domingo, 16 de abril de 2017
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Os 13 Porquês – 13 Reasons Why
ASSUNTO
Depressão,
bullying, estupro, assédio, violência, omissão, homofobia, sexualidade, suicídio,
relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Uma caixa de sapatos é enviada para Clay (Dylan
Minnette) por Hannah (Katheriine Langford), sua amiga e paixão platônica
secreta de escola. O jovem se surpreende ao ver o remetente, pois Hannah
acabara de se suicidar. Dentro da caixa, há várias fitas cassete, onde a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida -
além de instruções para elas serem passadas entre os demais
envolvidos.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Febre
do momento, “OS 13 Porquês” foi baseado no livro homônimo de Jay Asher. Provocando
diferentes críticas, algumas favoráveis e muitas contrárias, a série está
levantando o assunto em diferentes segmentos da sociedade. Há quem diga que
pode se tornar um gatilho para aqueles que se encontram vulneráveis, outros
tantos afirmam que os assuntos abordados na trama podem e devem ser discutidos.
Indico abaixo links com diferentes opiniões. Por agora, prefiro destacar a
importância de falarmos sobre o tema, ou, sobre os temas levantados. Aliás,
acho que o aspecto mais positivo da proposta é, de fato, colocar os assuntos
abordados em discussão, é o que está acontecendo. As polêmicas estimuladas por
sua forma explícita ou pela fraqueza dos argumentos, cenas, etc., aqui não
serão discutidos ou julgados. Queremos dividir algumas reflexões motivadas pelo
contato com a série. A primeira coisa que chama a atenção foi o tom vingativo
apresentado pelo projeto de Hanah, que dilui a responsabilidade entre os
colegas (colegas??). Tudo bem, os relatos nos fazem pensar nas possíveis relações
tóxicas que enfrentamos, não só na adolescência. Por esse prisma, pode servir
como um alerta, um ponto de reflexão para aqueles que funcionam de determinada
forma agressiva ou abusiva, sem se dar conta do quanto podem estar machucando o
outro. Por outro lado, muitos suicídios cometidos por algum adolescente são por
si só motivadores de culpa nos colegas, que se perguntam o que poderiam ter
feito, ou deixado de fazer para evitar o desfecho trágico. Há também muito sofrimento
para os que ficam, sem que seja necessária uma acusação gravada em fitas
cassetes. Ok, a licença poética nos permite considerar a proposta como uma
perspectiva possível, para dar voz a quem partiu e promover uma possível
reflexão. Entretanto, é preciso refletir como o suicídio de um adolescente pode
afetar seu entorno, causando sofrimento e dor aos familiares, amigos e colegas.
Concordo com algo que li sobre o assunto, que afirma que o suicídio não é
opção, muito menos para vingança.
