possibilidade de existir um mundo diferente daquele. Para ele, tudo que é apresentado na televisão é irreal, é fantasia, é de mentira. Ainda com a angústia provocada pelos acontecimentos restritos ao quarto, fomos transportados para "nossas neuroses de cada dia". É sabido sobre a importância dos eventos e impressões registrados em nossos primeiros anos de vida, compondo assim nosso mundo, que pode ser considerado verdadeiro e único. O que muitas vezes torna difícil aceitar outras perspectivas. Entretanto, ainda que as experiências iniciais sejam dolorosas, é possível que existam outras pessoas capazes de apresentar outras versões, que ampliam nossas possibilidades. Ainda assim, na infância há questões difíceis de serem questionadas ou superadas, dificultando nosso processo de desenvolvimento. Pode ser pela ausência de afeto, por excesso de “verdades”, por violência, valores restritos, julgamentos exacerbados, etc. Independente do que acontece nesta fase, é fato que  se torna parte do que nos tornamos,  parte difícil de ser desconsiderada ou questionada. Na abordagem Gestáltica, vemos o homem como um ser que se constrói através dos contatos que faz com o seu meio - pessoas com diferentes perspectivas -, num processo eterno de vir a ser. É muito importante mantermos contatos nutritivos, com pessoas que colaboram para nosso desenvolvimento, evitando cristalizações, engessamentos produzidos em contatos tóxicos – pessoas que prejudicam nosso processo. Muitas vezes, os contatos tóxicos da infância nos contaminam, tornando difícil aceitar outras perspectivas, produzindo conflitos que nos paralisam diante da vida. Sintomas diversos expressam a necessidade de mudança, ao mesmo tempo em que revelam um difícil obstáculo, em uma paralisação ou repetição É o momento de pedir ajuda profissional de um psicólogo, um psiquiatra ou ambos. Outras vezes, contatos nutritivos nos ajudam a superar tais conflitos, favorecendo nosso desenvolvimento através do afeto, transformando nosso mundo, até então empobrecido, restrito. Certamente, Jack tem afeto e suporte para seu desenvolvimento. No entanto, seu mundo se restringe ao quarto e sua mãe, um universo afetuoso, entretanto, limitado.

sábado, 12 de setembro de 2015

O pequeno príncipe

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Infância, relações familiares, sociais e afetivas, solidão, educação, controle, universo lúdico, criatividade e sensibilidade.
SINOPSE
Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O assunto do setting terapêutico girava em torno do tema pontuado pela irmã, que sinalizou sua forma séria de educar. Nós conversávamos sobre o quanto a responsabilidade de educar provoca certa seriedade, principalmente em situações de pais separados, quando aquele que fica com a criança tem que fazer dois papéis, pai e mãe. O projeto de educar ocupa a mente da mãe ou pai de tal forma, que eles se esquecem de relaxar, brincar, acessar a criança em suas necessidades básicas. Lembrei-me, então, de um alerta de Ângelo Gaiarsa, um psiquiatra brasileiro, que afirmava que muitas mães estão tão preocupadas em serem “boas mães”, e, investem toda energia em alguma “receita” aprendida. Durante o processo há desperdício de energia, o que torna impossível ouvir o próprio filho com suas demandas particulares. Hoje fui ver O PEQUENO PRÍNCIPE, e, logo no início me lembrei desse episódio, quando em off, o personagem fala “Os adultos esquecem de brincar”. Imediatamente, percebi que o filme podia superar minhas expectativas. Sim, o filme é indicado não só para crianças, mas também para todo pai ou mãe, que ao se preocupar com o futuro do filho (a), planeja, investe e controla as suas atividades, visando a “melhor educação” para um futuro promissor. Durante esse processo, eles se esquecem de brincar, de ouvir e de participar efetivamente do universo da criança, muitas vezes sufocando seu potencial criativo. Além disso, na ânsia de garantir o futuro de um filho,  eles abandonam a criança interior, deixam de se divertir com a família, ficam sempre alertas para o comportamento “certo” e  “errado” do filho, assim,  afastam as possibilidades de crescerem juntos, de forma prazerosa, criativa e divertida. Voltando ao filme, quem conhece o livro também poderá se surpreender, pois a trama vai um pouco além do que foi proposto no livro de Saint-Exupéry.

