Atendendo em consultório particular em Copacabana e na Ilha do Governador, reflito sobre a influência dos filmes em minha trajetória, que foi atravessada pelo cinema em diversas fases. Ferramenta de auxílio para a compreensão de diversos conceitos, os filmes não só informam, mas são capazes de nos tocar, favorecendo assim, novas formas de lidar com nossas questões e conflitos.
Compartilho, então, alguns desses filmes.
Adoção,
superação, resiliência, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Quando tinha apenas
cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem
de Calcutá e enfrentou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser
adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25
anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Adaptação
do livro de mesmo título, o filme conta a história real de Saroo, um dos tantos
outros meninos que se perdem todos os dias na Índia. Apesar de ter sido adotado
por uma família que o educou com amor, o passado dele o atormenta, impedindo-o
de viver plenamente as oportunidades do momento presente. A trajetória de Saroo
é a materialização de uma busca comum a todo ser humano. Afinal de contas,
nossas neuroses estão diretamente ligadas ao passado mal elaborado. Ao
acompanhar sua busca, fica impossível não entrar em contato com algo da própria
infância, portanto, é improvável não se emocionar. Podemos chamar de ‘busca de
nossas origens’ ou de ‘passar nosso passado a limpo’, mas em algum momento, nos
defrontamos com circunstâncias que nos remetem a uma situação inacabada da
infância. Revisitar nossa história não significa mudar o presente, ao
contrário, nos permite viver o presente em sua plenitude, sem amarras. Assim,
nosso protagonista segue buscando suas origens.
Relações afetivas, sociais e familiares, transexualidade, homossexualidade, crise existencial e segredos.
SINOPSE
Três gerações de mulheres de uma família que
vive sob um mesmo teto em Nova York precisam lidar com uma grande transformação
de uma delas que vai afetar a todas. Ray (Elle Fanning) é uma adolescente que decidiu mudar de sexo. Sua mãe
solteira, Maggie (Naomi Watts) precisa rastrear o pai biológico de Ray (Tate
Donovan) para obter seu consentimento legal para a mudança. Dolly (Susan Sarandon), avó lésbica de Ray, está com dificuldade em aceitar que
agora tem um neto. Cada um deles precisa confrontar sua própria identidade,
aprender a aceitar a mudança e sua força como família para finalmente encontrar
compreensão e harmonia.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Embora,
apresente e discuta a transexualidade, o foco maior é na crise existencial da
mãe de Ray. Sim, Mag está em crise. Não há porque desmerecer tal enfoque,
afinal, Ray se reconhece como menino em corpo de menina, não há crise de
identidade para ele. E, no final das contas, a família sempre terá dificuldade
para lidar com a situação. Certamente, para Mag é mais do que isso, ela tem seu
segredo em relação à paternidade de Ray e uma dificuldade tremenda em lidar com
as próprias responsabilidades de mulher, adulta e mãe, sem falar na dificuldade
imposta pelas necessidades de Ray. Aliás, o ponto de partida da trama está exatamente
nessas necessidades. Aos 16 anos, Ray precisa da autorização do pai para
realizar procedimentos médicos que favoreçam sua existência. As relações
familiares são colocadas em foco a partir de então. Três gerações se encontram
morando no mesmo espaço, a mãe homossexual e sua companheira, Mag e Ray. As
críticas não pouparam alfinetadas, por uma simples razão, o tom pastelão da
comédia tira a chance dos temas abordados serem apresentados com maior seriedade.
Ainda assim, temos uma perspectiva interessante quando olhamos a interpretação
de Elle Fanning, que em diferentes momentos dá espaço para os conflitos
possíveis da sua condição, seja quando esconde seu peito ou quando trabalha
incansavelmente para desenvolver sua versão feminina. Há clara indicação de sua
necessidade primordial de encontrar uma vida mais autêntica. Sua avó
homossexual não compreende as angústias da neta. Em seu universo, o desejo pelo
mesmo sexo pode ser resolvido apenas assumindo a homossexualidade, sem que seja
necessário trocar de sexo. Ela não percebe que para a neta (o), o maior
problema não é a orientação do seu desejo, mas viver em um corpo que não
reconhece como seu. Desde os 4 anos, ela percebe que aquele corpo não lhe
pertence, que não é livre para ser ele mesmo, enquanto habita um corpo que lhe
aprisiona.
Síndrome do espectro autista, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Jane é uma jovem mulher cheia de sonhos, mas
alguns deles limitados pela complexa Síndrome de Asperger, uma condição rara
que afeta a capacidade do indivíduo de se socializar e de se comunicar de
maneira afetiva. Ela encontra apoio sobretudo em sua irmã, Bianca, que decidiu
ajudá-la com uma missão ousada: achar o par ideial para começar a namorar.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Ok,
é um filme clichê, uma comédia romântica, blá blá blá. Entretanto, falamos de uma
protagonista feminina com síndrome de Asperger. Só por isso já vale assistir.
Jane tem paixão pelos filmes antigos, exercita seu desejo de vivenciar romances, usa os filmes para treinar, afinal de contas, os portadores da síndrome têm dificuldade de reconhecer expressões e expressar emoções. O treinamento é necessário, quando o plano é entrar para o universo dos namoros. O filme não aprofunda a
questão diagnóstica, mas pincela algumas dificuldades comuns aos portadores da
síndrome. Ela quer ser reconhecida em sua fase adulta, como pessoa capaz, quer namorar. O
filme não revela aptidões específicas de Jane, como costuma ocorrer nesses
casos. Sabemos apenas de seu talento como estilista, sem termos noção de algum
direcionamento específico de sua inteligência. Asperger é uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades
significativas na interação social e comunicação não-verbal,
além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. Difere de
outros transtornos do espectro autista pelo desenvolvimento típico da linguagem
e cognição. Embora não seja fundamental para o diagnóstico, ser fisicamente
desajeitado e ter uma linguagem atípica ou excêntrica são características
frequentemente citadas pelas pessoas com a síndrome. Em geral, os Aspergers têm
inteligência notável, o que não podemos constatar em Jane. Embora, algumas passagens mostrem seu interesse por leitura de temas, como astrologia, por exemplo.