domingo, 9 de abril de 2017
Simple Simon / No espaço não existem sentimentos
ASSUNTO
Síndrome de Asperger, Relações familiares, afetivas e de casal.SINOPSE
Dirigido por Andreas Öhman, o filme conta a história de Simon, um jovem de 18 anos que sofre da síndrome de Asperger. Ele gosta do espaço, de ciência e de círculos, mas não consegue entender sentimentos. Ao ver sua vida transformada em caos após seu irmão entrar em depressão após o término de um namoro, Simon embarca em uma missão para conseguir a namorada perfeita pro seu irmão. Simon não entende nada de amor, mas tem um plano cientificamente perfeito. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Repetição da postagem de 26 de abril de 2014. Filme sueco, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é uma comédia leve que fala, principalmente, de relações afetivas e as diferenças. Simon tem dificuldade de compreender sentimentos, é portador da síndrome de Asperger. Seu irmão, Sam, é o único a conseguir contatá-lo em seu mundo particular. Seu carinho, sua dedicação fazem com que fale a mesma língua, entrando em sua órbita e se relacionando de forma satisfatória. Para todos os outros não é tão fácil. Os pais não têm a mesma disponibilidade, o que faz com que Simon vá morar como irmão. A namorada não consegue conviver com a diferença e parte, Sam fica deprimido, Simon se desespera. Na tentativa “científica” de solucionar o problema do irmão, Simon “esbarra” em uma garota que não tem o menor problema em lidar com suas limitações. É a partir da compreensão da diferença e da aceitação de Simon como é, que a personagem se torna candidata em potencial a ser namorada do irmão. No desdobrar de seus planos é que Simon descobre que não é somente o irmão que é capaz de ir ao seu encontro, e, que sua estatística “afetiva” não corresponde ao mundo dos afetos. O filme, como bem lembrado por Thamires, é pouco reconhecido ou conhecido pelo público em geral. Entretanto, sua forma delicada e esclarecedora sobre as diferentes formas da existência faz da experiência uma necessidade para qualquer público. Mais do que esclarecer sobre as possibilidades do Transtorno do Espectro Autista, o filme nos fala sobre relações sociais e afetivas, e, sua riqueza nas diferenças. Desconstruir um saber sobre a ideia de normal ou ideal jeito de ser é um dos melhores trunfos do longa. Procure, vale conferir!
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Autismo,
potencialidades,
preconceito.,
Psicodiagnóstico,
Relações afetivas,
Relações sociais
sábado, 8 de abril de 2017
Léo e Bia
ASSUNTO
Relações
sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Brasilia, 1973. No auge da ditadura
militar, sete amigos, jovens como a cidade em que moram, sonham viver de
teatro. Liderado pelo diretor Léo (Emílio Dantas), o grupo leva adiante
os ensaios de uma peça que tece comparações entre Jesus Cristo e o cangaceiro
Lampião. Enquanto a repressão política rola solta na capital federal e a
liberdade sexual ainda é tabu, Bia (Fernanda Nobre) se mostra cada vez mais
prisioneira da obsessão de sua mãe (Françoise Forton), fazendo com que todos
questionem, cada vez mais, os conceitos e valores da sociedade. (RC)
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Pegando carona com a
minissérie DE SONHOS E SEGREDOS, resolvi procurar outras obras de Osvaldo Montenegro.
Gostei do que encontrei. A relação entre o teatro e o cinema é o ponto de
partida do autor, que abusa da arte em sua totalidade para contar uma estória
(ou história?). Não se trata de um teatro filmado, há linguagem cinematográfica
costurando as cenas teatrais. Depois de assistir, fiquei com a impressão de que
a mensagem mais forte do filme se resume no pensamento “Um sonho sonhado sozinho
é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. Mas não é seu único
recado. Temos um grupo que troca afetos, que se une em prol de um projeto, há
presença física, contatos reais, eles compartilham experiências. A força do
grupo está na intimidade revelada na tela. Foi resultado de muito ensaio e
cumplicidade, parceria, durante um tempo de convivência. Por ser um cenário
único, a interpretação é o ponto chave, capaz de tocar o espectador.
Entretanto, não podemos deixar de lado o texto, que dá voz a uma geração, através
de frases e citações impactantes.
