Pedofilia, relações afetivas, sociais, familiares e relação terapêutica.
SINOPSE
Após 12 anos na prisão, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num apartamento em frente a uma escola de ensino básico, cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho. Ele, porém, não pode escapar do seu passado e quando os colegas de trabalho descobrem seu crime, o clima amigável desaparece.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Confesso minha resistência em assistir ao filme. Pedofilia é um tema difícil, que provoca sentimentos conflitantes, dificultando a necessária neutralidade no processo terapêutico. Recordo que na época de seu lançamento, o longa foi recomendado por uma professora querida, que sinalizava a respeito da consciência que o terapeuta deve ter sobre os próprios limites. Existem situações nas quais o profissional pode ficar impossibilitado de manter a postura de imparcialidade, do não julgamento, a pedofilia pode ser uma delas. Como atender com imparcialidade um cliente, que em um momento de descontrole, é capaz de molestar uma criança indefesa? Como lidar com tal situação de forma imparcial? Certamente, o filme nos dá pistas sobre o outro lado da situação. Não há como não repensar nosso impulso de considerar o pedófilo como monstro, após assistir ao drama. Nós somos convidados a acompanhar os dias de Walter, após 12 anos de detenção. Aos poucos, somos apresentados ao seu drama, e seus conflitos cotidianos diante da necessidade de se reinserir na sociedade e seus conflitos internos, frente à possibilidade de se descontrolar novamente.