Câncer,
processo de luto, imaginação, relações familiares, afetivas e sociais. Conceitos gestálticos: polaridades e ajustamento criativo.
SINOPSE
Conor
é um garoto de 13 anos de idade, com muitos problemas na vida. Seu pai é muito
ausente, a mãe sofre um câncer em fase terminal, a avó lhe parece megera, e ele
é maltratado na escola pelos colegas. No entanto, todas as noites Conor tem o
mesmo sonho, com uma gigantesca árvore que decide contar histórias para ele, em
troca de escutar as histórias do garoto. Embora as conversas com a árvore
tenham consequências negativas na vida real, elas ajudam Conor a escapar das
dificuldades através do mundo da fantasia. Ele refugia-se num mundo imaginário
digno de conto de fadas, onde vive sentimentos de coragem, de medo, de
compaixão, de fé e de perda.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Lidar com o processo de luto de um ente querido é sempre difícil.
Quando falamos de uma criança em fase de transformação tudo fica mais
complicado ainda. Conor é"velho
demais para ser criança e muito novo para ser um homem", ainda assim, precisa lidar
da melhor forma possível com a situação. Baseado no livro“O chamado do monstro”, a trama acompanha o
processo e as alternativas criativas para lidar com seus conflitos internos e
externos. Na costura das relações consigo e com o mundo, ele encontra na solidez
de uma árvore, a monstruosidade necessária para enfrentar a circunstância, que
já é bem assustadora. Tal qual um processo terapêutico, acompanhamos a procura de
sentido para tudo aquilo, através da busca de integração das polaridades em seu
contexto. O filme apresenta o processo de luto, sem desconsiderar as fases necessárias, quais sejam: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Racismo,
relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial e social.
SINOPSE
Baseado na aclamada e premiada peça teatral
homônima, um jogador de beisebol frustrado (Denzel Washington), que sonhava em
se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor
de lixo para sobreviver. Troy terá de navegar pelas complicadas águas de seu
relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
A
primeira palavra que me veio à mente foi ‘amargura’, e, no desdobrar da trama, ‘poesia’.
Como é que duas palavras assim tão antagônicas podem preencher o enredo? Só
assistindo para compreender. Troy é complexo, uma pessoa frustrada, ferida,
amarga. Acompanhamos sua forma “engessada” de viver, e, sua dificuldade de
lidar com o mundo e consigo mesmo. Ele é produto de uma história dura,
transborda discursos intermináveis, sobrevive em uma armadura de valores
rígidos, que muitas vezes o impede de entrar em contato com as emoções. O
título do filme é uma metáfora. O limite das CERCAS é uma questão de honra, é
obrigação, proteção e prisão. Os “deveres” contornam seu discurso,
principalmente quando se refere à educação que impõe aos filhos. Não, ele não é
de ferro, nem consegue sobreviver segundo seus próprios princípios. As relações
familiares são ora poéticas ora extremamente rígidas. O amor está no ar, de uma
forma difícil de capturar. Dos vários
irmãos dele, sobrou o contato com Gabriel, um sobrevivente com sequelas da
guerra. Gabe pode ser problema, mas também solução. Com a amorosa esposa, Troy
consegue ser agradável, ela que lhe dá suporte, ao mesmo tempo em que contém
seus excessos. O amigo Bono é parceiro de jornada, bom ouvinte, respeitado e
querido. Como muitos pais, não há lugar para o desejo dos filhos, sua
receita de vida basta para impor suas crenças e valores. Ao relatar sua
infância, Troy revela sua dor, a ausência de afeto, a imposição de obrigações
com a família. Ele não aprendeu a amar, sua trajetória lhe deixou cicatrizes,
que não quer deixar para o filho caçula. Entretanto, suas escolhas não foram as
melhores. Preso a própria experiência, Troy não admite outras possibilidades. Impedimentos fazem parte da sua cerca, não lhe é permitido ouvir, ver,
sentir novas perspectivas para os seus. “Cercas” é um filme sobre relações familiares, sobre
nossa relação com a família de origem, sua influência em nossa família e vida
atual.
Relações sociais e afetivas, realização profissional,
relação eu-mundo, passado-presente, razão-emoção, conceitos Gestálticos: totalidade, contato, estética, "boa forma", processo criativo.
SINOPSE
Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz
Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois
se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na
competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo
enquanto perseguem fama e sucesso.
TRAILER
O OLHAR
DA PSICOLOGIA
Aclamado pela crítica, o longa encanta pelo conjunto da obra. O musical
traz o ‘colorido da vida’ ligado pela ponte da cena inicial, ligação que pode
ser o lugar da busca pelo sonho, o lugar da vida, o lugar do encontro, o lugar
da existência . Temos uma bela metáfora, ligando passado e futuro (presente,
caminho, momento), realidade e sonhos, razão e emoção, dentro e fora, eu-mundo,
etc. Será que existe mesmo uma ponte que une/separa ou tudo é uma coisa só, uma
totalidade? Lalaland toca o coração do espectador, contando uma estória
simples, que resume muito bem o roteiro da vida de qualquer um. Como buscar a
realização profissional e o amor, como escolher, como seguir ou não as receitas
de felicidade? Oscilamos o tempo todo entre nossas necessidades e as
necessidades do mundo que nos cerca, somos parte e todo, e, é nesta relação, nesta
dança, neste lugar de ir e vir que vivemos e nos desenvolvemos. A ponte,
lugar de ligação e de paralisação do trânsito, é também lugar de dança, música e movimento.