De Sonhos e Segredos (Minissérie)
ASSUNTO
Psicoterapia de grupo, arte e psicologia,
teatro e psicoterapia, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Minissérie
em 13 capítulos. O projeto de Osvaldo Montenegro criou enredos de vida para 6
personagens, buscou atores que interpretassem a cada um deles em sessões de
terapia para uma psicóloga real, Joana Amaral. “São três dimensões: a dos
personagens vivendo o que escrevi para eles, a da terapeuta reagindo àquilo no
padrão profissional, e a dos atores tentando
interpretar aquilo que é pedido” — conta Montenegro em entrevista ao Jornal O
Globo. Os personagens criados são: Mariana, que nasceu
Mariano; Paulo, (homem que se culpa pelo suicídio da esposa; Manuela, bailarina
que sofre com dores na coxa durante suas apresentações; Cláudio, artista
plástico que se sente inferior por necessitar de terapia; Lucia, que sempre
sofreu com a educação rígida recebida do pai e tem grande trauma ao vê-lo
beijando outro homem; e Julia, uma socióloga frustrada por descobrir que
seu namorado peruano místico é uma farsa. Os pacientes não conhecem a
vida nem os dramas uns dos outros. A cada novo episódio, o diretor explica ao
elenco o que acontecerá durante a sessão, e os atores precisam colocar em
prática a arte do improviso.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Osvaldo Montenegro fez uma homenagem aos profissionais envolvidos, ao
realizar um “casamento” entre o teatro e a psicologia. Não há como não se
encantar com o resultado da experiência. A interpretação de alguns atores torna
o drama do personagem quase real, e porque não dizer, verdadeiro. O diretor salientou:
atores tentando interpretar aquilo que é
pedido. A arte da interpretação tem contorno flexível do diretor, não é
limitada. Não é diferente do lugar do Terapeuta, que oferece contorno, ou
suporte, para o desabrochar do cliente. O ofício da dramatização envolve um
pouco da experiência pessoal com a história do personagem, um exercício de empatia
muito parecido com aquele do terapeuta com o cliente. Um aspecto encantador da
proposta é a mistura que faz da arte da interpretação com a perspectiva
terapêutica. Muitas vezes, a improvisação de uma cena é utilizada como
ferramenta terapêutica, uma possibilidade para o cliente ampliar sua visão de
mundo. Os atores aceitam a proposta, mas cada qual vive a experiência com sua singularidade. As questões apresentadas pelos pacientes são particulares e universais, tocam o espectador em seus desdobramentos. Impossível não se emocionar com cada revelação do drama pessoal, que poderá encontrar eco no espectador. A equipe do projeto, envolvendo atores, profissionais distintos, incluindo a psicóloga, e, também o público podem ser tocados pelo projeto do autor, que rompe barreiras e apresenta um resultado tocante, encantador, reflexivo e único.
quinta-feira, 6 de abril de 2017
Manchester à beira-mar
ASSUNTO
Perda, luto, relações
familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Lee Chandler é uma espécie
de faz-tudo do pequeno complexo de apartamento onde vive, no subúrbio de
Boston. Ele passa seus dias tirando neve das portas, consertando vazamentos e
fazendo o possível para ignorar a conversa de seus vizinhos. Em suas noites
vazias, Lee bebe cerveja no bar local e arruma confusão com qualquer um que lhe
lançar um olhar. Quando seu irmão mais velho morre, ele recebe a desagradável
surpresa de sua nomeação como tutor de seu sobrinho. De volta a sua cidade
natal, ele terá que lidar com memórias queridas e dolorosas.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O
filme é um retrato da realidade, razão pela qual, talvez, não tenha
agradado aos que se acostumaram com a “receita pronta” de felicidade, comumente exibida nas telonas. É desconcertante assistir ao comportamento
insensato no qual Lee, entre silêncios, repletos de expressões angustiantes e agressões
gratuitas, transita pela vida. O drama surpreende por sua narrativa realista e
de fácil identificação com as possíveis perdas em nosso cotidiano. O assunto é
conhecido, mas pouco explorado em uma vertente tão sincera, aflitiva, afetuosa
e até engraçada. Todos nós temos alguma dificuldade em lidar com diferentes momentos
de perda e luto, principalmente quando se trata de alguém afetivamente
conectado com nossa existência. Em algumas situações, a perda pode ser
devastadora. Comovente, sem ser apelativo, às vezes cômico, sem virar comédia, o
filme é uma injeção de vida, apesar de falar de morte. É isso mesmo, você corre
o sério risco de sair da sala de cinema mais revigorado. A simplicidade em que
trata de assuntos tão complexos, traz um diferencial para o longa, que não
deixa de provocar algumas reflexões.