sábado, 22 de agosto de 2015

A dama dourada

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História, Artes, holocausto, relações sociais, familiares e afetivas, atualização.
SINOPSE
A Dama Dourada narra a excepcional jornada, baseada em fatos reais, de uma mulher para reinvidicar sua herança e procurar justiça para o que aconteceu com sua família. Sessenta anos depois de fugir de avião de Viena, durante a Segunda Guerra Mundial, uma senhora judia, Maria Altmann (Helen Mirren), começa a sua jornada para recuperar os bens de sua família apreendidos pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt `Retrato de Adele Bloch-Bauer´. Na companhia de seu inexperiente, mas valente jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), Maria embarca numa grande batalha que os leva diretamente ao coração do governo austríaco e também à Suprema Corte Americana, o que obriga a destemida e determinada velha dama a confrontar difíceis revelações e inesperadas verdades ao longo do percurso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por Selma Ciornai, o filme encanta em sua forma delicada de contar fatos históricos. Ao contrário de alguns críticos, que consideraram o filme superficial, principalmente diante da perspectiva de narrar episódios do holocausto, considerei o drama sensível, sem se tornar melodramático. Impossível acompanhar as lembranças de Maria e não ser tocado na alma. Fiquei me perguntando, em diferentes momentos, como pode ter sido tão retente o pesadelo vivenciado por muitos. Maria se viu obrigada a enfrentar o passado que quis esquecer. A dor evitada precisou ser encarada, revisitada, assim oferecendo a possibilidade ser atualizada. A história de Maria é também de todos nós, seja por seu aspecto individual ou não. Cada um de nós já foi desafiado pela vida para enfrentar um fantasma do passado, algo que foi evitado a todo custo. No entanto, o passado que está nos assombrando no presente, nem que seja apenas por um movimento repetido de negação, não é mais passado, torna-se obstáculo para vivenciarmos o agora. Diante disso, visitar nossa história é também colocar o passado em seu lugar, nos permitindo a vivência do momento presente em sua plenitude. Por outro lado, somos produto também da história da humanidade, que ao longo de séculos apresentou dolorosos e vergonhosos episódios, como o holocausto, um passado mais recente do que queremos admitir. Ler sobre ou assistir a um filme que conta sobre os horrores do holocausto nos coloca no lugar de expectadores, afastados e em certo ponto alienados daquela realidade narrada. A DAMA DOURADA costura passado e presente, através da memória de Maria, durante o embate jurídico, para a recuperação das obras de arte da família. Entretanto, os não ditos e a superficialidade apontada pelos críticos foram os aspectos que favoreceram a minha aproximação daquela realidade. O seu tom raso, sem tender para excessos, - seja no maior aprofundamento dos dados jurídicos, artísticos ou históricos,- oferece maior intimidade do expectador. Talvez, o responsável por esse envolvimento seja o humor, que desarma as defesas, aguçando os sentidos e promovendo ricas reflexões.

Um momento pode mudar tudo

clip_image002ASSUNTO
Esclerose lateral amiotrófica (ELA), relações familiares, afetivas e sociais, polaridades.
SINOPSE
Kate (Hilary Swank) é uma pianista clássica sofisticada, casada, extremamente bem-sucedida e recém-diagnosticada com ELA (esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como doença de Lou Gehrig). Bec (Emmy Rossum) é uma estudante impertinente e aspirante a cantora de rock que mal consegue dar conta caos que é a sua vida, tanto no aspecto romântico quanto em outras áreas. Conforme a doença de kate avança, seu casamento com Evan (Josh Duhamel) se deteriora. Quando Bec consegue o emprego para dar assistência a Kate, ambas passam a se apoiar em algo que se torna um laço não convencional. Como está sem objetivo, Bec está determinada a se tornar uma sombra íntima de Kate, passando por situações confusas e embaraçosamente cômicas. À medida que a cautelosa e voluntariosa Kate começa a se contagiar com o turbilhão e o espírito livre que é Bec – e vice versa – ambas acabam encarando arrependimentos, explorando novos territórios e expandindo suas ideias sobre quem realmente querem ser.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título em inglês You're Not You (Você não é você), o que nos remete a ideia de não haver uma definição precisa sobre quem ou o que pensamos ser, sobre a transitoriedade da vida,que acontece num “vir a ser” constante. A doença de Kate se torna um marco para reflexão sobre sua existência, que não corresponde mais a um simples rótulo. Já em português, o título parece enfatizar a ruptura ocorrida na vida de Kate após ser diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica - (ELA) - uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante. Quando os primeiros sintomas surgem, Kate vivencia o sonho de consumo de muitos, ela é bem casada e bem sucedida, tanto profissional como afetivamente. A vida estava sob controle até então. Ela perde sua autonomia, dependendo de outro para os pequenos movimentos, o que compromete também sua capacidade de escolha. Após serem apresentados os primeiros sintomas, o filme retrata um tempo depois, momento no qual ela se vê dependente do marido para quase tudo. Logo, é possível constatar sua dificuldade em aceitar a doença.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

clip_image001ASSUNTO
Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

sábado, 28 de março de 2015

Copenhagen 2015

ASSISTIR COPENHAGEN 2015 LEGENDADO FILME ONLINE
ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares, segredo, história familiar.
SINOPSE
Depois de semanas viajando pela Europa, o William imaturo é descoberto em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia é o local de nascimento de seu pai. Quando o jovem amigo dinamarquês de William Effy torna-se tanto embarcar na aventura de encontrar o avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy suposto William um desafio como nenhuma outra esposa alegou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez em sua vida, ele deve assimilar as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O homem se descobre a partir do contorno que o outro dá, desenvolvendo a própria identidade, que às vezes está encoberta por tantas defesas construídas ao longo da vida. O filme, ainda que seja considerado drama romântico, se revela superior a isso, pois mais do que um romance, a estória nos brinda com uma trajetória do ser em busca de si mesmo. Por muitos momentos, o filme me lembrou uma ferramenta muito utilizada no processo terapêutico denominada GENOGRAMA. Seu uso está entrelaçado com o processo de reconhecimento da própria história e a capacidade de escolha do indivíduo. A construção do genograma, que funciona como uma árvore genealógica, serve para que o cliente participe e se conscientize sobre elementos que contribuíram para torná-lo quem é. A partir dos dados, que são aos poucos elaborados junto ao cliente, é possível descobrir as heranças familiares, os segredos, mitos, legados, crenças e valores, que podem ser repetidos ou negados, sem que a pessoa tenha consciência. A capacidade de escolha emerge daí, fazendo com que tudo fique mais claro e o indivíduo possa pegar as rédeas da própria vida. A pessoa desenvolve a capacidade de perceber o que é e o que não é seu, favorecendo a escolha do próprio caminho. Assim também acontece com Willian ao conhecer Effy, que representa um papel quase terapêutico na vida dele, ao dar suporte no enfrentamento da própria história.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.