Um recorte excepcional para expressar o processo da existência. Este é apenas o
ponto de partida, ou uma perspectiva inicial, para falarmos de Lalaland, que
canta e encanta em sua evolução, tocando o público de forma sutil, evidenciando
o lugar de encontro como tempo-espaço de ganhos e perdas, o lugar de escolhas. Não se trata de um
simples musical, e, sim, de uma forma poética de expressar resumidamente a
vida. Acompanhamos encontros e desencontros dos protagonistas em busca de seu lugar no mundo. O processo de conhecer a si mesmo e ao outro, descobrir-se,
descortinar-se a cada encontro, faz de Lalaland uma obra excepcional. Não
falamos apenas de estética cinematográfica, que inclui cores e sons para
englobar sua beleza, falamos da estética da vida, que supera os requisitos
exigidos pela academia da sétima arte, pois prioriza o fluir como condição necessária para
a busca da “boa forma”.
Relações afetivas, relação terapêutica, traição, casal e família, crise conjugal.
SINOPSE
Malka
Stein (Zezé Polessa) é uma renomada psicóloga e terapeuta especializada em
realizar terapias de casal e guiar casamentos para um lugar melhor. No entanto,
após trinta anos do seu próprio casamento e com a chegada de um novo casal ao
seu consultório, Malka começa a perceber que ela mesma pode estar precisando de
uma terapia de casal.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Estréia prevista para 8 de dezembro. Uma comédia leve e encantadora sobre a busca de terapia durante a crise conjugal. Confesso que me surpreendi, positivamente. Para terapeutas e casais, não há como não se identificar com uma ou outra passagem. Podemos chamar de clichê ou óbvio, mas não há como fugir disso, quando tentamos falar de crise conjugal. Afinal de contas, todos temos facilidade de reconhecer o óbvio na atitude dos outros, já em nós mesmos não é tão fácil assim. O filme é divertido, leve e provocante. Temos a crise como tema que costura a trama, não só com o casal que busca terapia, mas também com a própria terapeuta e mais dois casais que são entrevistados durante sua evolução. A forma de cada um lidar com os conflitos da relação é particular, entretanto, não é incomum encontrar reações semelhantes, como se fossem construídas socialmente. As diferentes perspectivas, do terapeuta e dos clientes, se desenrolam na tela de forma graciosa e bem humorada, sem deixar de apontar diferentes realidades. Uma obra de ficção não tem compromisso de retratar fatos, seja do processo terapêutico, do tempo de sessão, da forma de contrato, ou, do tipo de intervenção indicada, sensata ou ética. Sendo assim, foi surpreendente como o filme conseguiu extrair risos frouxos do público, principalmente, pela sutileza e obviedade que com a qual conseguiram se aproximar da realidade dos fatos. Críticas sutis e temas necessários, como traição, sexualidade, conflitos de casal, conflitos existenciais, fronteira individual de casal, e, até do terapeuta, se entrelaçam na tela, proporcionando momentos de diversão, descontração e reflexão. Sim, difícil sair de lá sem ter o que debater, seja como profissional terapeuta ou como parte de uma relação conjugal. Com tempo curto de projeção e sem precisar se aprofundar em cada tema, a comédia pode ser um programa pra lá de agradável, podendo render ricos debates.
Amizade, relações afetivas, sociais e familiares, autoestima, amor. SINOPSE
Filme espanhol, escrito e dirigido por Leticia Dolera, a qual também atua
como personagem central do longa, Maria de las Montañas.Maria
tem 30 anos, é uma pessoa peculiar e tem um objetivo: se tornar uma pessoa
normal. Mas antes de tudo ela deve descobrir o que é exatamente isso. Que tipo
de pessoa que ela é? Ela é uma pessoa normal? O que exatamente isso significa?
Essa questão é mais profunda em sua mente. Depois que ela lista todos os
requisitos, ela se propõe alcançá-los. Nesse percurso ela vai encontrar a ajuda
de seu irmão, Alex, um rapaz de 25 anos com problemas mentais e que atinge
todas as necessidades da lista. Ela conhece Borja, um garoto obcecado com dietas
e perder peso. Eles vão fazer um pacto curioso: ela o ajuda a viver uma vida
ativa e saudável, e ele a ajuda a encontrar seu objetivo: se tornar uma pessoa
normal.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Conquistando o prêmio de fotografia do
Festival de Málaga do cinema espanhol, o filme supera as expectativas, se
revelando uma comédia encantadora e charmosa, que não deixa de apontar alguns
temas para reflexão. Sucintamente falando, REQUISITOS PARA SER UMA PESSOA
NORMAL conta a estória de duas pessoas deslocadas, que não se encaixando nos
padrões, tentam encontrar seu lugar. Durante uma entrevista de emprego, Maria
percebe que não atende aos requisitos de normalidade, de uma lista que ela
mesma criou, a saber; ter emprego, casa, namorado, vida social, vida familiar,
hobbies e ser feliz. Na busca por atender tais requisitos, ela encontra Borja,
um gordinho fofo, que tem buscado emagrecer sem sucesso. Eles combinam de
ajudar um ao outro, tornando hilárias as situações entre ambos. Alex, o irmão de
Maria é seu oposto, portador de síndrome de Down, desde cedo assumiu ser gay,
tem um emprego e não tem a menor pretensão de ser “normal”. Afinal, o que é ser
normal?
Adversidade, redenção, educação, inclusão,
exclusão, respeito às diferenças, respeito aos idosos, obstinação, perseverança,
amizade, preconceito, relações sociais e
afetivas.