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Auto-suporte,
luto,
Relações afetivas,
Relações familiares,
Relações sociais
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Estrelas além do tempo
ASSUNTO
Relações
sociais, familiares e afetivas, racismo, preconceito.
SINOPSE
1961. Em plena
Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida
espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma
profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também
na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte. É
lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia
Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua
competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que
consigam ascender na hierarquia da NASA.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Ser mulher nos anos 60
não era fácil, muito menos quando se for negra. O foco do longa está na trajetória
de 3 mulheres negras, que conseguiram conquistar um espaço profissional dentro
da NASA. Obviamente, precisaram lutar para isso. A segregação era explícita,
até os banheiros e locais de alimentação eram separados, independente do cargo
que ocupassem. Elas tiveram que enfrentar preconceitos sociais, raciais e de
gênero. O filme não as coloca no lugar de vítimas, pelo contrário, temos a
apresentação de verdadeiras heroínas, que precisaram suportar diversas pressões
para mostrar sua competência. O que nos faz refletir sobre quantos potenciais
gênios foram e ainda são perdidos por puro preconceito, das mais diferentes
formas. Ainda vemos pessoas competentes serem discriminadas, pouco ou nada
aproveitadas, e, quem perde é a humanidade. Acompanhar a luta dessas mulheres
durante uma época em que o preconceito racial era explícito nos remete ao
momento atual, como se tudo tivesse mudado o bastante. Não, não é o suficiente.
Qualquer diferença da massa é alvo de preconceito, estigmas, rótulos de todas
as espécies. Ainda é possível, por exemplo, encontrarmos dependência de
empregadas em imóveis das grandes metrópoles. O diagnóstico físico nos mostra o
quanto ainda estamos longe de permitir direitos iguais a todos os seres
humanos. A luta está longe de acabar, seja para negros, para mulheres, para
pobres, doentes mentais, homossexuais, etc.
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potencialidades,
preconceito.,
Relações familiares,
Relações sociais
terça-feira, 28 de março de 2017
Moonlight: sob a luz do luar
ASSUNTO
O Auto-suporte, abuso, dependência química, drogas, preconceito, homossexualidade, relações afetivas, sociais e familiares, violência.
SINOPSE
Três momentos da vida de
Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullying na
infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do
universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem. O
protagonista trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do
caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor
em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
O
filme poderia ter como título CHIRON EM BUSCA DE SI MESMO, pois retrata a trajetória
de Chiron na busca da própria identidade, diante de um contexto adverso, agressivo
e desestruturado. A jornada é universal e também particular, tendo em vista suas
peculiaridades. Ele é negro, pobre e ainda vive em uma família monogâmica e
disfuncional. Sim, a mãe não tem possibilidade de lhe oferecer suporte, sendo
dependente química, suas alterações abusivas contribuem para a infância
solitária do menino. Diante de um contexto tão insensível e adverso, Little (apelido de infância) sobrevive
como pode. Vítima de bullying, preconceito racial e homofóbico, seus conflitos
existenciais encontrarão algum suporte no afeto de Juan, o traficante, e sua namorada, pessoas que abrem espaço para sua autenticidade. A namorada contribui
para que o menino encontre uma brecha de suporte afetivo em meio ao conturbado
universo em que vive, enquanto Juan ocupa o vazio da figura paterna. Seu desenvolvimento encontra novos obstáculos, seja na
transição para a adolescência, ou para a vida adulta.
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Drogas,
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Relações familiares,
Relações sociais,
sexualidade,
violência
Beleza Oculta
ASSUNTO
Luto, relações sociais, familiares e afetivas.
SINOPSE
Após uma tragédia
pessoal, Howard (Will Smith) entra em depressão e passa a escrever cartas para
a Morte, o Tempo e o Amor - algo que preocupa seus amigos. Mas o que parece
impossível, se torna realidade quando essas três partes do universo decidem
responder. Morte (Helen Mirren), Tempo (Jacob Latimore) e Amor (Keira
Knightley) vão tentar ensinar o valor da vida para o protagonista.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Considerado
pela crítica como apelativo e superficial, o filme aborda temas existenciais de
forma rasa. No entanto, é possível encontrar uma perspectiva interessante,
quando percebemos não só o luto como tema, mas a morte como elemento
fundamental que liga os personagens. A perda de um filho pode ser devastadora
para qualquer ser humano, sem dúvida, a premissa da trama nos coloca em contato
com a dor de forma clara, sendo difícil não ser tocado pelo drama de Howard. Por
outro lado, o encontro com as personificações da morte, do tempo e do amor se
prestam metaforicamente ao processo de luto, que pode envolver reflexões a
respeito dos temas, mesmo que seja para discordar das abordagens apresentadas.
Não há dúvida que a maior riqueza do filme está em nos remeter para nossas
experiências particulares de perda. Aí, sim, cada espectador pode tirar
proveito da experiência, pois há uma oportunidade implícita de projeção e
atualização das próprias feridas. No mais, assistimos a prioridade dos interesses financeiros em detrimento do valor real da amizade, da dor do outro, da solidariedade. De fato, a escolha dos amigos e sócios beira a canalhice, ignora o plausível e a perspectiva afetiva do drama. Sim, a premissa inicial, repleta de potencial a ser desenvolvido, é esvaziada em seu desenvolvimento, tornando a trama confusa e fraca em argumentos.
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Relações familiares,
Relações sociais
FRAGMENTADO
ASSUNTO
Saúde mental,
transtorno dissociativo de identidade, abuso, relação terapêutica, relações
sociais.
SINOPSE
Kevin (James McAvoy)
possui 23 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente em seu
organismo apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três
adolescentes que encontra em um estacionamento. Vivendo em cativeiro, elas
passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e precisam encontrar algum
meio de escapar.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Transtorno dissociativo de
identidade (anteriormente conhecido como distúrbio de personalidade múltipla ou
transtorno de múltiplas personalidades) é uma condição psicológica
complexa que é provavelmente causada por muitos fatores, incluindo trauma grave
durante a primeira infância (abuso físico, sexual ou emocional geralmente
extremo, repetitivo). Diferente de SYBIL, um filme de 1976 que relata um caso
verídico de 17 personalidades, FRAGMENTADO mistura realidade e ficção, trazendo
um paciente mais complexo. Kevin é
acompanhado por terapeuta, que identificou 23 personalidades, até então. Na
trama, ele entra numa nova crise, dando pistas de uma 24ª personalidade, ainda desconhecida.
Sugerindo estar no comando, aos poucos ela irá controlar todas as outras
personalidades, provocando o sequestro das três adolescentes e outros
acontecimentos inesperados.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Lion, uma jornada para casa
ASSUNTO
Adoção,
superação, resiliência, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Quando tinha apenas
cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem
de Calcutá e enfrentou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser
adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25
anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adaptação
do livro de mesmo título, o filme conta a história real de Saroo, um dos tantos
outros meninos que se perdem todos os dias na Índia. Apesar de ter sido adotado
por uma família que o educou com amor, o passado dele o atormenta, impedindo-o
de viver plenamente as oportunidades do momento presente. A trajetória de Saroo
é a materialização de uma busca comum a todo ser humano. Afinal de contas,
nossas neuroses estão diretamente ligadas ao passado mal elaborado. Ao
acompanhar sua busca, fica impossível não entrar em contato com algo da própria
infância, portanto, é improvável não se emocionar. Podemos chamar de ‘busca de
nossas origens’ ou de ‘passar nosso passado a limpo’, mas em algum momento, nos
defrontamos com circunstâncias que nos remetem a uma situação inacabada da
infância. Revisitar nossa história não significa mudar o presente, ao
contrário, nos permite viver o presente em sua plenitude, sem amarras. Assim,
nosso protagonista segue buscando suas origens.