SINOPSE
“The First Grader”, 2010, foi
lançado no Brasil em 2014 com o título “Uma lição de vida”, encontrado no
netflix como O ALUNO. Conta a história de Kimani Maruge, pessoa reconhecida
pelo Guiness book, o livro dos recordes, como o homem mais velho a ingressar
numa escola primária em todo o mundo. O filme inicia num vilarejo do Quênia, quando Maruge
(Oliver Litondo) ouve no rádio o anúncio da educação gratuita para todos. Não
tendo tido oportunidade de estudar no passado, o senhor de 84 anos – um
veterano da tribo Mau Mau que lutou para libertar o Quênia dos ingleses –
bate à porta da escola primária e espera uma chance de poder aprender a
ler. Rejeitado de início, ele não desiste: já de uniforme escolar e uma pequena
bolsa a tiracolo, volta a pedir por uma vaga e insiste até ser aceito pela
professora Jane (Naomie Harris). Em meio a lembranças do doloroso passado, o
ancião tem de enfrentar a revolta e as ameaças das autoridades, dos moradores
da região e dos pais dos alunos, inconformados por um idoso ter sido aceito em
uma classe de crianças de seis anos de idade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é inspirador, particularmente para os
que desanimam diante dos obstáculos, é emocionante, sem precisar apelar para o
sentimentalismo, é histórico, pois conta parte da história que pertence a toda
humanidade, e, é também provocador, pois nos faz refletir sobre diferentes
temas. A experiência de vida de Maruge o motivou a buscar educação. Ele percebeu
a importância das letras ao receber documento enviado pelo governo e se ver
incapaz de compreender. Diante de si havia uma mensagem importante, como tantas
outras, ele precisava aprender, para decodificar não apenas aquela carta, mas
tudo o que o mundo lhe oferecia na forma de letras e números. Quando jovem, ele
lutara junto a um grupo extremista pela independência do país. Por conta disso,
fora preso e torturado antes de cair na miséria e no esquecimento. Ouvir que o
Governo oferecia educação “para todos” não seria suficiente. Maruge teve de
enfrentar a falta de vontade de autoridades locais, a desconfiança dos vizinhos
e a rixa tribal que ainda afligia o país. Foi preciso muita perseverança para
atingir seu objetivo, o que contaminou a professora Jane. Ambos são personagens
fortes, reais, que colocam a perseverança como base para se operar mudanças e
apontam a educação como a ferramenta principal para isso.
Universo virtual, conflitos sociais, familiares e afetivos, ansiedade, pânico, qualidade de vida, mídias sociais, crise existencial.
SINOPSE
Pía ( Paz Bascuñán ) está à
beira de um colapso nervoso: Seu chefe a humilha, seu marido a ignora, seu
enteado não a respeita, e seu melhor amigo não a ouve. Pía tem uma forte dor no
peito e depois de tentar de tudo para curar ela decide se submeter a um tratamento
de acupuntura. O médico chinês descobre que a dor de Pía é causada por
sentimentos reprimidos e com uma técnica antiga que ele tira o filtro. A partir
de agora, Pía não vai filtrar e perceber que a única maneira de curar é para
dizer tudo o que ela pensa ... que não vai trazer bons resultados.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
A
psicologia trabalha com o óbvio. Sim, aquilo que está bem na frente do nosso
nariz, e que, por conta do nosso envolvimento emocional, não conseguimos
enxergar. A comédia brinca com nosso cotidiano: as questões contemporâneas que
nos assombram. SEM FILTRO é uma comédia irreverente que nos confronta com o ônus
e bônus trazidos pelos avanços tecnológicos. Exite algo mais terapêutico do que a oportunidade de decortinar nosso ser? Quando o filme favorce a identificação do público, pode ser questionador, portanto, terapêutico. Não falamos apenas das questões trazidas pela virtualidade
de cada dia, pois o filme chileno também nos coloca na tela, quando inclui questões cotidianas
comuns, como: os problemas de trânsito, de comportamento das operadoras de telemarketing, do funcionário “padrão”, da geração de adolescentes "sem noção", da impessoalidade nas relações e das celebridades midiáticas. Tudo, sem esquecer da sedução de uma vida "perfeita", idealizada, consumida e fácil de ser aceita como objetivo. Acomodar-se ao que é confortável, nos parece sinônimo de felicidade. Para quem não se satisfaz com a realização do sonho existe medicação. Estamos no século XXI! Tudo que
está “bombando” na internet se torna prioridade. O público se vê em cada
conflito enfrentado por Pia, uma publicitária bem sucedida, que é responsável
pelo marketing digital de uma agência. Seu trabalho sofre mudanças radicais, na
tentativa de “acompanhar” os avanços da era digital. Como se não bastasse o
ambiente profissional, que a elege a categoria de “ultrapassada”, Pia enfrenta diferentes
problemas familiares e pessoais, que a levam a crises de ansiedade contínuas.
Adolescência, Fobia social, Terapia de grupo, relações sociais, familiares, sexualidade.
SINOPSE
El
Club De Los Incomprendidos é
baseado em uma novela chamada “Buenos dias princesa”. Valeria
(Charlotte Vega) é uma jovem que acaba de se mudar para Madrid após a separação
de seus pais. Ela acredita que isso
é mais uma forma de “sequestro” do que de mudança, isso porque ficará longe de
todos os seus amigos. Em sua nova escola, ela é forçada a participar
de umas reuniões com o conselheiro, juntamente a outros companheiros de sala. O
que à primeira vista parecia um mau começo para a sua nova existência, acaba
tornando-se o início de uma incrível experiência de vida. Novas amizades,
uma cidade cheia de possibilidades, o primeiro amor... intensas experiências
que mudarão para sempre as vidas deste novo grupo de amigos. A amizade entre eles flui de maneira tão
forte que acabam dando o nome do grupo de “los incomprendidos”. Assim, toda a
rotina deles muda completamente e começam a fazer tudo juntos. Mas a confusão
começa quando os integrantes do grupo começam a gostar um do outro de uma forma
ainda maior que amizade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Valéria
anuncia o tema do filme, afirmando: “A adolescência é a época em que você percebe
qual será realmente a vida que seus pais projetaram pra você… A
pior de todas as mentiras é a própria adolescência, tiram todas as vantagens da
infância e não dão nenhuma dos adultos.” Sim, o filme espanhol de 2014 aborda a vida turbulenta
de adolescentes problemáticos, que vivenciam diferentes questões, desde
conflitos familiares até transtornos psicológicos. Em alguns momentos, a trama
se torna clichê, o que não prejudica o conjunto da obra. Os 6
adolescentes são convidados pela escola a participar do grupo terapêutico, cada qual por uma razão particular. Durante o processo, eles se consideram incompreendidos, por isso fundam
o clube. Eles aprendem no grupo terapêutico
a valorizar a amizade. Aliás, interessante notar que o grupo cria um movimento
próprio, se desenvolvendo para além da terapia. É uma perspectiva verdadeira
de qualquer terapia de grupo, onde o psicoterapeuta oferece espaço para que o
grupo possa encontrar sua própria força no processo. Assim sendo, o foco
não é o terapeuta, ao contrário, a trama se desenvolve no progresso do grupo,
que encontra em si a força necessária para enfrentar conflitos e mudanças.
Perdas, morte,
relações sociais, afetivas e familiares, segredo, aceitação, autoconhecimento.
SINOPSE
Seph (Laura Carmichael) e Alex (Chloe Pirrie)
são duas garotas com seus vinte e poucos anos que acabaram de perder o seu
melhor amigo Dan (Jack Farthing). Ele era engraçado, charmoso e elas o amavam
como um irmão. Dan, em um flashback revela, era a vida e a alma
do partido.O que ele não
mencionou a suas amigas é que ele tinha câncer pancreático terminal.Em seu funeral, são entregues a Seph e
Alex um pendrive contendo o
testemunho filmado de seu último desejo - a ser espalhados em quatro locais em
todo o Reino Unido, todos especiais para ele. Agora, a única coisa que
elas possuem é um pedido: espalhar as cinzas de Dan pelos locais que fizeram
dele a pessoa que era.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Uma comédia dramática sobre a morte,
assunto difícil, e ainda traz de quebra uma jornada emocional de autoconhecimento
para as amigas do falecido. Mas, falar de morte nos remete a vida, aos dias que
passam rápido, ao agora, instante que se esvai enquanto nos preocupamos com
tempos idos ou nos pré-ocupamos com impossibilidades. Tudo acontece tendo a Grã
Bretanha como “fundo”, pois Dan escolhe lugares inesquecíveis para que as
amigas espalhem suas cinzas. O Road movie inicia no velório de Dan, situação
confusa, que mistura dor, decepção e tristeza. O luto das amigas irá se misturar com
o processo de autoconhecimento de ambas, sem perder de vista a perspectiva de
Dan, que também descobre algo sobre si mesmo antes do fim.
Terceira idade, processo de envelhescimento, relações sociais, potencialidades, relações familiares
SINOPSE
Dirigido por Gabriel Martinez e com argumento de Ruggero Fiandanese, o longa metragem Envelhescência relata a história de seis pessoas que vivem a vida de maneira plena e nos mostram, através de suas próprias experiências, que os costumes e a rotina após os 60 anos podem ser repletos de atividades e bom humor. Intercalado com comentários de especialistas (Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg e Mário Sergio Cortella) o filme sugere uma nova perspectiva sobre o significado do envelhecimento em nossas vidas. Seis pessoas, todas com mais de 60 anos e idade, vivem de maneira plena a sua velhice. Ainda que com limitações físicas e adaptações à sua rotina, os idosos comprovam que os prazeres da vida não se esgotam, mas sim, se renovam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
A quem pode incomodar ver uma senhora idosa que escolhe tatuagens por todo corpo? Talvez, às pessoas que estão presas a uma imagem congelada sobre o envelhecimento. Ainda há os que espera encontrar as vovós sentadas na cadeira de balanço fazendo croché, esperando a casa encher com os netos, etc. Entretanto, as idosas e os idosos do século XXI estão diferentes, em maior número e realizando diferentes atividades. Envelhecer não mais é sinônimo de esperar a vida acabar, muito pelo contrário, é tempo de se permitir viver, escolher novas formas sem se preocupar em agradar aos outros. A liberdade da terceira idade é exaltada no documentário, que apresenta um olhar atual sobre a vida. Apesar ou por razão dos limites já imposto pelo desgaste físico, a maturidade é também o momento de liberdade, de inaugurar outras formas de vivenciar o agora em sua plenitude, é hora de realizar, o tempo é já! Como dito por Miriam Goldenberg, há beleza na velhice e precisamos prestar atenção!! Os seis personagens entrevistados no documentário dão uma lição de vida, não só para os envelhescentes, para para qualquer ser humano que pretenda escolher viver, e, quem sabe ter o provilégio de chegar lá. Envelhecer com honestidade é olhar para o possível e não usar a velhice como desculpa para desistir da vida. Cada qual com suas experiências e escolhas, os entrevistados mostram diferentes formas de usufluir a plenitude da vida. Portanto, uma aula de vida para aqueles que não se permitem viver o próprio potencial, falamos também de jovens e adultos que ainda não chegaram lá, mas se acomodaram. É lindo assistir personagens reais que estão mudando esteriótipos encontrando novas perspectivas. Eles mostram que as limitações impostas historicamente são irreais, pois tudo é possível, nunca é tarde para mudar, para escolher, para realizar, para viver! Quebrando paradigmas, o documentário retrata novas possibilidades, enfatizando a aceitação da idade, não como um castigo, mas como um momento de liberdade, quando a experiência oferece suporte para novas e belas realizações. Vale muito conferir, recomendado para todas as idades!