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
Meu nome é Ray (About Ray)
ASSUNTO
Relações afetivas, sociais e familiares, transexualidade, homossexualidade, crise existencial e segredos.
SINOPSE
Três gerações de mulheres de uma família que
vive sob um mesmo teto em Nova York precisam lidar com uma grande transformação
de uma delas que vai afetar a todas. Ray (Elle Fanning) é uma adolescente que decidiu mudar de sexo. Sua mãe
solteira, Maggie (Naomi Watts) precisa rastrear o pai biológico de Ray (Tate
Donovan) para obter seu consentimento legal para a mudança. Dolly (Susan Sarandon), avó lésbica de Ray, está com dificuldade em aceitar que
agora tem um neto. Cada um deles precisa confrontar sua própria identidade,
aprender a aceitar a mudança e sua força como família para finalmente encontrar
compreensão e harmonia.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Embora,
apresente e discuta a transexualidade, o foco maior é na crise existencial da
mãe de Ray. Sim, Mag está em crise. Não há porque desmerecer tal enfoque,
afinal, Ray se reconhece como menino em corpo de menina, não há crise de
identidade para ele. E, no final das contas, a família sempre terá dificuldade
para lidar com a situação. Certamente, para Mag é mais do que isso, ela tem seu
segredo em relação à paternidade de Ray e uma dificuldade tremenda em lidar com
as próprias responsabilidades de mulher, adulta e mãe, sem falar na dificuldade
imposta pelas necessidades de Ray. Aliás, o ponto de partida da trama está exatamente
nessas necessidades. Aos 16 anos, Ray precisa da autorização do pai para
realizar procedimentos médicos que favoreçam sua existência. As relações
familiares são colocadas em foco a partir de então. Três gerações se encontram
morando no mesmo espaço, a mãe homossexual e sua companheira, Mag e Ray. As
críticas não pouparam alfinetadas, por uma simples razão, o tom pastelão da
comédia tira a chance dos temas abordados serem apresentados com maior seriedade.
Ainda assim, temos uma perspectiva interessante quando olhamos a interpretação
de Elle Fanning, que em diferentes momentos dá espaço para os conflitos
possíveis da sua condição, seja quando esconde seu peito ou quando trabalha
incansavelmente para desenvolver sua versão feminina. Há clara indicação de sua
necessidade primordial de encontrar uma vida mais autêntica. Sua avó
homossexual não compreende as angústias da neta. Em seu universo, o desejo pelo
mesmo sexo pode ser resolvido apenas assumindo a homossexualidade, sem que seja
necessário trocar de sexo. Ela não percebe que para a neta (o), o maior
problema não é a orientação do seu desejo, mas viver em um corpo que não
reconhece como seu. Desde os 4 anos, ela percebe que aquele corpo não lhe
pertence, que não é livre para ser ele mesmo, enquanto habita um corpo que lhe
aprisiona.
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sexualidade
Jane procura um namorado
ASSUNTO
Síndrome do espectro autista, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Jane é uma jovem mulher cheia de sonhos, mas
alguns deles limitados pela complexa Síndrome de Asperger, uma condição rara
que afeta a capacidade do indivíduo de se socializar e de se comunicar de
maneira afetiva. Ela encontra apoio sobretudo em sua irmã, Bianca, que decidiu
ajudá-la com uma missão ousada: achar o par ideial para começar a namorar.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Ok,
é um filme clichê, uma comédia romântica, blá blá blá. Entretanto, falamos de uma
protagonista feminina com síndrome de Asperger. Só por isso já vale assistir.
Jane tem paixão pelos filmes antigos, exercita seu desejo de vivenciar romances, usa os filmes para treinar, afinal de contas, os portadores da síndrome têm dificuldade de reconhecer expressões e expressar emoções. O treinamento é necessário, quando o plano é entrar para o universo dos namoros. O filme não aprofunda a
questão diagnóstica, mas pincela algumas dificuldades comuns aos portadores da
síndrome. Ela quer ser reconhecida em sua fase adulta, como pessoa capaz, quer namorar. O
filme não revela aptidões específicas de Jane, como costuma ocorrer nesses
casos. Sabemos apenas de seu talento como estilista, sem termos noção de algum
direcionamento específico de sua inteligência. Asperger é uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades
significativas na interação social e comunicação não-verbal,
além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. Difere de
outros transtornos do espectro autista pelo desenvolvimento típico da linguagem
e cognição. Embora não seja fundamental para o diagnóstico, ser fisicamente
desajeitado e ter uma linguagem atípica ou excêntrica são características
frequentemente citadas pelas pessoas com a síndrome. Em geral, os Aspergers têm
inteligência notável, o que não podemos constatar em Jane. Embora, algumas passagens mostrem seu interesse por leitura de temas, como astrologia, por exemplo.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Sete minutos depois da meia-noite
ASSUNTO
Câncer,
processo de luto, imaginação, relações familiares, afetivas e sociais. Conceitos gestálticos: polaridades e ajustamento criativo.
SINOPSE
Conor
é um garoto de 13 anos de idade, com muitos problemas na vida. Seu pai é muito
ausente, a mãe sofre um câncer em fase terminal, a avó lhe parece megera, e ele
é maltratado na escola pelos colegas. No entanto, todas as noites Conor tem o
mesmo sonho, com uma gigantesca árvore que decide contar histórias para ele, em
troca de escutar as histórias do garoto. Embora as conversas com a árvore
tenham consequências negativas na vida real, elas ajudam Conor a escapar das
dificuldades através do mundo da fantasia. Ele refugia-se num mundo imaginário
digno de conto de fadas, onde vive sentimentos de coragem, de medo, de
compaixão, de fé e de perda.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Lidar com o processo de luto de um ente querido é sempre difícil.
Quando falamos de uma criança em fase de transformação tudo fica mais
complicado ainda. Conor é "velho
demais para ser criança e muito novo para ser um homem", ainda assim, precisa lidar
da melhor forma possível com a situação. Baseado no livro “O chamado do monstro”, a trama acompanha o
processo e as alternativas criativas para lidar com seus conflitos internos e
externos. Na costura das relações consigo e com o mundo, ele encontra na solidez
de uma árvore, a monstruosidade necessária para enfrentar a circunstância, que
já é bem assustadora. Tal qual um processo terapêutico, acompanhamos a procura de
sentido para tudo aquilo, através da busca de integração das polaridades em seu
contexto. O filme apresenta o processo de luto, sem desconsiderar as fases necessárias, quais sejam: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
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Relações sociais
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Cercas/ Um limite entre nós
ASSUNTO
Racismo,
relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial e social.
SINOPSE
Baseado na aclamada e premiada peça teatral
homônima, um jogador de beisebol frustrado (Denzel Washington), que sonhava em
se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor
de lixo para sobreviver. Troy terá de navegar pelas complicadas águas de seu
relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
A
primeira palavra que me veio à mente foi ‘amargura’, e, no desdobrar da trama, ‘poesia’.