Para quem tiver net, está disponível no now para aluguel, divirta-se!
Relações
afetivas, sociais e familiares, casal adolescente,
SINOPSE
Um
jovem casal, Dan (Ben Rosenfield) e Mel (Taissa Farmiga), se conhecem desde a
infância e estão namorando há 6 anos. A princípio, eles parecem ter um amor
ideal, mas a notícia de uma oportunidade de emprego para Dan pode abalar o
romance e mudar o rumo das coisas dependendo da escolha que ele fizer. Talvez o
futuro que eles tinham imaginados juntos não se torne mais uma realidade.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
O
filme retrata os altos e baixos de um relacionamento, particularmente no que se
refere ao primeiro amor, o primeiro sonho de construir uma vida compartilhada.
Mas, no fundo, cada amor é único, vivenciado como especial e capaz de ser para
sempre... Viver uma paixão é acreditar que será para sempre! Dan e Melanie se conhecem
dede a infância, eles partilharam momentos de amor e de dor, vivenciaram
diferentes experiências, cresceram juntos. A relação do casal não é possessiva,
eles vivem uma relação saudável, respeitam a individualidade, revelam-se como
exemplo de “casal perfeito”. Os seis anos se tornam um marco. Os amigos
estranham e comentam, alegando que a estabilidade daquela reação poderia roubar
outras experiências. O “casal fofo” não aparenta ser afetado, a princípio. Entretanto,
logo surge desconforto, carência, descompasso,
descuido. A intimidade construída ao longo do tempo revela outra face, a
fronteira individual é invadida de forma inesperada. De forma sutil, a trama
revela a violência, o que favorece o debate sobre o perigo das relações
amorosas abusivas. Qual é o limite entre uma discussão saudável e o
descontrole, o desrespeito, a violência física ou psicológica? O mundo gira,
revelando que a perfeição não existe. As mudanças são necessárias, as
frustrações fazem parte do desenvolvimento. A capacidade de lidar com as
mudanças e frustrações é testada, o que provoca constantemente o
encontro com a imperfeição humana. Acontecimentos internos e externos,
previsíveis ou não, fazem parte da vida. Nem sempre é possível lidar com as
crises, seja por traição ou por uma reação descontrolada capaz romper a
barreira do respeito. Existem traições que ajudam ao casal a lidar com a crise,
afinal pode ser o sintoma da relação, capaz
de revelar a necessidade do contrato amoroso ser revisado. Entretanto, a crise de qualquer relação, seja
de 6, 7 ou qualquer outro par de anos, pode servir para o fim de um ciclo, um
recomeço, ou, pode resultar no rompimento. Tudo vai depender da forma do casal
lidar com as mudanças. Aí está o charme do filme, que retrata possíveis
transformações rotineiras de qualquer relação amorosa. Assim como uma roupa ou
sapato podem deixar de ser confortáveis, a relação pode se transformar a ponto
de não ser mais confortável para os envolvidos, buscar ajustes, adaptações ou
descartar, romper? Eis a questão. Sair da zona de conforto é sempre difícil,
ainda que não seja mais tão confortável assim... O desenrolar da trama não
pretende apontar caminhos, nem definir soluções, apenas conta como é possível
para eles lidar com aquela crise. Aliás, o amadurecimento individual pode ser
um ponto a ser considerado, pois a ‘certeza’ sai nitidamente da pauta do casal,
abrindo novas possibilidades, talvez incompatíveis com o status quo.
Relações
familiares, afetivas e sociais, doença terminal. depressão, separação e morte.
SINOPSE
Doug e Abi decidem viajar
até à Escócia com os três filhos pequenos, para comemorar o aniversário de
Gordie, o pai de Doug, que celebra 75 anos. No entanto, os dois têm um segredo
que gostariam de esconder do resto da família, mas não será nada fácil ocultar
o divórcio com as crianças por perto… E o que prometia ser uma harmoniosa
reunião familiar acaba por trazer à superfície ressentimentos passados, quando
um dia na praia se transforma em tragédia e as crianças põem mãos-à-obra para
resolver o assunto.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Os
pais (Doug e Abbi) estão em processo de divórcio, não se ouvem mais, discutem o
tempo todo e fazem uma viagem juntos para comemorar o aniversário do pai de
Doug, na Escócia. As crianças, visivelmente afetadas pela separação e brigas
constantes dos pais, prometem não contar ao restante da família, que os pais já
moram em casas separadas. Elas sabem que o aniversariante está doente,
entretanto não sabem que a doença é terminal. A família, como qualquer outra,
tem lá seus segredos e problemas. Aos poucos, as questões emergem, revelando o
avesso do mundo adulto. Mas é o olhar das crianças que nos permite vislumbrar a
obviedade da vida. Temas como separação, depressão e morte são apresentados com
suavidade, sem que o peso e a complicação do mundo adulto, que usa o raciocínio
lógico para se afastar dos “sentidos”. É assim mesmo, as crianças mantém os
sentidos aguçados, vivem em plenitude as percepções de mundo, sem que qualquer
obstáculo racional impeça a experiência. E, são esses personagens graciosos os
responsáveis pelo encantamento e delicadeza da trama. Temos, de fato, muito que
aprender com as crianças! O avô, prestes a fazer 75 anos e enfrentando a doença
terminal, tem uma relação emocionante com os netos. Os diálogos são impregnados
de doçura e clareza, não há regra social capaz de obstruir a comunicação entre
eles.
Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette) são
melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e
construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado
do marido Jago (Paddy Considine). Após se submeter a um tratamento, Jess enfim
consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter
câncer de mama e precisa passar por quimioterapia, o que necessitará do apoio
não apenas da amiga, mas de toda a família.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
O
tema central já foi apresentado em diferentes ocasiões, falamos de Câncer, uma
doença devastadora que atinge grande parte da humanidade. A dificuldade em
lidar com as pequenas e grandes questões (sociais, físicas, psicológicas) são
apresentadas de forma clara e honesta. Temos como pano de fundo a amizade sólida
de duas parceiras de vida, mulheres que se conhecem desde a infância e
partilharam aventuras e desventuras ao longo da vida. Os pontos e contrapontos
são costurados entre ambas, durante o processo de declínio de Milly frente à
doença, e, da busca e conquista de Jess, na construção da própria família.
Prepare o lenço, as lágrimas serão prováveis, bem como as risadas, muitas vezes
provocadas por diálogos inteligentes e com de pitadas de humor. Há uma honestidade quase cruel nos
pequenos gestos, encontros e desencontros atravessados pelo processo do adoecimento de Milly.
Após sofrer com uma
tragédia, Ben se torna um cuidador para conseguir dinheiro. Seu primeiro
cliente, Trevor, é um divertido jovem de 18 anos com distrofia muscular. Um
paralisado emocionalmente, outro paralisado fisicamente, Ben e Trevor saem pela
estrada para encontrar esperança, amizades, e Dot neste engraçado e emocionante
conto. Jennifer Ehle, Megan Ferguson, e Frederick Weller completam o elenco ao
lado do trio principal.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Amizades
improváveis é uma produção da Netflix despretensiosa, foi baseada em um livro
homônimo e desenvolvida como um Road Movie. Ainda que toque em temas de
conflitos existenciais, o longa não aprofunda, o que o torna leve, sem tons
excessivamente dramáticos. Ben está em processo de luto, com dificuldade de
lidar com a perda do filho e o divórcio eminente. O escritor se afasta do
próprio ofício e mergulha no curso de Cuidador, esta foi a forma encontrada
para evitar seu luto. Aqui, abro parênteses, pois ainda que apresentado de
forma superficial, sua estratégia é bastante usada em momentos de perdas ou
crises existenciais. É comum ver pessoas mergulhadas em projetos, investindo
energia, “ocupando” todo o tempo em algo que substitua a vivência da dor
eminente. Evitar a dor é um mecanismo de defesa muito comum, que nem sempre se
desdobra de forma favorável. Algumas vezes, o a fuga da elaboração do luto pode
ser apenas uma forma de adiar, podendo resultar em um quadro depressivo devido
ao acumulo de dor não elaborada. Não é o caso de Ben, pois sua intenção é
frustrada, a escolha dele se desdobra em situações que tenta evitar: o
enfrentamento de seu luto. Trevor surge como possibilidade de seu primeiro
trabalho , se tornando parte importante do caminho de retorno de Ben.
O rapaz não é nada simpático, tem distrofia muscular, isolamento social, é
implicante e provocador. Logo, percebemos que as provocações farão parte da
relação, impossibilitando que ambos permaneçam na zona de conforto. Assim,
iniciam uma viagem, na qual poderão conhecer mais sobre o outro e sobre si
mesmos.
Relações sociais, familiares e afetivas, eutanásia, direito de esdcolha.
SINOPSE
No Filme OnlineMar Adentro, Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um
homem que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude
ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28
anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo
direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a
igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Recentemente, postamos sobre o filme COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ, um drama
romanceado que discute um tema semelhante ao de MAR ADENTRO: O direito de
escolha, a dignidade do ser. O foco do tema é maior no drama de 2004, razão para este post. Ramón afirma repetidamente “Viver é um direito, não uma obrigação”. Difícil
compreender o desejo dele de acabar com a própria vida. Acompanhamos um homem
inteligente, sagaz, sensível e íntegro, lutando para ter o direito de escolher
o final da própria vida. Em um primeiro momento, é possível pensar que o filme
defende sua posição, só que não. O filme apresenta diferentes argumentos,
contra e a favor da eutanásia. Desde sempre, ele difere de outros, não se usa
como exemplo. Seu sorriso, que impressiona por sua magnitude, é expressão de
tristeza, embora pareça o contrário. Ele afirma que em suas condições, aprendeu
a chorar através do sorriso. Desconcertante, pois para o espectador, seu
sorriso poderia ser uma bela razão para manter sua vida. É seu sorriso que
ilumina os que o cercam, apesar de ser também cruel em sua relação com a
realidade dos fatos: a morte é para a maioria uma possibilidade, menos para os
que dependem de outrem. Ele luta pelo direito de escolha! Sua escolha é clara,
pensada e repensada por 28 anos.
“Síndrome de
Fregoli”, Depressão, solidão, relações sociais e afetivas, deturpação dos sentidos
SINOPSE.
Michael Stone (voz de David
Thewis) é um palestrante motivacional, marido, pai e respeitado autor de “Como
Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?” Michael, que acaba de chegar à cidade de
Connecticut é um homem incomodado com a rotina da sua vida. Ele segue do
aeroporto direto para o hotel, onde está programado para dar uma palestra em
uma convenção, onde entra em contato com um antigo caso para que possam se
reencontrar. A iniciativa não dá certo, mas Michael se surpreende ao descobrir
uma possível escapada de seu desespero: Lisa, uma despretensiosa
representante de vendas, que pode ou não ser o amor de sua vida.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
“Anomalisa”
é uma animação para adultos, aliás, para poucos, embora imperdível. Há que se
ter abertura para mergulhar no conflito existencial de Stone, e, perceber o
mundo a partir dele. Sim, existe distorção na percepção dele em relação ao meio.
Não existe problema na percepção singular de cada ser, entretanto, logo fica
claro que há algo errado na percepção dele, que não consegue diferenciar a
singularidade do outro. Lhe falta empatia? Talvez,
mas não é a única questão explorada. Acompanhamos a rotina monótona de alguém
que, apesar do sucesso com seu livro motivacional, se encontra sem qualquer
motivação em sua rotina. Há um pé dele no passado mal resolvido, algo não
compreendido, situação inacabada - conceito caro para Abordagem gestáltica. Desde o início, é possível perceber uma voz
comum a todos os outros personagens, o que sugere sua indiferença em relação ao
seu entorno. Vozes e rostos sugerem uma semelhança incompreensível, talvez uma
máscara única em todos, além da voz única para diferentes personagens,
independente do gênero.