Como é que duas palavras assim tão antagônicas podem preencher o enredo? Só
assistindo para compreender. Troy é complexo, uma pessoa frustrada, ferida,
amarga. Acompanhamos sua forma “engessada” de viver, e, sua dificuldade de
lidar com o mundo e consigo mesmo. Ele é produto de uma história dura,
transborda discursos intermináveis, sobrevive em uma armadura de valores
rígidos, que muitas vezes o impede de entrar em contato com as emoções. O
título do filme é uma metáfora. O limite das CERCAS é uma questão de honra, é
obrigação, proteção e prisão. Os “deveres” contornam seu discurso,
principalmente quando se refere à educação que impõe aos filhos. Não, ele não é
de ferro, nem consegue sobreviver segundo seus próprios princípios. As relações
familiares são ora poéticas ora extremamente rígidas. O amor está no ar, de uma
forma difícil de capturar. Dos vários
irmãos dele, sobrou o contato com Gabriel, um sobrevivente com sequelas da
guerra. Gabe pode ser problema, mas também solução. Com a amorosa esposa, Troy
consegue ser agradável, ela que lhe dá suporte, ao mesmo tempo em que contém
seus excessos. O amigo Bono é parceiro de jornada, bom ouvinte, respeitado e
querido. Como muitos pais, não há lugar para o desejo dos filhos, sua
receita de vida basta para impor suas crenças e valores. Ao relatar sua
infância, Troy revela sua dor, a ausência de afeto, a imposição de obrigações
com a família. Ele não aprendeu a amar, sua trajetória lhe deixou cicatrizes,
que não quer deixar para o filho caçula. Entretanto, suas escolhas não foram as
melhores. Preso a própria experiência, Troy não admite outras possibilidades. Impedimentos fazem parte da sua cerca, não lhe é permitido ouvir, ver,
sentir novas perspectivas para os seus. “Cercas” é um filme sobre relações familiares, sobre
nossa relação com a família de origem, sua influência em nossa família e vida
atual.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Lalaland – Cantando estações
ASSUNTO
Relações sociais e afetivas, realização profissional,
relação eu-mundo, passado-presente, razão-emoção, conceitos Gestálticos: totalidade, contato, estética, "boa forma", processo criativo.
SINOPSE
Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz
Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois
se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na
competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo
enquanto perseguem fama e sucesso.
TRAILER
O OLHAR
DA PSICOLOGIA
Aclamado pela crítica, o longa encanta pelo conjunto da obra. O musical
traz o ‘colorido da vida’ ligado pela ponte da cena inicial, ligação que pode
ser o lugar da busca pelo sonho, o lugar da vida, o lugar do encontro, o lugar
da existência . Temos uma bela metáfora, ligando passado e futuro (presente,
caminho, momento), realidade e sonhos, razão e emoção, dentro e fora, eu-mundo,
etc. Será que existe mesmo uma ponte que une/separa ou tudo é uma coisa só, uma
totalidade? Lalaland toca o coração do espectador, contando uma estória
simples, que resume muito bem o roteiro da vida de qualquer um. Como buscar a
realização profissional e o amor, como escolher, como seguir ou não as receitas
de felicidade? Oscilamos o tempo todo entre nossas necessidades e as
necessidades do mundo que nos cerca, somos parte e todo, e, é nesta relação, nesta
dança, neste lugar de ir e vir que vivemos e nos desenvolvemos. A ponte,
lugar de ligação e de paralisação do trânsito, é também lugar de dança, música e movimento.
Um recorte excepcional para expressar o processo da existência. Este é apenas o
ponto de partida, ou uma perspectiva inicial, para falarmos de Lalaland, que
canta e encanta em sua evolução, tocando o público de forma sutil, evidenciando
o lugar de encontro como tempo-espaço de ganhos e perdas, o lugar de escolhas. Não se trata de um
simples musical, e, sim, de uma forma poética de expressar resumidamente a
vida. Acompanhamos encontros e desencontros dos protagonistas em busca de seu lugar no mundo. O processo de conhecer a si mesmo e ao outro, descobrir-se,
descortinar-se a cada encontro, faz de Lalaland uma obra excepcional. Não
falamos apenas de estética cinematográfica, que inclui cores e sons para
englobar sua beleza, falamos da estética da vida, que supera os requisitos
exigidos pela academia da sétima arte, pois prioriza o fluir como condição necessária para
a busca da “boa forma”.
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