Relações
afetivas, deficiência física, singularidade, livre-arbítrio, e, dos conceitos gestálticos, destacamos: Contato e fronteira de contato.
SINOPSE
Às vezes você encontra o amor onde menos imagina. E às vezes
ele te leva onde nunca esperou ir. Louisa "Lou" Clark vive em uma
pitoresca cidade de campo inglesa. Sem direção certa em sua vida, a criativa e
peculiar garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua
família com as despesas. Seu jeito alegre no entanto é colocado
à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira. Ao aceitar um trabalho
no "castelo" da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will
Traynor, um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente
ocorrido dois anos antes, mudando seu o mundo dramaticamente em um piscar de
olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico Will, está prestes a
desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser
vivida. Embarcando juntos em uma série de aventuras, Lou e Will irão obter mais
do que esperavam e encontrarão suas vidas - e corações - mudando de um jeito
que não poderiam ter imaginado.
Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta
de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao
atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico,
obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo
e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles
Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para
cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes
aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de
Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Um
filme que difere de outros romances, não só por seu desdobramento, mas também
por pequenos detalhes que fazem diferença. Por exemplo, o início mostra o “mocinho”
antes e durante o acidente, que o tornará tetraplégico. No momento do
atropelamento, Will estava distraído no celular. A cena pode passar
despercebida, mas não deixa de retratar uma realidade da nossa era, portanto,
trata-se de um alerta ou de uma crítica sutil. Por outro lado, temos personagens
fortes, capazes de nos provocar reflexões. Louise é dedicada, atrapalhada,
quase caricata, mas não há dúvida que tratamos de uma pessoa capaz de realizar
verdadeiros contatos. Se por um lado, a mesma se vira para atender às
necessidades do próximo, sua identidade fica bem definida em seu comportamento
autêntico. Na abordagem Gestáltica a
fronteira é ao mesmo tempo o lugar de contato e de imite, é o lugar da tensão e
do acontecimento, da diferença e do crescimento. Poucos personagens apresentam
a fronteira tão flexível quanto à da “mocinha”, que nos encanta com sua forma
de funcionar no mundo. Ela não abre mão de suas roupas estranhamente
simpáticas, que marcam sua presença. No entanto, abre mão de si mesma para dar
lugar ao outro querido, seja um familiar ou qualquer pessoa que evidencie
alguma necessidade pessoal. É uma personagem ímpar! Will é alguém que não
suporta ver o mundo de outra perspectiva. O acidente o obriga a visitar outros olhares,
ele se recusa. Após sua nova condição, Will apresenta sintomas depressivos, um mau
humor constante, um desprezo pela vida. A luz de Lou pode tornar o mundo menos
cinza e apresentar encantamento ao rapaz, mas não é suficiente para que ele
desista de seu plano. Ainda assim, somos convidados a assistir uma relação de
contato entre ambos, que sendo afetados por aquele contato autêntico, se
transformam. O afeto é oque afeta e se arrisca a ser afetado, o que, de fato, transforma. Ampliados
em sua forma singular de existir, ambos crescem através daquele contato.
Relações
familiares e afetivas, segredo familiar, adoção, perdas
SINOPSE
A fotógrafa Rigby Gray (Selma Blair) deseja
produzir um ensaio sobre o papel da Mãe em diferentes famílias.Desde então,
inicia um projeto que a faz refletir sobre sua relação com a mãe e outras
possibilidades de relação semelhante. Buscando modelos, ela irá conhecer
diferentes histórias que a ajudarão a rever seu papel de filha, ao mesmo tempo
que se percebe grávida, e questiona sua possibilidade de tornar-se mãe.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Rigby
reflete sobre sua forma de olhar o mundo e o papel de sua mãe em seu viver. Diante
das cenas capturadas por sua lente de fotógrafa, o filme segue apresentando
outras histórias, que depois farão parte do seu projeto. De forma dinâmica, o
espectador é convidado a conhecer diferentes situações que se desdobrarão
durante o longa. Aos poucos, conhecemos diferentes mães e filhas, cada qual com
suas particularidades.
Saúde mental, Movimento antimanicomial, Arteterapia, Terapia ocupacional, relação terapêutica, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico
no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira
(Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da
esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho
discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o
abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de
lidar com os pacientes, através do amor e da arte.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
É
indiscutível a importância de Nise da Silveira, psiquiatra de reconhecimento
internacional ao defender terapias alternativas no tratamento de transtornos
mentais. O filme nos
presenteia com interpretações excelentes, retratando com fidedignidade uma
realidade cruel de sujeitos portadores dos mais diferentes tipos de transtornos
mentais e os procedimentos desumanos adotados na ocasião. A personalidade inquieta, inconformada e
desafiadora da psiquiatra é apresentada na trama, focando prioritariamente o
aspecto humano da profissional. Na tentativa de compreender
melhor as demandas daqueles pacientes, Nise ofereceu um lugar para expressão de
suas angústias, inaugurando um novo canal para trocas. Ela se preocupou com o
aspecto afetivo das doenças mentais, oferecendo espaço para que os sujeitos
pudessem “juntar os cacos” de si mesmo, numa tentativa de integração. Diferentes
aspectos sobre a importância de Nise da Silveira já tem sido exaustivamente discutido
nas críticas e nos diversos artigos sobre o filme. Aqui, escolhemos restringir as
considerações no aspecto humano da trama, desconsiderando o olhar na doença
mental e priorizando a saúde.